Tribuna do torcedor

Por Daniel Malcher (malcher78@yahoo.com.br)

Ontem estive no Mangueirão para assistir ao prélio entre Paysandu e Icasa de Juazeiro.  Confesso que fiquei assustado com o nível técnico do time cearense, que em muitos momentos do jogo errava passes laterais e saídas de bola com o seu goleiro ou com os seus zagueiros. Mas o que mais me assustou mesmo foi a ineficiência crônica dos atacantes bicolores em concluir na meta adversária. Rafael Oliveria, Tiago Potiguar, Héliton e quejandos estão se tornando especialistas no “quase gol”. O goleiro bicolor é deveras alto, mas isso não se transmite em confiança, sobretudo nas bolas alçadas na área bicolor. Alex Willian é um jogador comum, que combina lances onde se vê certa lucidez com outros de um autêntico peladeiro. É frágil no corpo-a-corpo e sumiu no segundo tempo. Harison, por seu turno, foi figura negativa no primeiro tempo, mas teve atuação de destaque na etapa final. É o jogador mais técnico do time alvi-celeste, mas seu condicionamento físico e a idade não lhe permitem mais a volúpia de outros tempos. Fábio Sanches é um achado. Há tempos não via um zagueiro jovem e bom nas antecipaçãoes e mesmo no jogo aéreo. Não ficará muito tempo por aqui pois diferentemente do Paysandu e demais clubes do Pará, muitos clubes brasileiros têm um séquito de olheiros espalhados pelo país. E os mais atentos perceberão que Sanches é promissor. Tiago Costa talvez seja uma das mais fracas peças do elenco bicolor. Pesado demais, embora jovem, é um zagueiro de estilo anacrônico aos novos tempos, onde beques, muitos corpulentos inclusive, se mostram mais velozes até do que muitos atacantes. Cadê o fisiologista do clube para trabalhar no aspecto físico com o jogador que, se bem acompanhado, pode vir a evoluir?

Por fim, alguns dizem que fundamentos necessários à prática do futebol como passe, cabeceio, antecipação, cruzamentos e arremates em gol devem ser aprendidos nas divisões-de-base. Penso diferentemente e vou na contra-corrente dessa falsa verdade.  Outros esportes, como baqueteball, voleyball e tênis teinam incessantemente os fundamentos básicos. Seus treinadores sabem que a competição titânica entre atletas e equipes exige um nível de execução e repetição de movimentos e variação de jogadas que beira a perfeição. Então, por que cargas d’água com o futebol, nesse aspecto semelhante aos demais esportes, fundamentos não são treinados constantemente? O jogo do time bicolor ontem até teve uma certa fluência, coisa que não se via mais com o treinador Davino, talvez pela fragilidade do adversário ou pelos conceitos impostos pelo novo treinador Givanildo de Oliveira. Mas a ineficiência na conclusão de jogadas é enervante. Partindo desse princípio, sugiro ao Givanildo: “Giva”, por favor, pegue essa moçada – sobretudo os atacantes, mas também zagueiros, meias, volantes e alas-laterais, pois no futebol competitvo de hoje saber chutar em gol não é mais monopólio dos centro-avantes – e treine chutes em gol. Substitua os abomináveis e anacrônicos rachões (prática de 11 em cada 10 times do Brasil) por meia hora que seja para treinar esse fundamento fundamental à contrução das vitórias, pois o time bicolor até que não toma tantos gols… porém, também não faz tantos. Fica a dica.

11 comentários em “Tribuna do torcedor

  1. O comentário retrata com exatidão as deficiências do time dentro de campo. São problemas sérios, mas, infelizmente não são os únicos e nem os mais graves – os maiores entraves do Paysandu são extra-campo:

    Estádio da Curuzu com estrutura comprometida, o que obriga o time a jogar no deficitário Mangueirão.

    A ladainha dos salários atrasados, que são pagos a conta-gotas, desagradando os atletas (e vale lembrar que a folha de hoje é baixíssima).

    Um presidente que alardeia aos quatro ventos que está doido para deixar o clube (notícia nada animadora para quem está com salários a receber).

    Clube dividido, presidente isolado e sempre em viagem. Boa parte das vezes, incomunicável, deixando o clube a deriva.

    Cada vez mais receitas de patrocínio bloqueadas.

    Um barril de pólvora, como se vê, e nada diferente dos anos anteriores.

    Curtir

  2. Li uma bela e polêmica crônica do colunista do ‘Olé’, Martin Caparros neste sábado. Nela, ele critica o futebol de Neymar e classifica o estilo do jogador como ‘futebol foca’, cuja principal particularidade é priorizar o espetáculo e não a eficiência.

    O texto de Caparros repercutiu em alguns veículos brasileiros, mas decidi assistir o clássico entre Santos e Palmeiras antes de comentar a polêmica. Vamos primeiro aos pontos levantados pelo jornalista argentino. Ele usa como exemplo do ‘futebol foca’ de Neymar uma jogada do craque em duelo contra o Universidad do Chile em que o brasileiro acabou perdendo a bola por puro preciosismo.

    “Neymar é um jogador habilidoso que não ganha partidas importantes e, acima de tudo, a jogada não serviu para nada; terminou nos pés de um adversário. Mas mostra como é o futebol foca: o ponto em que o futebol se transforma em um número de circo, esse jeito atual do esporte em que o que mais importa é a firula, mesmo que não sirva para nada”, escreveu Caparros.

    Ele ainda cita Cristiano Ronaldo como outro praticante do ‘futebol foca’ e coloca Xavi como contraponto ao futebol do português e do brasileiro.

    No entanto, a discussão mais complexa levantada por Caparros é sobre a relatividade do que é ou não bonito no futebol. Como construímos o consenso de que o futebol praticado por Neymar e Cristiano Ronaldo é mais bonito do que o de outros?

    Mera implicância?

    O texto de Caparro pode ser acessado aqui. Em alguns comentários é possível notar toda a boçalidade típica do torcedor que não concorda com a opinião do comentarista. Muita brasileiro sensível defendendo o Menino da Vila com unhas e dentes.

    Não vejo implicância no comentário de Caparros. Sua opinião faz sentido. O estilo de jogo de Neymar é circense e por vezes peca pela falta de objetividade. No entanto, acredito que seja exagero dizer que o brasileiro não ganha jogos importantes. Ele é ‘só’ ajudou o Peixe a conquistar a Copa do Brasil, três Campeonatos Paulistas e uma Libertadores. Tudo isso em sua curta carreira e jogando em uma equipe com sérias deficiências e completamente dependente dele.

    Por outro lado, Neymar ainda precisa amadurecer. É mimado, cava faltas como nenhum outro atacante do Brasil e o mais grave: tem um ego quase tão grande quanto o seu futebol. Seu virtuosismo com a bola o faz por vezes jogar como um menino exibido e não um atleta profissional.

    Sua atuação na vitória contra o Palmeiras foi brilhante. É verdade. Todavia, é inegável que ele ainda é irregular em duelos importantes. Sobretudo pela seleção brasileira. O grande problema de Neymar é a falta de maturidade e equilíbrio. Maturidade para encarar as armadilhas do sucesso e equilibrio para focar apenas em jogar da melhor maneira possível. A melhor jogada não é sempre a mais bonita. Fato.

    Neymar oscila entre jogar bonito em um momento e no outro flerta com a falta de espírito esportivo ao cavar faltas e cartões para os adversários. Craques que fizeram história têm estilos de jogo muito diferentes. Romário jogava de maneira bem diferente que Ronaldo ou Zidane — para ficar em nomes mais recentes. A única coisa em comum em todos que citei é o fato de buscarem sempre o gol. Jogadas de efeito são lindas, mas nada pode ofuscar um gol. E é essa verdade que qualquer torcedor sabe, que Neymar deixa de enxergar em alguns momentos.

    Curtir

  3. Com os resultados de hoje, o Paysandu caiu para a quinta posição… Será muito sofrimento até o final da série C… Pelo menos o Paysandu vai brigar até o final pela vaga,depende apenas de si,pois Luverdense e Fortaleza dispararam ,e só perdem primeira e segunda posições se fizerem um péssimo returno… Em relação ao comentário e visão do Daniel,só resta-me concordar em gênero,número e degrau.kkk É rir pra não chorar,né? Comentário e análise precisos sobre o Paysandu ,atualmente.

    Curtir

  4. Discordo em alguns pontos do texto do Daniel.

    Temos peças limitadas técnicamente (fundamentos básicos)? temos

    Temos problemas de esquema tático? temos

    Mas ontem, especificamente ontem, foi absolutamente questão de incopetencia e falta de sorte.

    Dalton – bom goleiro, o lance do gol foi pura falta de sorte, mas salvou o time em outros lances.

    Yago – bom e lúcido

    Thiago Costa e Fábio Sanchez – melhor dupla de zaga que o Papão tem, são bons zagueiros, um complementa o outro, Thiago tem vigor e Fábio saída de bola.

    Régis – o cara é destro gente, ele não tem culpa de jogar na esquerda, qdo jogou na direita fez aquilo lá no Arruda.

    Wanderson – começou a complicação no time, pois é lento, previsível e velho.

    Leandrinho – grata surpresa, um dos mais estáveis do time.

    Aléx – falta preparo físico, tem qualidade.

    Harison – péssimo, ex-jogador em atividade.

    Rafael – horrível, se sou diretor este jogador estaria dispensado ontem mesmo por deficiencia técnica crônica.

    Potyguar – disparado o melhor do time, é a única fonte de boas jogadas do PSC, habilidoso, rápido e veloz e acima de tudo perseguido pela torcida. Se perturbarem ele, ele vai embora e aí meu amigo, tchau série B.

    Onde anda o Robinho?

    TORCIDA – está mais atrapalhando que ajudando o time, é uma torcida calada, ansiosa e que transmite aos jogadores essa ansiedade, fato esse colocado por alguns jogadores.

    Se o time tivesse ganho, estaria tudo bem e todos dizendo que a vitória foi magra pq o time mostrou qualidade e criou várias chances.

    Curtir

  5. Nao sei como muitos ainda encontram palavras para escrever sobre o futebol paraense…he he he …é isso aí q temos e pronto…

    Curtir

  6. Obgdo Charles Resende.Mesmo sendo moderado,tendo meus posts sob alguma censura(é o que parece ser ) insisto em postar aqui .Primeiro porque gosto de futebol e do Pará,segundo porque vivemos em uma democracia e terceiro porque NUNCA ofendi ninguém e sempre defendi que as pessoas postem com civilidade.Até a próxima e Deus lhe abençoe.

    Curtir

Deixar mensagem para Edmundo Neves, do bairro do Castanheira Cancelar resposta