A sorte está lançada. Remo e Paissandu caminham para suas eleições mais concorridas dos últimos 20 anos. Talvez não seja simples coincidência o fato de que os dois maiores clubes paraenses estejam rachados ao meio quanto à definição de seus destinos políticos a partir de 2011.
O Remo, atualmente sem vaga na Quarta Divisão, vive momento mais aflitivo, atolado em dívidas e alquebrado por uma gestão que passou dois anos lutando obcecadamente para se desfazer de um patrimônio do clube. Os efeitos danosos dessa trapalhada imobiliária se fazem notar no dia a dia da agremiação, hoje entregue à própria sorte. Um gigante popular de 100 anos divorciado de seu principal bem, que é o torcedor.
O pleito do próximo dia 20 – um dia após o leilão de um pedaço do estádio Evandro Almeida – é bem mais que mera disputa eleitoral: é um acerto de contas entre o Remo caótico de Amaro Klautau e um novo Remo, que insiste em buscar ânimo e motivos para sobreviver.
O verdadeiro sentido da democracia, que é a representatividade através do voto, pode ser a saída para a encruzilhada final. Caso o novo Conselho Deliberativo seja à imagem e semelhança do atual, com a mesma omissão por parte de sua direção, é certo que o atoleiro se perpetuará. Na hipótese de triunfo oposicionista, o cenário tende a mudar por completo.
Já no Paissandu, o atual presidente, Luiz Omar Pinheiro, tenta novo mandato, mas enfrenta resistência pelos maus resultados no futebol, embora a gestão não possa ser nem de longe comparado com o caos reinante no maior rival.
Em termos trabalhistas, onde o Remo afundou por completo, Luiz Omar cumpriu todos os acordos e preservou o patrimônio material do clube. Os problemas se concentram no gerenciamento do futebol profissional. Descuidos e equívocos nas contratações fizeram com que, pela quarta vez consecutiva, o Paissandu perdesse a chance de subir à Série B.
Talvez receando mergulhar num pântano tão profundo quanto o do vizinho de Almirante Barroso, associados e conselheiros do clube decidiram lançar uma chapa alternativa. Nomes importantes e respeitados internamente compõem esse grupo e podem, em caso de vitória, mudar os destinos alvicelestes. Pode não ter caráter plebiscitário como no Remo, mas a eleição bicolor será tão acirrada quanto, capaz de cindir inapelavelmente as correntes mais representativas da agremiação.
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Com a determinação dos vitoriosos, o Fluminense avança a passos largos rumo ao título do Brasileiro, bafejado pela sorte que costuma abençoar os campeões. O triunfo sobre o Vasco atestou isso. A quatro rodadas do final da competição, as chances estão cada vez mais restritas aos três primeiros – Flu, Corinthians e Cruzeiro, que também venceu na rodada. O Botafogo se desgarrou dos ponteiros com o incrível 16° empate no torneio. Quem empata tantas vezes não pode se habilitar à vitória final.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 08)