Coluna: Na base do vale-tudo

O campeonato está bem melhor que a encomenda, com embates emocionantes – três times disputam o título e dois brigam pela quarta vaga na Libertadores – e torcidas com o coração na boca. Não falo de qualidade, que anda na base da raspa do tacho, mas há emoção de sobra. Como nada é perfeito, há um lado negro que se consolida em torneios nacionais: a moda de torcer pela derrota do time de coração para prejudicar um rival melhor posicionado.
Isso já havia acontecido no jogo entre São Paulo e Fluminense, há uma semana, e voltou a ocorrer, novamente em solo paulista, no clássico Palmeiras x Flu. Pura coincidência o fato de o Tricolor carioca pegar pela proa dois grandes da Paulicéia já desinteressados da competição, mas situação reveladora dessa atitude pouco digna de algumas torcidas. Como se fosse a coisa mais natural do mundo, adeptos de S. Paulo e Palmeiras uniram-se aos cariocas para torcer contra seus times com o objetivo declarado de barrar a caminhada de um inimigo comum: o Corinthians.
A rivalidade exacerbada é a tônica destes tempos bárbaros no futebol, mas até para o fanatismo há limites. Alguns defendem a tese controvertida de que torcedores podem tudo, inclusive renegar a própria bandeira por razões. Penso diferente. Quando torcidas incentivam seus jogadores a perderem de propósito, abrem mão do direito de reclamar desses mesmos atletas caso percam partidas de forma pouco convincente.
Entregar o ouro, tirar o pé, amolecer ou fazer jogo de compadre. Não importa a forma, mas o significado. Fico a imaginar como se sentirá o mesmo torcedor palmeirense que xingou o goleiro Deola e ameaçou o atacante Dinei, por se “esforçarem demais” contra o Fluminense, quando precisar exigir que ambos dêem o sangue por uma vitória. Que autoridade terá para cobrar raça do jogador? No fundo, o que inquieta nessas manifestações é a filosofia do vale-tudo em nome da satisfação imediata, o conceito de que os fins justificam os meios. Secar agremiações rivais é uma coisa, torcer para perder é outra, bem diferente. 
A confusão entre a chamada “derrota de resultados” e a defesa das rivalidades cria uma promiscuidade perigosa. Afinal, quem apoia a facilitação terá que se conformar quando o adversário fizer o mesmo por razões parecidas. É o caso dos corintianos que, em 2009, vibraram intensamente com o revés diante do Flamengo, que alijou o S. Paulo da briga pelo título. Desta vez, ocorreu justamente o contrário e os alvinegros nada puderam alegar quando o S. Paulo entrou “desanimado” contra o Flu. A única certeza, por ora, é de que o entregador de hoje pode ser a vítima de amanhã. Fica a esperança de que o torcedor menos alienado perceba as armadilhas desse modismo esquisito.
 
Paulo Comelli vem aí, cheio de planos. Os novos dirigentes do Remo agiram rápido, contratando um técnico experiente e criando a figura do superintendente de futebol – Armando Bracalli. Nas circunstâncias, são as melhores escolhas possíveis. Ambos terão a espinhosa missão de montar um time competitivo. Precisarão de tempo e estrutura para trabalhar.  

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 30)

29 comentários em “Coluna: Na base do vale-tudo

  1. Cheguei às seguintes conclusões com os fatos dos últimos dias:

    a) NÃO FAZ A MENOR DIFERENÇA SE A ELEIÇÃO É DIRETA OU INDIRETA: os associados de remo e paysandu demonstram uma incrível preferência pela situação. Que associados são estes que votam de maneira tão diferente da que votaria o torcedor comum? Que torcedor bicolor reelegeria LOP? É incompreensível!

    b) OS MALES NASCEM NO INÍCIO DO PROCESSO: a eleição, onde, de forma inexplicável, ganha sempre o mesmo lado. A partir dai, tudo está viciado – os desmandos que assistimos depois são mera e natural consequência de algo que já começou de forma viciosa.

    c) REMO E PAYSANDU NÃO CONSEGUEM SE RENOVAR. Estão presos ao continuísmo que vai acabar por asfixiá-los. Encontram-se estagnados, sem alternativas. Há quarenta anos seus “donos” vêm se mantendo no poder, invictos. Não largam o osso, já mumificados.

    d) A FALTA DE RENOVAÇÃO É EM TODOS OS SETORES: Paulo Comelli, com duas passagens discretas pela Tuna, é festejado, uma espécie de vencedor sem títulos. O decrépito Givanildo, cujas três últimas passagens por aqui foram vergonhosas (caiu com o remo em 2004), já é anunciado como o “Salvador”. Pior será se trouxerem o Joãozinho pro lugar dele!

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    1. Decrépito? Égua mano o cara tem vários títulos, paraense, pernambucano, brasileiro, vários acessos, foi excelente jogador de futebol. Não entendi o adjetivo.

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      1. O futebol paraense está vivendo de velhas fórmulas (que já não dão mais certo, o que é pior). Em suas três últimas passagens, Giva foi pífio. Já encerrou o ciclo, mas ainda insistem em sua contratação. Pelo seu critério, Otávio, posso também dizer que o Zé Augusto é um grande jogador, apenas pelo seu passado de glórias. Mas, da mesma forma, nada justifica a permanência do Zé no Paysandu.

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      2. O amigo Cláudio parece ser um dos últimos admiradores de Giva por aqui. Sempre gostei da seriedade do pernambucano, mas parece carecer de atualização.

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    1. Obstrução é pouco!
      Os interesses pessoais geram barreiras intransponíveis, daí a ausência da juventude na luta presêncial pelo crescimento do futebol paraense. Ajuda quando deixam (alguns).

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  2. Lembro que GIBA, ainda a caminho do Remo prometeu o título do 2º turno do paraense e na sequência o Estadual, mais a ascenção a série C. O final todos sabem. Comelli já começa com o mesmo dircurso; Que não seja mera coincidência, ou melhor, seja.

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    1. Só que o Comeli, Berlli, terá uma vantagem muito grande em relação ao Giba: é que ELE irá montar o elenco e, com quase 50 dias. No caso do Giba, ele pegou um elenco montado pelo Abelardo e, sem tempo e sem suas contratações feitas, também, a tempo de colocá-las em condições de jogo e, isso, conta demais, amigo.

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      1. É, amigo Cláudio, e quando resolveu indicar contratações, para a Série D, só trouxe bomba (Canindé, Loyola – que nem jogou – e Enio, dentre outros).

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      2. Aliás,amigo Gerson no curriculum de conquistas do Comeli, ele deu uma de Chales Guerreiro e diz que foi Campeão pelo Figueirense em 2005. SÓ QUE NÃO FOI ELE QUEM CONQUISTOU.
        – Catarinense – Imprimir Enviar Rss 14 de marzo de 2005, 13:27-

        Paulo Comelli não é mais o técnico do Figueirense
        – A diretoria do Figueirense se reuniu na manhã desta segunda-feira com o técnico Paulo Comelli e as duas partes decidiram que o treinador deveria deixar o clube por causa dos maus resultados.
        -O Figueirense ainda não venceu na segunda fase do Campeonato Catarinense e corre sério risco de ficar fora da final, o que afastaria o sonho do tetracampeonato.
        – Paulo Comelli dirigiu o Figueirense em 15 jogos, vencendo sete, empatando cinco e perdendo três.
        Enquanto o clube busca a contratação de um novo técnico, na reapresentação desta tarde, no CT do Cambirela, assumirá interinamente Itamar Schulle, que vem dirigindo os juniores.
        Schulle será o técnico do time na partida de quarta-feira contra o Remo, em Florianópolis, pela Copa do Brasil.

        VOU TE CONTAR, égua, mas tem cabrito na área. Te dizer.

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      3. O que tem haver o Charles com o dito de Comelli, amigo Cláudio. O que foi publicado sobre o Charlhes partiu da Imprensa e são verídicos, não de viva voz por ele, e lembro que foi neste blog que li a respeito. Ou estou errado?

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      4. Nas grade de conquistas do Charles, no Site Na grande Área, amigo Berlli, consta que, como técnico ele foi campeão da série C de 2005 pelo Remo, quando todos sabemos que, quem conquistou, realmente, foi o Davino, por isso a comparação.

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  3. Torcedor paga e por mais errado que esteja tem razão. O que não é aceitável são profissionais se exporem ao rídículo. Torço contra o leãozinho em qualquer circusntância e coitado daquele que diga qie estou errado, sou capaz de mandá-lo para o complexo do alemão.

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  4. Se estão errados, já sairam do raio da razão!
    E sobre o Comelli, seria estranho se ele chegasse prometendo derrotas.
    A nação azulina, não é torcida paulista, ela é paraense.

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  5. Ilusão é um medicamentoso paliativo, basta lembrar a máquina prometida que nem chegou sequer alcançar a primeira curva após largada. Quanto a situação de estar errado, refiro-me a postura de torcer contra sem causar barracos. Gratuitamente poderia ser considerado uma afronta, pagando não tem o que ser questionado quando a postura não for desordeira.

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  6. CARO GERSON o torcedor menos alienado é o que está agora se comportando assim,o que é uma atitude estranha ,mas diante de tantas falcatruas ,negociatas,conspirações e cosita mas o torcedor não quer apenas SECAR O RIVAL ,não quer que o RIVAL COMPRE O TITULO ,COMO se percebe claramente que esta parceria entre C B F e curintia-gambá quer tirar proveito no sentido etimologico da palavra.Como sempre digo aqui em todas as plagas esportivas há essa figura do obscuro,do ALGO que foi tratado por trás das cortinas…o torcedor apenas está se colocando numa posição.Sem sber de fato se o resultado é fruto de TRABALHO apenas ou de negociações entre pessoas que fazem o curso do futebol.Lembro de 2005 em que td foi feito pra que o Gambá ficasse com o titulo.Vc sabe mais do que ninguém que até tirulos de COPAS do MUNDO estão envoltos em algum tipo de misterios da meia-noite ,como diria Zé Ramalho…

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  7. CARO GERSON o torcedor menos alienado é o que está agora se comportando assim,o que é uma atitude estranha ,mas diante de tantas falcatruas ,negociatas,conspirações e cosita mas o torcedor não quer apenas SECAR O RIVAL ,não quer que o RIVAL COMPRE O TITULO ,COMO se percebe claramente que esta parceria entre C B F e curintia-gambá quer tirar proveito no sentido etimologico da palavra.Como sempre digo aqui em todas as plagas esportivas há essa figura do obscuro,do ALGO que foi tratado por trás das cortinas…o torcedor apenas está se colocando numa posição.Sem sber de fato se o resultado é fruto de TRABALHO apenas ou de negociações entre pessoas que fazem o curso do futebol.Lembro de 2005 em que td foi feito pra que o Gambá ficasse com o titulo.Vc sabe mais do que ninguém que até titulos de COPAS do MUNDO estão envoltos em algum tipo de misterios da meia-noite ,como diria Zé Ramalho…

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  8. O torcedor tem o direito de se posicionar sobre o que considera certo. Só não pode agredir e nem intimidar jogador. No mais não tem problema algum.A rivalidade dos clubes é que mantém vivo o futebol e faz dele o esporte mais popular do mundo.
    Quanto a questão de jogo entregue, corpo mole, atuar com time reserva, isto tudo é hipocrisia. No meio do campeonato temos as finais da Libertadores e da Copa do Brasil, e os times que chegam nas finais destes torneios jogam com seus times reservas no Brasileirão, e como ainda faltam muitas rodadas para acabar o campeonato ninguém se queixa, todos até concordam que entrem com o time reserva e foquem suas forças nas finais dos torneios. E pq no fim do campeonato tem de ter posicionamento diferente com os clubes que já não almejam nada? O grande problema que temos é que tirando poucos clubes, nossos clubes não tem elenco, podem até ter um time forte mas não um elenco forte e ai tira 3 ou 4 jogadores e o nível do time cai demais.

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    1. A celeuma é esta, estão colocando nas 4 linhas o que acontece nas arquibancadas. Estranho foi só o São Paulo perder de 4 para o Fluminense, mas isso acontece. Que diga o lobo mau contra o Salgueiro e o leão que nem viu a Aurora do dia seguinte.

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  9. Allan, onde assino? Respeito a opinião do nosso blogueiro Gérson Nogueira, porém é pura utopia querer “o mundo encantado de Paulo Carsugue”, como diria aquele cronista em referência ao velho jornalista Carsugue.

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  10. O Jones acaba de denunciar no CLUBE NA BOLA de agora há pouco: eleição de ontem teve mais de 100 cabritos! E mais: os funcionários do Paysandu estão com salários atrasados há dois meses! Bem diferente do mar de rosas apregoado por LOP. Tudo como dantes no quartel de abrantes.

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