“Malas” no desemprego

Técnicos ganharam nos últimos anos um destaque desmedido. Culpa, em parte, da própria mídia, que às vezes catapulta algumas figuras que não resistiriam a uma análise crítica mais rigorosa. Muricy Ramalho e Vanderlei Luxemburgo, bons técnicos, mas excessivamente incensados pela imprensa paulistana, estão desempregados.

Não passam qualquer aperreio porque ganhavam bons salários e certamente faturaram um bom troco nas indenizações. Como também não ficarão sem trabalho por muito tempo, pois têm cacife e marketing. Importa mesmo é que o futebol ficou, por duas boas rodadas, sem a marra de um e os maus bofes do outro. O torcedor/telespectador agradece, embora essa vida boa tenha vida curta.

Luxemburgo, que é dono de uma faculdade de esportes, e Muricy devem voltar à cena nos próximos dias. São cogitados para assumir o comando de alguns dos principais clubes brasileiros. Podem até escolher para onde ir. O torcedor mais sensível, desgraçadamente, não tem como tirar férias da dupla por mais tempo.

Coluna: Decisão difícil, mas necessária

Edson Gaúcho caiu e muitos festejam, dentro do próprio Paissandu, mas não há motivo para comemorações, muito pelo contráiro. O momento é complicado e o clube encontra-se numa encruzilhada decisiva no campeonato da Série C. Como no ano passado, o desfecho dos dois jogos fora de casa – na mesma altura da disputa – acende todas as luzes de alerta na Curuzu. Surge, pela primeira vez, o risco real de eliminação precoce.
Dos seis pontos disputados em Marabá e Lucas do Rio Verde, o Paissandu só conseguiu trazer um. E viu encurtar a boa vantagem sobre o terceiro colocado – o mesmo Rio Branco que lhe roubou a classificação em 2008. Quando uma situação se desenha difícil em futebol, a saída óbvia (e fácil) é trocar de técnico. Justamente o que o Paissandu não fez com Dario Lourenço há um ano, lamentando-se terrivelmente até hoje.
Desta vez, mesmo indo contra a vontade de alguns diretores, o próprio presidente Luiz Omar Pinheiro resolveu tomar a decisão de afastar o treinador. Corre o risco do erro, mas, sem dúvida, acertou em agir de imediato, sem hesitações.
Gaúcho sai de cena com um cartel expressivo do ponto de vista dos números: 16 vitórias, quatro empates e quatro derrotas. Comandou com competência e mão-de-ferro o time na boa campanha do estadual, apesar da fragilidade geral dos concorrentes (Remo, Águia, Castanhal e Ananindeua nas piores participações dos últimos anos).
Indispôs-se com setores da imprensa e, nesse sentido, alimentou uma pinimba desnecessária. Além disso, pelo temperamento irascível, acabou saindo no braço até com torcedores. Para piorar, trombou de frente com o presidente do clube.
Como se sabe, conduta desse nível jamais contribui positivamente. O futebol não é pródigo em empregos longevos. Por isso mesmo, os profissionais da área têm a obrigação de saber preservar-se na função. Gaúcho mostrou surpreendente instabilidade nesse departamento.
 
 
É importante observar, porém, que o técnico não é o único responsável pela situação atual do Paissandu. Os dirigentes não trouxeram os reforços para setores fundamentais, como a lateral-direita, o meio-campo e o ataque. O grupo campeão estadual é limitado, embora a empolgação do torcedor muitas vezes não permita observar isso.
O melhor jogador do time (e do Parazão) caiu de rendimento depois das finais do Parazão e até agora não reencontrou seu melhor jogo. Velber visivelmente não é o mesmo desde que passou pela cirurgia. Perdeu a velocidade e não arrisca infiltrações no ataque. Prefere “cercar lourenço” na meia cancha e não experimenta nem arremates de média distância.
O Paissandu, obviamente, perdeu muito com a queda de produção de Vélber. Gaúcho não tinha o que fazer, pois não havia substituto à altura. A zaga continua pouco confiável, a lateral direita está vaga e o ataque se ressente da falta de um jogador velocista, capaz de alterar o padrão habitual de dois atacantes de força na área. Problemas que persistem, à espera do novo comandante.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça, 30)

Fifa já admite adotar tecnologia

A Fifa admitiu nesta segunda-feira que pode passar a usar recursos eletrônicos para resolver dúvidas sobre se a bola cruzou a linha do gol ou não, como aconteceu no gol de cabeça marcado por Kaká na final da Copa das Confederações, no domingo, contra os Estados Unidos, que o juiz sueco Martin Hannson não validou.

O gol aconteceu quando os norte-americanos venciam por 2 a 1 – a partida terminou 3 a 2 para o Brasil. Kaká cabeceou, e o goleiro Tim Howard fez a defesa quando a bola já tinha cruzado a linha, mas o árbitro sueco Martin Hannson mandou o jogo seguir. Questionado sobre se não poderia ser desenvolvida uma tecnologia similar à chamada “olho de falcão” (Hawk-Eye) do tênis, presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse que existem fatores que tornam a técnica mais difícil no futebol.

“Acredito que existem diferenças em relação ao tênis, em que há apenas uma dimensão. No futebol, há três: altura, largura e profundidade. Testamos com sete câmeras distintas em um gol e era impossível ver se havia sido gol ou não. Depois tivemos um sistema com um ‘chip’ na bola que também não foi 100% preciso. Estamos trabalhando, mas sempre acontecerão erros. É preciso deixar o futebol com este lado humano, em que os erros fazem parte.”

“Foi testado o ‘olho de falcão’ na segunda divisão do Campeonato Inglês e apesar do uso de sete câmaras, as conclusões não eram seguras. Não era possível detectar se a bola tinha ou não entrado completamente no gol”, afirmou Blatter.

O dirigente também lembrou que há cinco anos a International Board admitiu o estudo da introdução da tecnologia para decidir jogadas do tipo e afirmou que o chip na bola foi testado em um torneio realizado no Japão, mas não houve nenhuma jogada polêmica como a do gol de Kaká na final da Copa das Confederações.

Na próxima edição da Liga Europa, competição que substitui a antiga Copa da Uefa, serão usados dois árbitros atrás dos gols para verificar esse tipo de jogadas conflituosas, afirmou Blatter, que informou que no início de 2010 a Fifa receberá um novo relatório sobre a utilização do chip na bola. (Do Folhaonline)

Olé tira onda

Famoso pelas provocações ao futebol brasileiro, o diário esportivo argentino “Olé” se rendeu à seleção comandada por Dunga e pediu ajuda de Deus para o encontro entre os dois países, em setembro, pelas eliminatórias sul-americanas da Copa do Mundo-2010. O jornal estampa na capa de sua edição desta segunda-feira a conquista brasileira na Copa das Confederações após virada por 3 a 2, de virada, sobre os Estados Unidos, no domingo.

“Oremos. Brasil ganhou a Copa das Confederações. (…) Não para de ganhar a equipe de Dunga, que é o próximo rival argentino nas eliminatórias. Que Deus nos ajude”, diz a manchete estampada na capa. Ao contrário do Brasil, que venceu os oito últimos jogos que disputou e se sagrou campeão na África do Sul, a Argentina vive um momento ruim e o trabalho do técnico Diego Maradona já começa a ser contestado.

Desconfio que os hermanos estão de sacanagem. Além do sarro nessa onda beata da Seleção de Dunga, tiram uma casquinha já de olho no jogo de setembro.

09180145