Em entrevista a blogueiros, fato inédito na história do país e da democracia na América do Sul, o presidente Lula falou sobre seu governo e a relação com a grande imprensa. Disse que se decepcionou com a TV Globo pela edição do célebre episódio da “bolinha de papel”, no qual o candidato José Serra (PSDB) alega ter sido atingido na cabeça por um artefato misterioso nas ruas do Rio de Janeiro. Segundo Lula, ele nem daria entrevista naquele dia, mas não resistiu diante da “desfaçatez” de Serra. A seu ver, o tucano deve um pedido de desculpas ao país pelo incidente. Lula foi entrevistado em Brasília por vários blogueiros conhecidos – Altamiro Borges (Blog do Miro), Renato Rovai (Blog do Rovai), Conceição Lemes (Viomundo), Rodrigo Vianna (O Escrevinhador), Leandro Fortes (Brasília, Eu Vi), William (Cloaca News), Eduardo Guimarães (Cidadania) e outros.
Além de revelar que depois de deixar a Presidência vai se dedicar a escrever um blog e virar tuiteiro, Lula contou que o pior dia de todo o seu governo foi por ocasião do acidente com o avião da TAM em São Paulo, quando foi responsabilizado pela tragédia por algumas emissoras de TV, particularmente a Globo, e jornais como O Estado de S. Paulo, O Globo e Folha de S. Paulo. “Nunca vi tanta leviandade, a cada hora a notícia era pior. O governo carregava o peso de 200 mortes nas costas. Só me tranquilizei quando vi a fita com as imagens do acidente e ficava claro que a causa não tinha sido das condições da pista” – o acidente foi causado por falha técnica ou humana, segundo o relatório final. “Acho que eles pensaram: agora sim, nós pegamos o Lula e trucidamos ele. Aquele foi o pior dia do meu governo”, admitiu.
Lula tem razão. Na manhã seguinte ao acidente, o Bom Dia Brasil, da Globo, entrou com o Alexandre Garcia apontando o dedão para a câmera e vociferando contra “a irresponsabilidade do governo federal”. Depois, veio a sempre combatente Miriam Leitão descendo a ripa no governo também, pela falta de investimento nas obras do aeroporto. Curiosamente, nenhuma palavra sobre a negligência do governo tucano paulista que permitiu a construção de um posto (e depósito) de gasolina a menos de 100 metros da pista.








