“Nepotismo” pode ter quebrado banco de Silvio

Da Folha SP

A fraude bilionária que pôs abaixo o império construído por Silvio Santos nos últimos 50 anos vai provocar a demissão de ao menos 40 parentes do empresário e de sua mulher dentro do Grupo SS. Silvio tomou a decisão de por fim ao “nepotismo” no Grupo SS anteontem, em reunião com seus advogados. A equipe teria concluído que a colocação de parentes em altos cargos de direção e confiança foi o principal motivo para que a fraude ocorresse.
A única empresa do grupo que deve escapar do “corte de parentes” deve ser justamente o SBT.
Na emissora trabalham hoje, entre outros, em cargos de direção, um sobrinho de Silvio Santos, Guilherme Stoliar, e seu primo Leon Abravanel. Ambos têm sido ouvidos pelo empresário e acompanhado as investigações.
Segundo a coluna Ooops! (Folha UOL) apurou, a revolta maior com o escândalo de R$ 2,5 bilhões, que praticamente quebrou o PanAmericano, tem sido das filhas da mulher de Silvio Santos, Íris. A mais ressentida é uma das filhas do empresário, Patrícia (sequestrada em agosto de 2001), que chegou a trabalhar diretamente com Rafael Palladino, até então presidente do banco. Silvio se reunirá com diretores, gerentes e elenco do SBT a partir desta segunda-feira, com o objetivo de acalmar os funcionários, temerosos com os desdobramentos do escândalo.

Coluna: Ao sabor dos arranjos

Jogadores e dirigentes do Cruzeiro são injustos ao criticar o árbitro Sandro Ricci pela atuação desastrosa de sábado, no Pacaembu. Ele não pode ser acusado de único benfeitor corintiano no campeonato. Logo no começo, quando ninguém estava dando maior importância aos jogos, aconteceram alguns erros de arbitragem tão cabeludíssimos quando o de Ricci.

O mais escandaloso foi no jogo Corinthians x Atlético-PR, quando o carioca Marcelo de Lima Henrique inventou um pênalti sobre Ronaldo, dando um jeito de desempatar partida chata e difícil para o Timão dentro de casa. 

Seguiram-se outras falhas gritantes nas rodadas posteriores, mas sempre passava em brancas nuvens, quase ninguém chiava. Fui anotando e observando o quanto esses detalhes beneficiavam o Corinthians, cuja prioridade máxima é a conquista do título nacional no ano do centenário. Muito em função dessas ajudas, o alvinegro paulista liderou grande parte da competição.

Depois da Copa, quando todos os olhos se voltaram para o Brasileiro, as arbitragens melhoraram, diminuindo os erros grosseiros. Coincidência ou não, o Timão desabou e chegou a ficar de fora dos três primeiros lugares. 

No atual momento, quando o torneio se afunila, reaparecem os equívocos que muitos atribuem a falhas de interpretação. Curiosamente, o detalhe interpretativo só favorece o Corinthians. No primeiro tempo, num lance confuso na área, Tiago Ribeiro disputou bola com o goleiro Júlio César e foi ao chão. O árbitro não deu o penal, interpretando que o atacante não foi derrubado. Achei que ele acertou na avaliação.

Depois, aconteceram três marcações de impedimento que prejudicaram os cruzeirenses e duas inversões de falta junto à área corintiana. Mas o pênalti sobre Ronaldo foi desses lances que parecem escritos nas estrelas. Antes de Jorge Henrique cruzar a bola na área, comentando o jogo na Rádio Clube, fiquei pensando que um lance duvidoso qualquer podia acabar decidindo o clássico. Não deu outra. Sandro Ricci realmente decidiu a parada, dando ao campeonato tintas ainda mais turvas, principalmente pela histórico auxílio que o Corinthians recebe das arbitragens no Brasil.

Acontece que o Fluminense, prejudicado indiretamente pela marcação, não pode nem reclamar. Carlos Eugênio Simon (sempre ele) também arranjou um penal em favor do Tricolor. Rodriguinho enrolou as pernas e cavou a falta, evitando a derrota sobre o vice lanterna Goiás.   

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Tive o privilégio de trabalhar com Cláudio Guimarães, sábado, comemorando seu 50º ano de carreira no rádio paraense. Trata-se de uma vida dedicada ao ofício de narrar futebol, com competência e seriedade. Todas as honras a esse grande bragantino, que dignifica a profissão e empresta seu talento também ao nosso Bola, assinando prestigiada coluna na página 2 do caderno. Sou admirador de seu trabalho desde os tempos em que ouvia a PRC-5 lá em Baião. Tenho a sorte de poder dar agora o meu abraço de parabéns pessoalmente.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 15)