Bota inaugura estátua de Nilton

O Botafogo prestará neste domingo, dia 27 de setembro, antes da partida contra o Vitória, mais uma homenagem ao eterno ídolo Nílton Santos. A estátua de bronze confeccionada pelo artista plástico Edgar Duvivier será inaugurada na parte leste do Estádio João Havelange. Se houve alguém no futebol mundial digno de merecer uma estátua este é Nílton Santos, a Enciclopédia. (Com informações de Gilmar Ferreira)

Sem olhos em Tegucigalpa

Por Leandro Fortes

O jornalismo está abandonando, aos poucos, por motivos inconfessáveis, a valorização das personagens como elemento de narrativa. Emblemático é o caso de Honduras, um catalisador profundo das intenções de setores da imprensa cada vez mais perfilados em bloco sobre um ensaiado viés chavista (a nova panacéia editorial do continente) aplicado ao noticiário toda vez que um movimento de esquerda se insinua sobre velhos latifúndios – físicos e imateriais. Para tal, recorre-se cada vez mais a malabarismos de linguagem para se referir ao golpe militar que derrubou o presidente constitucionalmente eleito Manuel Zelaya.

Por conta disso, o governo golpista passou a ser chamado, aqui e acolá, de “governo de fato”, uma solução patética encontrada por alguns veículos para se referir a uma administração firmada na fraude eleitoral e na usurpação pura e simples de poder. Há, ainda, quem se refira à quadrilha de Roberto Micheleti como “governo interino”, o que só pode ser piada. Itamar Franco foi interino, esse é o beabá, até tornar-se “de fato” com o impedimento e a renúncia de Fernando Collor de Mello, mas isso não deu a ninguém o direito de, a partir de então, nomeá-lo “presidente de fato” ou chefe de um “governo de fato”. Se é governo, é de fato. Se assim não for, ou é interino, ou é golpista.

Não deixa de ser divertido o inglório exercício a que se dedica certa direita nacional envergonhada, pronta a converter em golpe de Estado a intenção do presidente (de fato, pero no mucho) Zelaya de convocar os hondurenhos a decidir, por plebiscito, a possibilidade de uma reeleição que sequer serviria a ele. Possível até que servisse à oposição – a mesma que lhe seqüestrou de pijama, o enfiou num avião e o desovou na Costa Rica. Talvez preferissem que ele tivesse comprado votos para se reeleger. Esse tipo de crime é, historicamente, melhor digerido pela mídia brasileira.

Essa gente não pode e não deve ser chamada de “governo de fato”, muito menos “interino”. Essa gente tem nome: golpistas. Bandoleiros políticos que estão, corajosamente, sendo confrontados pela diplomacia brasileira que, além de lhe condenar em todos os foros internacionais, deu abrigo a Zelaya na embaixada. Lá, o presidente (de verdade) se encontra protegido e alimentado, a causar saudável constrangimento aos golpistas que o defenestraram de Tegucigalpa, essa cidade de sonoro nome maia que, de uma hora para outra, tornou-se mundialmente popular no rastro de um vexame.

Mas comecei falando da importância de haver personagens no texto jornalístico e acabei me perdendo em necessários devaneios, porque no contexto da crise hondurenha se inclui uma cobertura, basicamente, desumana. Não no sentido da esperada brutalidade ideológica disseminada por jornais e jornalistas conservadores e, vá lá, liberais. Mas por não atentar diretamente para o fator humano estacionado nas ruas, manifestantes com as mãos perto do fogo aceso pelo golpe, sujeitos a tiros e bordoadas apenas para dizer “não”. Eu gostaria muito de saber quem são essas pessoas, mas tudo que se fala delas vem em números. Num dia, são 100 em frente à embaixada, no outro, são duas mil. Variam de dezenas a milhares da noite para o dia, sem que qualquer explicação sobre elas nos seja minimamente concedida.

Não é preciso muita sensibilidade para perceber que a chave (não Chávez!) para a compreensão do golpe em Honduras está nos hábitos e na cultura desses desconhecidos tegucigalpenses (ou seriam tegucigalpanos?). Falta quem lhes pergunte sobre os verdadeiros sentimentos desencadeados com o golpe, justo quando o mundo todo acreditava que o expediente das quarteladas jazia, para nunca mais, no túmulo dos tristes folclores latino americanos. São as personagens, sobretudo nas tragédias, que conjugam fatos e sentimentos de modo a permitir a nós, os indivíduos, compartilhar sonhos e loucuras. Daí a importância de prestar atenção nelas.

Até agora, a única personagem “de fato” é o próprio Manuel Zelaya, aliás, de figurino impagável, chapéu de cowboy sobre os cabelos escandalosamente tingidos, tal qual o bigode pouco alentador, na indisfarçável tonalidade das asas da graúna.

No sufoco, Palmeiras vai levando

mura

Aos trancos e barrancos, o futebolzinho tosco do Palmeiras vai levando de vencida o Brasileiro. Todas as glórias para Muricy Ramalho e seu esquema tranca-rua, com zaga bate-estaca, muito rodízio de faltas e contra-ataque na base do bumba-meu-boi. A vitória sofrida por 2 a 1 sobre o Atlético-PR na noite deste sábado reafirmou essa filosofia de jogo, que o técnico cultiva desde que foi tricampeão brasileiro pelo S. Paulo. O Palmeiras chegou a 50 pontos e pode fechar a 26ª rodada com seis pontos de vantagem para o segundo colocado, atualmente o São Paulo (44), ou quatro, caso o Internacional (43) vença e feche o dia como vice-líder.

Naquele estilo chucro que o consagrou, Muricy avisa que não faz contas. “Cada um tem sua matemática, eu só acredito no próximo jogo. Não faço conta! Ano passado um matemático aí me deu 1% de chance e meu time foi campeão. Então não posso acreditar em matemática”, afirmou o mau humorado treinador, referindo-se à campanha do tri nacional pelo São Paulo, em 2008.

É, vai ver que não faz mesmo nenhuma continha. No fundo, apesar do jeito feio de jogar de seus times, Muricy tem seus méritos. Trabalha muito, não refresca com a turma do chinelinho e está sempre buscando o título.

Coluna: A ressaca do factóide

Na mesma proporção com que despertou espanto quando foi anunciada, a proposta de venda do Evandro Almeida terminou a semana com toda a pinta de factóide de tiro curto. Nem entre os conselheiros do Remo prospera a hipótese de que algum grupo empresarial esteja, de fato, interessado na compra.
O mais provável, avalia um dos beneméritos do clube, é que a pretensão de negociar o estádio tenha sido lançada ao vento para aferir os humores do Condel e, por tabela, atrair a atenção de potenciais interessados. Trazer o assunto a público visou, ainda, medir as possíveis conseqüências e o nível de desgaste da iniciativa junto à coletividade azulina.
Os valores propostos pelo presidente Amaro Klautau, na casa dos R$ 40 milhões, nem chegaram a ser seriamente considerados pelos conselheiros, que têm a firme convicção de que o imóvel vale bem mais que isso. Já há, inclusive, dois estudos de avaliação em andamento para confrontar o preço estabelecido pela diretoria.
A versão de que existiriam dois clientes agendados também caiu por terra, diante da cobrança direta feita por dois ex-presidentes do clube. Instado a apresentar publicamente os interessados, a diretoria silenciou e o assunto agora periga cair na vala comum dos projetos em espera.
Um dos itens mais contestados é o custo projetado para o futuro estádio azulino, a ser construído pelo comprador do Baenão: R$ 25 milhões é, sob todos os pontos de vista, valor insuficiente para erguer uma arena de 20 mil lugares, com o mínimo de conforto nas instalações.
Comparação direta com o projeto de reforma do Mangueirão, orçado pelo GT Copa 2014 em R$ 200 milhões, atesta que os sonhos de negociação do velho estádio estão bem próximos do puro delírio.
Sondagens informais junto aos conselheiros não revelam oposição radical contra a idéia de se desfazer do estádio, desde que em condições vantajosas para o clube. Apesar de surpreendida pelo anúncio, grande parte do Condel tende a prestigiar o presidente, caso venha a apresentar uma proposta realmente consistente.  
 
 
A TV Cultura transmite S. Raimundo x Cristal, a partir das 16h45, direto do estádio Barbalhão, em Santarém. O jogo pode pôr o Mundico na próxima fase da Série D e classificá-lo à Série C 2010. A rigor, mesmo levando em conta as surpresas que o futebol sempre apronta, só mesmo um acidente de proporções tapajônicas tiraria do alvinegro mocorongo a justa comemoração reservada para este domingo.
Em condições normais, a força da equipe de Lúcio Santarém deve prevalecer. Com boa armação de meio-campo, centrada na experiência de Trindade e na habilidade de Michel, o S. Raimundo entra classificado (o placar de 0 a 0 lhe favorece) e tem condições de garantir uma boa vitória.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 27)

A camiseta de Lula e a ONU

Por Vitor Hugo Soares
De Salvador (BA)

Foi um impacto, não nego. A câmera da televisão enquadrou a cara enfezada de Luiz Inácio Lula da Silva com toques de algum aprendiz americano do baiano Glauber Rocha. Era quarta-feira, 23 de setembro de 2009 e o presidente do Brasil caminhava para a tribuna onde faria, por praxe diplomática, o primeiro discurso na abertura da 64ª Assembleia Geral das Nações Unidas – proeminência da qual o dirigente brasileiro soube tirar proveito como raramente se viu naquele pedaço globalizado de Nova Iorque.

Mesmo metido em terno de corte impecável, cabelo e barba agora tomados de incontáveis fios brancos – mas aparados e cuidados por bom barbeiro de Brasília ou de São Bernardo – a imagem que a TV mandava para o mundo, empurrava a memória para São Paulo de uns 30 anos atrás.

A cidade onde em cada esquina se vendia aquela camiseta de algodão, com o desenho do então líder dos operários metalúrgicos do ABC. Lula com pinta de “sapo barbudo”, como definiu o gaúcho Leonel Brizola ao retornar do longo exílio decorrente do golpe que derrubou o governo democrático do presidente João Goulart. Na camisa, o desenho do rosto do então líder operário de cabelos desgrenhados, cara amarrada, e o aviso escrito em tom vermelho: “Não mexa comigo. Hoje eu não tô bom!”

Lembram? Até em Montevidéu e Buenos Aires vi algumas delas penduradas nas barracas da feira de San Telmo e nos quiosques da Corrientes ou, do outro lado do Rio da Prata, na Avenida 18 de Julio, onde ainda era possível tropeçar com exilados brasileiros em cada esquina, mesmo depois da expulsão de Brizola para os Estados Unidos, pelos ditadores da turma da Operação Condor que mandavam por lá.

Mas o que quero mesmo dizer é: raras vezes nos últimos tempos, Lula esteve tão parecido com o cara da camiseta, como nesta semana, em Nova Iorque. É só conferir as imagens – o que não é fácil, porque a mídia brasileira (especialmente os jornais impressos e as grandes redes de TV), cobriu o assunto com displicente e estranha má vontade. Quase sempre em tom irônico ou abertamente ofensivo em relação às vítimas do golpe e benevolente, para dizer o mínimo, com os golpistas.

Vale observar que Lula modificou de última hora sua fala do chefe de Estado sobre temas mundiais mais candentes – como a crise financeira que amedrontou o mundo e o aquecimento global que ameaça o futuro do planeta – para introduzir um tema tipicamente latino-americano. A velha e sempre daninha tentação golpista contra regimes democráticos e as liberdades fundamentais no continente.

Esta questão, que parecia superada, foi retomada em junho passado, a partir da surpreendente, audaciosa e violenta deposição do presidente eleito de Honduras. Sob o argumento que tentava convocar um plebiscito para mudar a constituição e poder disputar um segundo mandato, Manuel Zelaya foi tirado da cama de madrugada, de pijama, com armas apontadas para sua cabeça por milires emcapuçados. Levado à força para o aeroporto, foi posto dentro de um avião militar e expulso de seu país e do governo legitimamente conquistado.

Episódio que agora recrudesce com consequências imprevisíveis, a partir do retorno do presidente – de surpresa para o ditador civil posto em seu lugar – , abrigado na embaixada brasileira em Tegucigalpa, em meio a cortinas de fogo e fumaça que o episódio levanta. Lula, o primeiro a gritar na primeira hora do golpe, não muda de tom.

Na ONU defendeu a imediata recondução do presidente eleito de Honduras ao cargo e exigiu a inviolabilidade da embaixada brasileira como preliminar para outras negociações legais e diplomáticas. Disse de forma clara e com a expressão apropriada, que se o fórum mundial em geral, e em particular o Conselho de Segurança não tomar uma posição firme desta vez sobre a crise em Honduras, outros golpes se seguirão.

“Não somos voluntaristas. Mas sem vontade política não se pode enfrentar e corrigir situações que conspiram contra a paz, o desenvolvimento e a democracia… A comunidade internacional exige que Zelaya reassuma imediatamente a Presidência de seu país e deve estar atenta à inviolabilidade da missão diplomática brasileira na capital hondurenha”.

Ontem, em Pittisburgh, onde desembarcou para a reunião do G-20, o presidente não baixou o tom. Insiste na urgência do Conselho de Segurança da ONU entrar com firmeza no caso, “pois os golpistas estão exagerando, estão quase exigindo que o presidente eleito democraticamente peça desculpas por estar em Honduras”.

E reservou as farpas finais para os que seguem firmes nas teorias de conspiração do Brasil mexendo os cordões em Honduras, ou priorizam nos espaços de informação mais o chapelão de Zelaya que a efetiva cobrança de responsabilidade dos que tocam, de fato, esta nova aventura golpista na América Latina.

“Vocês vão ter que acreditar num golpista ou em mim”, disse Lula, ainda sem tirar a camiseta dos anos 70.

Façam suas apostas.

Birutices do futebol

Em 1977, segundo o estranho regulamento do Campeonato Pernambucano, a vitória do Náutico sobre o Sport por 1 a 0 na última partida obrigou a realização de uma série de prorrogações, até que surgisse um gol. A primeira prorrogação de 30 minutos terminou em 0 a 0. A segunda, de 15 minutos, também. O Sport só foi campeão às 2h da madrugada, com um gol de Mauro, aos 13 minutos da terceira prorrogação. No total, foram jogados 148 minutos de futebol.

Do livro “Futebol É uma Caixinha de Surpresas”, de Luiz Fernando Bindi, ed. Panda Books.

Valtinho, enfim, rompe o silêncio

Dois trechos da longa entrevista concedida pelo técnico Valter Lima a Miguel Oliveira, de O Estado do Tapajós, e que o caderno Bola publica na edição deste domingo:

“Eu continuo técnico do Paysandu. Ele não disse. Eu tenho um contrato assinado por ele (Luiz Omar Pinheiro), que está em vigor. Mas não quero problema. Eu rasgo o contrato. Tudo bem. Mas lembro que quando empatamos com o Sampaio, houve uma festa pelo Paysandu por não ter caído para a quarta divisão, que meu prêmio seria especial. Eu sei da importância que foi ter dirigido o Paysandu em momento tão difícil”.

“Do ponto de vista financeiro foi um bom negócio. Por dois meses de trabalho foi bom. No São Raimundo eu ganhava bem, nunca me atrasou salário. Eu iria voltar a ganhar o mesmo salário se fosse dirigir o clube, o que não aconteceu. Quando eu fui pro Paissandu vencia o meu mês e eu abri mão do salário para que o clube pagasse o salário de alguns jogadores. Eu não queria dizer isso, mas foi o que aconteceu”.

Barrichello é o 10º no grid

O britânico Lewis Hamilton, da McLaren, largar na pole position do GP de Cingapura. No treino classificatório deste sábado, ele cravou o tempo de 1:47.891. Rubens Barrichello bateu no treino e sai na décima posição, à frente do atual líder do campeonato e seu companheiro na Brawn GP: Jenson Button sai apenas na 12ª posição.

No momento em que contava com o quinto melhor tempo da sessão, Barrichello perdeu o controle na curva e bateu o lado esquerdo de seu carro no muro. Ainda na pista, ele chegou a verificar o carro em busca de algum problema. A 26 segundos do final, o treino foi interrompido pela bandeira vermelha e as posições foram mantidas. Como foi obrigado a trocar o câmbio, danificado no final do GP da Bélgica, Barrichello perdeu cinco colocações no grid como punição. Assim, ele inicia a prova marcada para 9h deste domingo no 10º posto.