Por Juca Kfouri
Demorou, mas, mais de três anos depois, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, assumiu sua responsabilidade pela farra de Weggis, antes da Copa de 2006. Assumiu em entrevista ao programa “Arena Sportv” e, apesar de relativizar em demasia o que ali aconteceu, porque o que ali aconteceu pautou todo o comportamento posterior, merece aplausos pela autocrítica, mesmo que tardia.
Verdade que quem, à época, denunciou a bagunça foi chamado de mau brasileiro.
Na mesma entrevista, no entanto, Teixeira avalizou o invalizável e tergiversou. Um bocado. Avalizou a inacreditável figura de seu grande aliado Jérôme Valcke, o secretário-geral da Fifa, que, não por acaso, sabota o projeto do Morumbi para a Copa de 2014.
Valcke é aquele mesmo funcionário da Fifa que a fez pagar US$ 90 milhões para a Mastercard por ter mentido à Justiça suíça na pendenga judicial entre a entidade e os cartões de crédito Mastercard e Visa. E que, em vez de ser demitido, acabou promovido.
Não surpreende que ele seja -como também são figuras como o presidente da FPF, o prefeito de São Paulo, um consórcio de construtoras e até alguns russos que já estiveram por aqui no Corinthians, trazidos por gente graúda do PT, além, é claro, do próprio chefão de nosso futebol -, favorável a um novo estádio em São Paulo, a tal máquina que puxa, e paga, o Brasil.
E tergiversou na questão da adequação do calendário brasileiro ao mundial ao dizer duas bobagens estratosféricas: que a adequação obrigaria a realização de jogos no dia 23 de dezembro e no Maracanã, no domingo de Carnaval, com o desfile das escolas de samba em andamento, evoluindo. Teixeira quer concorrer com o pessoal do “CQC”.
Primeiramente porque não é de hoje que há jogos aos sábados de Carnaval no Maracanã, para a alegria dos turistas que vêm para a festa e matam dois coelhos com uma só cajadada. Como, ainda por cima, em 1998, com 57 mil torcedores no Morumbi, Corinthians e Cruzeiro decidiram o Campeonato Brasileiro, da CBF já dirigida por Teixeira havia nove longos e penosos anos, exatamente num dia 23 de dezembro! Curiosamente, três dias antes, o público, para o mesmo jogo, tinha sido de 50 mil. E é óbvio que, com um mínimo de racionalidade, não será preciso nem jogar na antevéspera do Natal nem no Carnaval.
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