Chapa 2 remista festeja objetivo alcançado

Nós, integrantes da Chapa 2, vimos a público agradecer a expressiva votação que recebemos na eleição do Condel azulino, no último dia 20.
Mesmo enfrentando as, assim consideradas, maiores lideranças do clube e a parcialidade de parte da imprensa especializada, conquistamos 45% dos votos conscientes pelas Diretas Já.
Nosso objetivo foi plenamente cumprido.
Enriquecemos o debate com novas pessoas e idéias.
Questionamos o modelo que se assenta na decisão de poucos.
E que, a nosso ver, é o grande responsável pela grave situação de hoje.
Porque leva ao descompromisso para com aqueles que devem ser os verdadeiros beneficiários dos resultados, nossa torcida e associados.
Conquistamos a vitória quando forçamos a outra chapa a assumir nossa principal bandeira, a das Diretas Já, incluindo o voto do sócio-torcedor.
A partir de agora, fora dos palanques, o que de melhor podemos fazer pelo nosso Remo é assumirmos o papel de uma oposição atuante e responsável.
Significa que vamos aplaudir as ações e decisões corretas.
Mas seremos verdadeiros leões contra aquilo que a comunidade azulina entenda como prejudicial aos interesses do clube.
Estaremos, portanto, atentos e unidos com todos aqueles, homens e mulheres azulinos, que desejarem cerrar fileiras em defesa do Mais Querido.
 
(Enviado por Claudio Bernardo)

Apesar da reclamação descabida contra parte da imprensa, visto que teve um grupo de comunicação lhe dando apoio e espaço, os integrantes da chapa da situação dão um bom exemplo de espírito democrático. Aceitam a derrota e prometem aplaudir e fiscalizar a atuação da chapa vencedora. É disso que o Remo precisa.

Dica gastronômica do dia

No centenário restaurante da confeitaria Colombo (rua Gonçalves Dias, 32 – Centro do Rio), um prato à base de delícias caipiras, salada verde e frango à Cordon Bleu. Sabor indescritível sob as luzes refletidas nos vitrais do tradicional endereço. Para acompanhar, nada melhor que nossa conhecida Cerpinha (uma das duas únicas cervejas orgulhosamente oferecidas na carta de bebidas da Colombo).

As coisas sempre podem melhorar

Ruas desertas, gente apressada para apanhar ônibus e nem a molecada que bate bola nos campos do Aterro do Flamengo apareceu em meio à chuvinha mansa do começo da noite. Não era pra menos: a TV bombardeando a todos com as notícias incandescentes de ônibus queimados, tiroteios no morro e outros desassossegos. Ainda assim, no Leblon tranquilo de sempre, ainda havia espaço para um chopinho e alguns dedos de boa prosa. Acomodado em mesa estratégica do bom Diagonal (na Ataulfo de Paiva), servido por um arguto garçom cearense de Sobral e observando a bamboleante passagem das moças, constato que sempre se pode ver o lado bom das coisas nesse Rio tão desigual.  

Coluna: As maravilhas ameaçadas

A coluna trata de esportes, com ênfase em futebol, mas hoje vai versar sobre tema bem menos saudável. Estive no Rio nos últimos dois dias e acompanhei (de longe, obviamente) o desenrolar das ações de guerra contra narcotraficantes nos morros mais criminalizados da Cidade Maravilhosa – Vila Cruzeiro e Morro do Alemão. Insisto na expressão Cidade Maravilhosa porque é absurdo capitular e entregar de bandeja ao inimigo um dos pedaços de terra mais bonitos do planeta. Recuso-me a abrir mão do adjetivo nobre, que povoou minha imaginação desde a infância, tendo sequencia (e confirmação) nos anos seguintes a partir de visitas regulares.
Nas ruas, praias, bares e lojas, as pessoas tentam manter o cotidiano dentro dos níveis de normalidade. Nos bairros mais badalados, como Ipanema, Copacabana, Leblon e Catete, a movimentação é quase tranquila, sem a correria e o desespero que as imagens da TV mostram de um outro mundo, igualmente carioca e brasileiro. Enquanto os blindados da Marinha e o armamento pesado do Bope invadem as áreas antes dominadas pelas quadrilhas, procurando sufocar a indústria do crime, o Rio dos nossos sonhos agoniza aos poucos. Já existem lugares onde o cidadão é aconselhado a não ir, como numa guerra convencional. As áreas proibidas são bairros periféricos, como Vila Isabel, Penha e até a outrora idílica Tijuca.
Onde vamos parar?, pergunta no elevador do hotel uma turista catarinense, confusa com as notícias de que o narcotráfico se mantém sólido pela promiscuidade entre a banda podre da polícia e “aviões” do morro. Na recepção, enquanto um funcionário orienta os hóspedes a evitarem sair à noite, pois o perigo ronda as esquinas e a escuridão potencializa os riscos. Que dura ironia ouvir isso justo na cidade cuja vida noturna tem fama de ser uma das mais agitadas e divertidas do mundo. Os bandidos não liquidam apenas pessoas, acabam também com a alegria do carioca e dos visitantes que, como eu, ainda guardam na memória imagens de um Rio clássico e quase utópico.
Vejo na TV o desfile de especialistas com opiniões formadas sobre a melhor maneira de abater o grande monstro. A cada nova ideia ou sugestão, a certeza de que não existe receita pronta. A indústria do crime desceu o morro e se disseminou sobre setores de classe média alta e elite da cidade. Enlaçou tanto o Rio glamuroso que hoje muitos consideram impossível haver um divórcio pacífico. O tiroteio rola lá no alto dos morros, mas há um embate feroz ao nível do asfalto, quase na linha do mar, entre as forças da lei e os que são intermediários da droga junto aos ricos e vips.
Os artistas e os jogadores de futebol constituem apenas a face mais visível dessa casta dominada pelos tentáculos do narcotráfico. Os noticiários dos jornais e da TV só conseguem captar imagens da briga menor entre soldados do tráfico ao pé do morro. O verdadeiro rosto da serpente vive protegido por um pacto misterioso, que não permite vazar qualquer réstia de luz pela cortina. Em meio a isso, duas perguntas nunca respondidas ficam martelando na cabeça: quem libera a entrada de tantos armamentos pela fronteira? Por que os chefões do crime, encarcerados em presídios de segurança máxima, têm acesso aos seus exércitos no morro? Quem dá salvo-conduto livre aos agentes do tráfico nos salões mais reluzentes do Rio? Talvez tenha chegado o momento de responder a tudo isso, não mais com palavras, mas com atitude.
 
Enquanto ônibus e automóveis são incendiados em pontos diversos da cidade, para propagandear um terror ainda não dominante, surgem as dúvidas quanto à capacidade de resistência do Rio como sede da Olimpíada de 2016. Seis anos passam muito depressa. É improvável que os arsenais alimentados pela droga sejam exterminados, mas resistir é o primeiro passo. E há sempre o exemplo do cartel de Cáli, na Colômbia, eliminado a partir de uma ação implacável, misturando forças militares e apoio incondicional da população. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 26)