Lionel Messi é um jogador diferenciado porque gruda a bola na ponta da chuteira, não permite o desarme, dribla no sentido do gol e consegue fazer tudo isso em velocidade. O Brasil foi duramente castigado por esse veneno impiedoso de La Pulga, ontem, nos instantes finais do animado amistoso em Doha. A bola estava sob controle, nos pés de Douglas. Bastou um rápido cochilo e Messi saiu em disparada rumo à meta brasileira e aí não há zaga no mundo que consiga pará-lo.
O lance derradeiro, belíssimo no desenvolvimento e no desfecho, pode passar uma idéia irreal do confronto, que foi equilibradíssimo, com grandes momentos do Brasil. A Argentina venceu basicamente porque tem um craque capaz de transformar pedra em ouro.
Um talento quase sempre cobrado em excesso, forçado a reproduzir no escrete argentino as diabruras que faz quase toda semana no Barcelona. Sob o comando de Sergio Batista, Messi desfruta da chance de contar com um time de operários a seu serviço, coisa que jamais teve – e que foi base fundamental para todo o reinado de Diego Maradona.
Pela rivalidade, temos no Brasil o hábito de depreciar ao máximo os argentinos. Deriva daí a opinião quase generalizada de que Messi não é jogador de seleção, que só brilha em clube. Conversa. Supercraques são decisivos em qualquer circunstância. Pensam mais rápido do que os reles mortais. O lance que matou o Brasil confirma isso. Ao receber o “presente” esquadrinhou o espaço à frente e já sabia que rota seguir até o objetivo final. Como tem habilidade excepcional, executou a tarefa com espantosa simplicidade. Vale dizer que foi a maior atuação dele em jogos contra o Brasil.
Do amistoso de luxo, além da boa atuação brasileira por 88 minutos, resta a certeza de que Mano Menezes comanda bem o trabalho de renovação da Seleção. Montou excelente defesa, com Tiago Silva e David Luiz, com Daniel Alves e André Santos nas laterais. Arrumou um lugar para o azougue Elias na meia-cancha e insiste numa formação audaciosa, à brasileira, que persegue o gol o tempo todo.
Aliás, teve pelo menos quatro grandes oportunidades: duas com Robinho, um disparo de Daniel Alves na trave e o toque de calcanhar que quase redimiu Ronaldinho Gaúcho perante o mundo. Com um pouquinho mais de sorte, a Seleção podia ter matado o jogo no primeiro tempo, mas os deuses da bola decidiram premiar La Pulga. O diabo é que derrotas desse tipo, a instantes do final, deixam sempre um gosto amargo – e tudo vira fel quando o adversário é o velho rival. Paciência.
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O Remo está a três dias de sua mais tensa eleição dos últimos anos. Em meio ao fogo cruzado próprio de campanha, surgiu ontem um boato (atribuído à chapa da situação) sobre mudança na data da eleição. Para desfazer equívocos, o edital de convocação prevê que a votação acontece no sábado (20), das 8h às 16h. Imediatamente, será iniciada a apuração.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 18)
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