
POR GERSON NOGUEIRA
Nem mesmo as esquisitas mudanças feitas por Márcio Fernandes nos 20 minutos finais do jogo comprometeram a importante vitória do Remo, sábado à noite, sobre o Atlético Acreano, em Rio Branco (AC). Depois da partida, o técnico tentou explicar o que parecia incompreensível a todos: a entrada improdutiva dos laterais Gabriel Cassimiro e Daniel Vançan nas vagas de Gustavo Ramos e Guilherme Garré, respectivamente.
O placar de 2 a 0 foi construído aos 10 e 19 minutos da etapa final, a partir de jogadas nascidas pela direita, com a participação de Djalma, figura destacada na partida, e Garré. Foram lances rápidos e objetivos, com cruzamento baixo para finalizações perfeitas de Ramires e Eduardo Ramos.
Foi o mesmo escore do jogo de ida, no Mangueirão, quando o Remo não encontrou dificuldades para superar o Atlético. No sábado, porém, o time acreano teve boa movimentação nos minutos iniciais, embora sem conseguir ser contundente nas finalizações. Apesar da insistência dos donos da casa, o Remo teve as melhores chances, ambas com Gustavo Ramos, que falhou no momento de definir.

Depois do intervalo, Djalma começou a aparecer mais na parte ofensiva e isso foi determinante para que os gols surgissem. Com a aproximação de Garré e Ramires, o lado direito azulino ficou mais efetivo, criando dificuldades para a marcação.
No primeiro gol, Ramires tocou para Garré, este devolveu e o volante encheu o pé. O chute saiu cruzado, sem defesa para o goleiro Ruan. No segundo gol, Djalma apareceu, driblou um marcador e cruzou recuado. A bola passou por Ramires e foi nos pés de Eduardo Ramos, que mandou um tiro forte de esquerda, sacramentando a vantagem.
A partir daí, o Atlético buscou chegar, mas as tentativas evidenciavam desorganização e afobação. Aos 21’, um cabeceio forte do zagueiro Cássio foi defendido em cima da linha por Vinícius. A bola ainda bateu em Marcão e saiu junto à trave direita.
O Remo, porém, tinha absoluto controle das ações, além de estar visivelmente mais tranquilo. Foi aí que Márcio Fernandes resolveu adicionar emoção ao jogo, dobrando a quantidade de laterais na equipe.
Primeiro, ele trocou Gustavo por Gabriel, aos 30’, para fechar a marcação no flanco direito. A questão é que o Atlético não levava nenhum perigo por ali. Gabriel entrou, tocou duas vezes na bola e não justificou a troca.
Aos 35’, outra mexida inusitada. Daniel Vançan substituiu Garré, que estava bem. Vançan não entrou no mesmo nível e entregou de cara duas bolas no setor defensivo, criando dificuldades desnecessárias para a zaga. Mas o pior efeito das substituições foi ter aumentado a pressão do Atlético. Mesmo desordenadamente, o time da casa ficou rondando a área.
Além disso, sem Gustavo e Garré, o ataque ficou limitado a algumas raras chegadas de Alex Sandro (que substituiu Carioca) e Eduardo Ramos, que ficou mais recuado ajudando na recomposição. O único bom momento ofensivo do Remo após os gols foi um chute de fora da área, disparado por Ronaell. O goleiro desviou com a ponta dos dedos para escanteio.
Apesar de alguns pequenos sustos, o Remo levou o jogo a bom termo, redimiu-se na competição transformando o jejum de seis rodadas em invencibilidade de cinco partidas, conseguindo se manter no G4 pela 14ª rodada consecutiva.
Eduardo Ramos e Djalma foram os melhores. O camisa 10 dominou sua faixa de campo, organizou as ações ofensivas e ajudou a marcar, além de fazer o segundo gol. Djalma mostrou que tem lugar no time. Como lateral, é muito superior a Geovane e Gabriel.
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Um jogo-chave para os planos bicolores
Fora do G4, o Papão vai com força máxima pra cima do Boa Esporte, que está perto da zona de rebaixamento e tenta reagir. Precisa lançar mão de todos os trunfos para conquistar os três pontos, visto que já desperdiçou dois pontos em casa (contra o Volta Redonda) na rodada passada.
A situação obriga o PSC a fugir a suas características nesta Série C. Ao invés de se plantar em seu próprio campo, à espera da oportunidade para explorar contra-ataques, o time terá que ser propositivo.
Bem, a estratégia de propor jogo exige qualidade no toque de bola e criatividade acentuada no meio, o que não tem sido visto nas atuações da equipe bicolor. Mudar essa postura é um dos desafios de Hélio dos Anjos e de seus comandados hoje à noite, no Mangueirão. Acima de tudo, é primordial conciliar qualidade e ousadia, sem vacilar nas finalizações.
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Arbitragem medrosa faz economia seletiva de cartões
Lindos gols, com direito a jogadas rápidas de tabelinha (segundo e terceiro gols do Flamengo), fizeram do clássico carioca um dos grandes jogos da rodada da Série A. O problema é, para variar, a tibieza das arbitragens. Independentemente do bom jogo e dos méritos do Fla, merecedor da vitória, o árbitro Rafael Claus economizou cartões em lances capitais envolvendo jogadores rubro-negros.
No primeiro tempo, o volante Cuellar aplicou um carrinho sem bola por trás em Marcinho, que ia em direção à área. Vermelho era o cartão óbvio. O juiz amarelou: deu amarelo. Podia consultar o VAR, mas refugou.
Logo no começo do 2º tempo, Rafinha derrubou Luís Fernando junto à grande área e não levou o cartão porque já tinha um amarelo – e porque era o Rafinha, claro.
Decisões típicas de árbitro caseiro, medroso, omisso.
Uma vergonha. Até quando?
(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 29)