Coluna: A prevenção contra assaltos

O Internacional anuncia uma inédita coletânea (em DVD) dos erros de arbitragem que beneficiaram o Corinthians nos últimos anos e, principalmente, na atual Copa do Brasil. Claro que o clube gaúcho está recorrendo a esse expediente inusitado principalmente porque vem mal das pernas, não ganha há seis jogos e precisa derrotar o time paulista por três gols de diferença na partida final, marcada para o Beira-Rio. Em situação normal, o Colorado até ignoraria os equívocos que costumam favorecer o Corinthians.
Ocorre que, depois de acompanhar o vôo mais ou menos tranqüilo do Corinthians rumo às finais da competição, o Inter resolveu se antecipar e chamar atenção para o papel da arbitragem. Contra Atlético-PR e Vasco, o clube de Parque São Jorge foi claramente priorizado pelos árbitros em lances capitais, incluindo um pênalti do zagueiro Chicão quando o jogo com o Vasco no Pacaembu estava 0 a 0.
O marketing pesado – e os investimentos financeiros – em torno do atacante Ronaldo desde seu retorno aos gramados é outro item apontado pelos gaúchos como motivo de preocupação. Setores da afiada imprensa de Porto Alegre identificam uma espécie de pré-disposição para coroar a nova ressurreição do Fenômeno com um título de importância nacional.
Além das preocupações imediatas, o Inter tem fundados motivos para ficar com um pé atrás em relação aos árbitros brasileiros. É célebre o episódio verificado no Brasileiro de 2005, em jogo contra o mesmo Corinthians, quando Márcio Rezende de Freitas deixou de marcar um pênalti clamoroso de Fábio Costa sobre Tinga e ainda expulsou o meia colorado. O resultado foi decisivo para garantir a conquista corintiana (por exatos três pontos de vantagem).  
São comuns as falhas de marcação e as interpretações incorretas por parte dos árbitros. O universo do futebol já se habituou a isso e até incorporou como ossos do ofício. O problema é que, no Brasil, alguns clubes raramente são alvejados pela imperícia dos juízes. Desfrutam de certa blindagem e, em caso de dúvida, normalmente a decisão final lhes favorece. Flamengo e Corinthians, há décadas, são líderes absolutos nesse ranking particular de desigualdades.
Donde se conclui que os gaúchos, escaldados, não exageram em estrilar e gritar “pega ladrão” antes mesmo que o possível assalto se consuma. 
 
 
Caso jogue com a disciplina tática e a disposição feroz que apresentou na final da Copa América contra a Argentina, o Brasil não encontrará dificuldades neste domingo diante dos americanos, na decisão da Copa das Confederações. Os problemas só aparecem para Dunga e seus comandados quando o adversário fecha os corredores laterais e não abre espaço para o contra-ataque. Isso ocorreu contra a Bolívia no Rio e se repetiu contra a África do Sul. As lições devem ter sido assimiladas, até porque não é possível que o técnico queira depender novamente de um golpe de sorte, como a falta cobrada por Daniel Alves a três minutos do apito final.
De todo modo, mantenho a convicção de que zebras como a que vitimou a Espanha não se repetem com tanta freqüência. Por isso, Brasil campeão.   

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 28)

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