Um cochilo histórico

Como ninguém é perfeito, Rodolfo Rodriguez foi protagonista desta goleada histórica (6 a 0) do Cruzeiro sobre o Bahia, em 1993. No sexto gol, ele se distrai e larga a bola. Ronaldo, então com 17 anos, ligadíssimo no lance, chega como uma flexa e manda a bola para as redes. Uma terrível jornada do bom goleiro.

Defesas milagrosas

Uma breve sessão nostalgia para reapresentar a incrível sequencia de defesas de Rodolfo Rodriguez contra o América de Rio Preto, na Vila Belmiro. Reza a lenda que ele quebrou um dedo logo no segundo chute à queima-roupa. Já vi muitos lances arrojados, mas nenhum como esses do uruguaio. Elasticidade, senso de colocação, puro instinto e uma pitada de sorte.

CNN põe Mano no Top 10

Campeão da Série B em 2008, atual campeão paulista e, pela segunda vez seguida, finalista da Copa do Brasil, o técnico do Corinthians, Mano Menezes, está entre os dez melhores treinadores da temporada 2008/09, segundo uma lista publicada pelo site da CNN International.

Mano aparece ao lado de nomes como Josep Guardiola (Barcelona-ESP), Alex Ferguson (Manchester United-ING), José Mourinho (Inter de Milão-ITA) e Manuel José de Jesus (Al Ahly-EGT).

Completam a lista de destaques da CNN, que não ordenou os dez treinador em posições, Felix Magath (Wolfsburg-ALE), Guus Hiddink (Chelsea-ING), Akira Nishino (Gamba Osaka-JAP), Laurent Blanc (Bordeaux-FRA) e David Moyes (Everton-ING).

Americano não manja nada mesmo de futebol. Gamba Osaka, Al Ahly, Bordeaux? Vou te contar…

Olha quem fala…

Da Folha de SP:

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, disse nesta sexta-feira que a possibilidade de um terceiro mandato para prefeitos, governadores ou o presidente é incompatível com o princípio democrático ou republicano.

Na avaliação de Mendes, os “20 anos de normalidade constitucional” do Brasil se deve à alternância de poder e à “observância de freios e contrapesos que a democracia constitucional impõe”.

A questão é saber quem perguntou a opinião dele. 

Sob o jugo da Celpa

A população de Belém está pagando um alto preço da deterioração dos serviços prestados pela Celpa. Nos últimos dias, os apagões se sucedem com uma velocidade impressionante. Na quinta-feira, grande parte do bairro da Pedreira ficou sem energia elétrica das 14h15 até 23h05. Nesta sexta-feira, a situação se repetiu durante a manhã e a tarde. Um absurdo para uma cidade do porte de Belém. Um absurdo ainda maior porque a Celpa, com a arrogância que vigorava nos tempos de ditadura, não se dá ao trabalho de explicar aos seus clientes (nós, a população) o que acontece, muito menos de disponibilizar um serviço de atendimento ao público via telefone.

Não sei, sinceramente, o que é mais irritante. Se aturar as interrupções de energia ou tentar buscar informações junto à Celpa. Deveria haver um mecanismo legal que permitisse aos cidadãos lesados pela operadora de energia elétrica serem ressarcidos sempre que ela descumpre sua finalidade.

E o pior é que a falta de energia leva, de imediato, à suspensão do abastecimento de água, este sob responsabilidade da Cosanpa, que, como se sabe, é outro primor de excelência no atendimento ao zé-povinho.

Quem não se comunica…

Da coluna de Guilherme Augusto, no DIÁRIO deste sábado:

Rádio Reputação FM 

O Ministério das Comunicações abriu edital para a concessão de mais duas novas rádios comunitárias em Belém. Deverá concorrer, com o apoio de uma dezena de entidades locais, o Grupo de Mulheres Prostitutas da Área Central de Belém – Gempac. Lurdes Barreto está à frente do projeto. 

Pera lá…

Fé (cega) na Justiça

Sebastião Curió é absolvido pelo júri popular

Por 4 votos a 3, o júri popular absolveu Sebastião Curió Rodrigues de Moura no julgamento realizado ontem, 5/6, pelo Tribunal do Júri de Sobradinho. O ex-prefeito de Curionópolis era acusado de ter cometido homicídio duplamente qualificado contra a vítima Laércio Xavier da Silva e lesão corporal contra Leonardo Xavier da Silva. 

Os jurados responderam a duas séries de quesitos: a primeira relativa ao crime de homicídio e a segunda ao crime de lesão corporal. Votaram afirmativamente aos quesitos quanto à materialidade do crime e a autoria dos disparos, mas consideraram que Sebastião Curió agiu em legítima defesa, por isso votaram sim, também, pela absolvição. A sentença foi lida às 16h10 pela juíza-presidente da sessão de julgamento. 

O fato aconteceu em 2 de fevereiro de 1993. Sebastião Curió afirmou em juízo que foi ao setor de chácaras, após receber um telefonema de seu filho narrando sobre um tiro, quando retornava para casa. Após comunicar o episódio à 10ª Delegacia de Polícia, dois policiais foram destacados para acompanhar o coronel nas investigações. 

Juntamente com os policiais e dois filhos, o réu disse que foi ao local onde os menores infratores dormiam e que foram recebidos a balas. Ele conta que deu dois tiros a esmo e acertou os dois menores, um no abdômen (que faleceu) e outro na mão. Os rapazes foram socorridos pelo próprio autor dos disparos. “Se eu prestei socorro é porque não tinha a intenção de matar”, afirmou Curió. 

Os outros quatro denunciados no processo – Sebastião Curió Moura Júnior, Antônio César Nóbrega de Moura, João Bosco Fragorge e Erycson Boueri Coqueiro – já haviam sido julgados e absolvidos em 2003.

Transparência pública

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a lei federal que obriga publicar todas as contas públicas (receitas e despesas) na Internet. Já chamada de Lei Capiberibe, de autoria do ex-senador João Capiberibe, será agora publicada no Diário Oficial da União e passa a vigorar imediatamente.

As contas públicas ainda não são tão públicas. Com a lei, sancionada pelo presidente Lula, todas as contas públicas estarão ao alcance dos olhos do contribuinte. A novidade é que ela mantém tudo o que está previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal e obriga a publicação em tempo real na Internet.

Histórico – O Governo do Amapá foi o primeiro ente público que divulgou todas as contas na internet, em tempo real, por decisão política do governador João Capiberibe, há oito anos (www.amapa.gov.br/gestao). Em 2003, no Senado Federal, Capiberibe apresentou a proposta que foi aprovada por unanimidade pelos Senadores, em 2004. Dia 05 de maio passado foi aprovado por 389 votos favoráveis e apenas uma abstenção pela Câmara dos Deputados.

Bandeira ao vento

Luiz Negrão (Para Dona Riso):

No segundo dia deste mês, inesperadamente, o meu amigo Walter Bandeira deixou o palco da vida, sem passar pelo devastador, acutilante e prolongado sofrimento imposto pelo câncer, mas atingido em cheio pelas consequências da própria moléstia, daí a surpresa quando de repente a voz silenciou. No grande final, deixou a derradeira lição de dignidade.

A autoridade competente, ou algum representante, ao saber de seu estado de saúde, ofereceu o custeio de tratamento clínico especializado em São Paulo. Polidamente recusou a ajuda, em solidariedade a tantos doentes em situação semelhante no Ofhir Loyola, devendo tais despesas, relativas a seu caso, serem utilizadas no próprio hospital local, ora em situação de caos, penalizado por mãos poderosas e insensíveis (afeitas e subservientes a injunções políticas) retendo verbas necessárias e urgentes para, no mínimo, aquisição de remédios e reparos de equipamentos hospitalares – verbas ora chegando aos borbotões após mudança na administração.

Nesse período de horror no hospital quantas esperanças abreviaram por falta de recursos! Esse era Walter, sempre surpreendente, que aprendi a admirar em mais de 40 anos de amizade. Ele foi umas das pessoas mais inteligentes de meu conhecimento, esbanjando talento nas artes e na cultura de nossa terra. Devo a ele a gentileza da capa de meu livro de crônicas “Canção do Amanhecer” – Ed. Cejup/PA.

Como esquecer sua arte de bem cantar, entremeada de ironia na relação com seu público, sempre cativo, nos palcos de Belém – sua ribalta verdadeira? Guardo comigo momentos fraternos de boas risadas. Dele vem-me lembranças lá dos anos sessenta acerca de um episódio denominado pelo seu bom humor de “quando ganhamos e não levamos”.

A página literária de A Província do Pará era de responsabilidade de Ildefonso Guimarães, com um concurso de contos promovido pela Prefeitura Municipal de Belém, administração Isaac Soares, com prêmios de publicação e coleção de obras literárias. Cada um de nós inscreveu um trabalho. Ele tirou o primeiro lugar e, o cronista, o segundo.

O Ildefonso chamou-nos à redação, conversando sobre a qualidade do trabalho do Walter, na vertente de Clarisse Lispector, “dada à introspecção”, aproveitando para comunicar, um tanto constrangido, terem ficado os prêmios restritos apenas à publicação no jornal, pois como eram os idos de 64 a promotora do concurso, sob nova direção, suspendera a outra parte da premiação. Até hoje resta a dúvida se a Prefeitura de Belém teria ficado mais rica ou mais pobre.

Do repertório daquele chansonier brejeiro, de voz inconfundível, pela interpretação singular, a minha predileta era a composição de Jacques Brel, “Ne me quitte pas” (Não me deixes). Quem o conheceu permanecerá no coração com ele por muito tempo. No necrológico de seu irmão Euclides, encerrei evocando o refrão de uma cantiga comemorativa de mesa de bar: “o Chembra foi um bom companheiro”. O Walter também foi “um bom companheiro e isso ninguém pode negar”. Do sobrenome materno fez o estandarte alegre para enfrentar, com muita simpatia, as intempéries da vida, hoje bandeira tremulando ao vento da saudade.

(Junho/2009 – l.negrao@hotmail.com).

Berlusconi e a privacidade

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O El País publica hoje fotos exclusivas (como esta acima) de uma festa do arromba na mansão do premier italiano Silvio Berlusconi, em Villa Cerdosa, na Sardenha. Com a cara de pau habitual, Berlusconi diz que o jornal violou sua privacidade (o que é verdade) mas que as fotos “são inocentes”.

Sobre as duas jovens que aparecem fazendo topless, Berlusconi pergunta: “Por que elas tomariam banho de sol vestidas?”. A impressão que se tem é que, nas folgas entre um escândalo e outro, o premier cumpre suas obrigações de chefe de Estado.

Sobre pais e filhos

nelsinho

Recebo material da assessoria de Nelsinho Piquet a respeito de sua atuação nos treinos livres para o sétimo GP da temporada de Fórmula 1. No autódromo de Kurtkoy, próximo a Istambul, na Turquia, em duas sessões de treinos marcadas pelo grande número de carros escapando da pista Nelsinho fechou o dia com o 10º melhor tempo – depois de focar seu trabalho no acerto do Renault R29 com pneus duros e em longas sequências de voltas.

Fico sabendo que Nelsinho completou 56 voltas nesta sexta-feira, sendo que 38 delas foram no treino da tarde – quando estabeleceu seu melhor tempo: 1m29s401. O mais rápido do dia foi o finlandês Heikki Kovalainen, da McLaren, com o tempo de 1min28s841. “Não estava fácil pilotar. A pista esteve muito suja e isso dificultou para aprender mais sobre o carro aqui”, disse Nelsinho Piquet.

Fico pensando… A essa altura do pagode, está óbvio que o filho não herdou o formidável talento do pai, o que é apenas normal. Continua lutando para conquistar seu espaço na categoria e talvez não merecesse o tratamento agressivo, rude até, que o dono da escuderia, Flavio Briatore, por vezes lhe destina. Fico imaginando se o italiano metido a besta nos tempos em que Piquet pai estava em plena forma. Certamente pediria licença até para falar. Na Renault atual, completamente fora de competição diante da surpreendente Brawn, Briatore deve muito mais explicações que Nelsinho.

Sinal dos tempos: quando editor de esportes de O Liberal, no começo dos anos 80, a redação era bombardeada por press-realeases das assessorias de um jovem piloto, Ayrton Senna, e de Chico Serra. Era um recurso de divulgação ainda incomum no esporte brasileiro. Curiosamente, nunca recebemos (eu e Julio Lynch, o outro editor, já falecido) nenhum mísero texto sobre Nelson Piquet. 

Piquet era o anti-herói por excelência, desprezava o marketing pessoal e vai ficar definitivamente inscrito na história como o único desportista brasileiro a soltar um palavrão exclusivo para os microfones da Globo. Foi no momento da conquista de seu bicampeonato. Passou correndo pelo repórter global e soltou um sonoro “porraaaa”, que ecoa até hoje. Naquele tempo, é bom que se diga, a todo-poderosa dedicava-se a tentar emplacar Chico Serra, que não foi adiante. Depois, abraçaria com todo empenho a carreira de Senna. E aí já é outra história.

Mas, por essas e outras irreverências, além do incrível talento, virei piquetista convicto.