Jogadores do Figueirense não entram em campo e Cuiabá vence por W.O.

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Os jogadores do Figueirensecumpriram a ameaça e não entraram em campo para enfrentar o Cuiabá na noite desta terça-feira, na Arena Pantanal, em jogo válido pela 17ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. O motivo é o protesto pelos salários atrasados. Com isso, o Cuiabá venceu por W.O. (placar de 3 a 0), ficando com os três pontos da partida.

Por volta das 20h20, os jogadores deixaram o hotel em direção à Arena Pantanal. No vestiário, permaneceram até por 40 minutos, enquanto os jogadores do Cuiabá realizaram o aquecimento no gramado. Na sequência, voltaram ao veículo e foram embora.

A paralisação do elenco do Figueirense começou na tarde da última sexta, quando os jogadores não se reapresentaram após a derrota por 1 a 0 para a Ponte Preta em Florianópolis. A atitude se repetiu no fim de semana.

No domingo, por meio de nota, a diretoria afirmou que quitaria o salário CLT de julho e os dois meses de direitos de imagens em atraso no próximo dia 28 de agosto. Na sequência, os atletas rebateram o comunicado e exigiram o pagamento até esta terça – se não recebessem, não entrariam em campo, como de fato ocorreu.

Posição do clube

Minutos após o W.O. ser confirmado, a diretoria do Figueirense pronunciou por meio de nota. Confira abaixo:

O Figueirense Futebol Clube comunica que a decisão de promover o W.O. na partida da Série B do Campeonato Brasileiro desta terça-feira, 20 de agosto, contra o Cuiabá, em Mato Grosso, é exclusiva dos jogadores profissionais relacionados para o confronto.

Vale ressaltar que a comissão técnica se apresentou normalmente para a disputa e o setor de logística do Alvinegro promoveu todos os procedimentos prévios para entrada em campo dos atletas.

O Figueirense agora fica sujeito a punições em duas frentes: pela CBF e pelo STJD. Como foi o primeiro W.O. do time, a punição será a derrota na tabela (por 3 a 0) e multas. Em caso de reincidência, o clube fica sujeito a ser excluído da competição.

Imediatamente, a CBF aplica as punições previstas no RGC(Regulamento Geral das Competições):

  • Derrota por 3 a 0 na partida
  • Multa de R$ 5 mil

Se o W.O. ocorresse num jogo como mandante, o Figueirense também perderia a renda da partida. O artigo 58 do RGC deixa claro que a estas punições se somam outras previstas pelo CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), que são aplicadas pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).

O Figueirense muito provavelmente será denunciado em dois artigos: o 203 (“deixar de disputar partida sem justa causa”) e o 191 “(deixar de cumprir regulamento”).

Nos dois casos, a pena é a mesma: multa de R$ 100 a R$ 100 mil. Ou seja: além dos R$ 5 mil pela CBF, o Figueirense está sujeito a ser multado em até R$ 200 mil pelo STJD.

A CBF também considera cumpridas todas as suspensões automáticas e outras penas impostas pelo STJD ao rival do Figueirense no jogo do W.O. Ou seja: se um jogador do Cuiabá acumulou três cartões amarelos e não enfrentou o Figueirense, a CBF considera a punição cumprida. O mesmo vale para quem tinha alguma outra pena a cumprir.

Vale lembrar que, em 2017, o Mogi Mirim perdeu por W.O. um jogo contra o Ypiringa (RS) pela Série C. O clube foi declarado derrotado por 3 a 0 e punido pelo STJD com R$ 1 mil pelo STJD – R$ 500 para cada um dos dois artigos descumpridos do STJD.

O direito de imagem do elenco não é pago desde maio, enquanto o mês de julho, referente ao vencimento em carteira, também está pendente. Há, ainda, o não recolhimento de FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Denis conseguiu a rescisão indireta com o Figueirense no início do mês por este motivo. Dias depois, o clube derrubou a liminar concedida ao goleiro.

Uma notificação extrajudicial, assinada por 31 jogadores, foi enviada ao presidente da Elephant (gestora do futebol do clube), Cláudio Honigman, no domingo. Nela, o elenco manifestou a intenção de não treinar ou jogar até que os acertos sejam realizados. O clube, por outro lado, trata a paralisação como “falta ao trabalho”.

Pelas redes sociais, os atletas se manifestaram. Na sexta, foi postada a imagem do escudo do Figueirense num fundo preto e a frase: “Paramos hoje, pela sobrevivência do amanhã”. No dia seguinte, a mensagem relatou pressão e ameaça da diretoria para a retomada dos treinamentos. Além disso, todos colocaram a frase “somos todos líderes”.

Em julho, o elenco ficou sem treinar por alguns dias pelo mesmo motivo. Na ocasião, o presidente prometeu quitar as pendências financeiras. A promessa evitou a possibilidade de W.O. diante do Vitória. Em seguida, a Elephant assinou um termo de compromisso com o Conselho Deliberativo do clube, garantindo que os atrasos iriam acabar. O aditivo no contrato não teve os termos divulgados. (Com informações do Globo Esporte e Lance!)

Brasil vive um clima de pré-nazismo enquanto a oposição emudece

Por Juan Arias, no El País

O Brasil está vivendo, segundo analistas nacionais e internacionais, um clima político de pré-nazismo, enquanto a oposição progressista e democrática brasileira parece muda. Somente nos últimos 30 dias, de acordo com reportagem do jornal O Globo, o presidente Jair Bolsonaro proferiu 58 insultos dirigidos a 55 alvos diferentes da sociedade, dos políticos e partidos, das instituições, da imprensa e da cultura.

E à oposição ensimesmada, que pensa que o melhor é deixar que o presidente extremista se desgaste por si mesmo, ele acaba de lhes responder que “quem manda no Brasil” é ele e, mais do que se desfazer, cresce cada dia mais e nem os militares parecem capazes de parar seus desacatos às instituições.

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Há quem acredite que o Brasil vive um clima de pré-fascismo, mas os historiadores dos movimentos autoritários preferem analisá-lo à luz do nazismo de Hitler. Lembram que o fascismo se apresentou no começo como um movimento para modernizar uma Itália empobrecida e fechada ao mundo. De modo que uma figura como Marinetti, autor do movimento futurista, acabou se transformando em um fervoroso seguidor de Mussolini que terminou por arrastar seu país à guerra.

nazismo foi outra coisa. Foi um movimento de purga para tornar a Alemanha uma raça pura. Assim sobraram todos os diferentes, estrangeiros e indesejados, começando pelos judeus e os portadores de defeitos físicos que prejudicavam a raça. De modo que o nazismo se associa ao lúgubre vocábulo “deportação”, que evoca os trens do horror de homens, mulheres e crianças amontoados como animais a caminho dos campos de extermínio.

Talvez a lúgubre recordação de minha visita em junho de 1979 ao campo de concentração de Auschwitz com o papa João Paulo II tenha me feito ler com terror a palavra “deportação” usada em um decreto do ministro da Justiça de Bolsonaro, o ex-juiz Sérgio Moro, em que ele defenda que sejam “deportados” do Brasil os estrangeiros considerados perigosos.

Bolsonaro, em seus poucos meses de Governo, já deixou claro que em sua política de extrema direita, autoritária e com contornos nazistas, cabem somente os que se submetem às suas ordens. Todos os outros atrapalham. Para ele, por exemplo, todos os tachados de esquerda seriam os novos judeus que deveriam ser exterminados, começando por retirá-los dos postos que ocupam na administração pública. Seu guru intelectual, Olavo de Carvalho, chegou a dizer que durante a ditadura 30.000 comunistas deveriam ter sido mortos e o presidente não teve uma palavra de repulsa. Ele mesmo já disse durante a campanha eleitoral que com ele as pessoas de esquerda deveriam se exilar ou acabariam na cadeia.

Inimigo dos defensores dos direitos humanos, dos quais o governador do Rio, Witzel, no mais puro espírito bolsonarista, chegou a afirmar que são os culpados pelas mortes violentas nas favelas, Bolsonaro mal suporta os diferentes como os indígenas, os homossexuais, os pacíficos que ousam lhe criticar. Odeia todos aqueles que não pensam como ele e, ao estilo dos melhores ditadores, é inimigo declarado da imprensa e da informação livre.

Sem dúvida, o Presidente tem o direito de dizer que foi escolhido nas urnas com 53% dos votos, que significaram 57 milhões de eleitores. Nesse sentido o problema não é seu. Os que votaram nele sabiam o que pensava, ainda que talvez considerassem seus desatinos de campanha como inócuos e puramente eleitoreiros. O problema, agora que se sabe a que ele veio, e que se permite insultar impunemente gregos e troianos começando pelas instituições bases da democracia, mais do que seu, é da oposição.

Essa oposição, que está muda e parece impotente e distraída, demonstra esquecer a lição da história. Em todos os movimentos autoritários do passado moderno, os grandes sacerdotes da violência começaram sendo vistos como algo inócuo. Como simples fanfarrões que ficariam somente nas palavras. Não foi assim e diante da indiferença, quando não da cumplicidade da oposição, acabaram criando holocaustos e milhões de mortos, de uma e outra vertente ideológica.

Somente os valores democráticos, a liberdade de expressão, o respeito às minorias e aos diferentes, principalmente dos mais frágeis, sempre salvaram o mundo das novas barbáries. De modo que o silêncio dos que deveriam defender a democracia pode acabar deixando o caminho aberto aos autoritários, que se sentem ainda mais fortes diante de tais silêncios.

Nunca existiram democracias sólidas, capazes de fazer frente aos arroubos autoritários, sem uma oposição igualmente séria e forte, que detenha na raiz as tentações autoritárias. Há países nos quais assim que se cria um governo oficial, imediatamente a oposição cria um governo fictício paralelo, com os mesmos ministros, encarregados de vigiar e controlar que os novos governantes sejam fieis ao que prometeram em suas campanhas e, principalmente, que não se desviem dos valores democráticos. Sem oposição, até os melhores governos acabarão prevaricando. E o grande erro das oposições, como vimos outras vezes também no Brasil, foi esperar que um presidente que começa a prevaricar e se corromper se enfraqueça sozinho. Ocorrerá o contrário. Crescerá em seu autoritarismo e quando a oposição adormecida perceber, estará derrotada e encurralada.

Nunca em muitos anos a imagem do Brasil no mundo esteve tão deteriorada e causando tantas preocupações como com essa presidência de extrema direita que parece um vendaval que está levando pelos ares as melhores essências de um povo que sempre foi amado e respeitado fora de suas fronteiras. Hoje no exterior não existe somente apreensão sobre o destino desse continente brasileiro, há também um medo real de que possa entrar em um túnel antidemocrático e de caça às bruxas que pode condicionar gravemente seu futuro. E já se fala de possíveis sanções ao Brasil por parte da Europa, em relação ao anunciado ataque ao santuário da Amazônia.

O Brasil foi forjado e misturado com o sangue de meio mundo que o fizeram mais rico e livre. Querer ressuscitar das tumbas as essências de morte do nazismo e fascismo, com a vã tentativa da busca da essência e pureza da brasilidade é uma tarefa inútil. Seria a busca de uma pureza que jamais poderá existir em um país tão rico em sua multiplicidade étnica, cultural e religiosa. Seria, além de uma quimera, um crime.

Urge que a oposição democrática e progressista brasileira desperte para colocar um freio nessa loucura que estamos vivendo e que os psicanalistas confirmam que está criando tantas vítimas de depressão ao sentirem-se esmagadas por um clima de medo e de quebra de valores que a nova força política realiza impunemente. Que a oposição se enrole em suas pequenezas partidárias e lute para ver quem vai liderar a oposição em um momento tão grave, além de mesquinho e perigoso é pueril e provinciano.

Há momentos na história de um país em que se os que deveriam defender os princípios da liberdade e da igualdade cruzam os braços diante da chegada da tirania, incapazes até de denunciá-la, amanhã pode ser tarde demais. E então de nada servirá chorar diante dos túmulos dos inocentes.

Trivial variado de uma nação em chamas

“Que espécie de idiota é esse, que comemora ação policial que resultou na morte de um sequestrador ARMADO COM UMA ARMA DE BRINQUEDO? Witzel deveria ser o chefe da LOUCADEMIA DE POLÍCIA”. Cynara Menezes

“Evangélicos de várias denominações têm espalhado nas redes sociais fake news sobre um inexistente projeto do PC do B para legalizar o casamento entre irmãos. A fonte são os próprios pastores. Os fiéis que perderam a capacidade de raciocinar por conta própria acreditam em tudo”. Lula Falcão

“Há muito tempo não se via um país tão nervoso, tão triste, tão em chamas. Nem na quebradeira do governo FHC, com desemprego na altura; nem no fracasso do governo Collor ou sob a inflação descontrolada de Sarney… Bolsonaro conseguiu: é o nosso Nero, aquele que botou fogo no país”. Rogério Correia

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“O juiz Francisco Carlos Inouye Shintate, de quatro para a ditadura que se instalou no país, se inspira em sua posição e condena Fernando Haddad a prisão por crime que só está na cabeça dele”. Palmério Dória

“Este (Witzel) tem um fetiche pela morte. Não pode ver um cadáver que fica todo excitado. Com uma polícia assim tão ocupada em aniquilar favelados, não sobra tempo para perguntar aos milicianos quem foi que mandou matar a Marielle”. Fabio Pannunzio

Dia do Fogo na Amazônia: acabou a hipocrisia sobre quem puxa o gatilho do desmatamento

Por Carlos M. Guedes de Guedes (*), no Sul21

Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

Entre os dias 10 e 11 de agosto, assistimos a uma manifestação de apoio ao Presidente da República inusitada e criminosa: para demonstrar que o Brasil é uma nação soberana, e que não precisa da Alemanha e Noruega para proteger a nossa biodiversidade,“donos” de grandes terras realizaram o Dia do Fogo, aumentando a devastação na Amazônia. Essa manifestação gerou um efeito não intencional; comprovou de quem é de fato o dedo no gatilho do desmatamento, e o que acontece quando não há o contrapeso da ação do Estado na região; é, no mínimo, ingenuidade esperar uma ação voluntária de preservação ambiental em espaços de capital em expansão.

Esse episódio também permite encerrar uma narrativa perversa sobre o controle do desmatamento na Amazônia. Por um bom tempo, ruralistas, alguns ambientalistas, membros de órgãos de controle como o Ministério Público e Tribunal de Contas da União, formularam uma pactuação sobre esse desafio.

Vaticinavam por meio da mídia corporativa que o maior responsável pela supressão das florestas seria a reforma agrária e seu órgão executor, o Incra, e pressionavam o próprio Governo Federal nessa linha. As terras indígenas e as Unidades de Conservação seriam as referências de proteção; o capital em expansão teria seu apetite controlado por acordos setoriais e fiscalização; como contrapartida, os mercados internacionais estariam de portas abertas para as commodities agrícolas brasileiras. Nesse tabuleiro amazônico, sobrava, justamente, uma parte para pesar a mão: as áreas de reforma agrária.

O Incra foi o órgão responsável pelo processo de ocupação da Amazônia durante a ditadura militar, e, por isso mesmo, sua ação moldou a região como a conhecemos: estados como Rondônia, por exemplo, podem ser considerados resultado de um “grande assentamento”; no entorno das rodovias federais nasceram centenas de municípios, oriundos de Agrópolis e Rurópolis criadas pelo Incra.

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A partir dos anos 2000, no entanto, o Incra e o extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário mudaram o perfil da intervenção agrária na região. A destinação das terras públicas foi priorizada ao invés das desapropriações. Ao mesmo tempo, foram criados projetos ambientalmente diferenciados em vez de projetos convencionais de assentamento. As famílias beneficiadas pela reforma agrária não eram mais deslocadas pela ação do Estado, e sim, retiradas da invisibilidade com a garantia do território onde vivem e usam, ou acolhidas nas mobilizações de luta pela terra, após viverem o desalento de falta de oportunidades de trabalho e renda na região. Experiências de assentamentos sustentáveis surgiram como referência de uma mudança de paradigma do Incra, que buscou associar a convergência entre as agendas de inclusão social, produtiva e ambiental. Entre 2011 e 2015, 37 mil famílias assentadas da região Norte saíram da extrema pobreza, e mais de 28 mil famílias ascenderam acima da linha da pobreza, no mesmo período em que o desmatamento estava controlado.

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A dinâmica de pressão sobre a natureza é muito diferente quando comparamos uma ocupação de base familiar, intensiva em trabalho, da exercida pelo capital em expansão. Os órgãos de meio ambiente estaduais estimam que a supressão de 2 a 3 hectares por ano é típica do trabalho familiar. Quando os dados apontam queda no desmatamento como um todo, obviamente, aumenta a participação da atuação familiar, que é residual mas perene. Assim, é possível caracterizar o desmatamento ocorrido nos assentamentos por iniciativas das famílias, atacar suas causas e propor alternativas a partir de pactuações específicas. Mas, quando se observam grandes áreas abertas em assentamentos, ou mesmo uma quantidade acima do normal de pequenos desmates, é indício de que agentes externos estão atuando no espaço das famílias assentadas. No entanto, infelizmente, a escolha daqueles agentes da pactuação foi responsabilizar a reforma agrária e o Incra por ação ou omissão, e pressionar o Governo Federal para ser mais duro e dar o exemplo. No Dia do Fogo ficou transparente a essência do processo de desmatamento. Primeiro, ficou nítido, como o fogo, que quem tem o poder de apertar o gatilho, de acelerar ou desacelerar o desmatamento, não vive nos assentamentos, e não é beneficiário da reforma agrária. Segundo, não se deve esperar pela ação voluntária do capital em expansão para cumprimento de acordos que limitam… a sua expansão.

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A fragilização do Incra serviu como laboratório para um ataque mais amplo à atuação do Estado, e agora os órgãos ambientais estão sentindo os efeitos de uma estratégia que enfraquece a ação regulatória, e desequilibra a relação que sustentava a própria pactuação. Um acordo desses somente funciona com pesos e contrapesos. E o atual governo já deu provas de que não tem interesse em limitar a ação devastadora.

No momento que voltam à mídia manifestações que apontam o Incra como maior responsável pelo desmatamento na Amazônia, usando como argumento diagnósticos de órgãos de controle, pode-se ter certeza de que estamos tratando de uma retórica requentada que, ao fim e ao cabo, contava com aliados e que tinha um único objetivo: proteger o capital em expansão na Amazônia e, de quebra, vilanizar o Incra e a reforma agrária. Agora que rompeu-se a pactuação por parte de quem apertou o gatilho do desmatamento, espera-se que as entidades realmente preocupadas com a situação assumam sua parte de responsabilidade nessa narrativa, e revejam suas posturas antes que tudo saia do controle.

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Serve como contribuição ao debate que se pressione o Governo do Brasil a aplicar internamente o Princípio das Responsabilidades Comuns porém Diferenciada, conforme as Capacidades, para tirar o dedo do gatilho de quem é o responsável de fato pelo desmatamento. A insanidade de atear fogo na vegetação nativa é crime. É abuso do direito de propriedade, descumprindo a função ambiental da propriedade preconizada pela Constituição Federal de 1988. Não há regulamentação? Que se aplique o novo Código Florestal, pois tal crime gera efeitos negativos sobre toda sociedade. A morte de um casal carbonizado dentro de um assentamento tentando conter o fogo no seu lote é um episódio que fala por si. Também seria necessário que o Incra reassumisse papel de protagonista na estratégia de conservação da Amazônia, sem negligenciar sua cota de responsabilidade, nem a mais e nem a menos. Vamos tratar de vez a questão como ela é: um crime contra a humanidade.

(*) Analista em Reforma e Desenvolvimento Agrário, foi Presidente do Incra entre julho de 2012 e março de 2015. Economista, Mestre em Desenvolvimento Rural pela UFRGS.

Com o boi na sombra

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POR GERSON NOGUEIRA

Com a vantagem de poder até empatar, por ter vencido o primeiro jogo, o PSC recebe hoje à noite o Nacional-AM na Curuzu, valendo pela primeira fase da Copa Verde. É o tipo do jogo sob medida para sacramentar classificação no torneio e ao mesmo tempo injetar ainda mais confiança ao time para o clássico de domingo pela Série C.

É certo que o técnico Hélio dos Anjos vai optar por um time mesclado. Ainda assim, os efeitos de uma vitória categórica se espraiam sobre a caminhada no Brasileiro.

O efeito de uma classificação hoje é tranquilizador para a torcida. Faz com que se avalie que os reservas estão preparados para assumir responsabilidades na equipe principal, caso isso seja necessário. Contribuirá ainda para turbinar a invencibilidade (13 jogos no momento) que começou com a chegada de Hélio dos Anjos.

Na escalação, Giovanni é mantido no gol, com a linha de zaga formada por Bruno Oliveira, Perema, Victor Oliveira e Diego Matos. Hélio deve compor o trio de meio com Anderson Uchoa, William (Wellington Reis) e Tiago Luís. No ataque, Elielton, Jheimy e Vinícius Leite (Diego Rosa).

Um time mais encorpado e com mais titulares do que no primeiro confronto, na semana passada. Obviamente, a proximidade com o Re-Pa decisivo influi no planejamento para o jogo. Titulares como Tony, Léo Baiano (autor do gol em Manaus) e Tomas Bastos serão preservados.

A vitória na estreia mostra-se bastante positiva para o Papão. O técnico ganhou a condição de poder administrar a partida com o Nacional, sem expor jogadores importantes para garantir a passagem de fase. O Remo, por exemplo, precisará lançar mão de um time reforçado amanhã para fazer dois gols de vantagem sobre o Sobradinho, no Mangueirão.

Quando a fase é auspiciosa, tudo conspira a favor. É o que acontece presentemente com o PSC, que ajustou o time principal e conta hoje com reservas que evoluíram tecnicamente desde a chegada de Hélio dos Anjos. Até Tiago Luís dá sinais de motivação, fator que pode ser importante no esforço final pela classificação na Série C.

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Juventude empata e ganha torcida da dupla Re-Pa

Ficou mais simples a caminhada da dupla Re-Pa rumo à classificação para a fase de mata-mata da Série C. O Juventude empatou em 2 a 2 com o Volta Redonda, ontem à noite, no estádio Raulino de Oliveira, e garantiu classificação no grupo B, com 28 pontos.

Era o placar desejado por azulinos e bicolores. Caso vença o Ypiranga, no próximo domingo, em Caxias do Sul (RS), o Juventude se consolida no primeiro lugar e garante automaticamente a classificação dos representantes paraenses, seja qual for o resultado do clássico no Mangueirão.

Tudo porque o empate no Re-Pa deixará PSC com 28 pontos e o Remo com 27. Ambos não poderão mais ser alcançados pelo Ypiranga (25). O quarto classificado sai do confronto São José (25) x Volta Redonda (25).

A vitória do Juventude permite até que o Remo, mesmo se for derrotado, se classifique em 4º lugar, pois superaria o Ypiranga na pontuação. Um empate entre São José e Voltaço classificaria o time do Rio pelo número de vitórias (6 a 5).

Tudo isso, obviamente, fica a depender da disposição do Juventude para encarar o combalido Ypiranga e assegurar a primeira colocação no grupo, que dá vantagem na ordem dos jogos do mata-mata.

Existem outros desdobramentos possíveis, ao gosto dos estatísticos, mas até domingo muitos cálculos serão minuciosamente esquadrinhados. A questão é não esquecer que, quando a bola rola, não há mais matemática possível.

Para aquele torcedor mais impaciente, aqui vai o resumo da ópera: Vitória do Juventude (que joga em casa), os dois classificam. Empate entre São José x Volta também classifica a dupla se empatarem no Mangueirão. O Papão fica fora caso Remo e Ypiranga vençam. O Remo fica fora se PSC e Ypiranga vencerem.

O Instituto DataNogueira mantém sua projeção: Juventude, PSC, Remo e São José classificados, não necessariamente nesta ordem.

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Mudanças para tornar o VAR mais transparente

Com críticas de todos os lados à utilização errada do VAR, a CBF apresenta como novidade a liberação da imagem que o árbitro consulta quando é chamado naquela casinhola à beira do campo.

Pode ajudar a deixar o público a se informar melhor sobre a decisão do apitador, mas não indica que a parcimônia na análise vá diminuir. E o grande problema está na demora na revisão e na tomada de decisão.

Fica pior ainda quando, após longa meditação em frente ao monitor, o árbitro toma a decisão errada, como tantas vezes já aconteceu no Brasileiro da Série A.

Sobre isso, a comissão de arbitragem argumenta que os erros diminuíram em quase 90% com a adoção do VAR, percentual que é difícil de convencer os mais céticos e os times prejudicados por lambanças dos apitadores.

Em 2018, o campeonato apresentou 88 erros (seis por rodada). Agora, teriam ocorrido apenas 10 erros (menos de um por rodada).

Não se falou sobre aqueles lances que os árbitros de campo e os juízes de vídeo se recusam a reavaliar. Como no domingo, naquele penal indecente do goleiro do São Paulo sobre o atacante do Ceará. Ou na falta sobre Paulo Henrique Ganso, do Fluminense, dentro da área do CSA.

A falha no jogo do Flu foi pior ainda porque em função da omissão do árbitro o lance prosseguiu e, na sequência, o time alagoano marcou o seu gol. Duplo castigo para os tricolores, com prejuízo adicional para o técnico Fernando Diniz, sumariamente demitido após a derrota.

(Coluna publicada no Bola desta terça-feira, 20)

Trivial variado do país cuja Justiça (?) defende a lei do abuso de autoridade

“Alguns imbecis reclamam do projeto de ‘abuso de autoridade’ porque querem indulgência plenária para seus crimes, outros porque desejam acabar com o MP e o Judiciário. Fizemos o melhor que pudemos para melhorar a justiça. Simples assim!”. Roberto Requião

“A consequência mais terrível da eleição do Bolsonaro é constatar que o vizinho simpático, o colega de trabalho divertido, não existem. São máscaras de monstros que vivem na sociedade com a gente mas não compartilham dos ideais civilizatórios. Nos matariam sorrindo”. Biazita Gomes

“Quando Alexandre Frota é o entrevistado do Roda Viva podemos assinar o atestado de óbito do Jornalismo. Talvez, do País”. Carlos Eduardo Alves

São incontáveis as inferências diretas de Bolsonaro na autonomia de órgãos importantes do Estado. Já foram alvos de ataques do presidente o IBGE, Polícia Federal, COAF, Receita Federal, Fiocruz, Ancine, INPE, Anvisa. Judiciário assiste inerte sob ameaça de “um cabo e um soldado”. George Marques

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“Não sei não, mas nessa altura do campeonato só mesmo pressões internacionais contundentes, pesadas, podem talvez parar esse projeto devastador do governo federal. Esses sociopatas querem transformar o país em uma mistura de pasto, presídio e necrotério”. Luís Antonio Simas

“Por trás de Bolsonaro e de todo Bolsominion tem sempre um racista não assumido. Inclusive os negros que idealizam opressor. Bolsonaro permite a expressão mascarada do racismo reprimido brasileiro!”. Jessé Souza

“A Globo no JN ataca de novo o presidente Lula que não pode se defender! A covardia dos Marinho nega que a politica ambiental do governo Lula reduziu o desmatamento e assinou todos os tratados internacionais do Clima! Não se compara Lula e Bolsonaro! Lula é Gigante!”. Glauco Silva

“A Lei do Abuso de Autoridade é oportuna, pertinente e muito bem elaborada. O Abuso de Autoridade é um dos grandes responsáveis pelo alto índice de desemprego no Brasil, considerando o quebra-quebra que promoveu no setor da construção”. Hildegard Angel