Sem Marciano, contundido, o Remo enfrenta hoje à noite o Independente com um ataque que une dois jogadores velozes, Landu e Héliton. Nem sempre essa combinação deu certo. Lembro do próprio Remo se atrapalhando quando usou velocistas para formar a linha ofensiva. O grande problema é que são jogadores que têm por característica buscar as extremidades do campo, deixando normalmente um espaço vazio na entrada da área, expondo a ausência do centroavante típico.
Como o campeonato já se encaminha para o final e o Remo passou até aqui sem um atacante de área – o próprio Marciano não tem esse perfil – é compreensível que Giba repita o uso de dois ponteiros como tantas vezes fez Sinomar Naves quando esteve no comando da equipe.
A entrada de Vélber, substituindo a Gian na articulação de meio-de-campo, pode eventualmente compensar a ausência de um atacante central. O problema é que Vélber também costuma cair pelos lados da área no papel de meia-atacante. A rigor, a melhor opção disponível para Giba seria Samir, que vai no banco de reservas.
Aliás, sobre Samir pesa um imenso ponto de interrogação. Jogador de grande produtividade na fase de preparativos para o campeonato estadual, perdeu espaço com a contratação de Marciano e passou a ser o suplente nº 1, o chamado pau para toda obra, que normalmente é aquele sujeito chamado quando a casa já está caindo.
Teve poucas chances no campeonato, sempre entrando no decorrer das partidas. Apesar disso (e talvez até por isso mesmo), caiu no gosto do torcedor, que normalmente pede sua entrada quando a situação se complica. O problema é que salvadores da pátria têm pouquíssimo tempo para se virar em campo. Samir entra quase sempre aos 20, 25 minutos do segundo tempo. Se por um lado pega os marcadores mais cansados, convive também com a exaustão dos próprios companheiros de time.
Contra o São Raimundo, no primeiro turno, fez sua melhor aparição como primeiro reserva. Entrou aos 20 do segundo tempo e mudou por completo a história de um jogo que se desenhava complicadíssimo para o Remo. Incendiou a torcida e carregou o time para uma vitória consumada nos quatro minutos finais.
Por outro lado, contra o Paissandu, na decisão, passou em branco: entrou quando a barca já afundava e ainda teve a marcação individual de Alexandre, que Charles lançou no jogo exclusivamente com essa missão. É apenas um palpite, mas hoje, diante do Independente, se for lançado, tem boas chances de repetir seus melhores momentos no Remo.
Não por acaso Samir, que não é titular, desperta mais atenção e ocupa mais espaço neste comentário que alguns dos efetivos do time de Giba. Suas habilidades – velocidade, explosão e boa finalização – cairiam como luva nas carências remistas atuais.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste sábado, 17)