Dia: 2 de novembro de 2010
Dengue mata tricampeão mundial de surfe
Morreu na manhã desta terça-feira o surfista havaiano e tricampeão mundial Andy Irons, de 32 anos. Segundo fontes próximas a Andy, o surfista teve complicações em decorrência de uma dengue. Irons faleceu em uma escala no Texas durante a rota entre Porto Rico e Havaí. Segundo relatos, Andy contraiu dengue durante a etapa de Portugal do mundial de surfe. O surfista ainda viajou até Porto Rico para tentar participar da nona etapa do circuito, mas se sentiu mal e não apareceu nas duas baterias do primeiro e segundo round da competição.
Informações ainda não confirmadas afirmam que Andy estava tão doente que não conseguiu embarcar para o Havaí. Pensando em descansar, o surfista optou por ficar em um hotel em Dallas, lugar onde foi encontrado morto. Andy deixa familiares e esposa grávida de 8 meses, além de fãs espalhados por todo o mundo.
Lenda do surfe
Andy Irons (na foto, ao lado da esposa Lyndie) foi o surfista mais dominante durante os anos 2000 conquistando o título mundial em 2002, 2003 e 2004. Além dos título mundiais, Andy carregava 19 vitórias no circuito e a marca de ser o único surfista a vencer em todos os lugares por onde a turnê mundial passou. Além das estatísticas, Andy ficou conhecido por ser o maior adversário de Kelly Slater. Os dois surfistas travaram duelos históricos. (Da ESPN)
Boa música para uma excelente causa
Brasileiro tem pior público dos últimos 5 anos
Ingressos mais caros, arenas em reformas, ressaca pós-Copa: tudo conspira para que o torcedor brasileiro abandone as arquibancadas. O Brasileiro-2010 caminha para seu final com claros sinais de que terá seu pior público pagante desde 2006. Até a 32ª rodada, a média de torcedores é de pouco mais de 14 mil pessoas por jogo. Pouco, quando comparado com as edições anteriores, considerando este mesmo estágio (seis rodadas do fim).
Entre 2007 e 2009, a média superou os 16 mil. Em 2006, ficou abaixo de 12 mil: coincidência ou não, naquela temporada o Nacional foi paralisado para a Copa do Mundo, assim como ocorrera agora. Mas o que mais contribuiu para a queda do público foi o fechamento de dois gigantes. Maracanã e Mineirão, em obras para o Mundial-2014, foram substituídos pelo Engenhão e pequenos estádios no interior de Minas Gerais.
O Cruzeiro luta pelo título, e o Atlético-MG, para não cair. No Mineirão, certamente arrastariam multidões. Sem ele, a média de público oscila de 12 mil a 15 mil, só. O líder Fluminense esperneou quando perdeu o Maracanã. Agora manda jogos no Engenhão, onde coloca, em média 21 mil torcedores. (Da Folha SP)
A vitória de Dilma e a falsa tese do “país dividido”
Por Idelber Avelar
Nem bem contada estava a maior parte dos 55.752.529 votos recebidos por Dilma Rousseff e um insidioso meme começava a circular pelos meios de comunicação brasileiros, especialmente pela Rede Globo de Televisão. Parece que não entendiam, ou se recusavam a entender, o momento histórico que vivíamos. Trata-se da cantilena do “país dividido”, reforçada por um enganoso mapa em que o Brasil aparecia separado entre estados azuis e vermelhos. Acompanhado por uma série de bizarras declarações de figuras como W. Waack (“a imprensa criou o mito de Lula e ele se voltou contra ela, ingrato”) ou do inacreditável Merval Pereira (“Dilma deve saber que a oposição teve uma votação muito alta”), o mapa cumpriu o papel de sugerir uma divisão que absolutamente não existe: Dilma venceu com larga margem (12%), que em qualquer democracia presidencialista qualificaria como um sacode-Iaiá. Basta lembrar que na categórica vitória de Obama sobre McCain a diferença foi 52,9% a 45,7%, pouco mais da metade, portanto, da diferença imposta por Dilma a Serra.
Como apontou Alexandre Nodari no seu Twitter, a divisão por estados peca por impor ao Brasil um modelo que é essencialmente estadunidense, baseado no princípio de que o candidato vencedor num determinado estado leva todos os seus votos a um Colégio Eleitoral, numa eleição que é, para todos os efeitos, indireta. No Brasil, como se sabe, o presidente é eleito por sufrágio universal, e nele a ideia de estados “vermelhos” e “azuis” não faz o menor sentido. O mapa do Estadão, colorido por municípios e com várias gradações de azul e vermelho, esse sim, serve a um estudo sério, já iniciado pelo Fabricio Vasselai.
A ideia dos estados azuis e vermelhos faz menos sentido ainda depois de estudado o mapa eleitoral do pleito de 2010. A grande maioria dos estados que aparecem em azul no “país dividido” da TV Globo são unidades da federação em que Serra venceu por mínima diferença: Goiás (50,7%), Rio Grande do Sul (50,9%), Espírito Santo (50,8%), Mato Grosso (51,1%). Não se encontra, na coluna azul, nem rastro de um estado em que a vantagem se compare com a conquistada por Dilma em lugares como Amazonas (80%), Maranhão (79%), Ceará (77%), Pernambuco (75%), Bahia (70%), Piauí (69%) e vários outros. Num país com eleição por sufrágio universal e uma diferença tão acachapante entre os estados “dilmistas” e os “serristas”, só com muita desonestidade intelectual você colore alguns estados de azul e outros de vermelho, sem variação no tom das cores, para apresentar um país “dividido”.
Se a tese do país dividido não tem fundamento, menos ainda o tem a tese do país dividido entre Sul / Sudeste, por um lado, e o Norte / Nordeste, por outro. Não custa lembrar, mas essa divisão grita em desacordo com os fatos: Dilma enfiou goleadas acachapantes em Serra no Rio de Janeiro (60,5% x 39,5%) e Minas Gerais (58,5 x 41,5), além conquistar um empate no Rio Grande do Sul. Não custa lembrar aos jornalistas da Globo: Dilma Rousseff venceu as eleições no Sudeste, caso o fato tenha passado despercebido no Jardim Botânico.
Já na segunda-feira, a mídia brasileira havia conseguido insuflar uma onda divisionista que não demorou em encontrar solo fértil no nosso bom e velho racismo latente. No Twitter, proliferava o discurso do ódio aos nordestinos, desinformado até mesmo do básico dado de que Dilma teria ganho eleição mesmo se o Brasil não incluísse o Nordeste. Aludindo de forma desonesta ao “fato” que ela mesma havia ajudado a criar, a Globo relatava que havia um “embate” entre regiões do Brasil nas redes sociais, quando na verdade o único embate se deu entre a sanidade e uma minoria racista e ressentida. Começa mal, muito mal a Vênus Platinada, talvez como consequência do que aconteceu nesta eleição histórica: Dilma venceu o pleito com o debate da Band, desmontou a última armação com um vídeo do SBT e concedeu sua primeira entrevista à Record.
Sinais dos tempos.
Capa do DIÁRIO, edição de terça-feira, 2
Coluna: O fim do romantismo
De tempos em tempos a gente se dá conta de que forças poderosas dominam (e manipulam) aquilo que a plebe costuma encarar como algo quase sempre puro. O futebol tem sido vítima dessa apropriação indébita há décadas, na maioria das vezes de um jeito disfarçado. Ontem, porém, o velho manda-chuva João Havelange brotou das sombras para afirmar com todas as letras e vírgulas que o futebol tem donos e que estes não pensam exatamente como os amantes do jogo.
Para começar, Havelange e seus pares vêem o futebol somente como um grande negócio. Em esclarecedora entrevista, o eterno cartola capricha na carranca gélida para assumir a autoria de algumas decisões recentes da Fifa e para enfatizar que o processo sucessório na entidade depende muito de seu humor. Disse, por exemplo, que Ricardo Teixeira será o próximo mandatário. Não fez uma simples previsão, expressou uma certeza.
Na parte que nos diz respeito, ele conta que foi um defensor empedernido das candidaturas de Cuiabá e Manaus para sub-sedes da Copa do Mundo de 2014. Revela, assim de passagem, que recebeu um telefonema da capital do Mato Grosso e assumiu o lobby das candidaturas em nome de um súbito interesse “em mostrar a floresta amazônica para o mundo”.
Seria até um gesto bacana se não passasse de pura lorota. É de conhecimento até do reino mineral que Havelange jamais foi ambientalista e que seus desvelos com a natureza dificilmente ultrapassam os limites dos jardins de sua mansão carioca. Manaus e Cuiabá entraram para sua agenda particular por força dos vultosos negócios que movem a “indústria da Copa”, assentada na construção das suntuosas arenas modernas.
Quando se acirrou o debate em torno da escolha da sede nortista, expus aqui minha convicção de que Belém fora excluída mais por seus méritos do que por seus defeitos. Referia-me, especificamente, ao ponto central da discussão: o estádio Edgar Proença, cuja reforma para a Copa implicaria em despesas de R$ 250 milhões. Comparada à reconstrução do Vivaldão, representaria uma economia de quase R$ 400 milhões.
Num mundo ideal, movido pelo altruísmo e rigor nos gastos, a escolha natural seria o nosso Mangueirão. No entanto, no âmbito dos investimentos globais da Fifa, às vezes é mais racional apostar em altas despesas do que em contenção de custos. As revelações de Havelange vêm confirmar, de certo modo, o que sempre ficou mais ou menos subentendido. E assim caminha a humanidade.
O América de Manaus, que veio a Belém enfrentar o Remo com um banco de reservas incompleto, está nas finais da Série D, reproduzindo a caminhada do São Raimundo no ano passado. Sem apoio oficial e com um time pouco mais que esforçado, já fez muito mais do que o caríssimo – para a competição – elenco do Remo, que era comandado por um técnico de R$ 45 mil mensais, valor que supera a folha de salários da modesta equipe baré. Outro exemplo (como Icasa, Vila Aurora e Salgueiro) a confrontar a destrambelhada gestão dos nossos clubes.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 2)
Capa do Bola, edição de terça-feira, 2
Rock na madrugada – Beatles, Fixing A Hole
Uma de minhas preferidas entre as geniais músicas “lado B” do quarteto fantástico.