Novidade nos arraiais alvicelestes. Surge uma segunda via às eleições do Paissandu em contraposição à chapa do atual presidente, Luiz Omar Pinheiro. A chapa 2 tem como presidente Ubirajara Lima. O vice é Miguel Sampaio. Para o Conselho Deliberativo, Cézar Neves.
Dia: 5 de novembro de 2010
Capa do DIÁRIO, edição de sexta-feira, 5
As feridas não cicatrizadas do RPM
Por Mauricio Stycer
Programa de ótima qualidade, mas trajetória errática pela grade da Globo, “Por Toda a Minha Vida”, dirigido por George Moura, vem já há quatro anos apresentando perfis de grandes nomes da música brasileira por meio da recuperação de imagens históricas, depoimentos de especialistas e a encenação, com atores, de momentos importantes na vida e na carreira dos personagens em foco. Esta semana, pela primeira vez, o programa arriscou abordar a trajetória de artistas vivos. Quer dizer, o foco foi um grupo de rock, o RPM, cuja existência durou poucos anos, mas cujos integrantes estão aí para contar – ou tentar contar – o que aconteceu. Foram 45 minutos de grande impacto – infelizmente, imagino, para poucos, já que começou às 23h40.
Vinte e cinco anos depois de aparecerem feito cometa no show business brasileiro, os quatro músicos da banda ainda parecem buscar respostas tanto para o súbito sucesso quanto para o rápido desaparecimento. “A gente vivia bem bêbado. Todo mundo consumia drogas naquela época”, diz P.A. Pagni, o baterista. “A droga provocou uma mudança de personalidade e potencializou o mal que havia em cada um. E começamos a jogar o nosso sonho fora”, conta o guitarrista Fernando Deluqui.
Luiz Schiavon, tecladista e compositor, ainda fala com ressentimento dos seus conflitos com Paulo Ricardo. Já o bandleader, no seu esforço de encarar tudo que ocorreu como natural (na sua visão, apenas mais um clichê do mundo do rock), acaba sugerindo que ele próprio se transformou numa caricatura. Ao final, P.A. diz que sem a cocaína a história da banda talvez tivesse sido outra. “O RPM é um filme sem final”, observa. “Dando restart, é só chamar”, diz Deluqui.
Coluna: Ideias em favor do futebol
Quem acompanha futebol com olhos lúcidos, muito além do campo de jogo, sabe das imensas dificuldades que rondam Remo e Paissandu, cujo futuro vai depender muito das novas gestões. No primeiro, tudo indica que as mudanças sejam drásticas, caso a oposição vença as eleições marcadas para as próximas semanas. No segundo, a situação é mais intrincada, pois o atual presidente deve continuar no cargo, o que não elimina as chances (e necessidades) de transformações.
O leitor José Maria Cardoso da Silva Compartilho, descente dos clubes e seus dirigentes, aposta em reformas a partir da posse do novo governo estadual. “Conhecendo os clubes como eu conheço, eu não vejo muita perspectiva de mudança a não ser que uma mudança significativa ocorra. Futebol hoje é um negócio profissional, não havendo espaço mais para amadores”, sentencia.
Cardoso identifica “três problemas estruturantes que minam qualquer tentativa de fazer o futebol paraense avançar”: (a) os clubes não têm planos de desenvolvimento de longo prazo; (b) os clubes estão praticamente falidos, pois não possuem recursos em quantidade e nem a credibilidade para atrair novos parceiros e investimentos; e (c) os clubes se caracterizam pela falta de gestão adequada, geralmente amadora e autocrática.
Suas sugestões para o soerguimento do futebol nativo incluem a ajuda do governo estadual. “Primeiro, o governo contrata uma empresa séria (Fundação Getúlio Vargas, por exemplo) para fazer planos de negócio de qualidade para os departamentos de futebol, levando em conta todo o potencial de arrecadação que existe no mercado paraense. Com isso, teremos um plano operacional profissional e bem qualificado de pelo menos cinco anos levando em conta a demanda popular que existe pelo futebol profissional em Belém”.
A segunda idéia diz respeito à transição dos clubes para o futebol-empresa, seguindo os planos de negócios desenvolvidos na etapa anterior. “Os clubes ficam com 50% das ações e são representados no comitê de gestão da nova empresa por um representante. O restante das ações é oferecido ao mercado visando capitalizar as empresas e atrair novos parceiros (a torcida, as empresas e o próprio Estado podem comprar ações). Com isto, os clubes resolvem a falta de recursos, pois atraem recursos novos e suficientes para a execução dos seus planos de negócios”, aconselha Cardoso.
Por fim, sugere que as empresas contratem executivos profissionais e qualificados para fazer o gerenciamento. “Equipes de suporte (marketing) e técnicas seriam contratadas para gerenciar o futebol desde a base até o profissional com base em metas e eficiência financeira”.
Cardoso crê que, a partir desse plano, os clubes ficariam atentos aos esportes amadores e se tornariam sócios do esporte profissional. Os rendimentos do futebol profissional poderiam ser usados para melhorar a estrutura social dos clubes e fomentar modalidades amadoristas. “O Estado neste caso seria o indutor da transformação dos clubes e não o tutor permanente de quem não quer caminhar com as próprias pernas”.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 5)