Quando um time vence por goleada normalmente deixa a impressão de que jogou muito bem. Raros são os casos em que o placar nada tem a ver com os méritos do vencedor. O Remo goleou o Cristal (AP), ontem, e não se pode dizer que não houve merecimento, mas cabe observar a fragilidade do adversário e os muitos embaraços para chegar ao escore dilatado.
Depois de fazer o primeiro gol logo aos 6 minutos, abrindo caminho para um triunfo tranqüilo, o Remo abusou de finalizações erradas e chegou a irritar seu torcedor com a ausência de um definidor na área. Zé Carlos, o centroavante, cansou de perder gols em lances puxados quase sempre por Vélber, mais destacado jogador em campo.
Apesar das terríveis dificuldades de criação, as chances foram aparecendo naturalmente porque o Cristal errava passes no meio-campo e apresentava um buraco na entrada da área. Na vontade, através de Marlon pelo lado esquerdo e até dos volantes Danilo e Júlio Bastos, o Remo se fazia presente no ataque e quase foi para o intervalo com a goleada sacramentada.
No segundo tempo, diante das cobranças da torcida, Giba finalmente concordou em substituir Zé Carlos e Canindé, peças nulas em campo. Com Frontini e Gian em campo, a partir dos 20 minutos, o Remo se tornou consistente na transição para o ataque e os lances de área foram se sucedendo. Vélber puxou a jogada do segundo gol, marcado por Gilsinho, e fez o terceiro após tabelar com Gian.
Frontini desperdiçou um cabeceio, teve pouco espaço, mas tornou o ataque mais dinâmico. No apagar das luzes, Júlio Bastos fez (de cabeça) o quarto gol. Triunfo justo de um time que evolui, mas com percalços que poderiam ter sido evitados a partir da escalação de Gian desde o começo. Com um bom articulador, o jogo teria fluído melhor.
A insistência na escalação de Lima, Canindé e Zé Carlos, que não atravessam boa fase, além de desgastar os jogadores junto à torcida, torna o time mais travado, com embaraços até para trocar passes simples no meio de campo. Quando as peças certas entram, tudo parece mais fácil – e lógico. Contra adversários mais sólidos, esse equívoco pode ser fatal.
O Paissandu voltou a empregar em Santarém a estratégia que já havia utilizado em Fortaleza. Jogou encolhido, esperando a hora de dar o bote. Desta vez, o plano deu certo, principalmente porque o artilheiro Bruno Rangel estava em tarde inspirada e não desperdiçou as duas chances que apareceram. Na segunda, fez um golaço, limpando a jogada com um giro e arrematando à meia altura.
Quando atacado, ainda no primeiro tempo, Charles Guerreiro soube posicionar bem seu time e contou ainda com a soberba atuação do goleiro Alexandre Fávaro. Depois de estabelecer a vantagem, tratou de fechar ainda mais o setor defensivo e deixou o tempo correr. Substituiu Fabrício por Alexandre e ficou à espreita de chances para contra-atacar. Elas foram raras e na melhor Tiago Potiguar errou o toque final.
Grande vitória, que consolida o Paissandu como principal time do grupo e dono da melhor campanha de toda a Série C.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 16)