Por Fábio Sormani
O Brasil perdeu, mas ganhou. A derrota por 86-82, quatro pontos de diferença a favor de Porto Rico, não foi suficiente para tirar do selecionado brasileiro a primeira colocação nesta fase inicial. Mesmo perdendo, nosso time ficou com a primeira colocação porque teve melhor saldo de cesta. No tríplice empate, envolvendo também a Argentina, levamos a melhor.
O Brasil podia perder por até cinco pontos. Deu um de lambuja para porto-riquenhos e argentinos. Com isso, as semifinais da Copa América ficaram assim: Brasil x Canadá (19h30 de Brasília, neste sábado) e Porto Rico x Argentina (na sequência).
Vamos ao jogo; aconteceu de tudo. Até o Moncho Monsalve, nosso treinador, foi expulso. Confesso que naquele instante veio-me à mente o filme “Hoosier”, que em português ganhou o nome “Momentos Decisivos”. Disparadamente o melhor filme de basquete de todos os tempos.
Nele, Norman Dale, o treinador de uma escola de “high school”, vivido por Gene Hackman, forja sua expulsão para que seu assistente – um indivíduo inseguro e alcoólatra contumaz – assumisse a direção da equipe.
Dale queria testar e amadurecer seu auxiliar, Shooter (cestinha), vivido por Dennis Hooper. Não conto o final porque quem não viu eu exijo que alugue o filme, que, até onde eu sei, só existe em VHS.
Pois bem, vocês podem me chamar de louco, mas eu acho que Moncho forçou as duas técnicas. Deixou o time nas mãos de José Neto, seu auxiliar, um treinador sem qualquer experiência internacional.
Mais: deixou também o time na mão, para que os jogadores, em quadra, resolvessem o problema. A gente que acompanha de perto a NBA sabe muito bem que Phil Jackson cansa de fazer isso com seus jogadores. Primeiro no Chicago, agora no Lakers.
Quando o time está em uma sinuca de bico, em quadra, P-Jax evita pedir um tempo para que os jogadores encontrem a solução.
Acho que Moncho fez o mesmo agora há pouco. Esqueçam o que ele vai falar na coletiva de imprensa; vai ser jogo de cena. Podem me chamar de louco, mas é o que eu acho.
PROBLEMAS
Moncho à parte, nosso selecionado mostrou alguns problemas: 1) marcou mal as bolas longas; 2) arremessou mal as bolas longas (8/21 – 38%); 3) foi mal novamente nos lances livres (12/18 – 67%); 4) executou mal os tiros duplos (23/50 – 46%). E mais: Moncho utilizou apenas seis jogadores, pois Leandrinho Barbosa, contundido, ficou de fora. O desgaste foi inevitável.
Isso também foi importante na derrota do nosso time. Enquanto o Brasil teve pernas, marcou bem e esteve na frente; enquanto as pernas agüentaram, não ficou muito longe dos porto-riquenhos.
Baixou a diferença no final com o coração. E isso foi emocionante. Espero que esse cansaço não repercuta na atuação do time neste sábado – e nem no domingo, na esperada decisão do título da Copa América.
DESTAQUES
Anderson Varejão, novamente, foi um monstro em quadra: 22 pontos e dez rebotes. Único jogador na partida a ter um “double-double”. Tiago Splitter também foi outro gigante: 19 pontos e oito rebotes.
Foram as duas maiores figuras brasileiras no jogo.
AUSÊNCIA
Perdemos por quatro pontos, mas Leandrinho não jogou. Com ele em quadra a história seria diferente.
Hoje temos time para bater Porto Rico (de quem somos fregueses de caderneta) em qualquer lugar. No Brasil ou no Coliseu Roberto Clemente.
Viva Moncho!