Coluna: A encruzilhada remista

Em tempo de eleição histórica para a presidência da República e mudanças no governo do Estado, um pleito bem mais modesto e badalado desponta como prioritário para o futuro de um dos grandes clubes paraenses. O Remo, atolado em dívidas trabalhistas do passado e pendências atuais que em breve deverão engrossar o bolo na Justiça, tem uma única alternativa para escapar dessa enrascada. Precisa, com urgência, eleger um novo presidente para que retome sua vida normal e consiga apaziguar suas diversas correntes políticas.
Nada é mais vital para a democracia do que uma eleição, que renova projetos e consolida avanços institucionais. No caso do Remo, nada é mais decisivo para voltar a respirar ares de grande clube, saindo da encruzilhada em que se meteu pelas ações nefastas das duas últimas gestões.
Como poucas vezes em sua história, a ocasião exige que seus conselheiros façam mais do que a simples obrigação estatutária. Cientes dos números assustadores e dos inúmeros “papagaios” a serem honrados, sabem que os compromissos (e prazos) não podem esperar. Leilões estão à porta e é obrigatório que todos assumam suas responsabilidades.
Isso depende da antecipação das eleições, previstas para dezembro, mas que deveriam se realizar de imediato. Já se desperdiçou muito tempo e energia com o inútil capricho de vender o estádio Evandro Almeida, malfadado projeto do atual presidente e que resultou em desfecho insatisfatório, como praticamente todas as demais iniciativas dessa administração.
Para complicar ainda mais as coisas, as seguidas reuniões do Conselho Deliberativo têm patinado na indefinição, resultando em discussões que minam as pontes para mudanças. Diante da resistência do presidente do Condel em acelerar procedimentos, o processo é travado sistematicamente. Resta a conselheiros e beneméritos a adoção de procedimentos com que a agremiação saia do imobilismo em que se encontra.
Há dois anos sem festejar qualquer conquista no futebol e atualmente fora de qualquer divisão nacional, o Remo se divorciou da torcida nas ruas e periga se transformar cada vez num clube de gabinete, comandado a partir de salões refrigerados, o que é ao mesmo tempo um retrocesso grave e uma flagrante afronta às origens populares de sua bandeira.
Pela vontade dos atuais dirigentes, que elegeram um negócio imobiliário como objetivo maior, é quase certo que os problemas permanecerão sem solução. Não se vislumbra a mínima disposição para transformações efetivas, nem há mais tempo para isso. Todas as tentativas parecem visar interesses menores. Por isso mesmo, os verdadeiros azulinos devem apressar a agenda eleitoral e retomar de imediato o controle da agremiação. Antes que seja muito tarde.
 
Ainda no tema, cabe observar que Paissandu, Tuna e Águia também passarão por eleições nos próximos meses. Que os ventos da mudança atinjam todos os clubes. Mais do que nunca, o futebol paraense precisa desesperadamente de um sopro de renovação.   

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 1)

3 comentários em “Coluna: A encruzilhada remista

  1. Um espectro ronda a nação azulina e a ameaça de não ter futuro. O atual presidente direcionou sua administração de forma tão vinculada à venda do Baenão, que hoje em dia o Remo não paga nem seus funcionários e vê suas dívidas avolumarem-se espetacularmente.
    À distância, como eu vejo, parece que a saida de emergência é a venda de patrimônio. Porém, a venda do Baenão pode significar o princípio do fim, pois o que o mercado está disposto a pagar não paga dívidas e aliena o mais valioso patrimônio do clube. Então, a solução talvez fosse a venda da área do Carrossel para os donos da Big Ben. Independente de serem os compradores torcedores do Paissandu ou que destino darão ao imóvel. Trata-se da desesperada entrega dos aneis para evitar que estes sejam arrancados junto com os dedos.

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  2. Quando ao Paysandu, gerson, mudança não haverá, pois continuará o mesmo infeliz presidente – certeza da repetição de erros. No Remo, com o atraso garantido de quatro meses e mais o 13º, são pelo menos 500 mil reais acumulados em dívidas só neste finalzinho de ano. Nossos clubes são experts no acúmulo de dívidas, apesar dos patrocínios fabulosos…

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  3. Não esperem que o Anaro peça eleição, pois ele só sairá do Remo com a comissão ou do Baenão ou do Carrossel. Ele não tem hombridade, muito menos dignidade. A sua saída seria a única coisa boa que faria ao Remo em dois anos, como também os conselheiros que foram omissos em suas maracutaias. Cadê o Rebelo? O sócio torcedor?

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