
POR GERSON NOGUEIRA
O Re-Pa é um acontecimento tão importante que, sob qualquer circunstância, faz sempre o torcedor lembrar que nada se coloca acima dessa rivalidade centenária. Até mesmo quando é válido por competições sem maior relevância ou não tem caráter decisivo, o jogo se impõe pela emoção que provoca nas pessoas. Tudo se torna ainda mais empolgante quando vale pela busca do acesso à Série C, como agora.
No confronto desta noite, no estádio Jornalista Edgar Proença, inexiste favoritismo e o equilíbrio deve dar o tom da partida, mesmo que no momento o Leão tenha melhor campanha e o Papão passe por um período de instabilidade, ainda sem convencer na disputa.
Acontece que qualquer criança sabe que o fato de um time estar aparentemente mais forte nem sempre se confirma quando os rivais se enfrentam. Os números mostram que as forças acabam se equivalendo quando a bola rola.
Equipes que historicamente se respeitam tendem a armar esquemas cautelosos, ao contrário do que fazem quando diante de outros adversários. O fato é que ninguém aceita derrota no clássico, por saber que as consequências costumam ser impiedosas.

Ao PSC cabe lutar pela vitória para voltar à zona de classificação e reduzir a distância em relação ao próprio Remo. É imperioso que o time reaja agora, quando a competição chega à metade da etapa classificatória.
Há seis sem vencer, em visível crise técnica, o PSC estacionou na classificação, permitindo que outras equipes se aproximassem perigosamente e terminou ultrapassado na primeira partida da rodada, que apontou vitória do Ypiranga sobre o Juventude.
De técnico novo (Hélio dos Anjos) há três semanas, o time vem buscando uma retomada, mas esbarra em erros primários de organização em campo e expõe sinais de instabilidade emocional, com cinco jogadores expulsos nos últimos cinco jogos. Todo esse histórico negativo será naturalmente atenuado em caso de um grande resultado diante do rival.
O meio-campo é o setor mais preocupante, pois não mostrou aplicação e eficiência até aqui. Tiago Luís, principal contratação para a Série C, ainda não repetiu as boas atuações de sua passagem anterior. Cobra as faltas e escanteios, mas quase não se envolve nas ações ofensivas. E Nicolas, que era o principal nome do time, atravessa um período de pouca inspiração.
Por seu turno, o Remo navega em águas tranquilas, pacificado internamente e com uma trajetória convincente no campeonato. O único tropeço ocorreu na semana passada, diante do São José, em Porto Alegre.
Apesar do revés, que lhe tirou a invencibilidade, o Leão segue muito bem situado. Tanto que recuperou a liderança mesmo sem ter jogado na rodada. Acima de tudo, mostra encaixe e compreensão do sistema que Márcio Fernandes implantou desde o Parazão.
Um dos sinais da boa fase é que a escalação praticamente não muda e já é de amplo conhecimento entre os torcedores. Existem problemas, porém. Quando é forçado a propor o jogo, encontra embaraços. Foi assim contra o Boa Esporte, o Volta Redonda e o Ypiranga.
Defesas bem armadas fazem o time ainda se atrapalhar na transição, principalmente quando se faz necessário trocar passes em velocidade. O Remo de Márcio Fernandes aprecia ter a posse de bola, mas exagera nos passes laterais, quase sempre improdutivos.
A presença de Yuri e Ramires à frente dos zagueiros é um fator de segurança. São dois volantes que se entrosaram rapidamente, funcionando como referências do time. Ramires às vezes sai de seu campo para se tornar mais um atacante.
O ataque, cujo rendimento é questionado pela torcida, passa a ter a opção do jogo aéreo com Marcão, que está relacionado para a partida.
Mais que uma preocupação com a rivalidade, o Remo encara o clássico como a chance para se aproximar da classificação à próxima fase e, obviamente, do sonho do acesso. Se vencer, vai a 18 pontos e passa a precisar de nove para garantir passagem à etapa seguinte.
Os dados estão rolando.
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Bola na Torre
Guilherme Guerreiro comanda o programa, a partir das 22h, na RBATV. Tudo sobre o maior clássico da Amazônia, válido pela nona rodada da Série C. Na bancada de debates, Giuseppe Tommaso e este escriba de Baião.
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Uma batalha ao som da Marselhesa
Não podia haver adversário mais encardido no caminho da Seleção do Brasil, hoje, pelas oitavas de final da Copa do Mundo de futebol feminino. A França, embalada na competição e favorita ao título, terá apoio maciço da torcida diante da mediana equipe nacional.
Marta, Cristiane e Formiga são os destaques do time de Vadão, mas isso não basta para conter seleções agressivas, bem treinadas e mais jovens.
A marcação por vezes primária, aliada à baixa estatura das defensoras, tem custado caro ao Brasil nos torneios mais importantes. E, para tornar tudo mais difícil, há o fator Marselhesa, cuja métrica revolucionária incendeia os franceses e provoca calafrios nos adversários.
(Coluna publicada no Bola deste domingo, 23)