Por Juca Kfouri
Dunga está para Maradona como treinador assim como Maradona estava para Dunga como jogador
NÃO PENSARIA duas vezes se tivesse que escolher entre Dunga e Mano Menezes para ser técnico de meu time. Caso a escolha fosse posta ficaria com Mano Menezes, sem titubear.
Porque é muito menos difícil, tecnicamente, ser treinador de uma seleção como a do Brasil do que ser técnico de um clube, como o Corinthians, o Flamengo etc. Só mesmo a pressão popular pode ser maior, embora ninguém ame a seleção na mesma medida que ama o clube de coração.
De resto, todas as vantagens são do técnico da seleção nacional, que escolhe quem quer entre o que há de melhor no mundo e que, por mais que erre com Afonsos e coisas parecidas, sempre tem um Kaká para compensar.
É claro que dirigir time de clube tem a vantagem da convivência diária com os jogadores, mas até isso varia conforme a personalidade de quem dirige, varia de pessoa para pessoa no contato com os grupos de jogadores, alguns capazes de criar fortes vínculos, outros, invencíveis rejeições.
Não se fará aqui a maldade de dizer, como muitos dizem, que os méritos táticos da seleção brasileira são do auxiliar-técnico Jorginho e que as jogadas de bola aérea são tão óbvias que alguém deveria ter vergonha de citá-las. E não se fará por duas razões básicas: fosse verdade em relação a Jorginho, nem assim deixaria de ser mérito de quem o escolheu como ajudante; óbvias ou não, as jogadas têm dado certo, os argentinos de Maradona que o digam.
E está aí o que motiva a coluna.
Ao responder ao repórter Fernando Gavini, da ESPN Brasil, sobre as deficiências da defesa argentina, Dunga teve um chilique, ao ver na pergunta o desmerecimento da “imprensa brasileira” ao seu trabalho, quando não só não era nada disso diante da escancarada fragilidade da zaga rival, que tem até o ex-corintiano Sebá como titular, como era uma pergunta de um jornalista de um veículo, não de todos os jornalistas de todos os veículos, generalização mais que indevida, portanto.
E é nestes momentos que se revela um Dunga detestável.
O ótimo jogador que foi, embora, é claro, não faça nenhum sentido compará-lo a Maradona, não fez dele melhor homem do que é, o que atrapalha o técnico, cuja superioridade no quesito sobre Maradona é também abissal. O tal homem que exige atitudes francas de todos, esconde-se ao não responder a um dos jornalistas mais respeitáveis deste país.
Crítico que ele atacou mentirosamente ao dizer que este o criticara em público e pedira desculpas particularmente, coisa que não aconteceu e que lhe foi cobrada até por carta em sua casa, sem resposta há mais de dois meses.
O mesmo Dunga pediu e, pior, ganhou, a cabeça de um outro jornalista, por sinal xará de um ex-técnico da seleção por quem Dunga tem adoração, simplesmente porque soube que este comemorara a provável queda dele quando da derrota na Olimpíada de Pequim.
Dunga pode até voltar com o hexacampeonato em 2010 em razão dos méritos que demonstra no comando do time da CBF, mas será uma pena se for com tal comportamento, baixo como um anão.
Mestre Juca, como de hábito, acerta em cheio. No alvo.