A um passo da glória

POR GERSON NOGUEIRA
unnamed
Como bom estrategista, o técnico Cacaio decidiu ficar à espera dos movimentos do adversário para definir a formação do Remo para o confronto deste domingo. A princípio, deu a entender que repetiria a equipe e o sistema utilizado na vitória por 1 a 0 em Ponta Grossa, sábado passado. Ao mesmo tempo, aproveitou os dois últimos coletivos para testar outras escalações e propostas de jogo. Em entrevista à Rádio Clube, na sexta-feira à noite, disse que treinou quatro alternativas de esquema para a decisão diante do Operário.
Na prática, Cacaio esconde o jogo por precaução, pois sabe que ao Operário só resta uma alternativa: atacar em busca da vitória. Mesmo que dificilmente parta para uma tática agressiva, com três homens na frente, o campeão paranaense terá uma postura ofensiva, explorando o jogo aéreo – seu principal trunfo – e as jogadas pelas laterais em cima dos defensores azulinos. 
Não creio que o 3-5-2 do primeiro jogo seja repetido por Cacaio no Mangueirão. A razão é simples: o Operário exibiu como mandante limitado poder de fogo na meia-cancha, baseando seu poder de fogo nos cruzamentos para o centro da área. Dois zagueiros de área são suficientes para combater tal recurso.
O paraense Rossi, melhor atacante do Operário, ainda é dúvida para a partida, mas se entrar vai exigir que o time lance bolas para ele o tempo todo. É assim que ele e o time costumam jogar. Ao Remo, cabe manter a vigilância.
Além disso, Cacaio não deverá abrir mão da qualidade no meio-de-campo. Deixar Eduardo Ramos sozinho na articulação permitirá ao Operário a opção de marcar forte e atrapalhar o elo entre o meio e o ataque do Remo. 
Com Ramos vigiado de perto, o ataque com dois jogadores (Rafael Paty e Aleílson ou Sílvio) sofrerá os efeitos do isolamento. Isso ocorreu no primeiro confronto, quando a equipe encontrou muitas dificuldades para desenvolver jogadas no meio-campo e o ataque praticamente não existiu. 
Caso utilize o antigo 4-4-2, sistema ao qual o time está mais acostumado pois atuou assim ao longo de toda a Série D, Cacaio tem Edcléber e Juninho como alternativas para estabelecer uma dupla de criação com Ramos e, no caso do primeiro, ter um terceiro atacante sempre disponível quando o time for à frente. 
Outro aspecto a ser considerado é que o 3-5-2 exigirá muito dos alas Levy e Alex Ruan (ou Mateus), que nem sempre conseguem funcionar bem como apoiadores. Sem alas produtivos, o peso fica desigual, com cinco homens atrás, mais dois volantes e apenas três jogadores com funções ofensivas.
É um jogo de xadrez, mas parece improvável que Cacaio escale um time de feições tão conservadoras, sabendo das expectativas do torcedor e da pressão que o Mangueirão lotado certamente fará por uma postura mais afirmativa em casa. 
 
————————————————————
Com sangue nos olhos
Os comentários ofensivos e preconceituosos na TV e nas emissoras de rádio do Paraná, logo depois do primeiro jogo, deram a Cacaio os elementos necessários para atiçar os brios do elenco remista. Se já sobrava motivação pela campanha vitoriosa e a possibilidade do acesso há muito esperado, o tempero veio com as frases cortantes, algumas chulas e rasteiras, denegrindo o time do Remo e atacando parte da imprensa esportiva paraense.
As declarações do técnico na sexta-feira deixaram entrever que comissão técnico e elenco, cuja sintonia é evidente, estão mais fechados do que nunca. Mais que isso: estão mordidos com os insultos proferidos pelos paranaenses. Há a firme preocupação em dar a resposta logo mais em campo.
A conferir.
————————————————————
Números favorecem lado paraense no duelo
Os resultados entre times paraenses e paranaenses na temporada não deixam margem a dúvidas. Em cinco confrontos, há clara vantagem nortista, com duas vitórias e três empates. O Papão derrotou o Paraná por 2 a 1, em Belém, e empatou em 1 a 1 em Curitiba, pela Série B. O Remo empatou duas vezes com o Atlético pela Copa do Brasil, dentro e fora de casa, por 1 a 1, e superou o Operário por 1 a 0, em Ponta Grossa, pela Série D. Como se vê, os números desmentem a alardeada superioridade paranaense no confronto.
———————————————————–
Bola na Torre
O programa vai analisar os resultados das séries B e D e a rodada da Segundinha de acesso ao Parazão 2016. Começa por volta de 00h15, logo depois do Pânico, na RBATV. Giuseppe Tommaso comanda, com participações de Valmir Rodrigues e deste escriba de Baião, tendo Alex Ferreira como convidado. 
 
——————————————————–
 
A Eurico o que é de Eurico
Todo mundo se acostumou a descer a lenha em Eurico Miranda, por amplas e quase sempre merecidas razões, mas desta vez ele tem razão ao questionar a conduta das arbitragens nos jogos do Vasco na Série A. Ameaçadíssimo de novo rebaixamento, o time da Colina tem sido vítima de erros seguidos, como os da partida com a Chapecoense, na última quinta-feira. O árbitro mineiro Ricardo Marques Ribeiro, além de dar um penal inexistente contra o Vasco, deixou de marcar um toque acintoso da zaga catarinense.
Curiosamente, Ribeiro comandou a partida do turno, quando expulsou dois jogadores vascaínos em decisões muito contestadas pelos cariocas. Eurico ataca o árbitro, mas mira de verdade em Delfim Peixoto, cartolão que há anos preside a Federação Catarinense de Futebol e tem fama de peitar árbitros, além de visitar vestiários como forma de intimidação. Delfim nega, mas há comprovação de que esteve mesmo visitando os árbitros antes e depois do jogo entre Chapecoense e Vasco, em julho.
Com a fúria habitual, o dirigente do Vasco levanta suspeitas sobre uma “conspiração” em favor das equipes de Santa Catarina. Cita até a presença de um filho de Delfim, Mário Pádua Peixoto Neto, como delegado do jogo Avaí x Vasco. A ira de Eurico é maior porque a batalha vascaína para não cair envolve diretamente os quatro representantes catarinenses – Joinville, Chapecoense, Avaí e Figueirense.
————————————————————-

O lado positivo da história é que, em meio às acusações aos árbitros, Eurico insinuou que o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, terá muito do que se arrepender caso o Vasco continue a ser garfado.

(Coluna publicada na edição do Bola deste domingo, 18)

8 comentários em “A um passo da glória

    1. Amigo, o título é a tradução dos anseios do Remo na temporada: classificar para a Série C e, para isso, falta um passo – o resultado de hoje. Quanto aos riscos de frustração, não há como evitar. É coisa própria do futebol e aflige não só aos azulinos, mas a todos os clubes do mundo. Aliás, razão do encanto e fascínio que o nobre esporte bretão desperta.

      Curtido por 1 pessoa

  1. Bom dia.
    O Remo chegou a este jogo aos trancos e barrancos, agora chegou a hora da verdade, o time não precisa jogar para ganhar, deve sim se preocupar em anular o adversário que tentará sufocar o Remo, tem que entrar ligado e não se preocupar em ganhar, a torcida quer a classificação independente do modo como vai jogar.

    Curtir

  2. Bom dia! Fenomeno Azul
    Hoje, e um jogo de transpiracao, garra, entrega total, tem que entrar com sangue nos olhos, um por todos e todos por um, inteligencia e paciencia, humildade, e a premiacao de todos os esforcos e lutas desses verdadeiros guerreiros, so posso dizer. Obrigado! esses jogadores fazem parte da historia do Filho da Gloria e do Triunfo,

    Curtir

Deixe uma resposta