O triunfo da determinação

Por Gerson Nogueira

Não foi uma exibição memorável, mas o Remo conseguiu vencer e isso já foi suficiente para dar algum alento ao torcedor. Mesmo possa ter sido produto da melhora passageira que novos técnicos costumam obter, o resultado recoloca o time na disputa por uma das vagas do grupo. O jogo foi fácil desde o começo e só a ansiedade impediu que o gol saísse antes dos 10 minutos. O ataque remista criou várias situações de perigo, culminando com o penal desperdiçado por Fábio Oliveira.
Determinado, o Remo não arrefeceu os ataques e chegou ao gol aos 29 minutos, em lance individual de Cassiano. O desentrosamento da equipe, visível em quase todos os momentos, foi superado por vontade e postura agressiva. Diferente do time atrapalhado e vulnerável das últimas derrotas – contra Paissandu e Vilhena -, o Remo de ontem esteve plugado o tempo todo. As jogadas aconteciam mais pelo lado direito, a partir dos avanços do lateral
Dida e da facilidade com que Cassiano envolvia a marcação do Penarol por ali. Além do gol, o atacante produziu praticamente metade das jogadas perigosas do ataque remista no primeiro tempo.


Em função de orientações do técnico Edson Gaúcho, o meio-de-campo tentava se manter adiantado a fim de pressionar a marcação adversária e provocar erros. Reis teve movimentação irregular no período, alternando lances de aproximação com o ataque e poucos momentos de inspiração para o drible e o arremate. Jhonnatan também sofreu com oscilações ao longo dos primeiros 45 minutos. Errou passes em excesso e a insegurança indica que ainda não se recuperou dos embates com o técnico Flávio Lopes.
O segundo gol, quase ao final da etapa inicial, trouxe ainda mais tranquilidade ao Remo diante de um oponente que mal passava do meio-campo. Na cobrança de escanteio, o volante André surgiu por trás da zaga, como elemento surpresa, apanhando a bola com um sem-pulo certeiro. O Remo era amplamente superior, embora sem encantar a torcida pelo excesso de erros na troca de passes. Uma exceção era Edu Chiquita, menos adiantado que Reis, cuidando de arrumar a saída de bola.


Impressionante como Chiquita, descartado pelo técnico Flávio Lopes, mostrava desembaraço e atitude, apesar de estar pela primeira vez atuando como titular. Sua escalação, por sinal, foi uma boa sacada de Edson Gaúcho. Mais seguro que Ratinho, o meia funcionou às vezes como um terceiro volante adiantado, tornando ainda mais sólida a primeira linha de combate aos atacantes do Penarol. É indiscutível que o jogo se tornou mais favorável ao Remo pela desenvoltura de Chiquita no setor.
Depois do intervalo, o Remo voltou sem alterações e continuou mandando em campo. Logo aos 5 minutos, Dida foi à linha de fundo e descolou um
cruzamento perfeito para Fábio Oliveira cabecear para as redes. O placar folgado parece ter operado um efeito psicológico negativo no time, que deu um freio nas ações ofensivas e cedeu pela primeira vez espaço para o contra-ataque amazonense. De tanto insistir, mesmo sem organização, o Penarol ganhou uma sequencia de escanteios. Acabou chegando ao primeiro gol em cruzamento que evidenciou o mau posicionamento dos zagueiros remistas, defeito que vem desde as finais do Campeonato Paraense. Marinho apareceu livre entre os zagueiros, na pequena área, para marcar de cabeça.
Três minutos depois, a casa caiu outra vez. Nervosa, a zaga cometeu falta desnecessária e propiciou a Fininho a chance de mostrar todo o seu talento em bolas paradas. O ex-meia remista mandou a bola no ângulo direito do goleiro Adriano, colocando na partida um inesperado tempero de incerteza. A torcida sentiu o baque e silenciou. Antes, porém, que se estabelecesse um tropeço desastroso, eis que Marcelo Maciel (que havia substituído a Fábio Oliveira) surgiu com extrema rapidez para aproveitar rebote do goleiro e ampliou definitivamente a contagem. Esse gol restituiu a tranquilidade ao Remo e a justiça ao placar.


Cassiano ainda teve duas boas oportunidades e Tiago Cametá errou um disparo aos 40 minutos, mas a vitória já estava consolidada. Mesmo que ainda tenha sobressaltos com a linha de zagueiros, o torcedor saiu satisfeito com a disposição do time para atacar. O mérito certamente é de Gaúcho, pela tranquilidade que deu à equipe após três treinos apenas. Teve ainda a clareza de optar por Chiquita na criação, mas certamente irá rever a titularidade de Aldivan. Além de Chiquita, os grandes destaques no Remo foram Cassiano, André e Dida. Falta organizar melhor o time e encorpar mais o meio-campo, mas o passo inicial foi dado. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola) 

Foi a afirmação definitiva e categórica da hegemonia espanhola no primeiro mundo do futebol. A terceira grande conquista em sequência não deixa margem a dúvidas quanto à excelência da seleção de Vicente Del Bosque e confirma a superioridade de um estilo de jogo. Vitoriosa na Euro-2008 e na Copa do Mundo de 2010, faltava à Espanha um terceiro troféu de peso para calar as insistentes críticas à maneira cadenciada de impor sua presença em campo. Ontem, diante de uma aparvalhada Itália, a Fúria foi mais do que nunca fiel ao receituário que o Barcelona executa por música.
O segredo está no passe ágil e na aproximação entre os jogadores. Não há segredo quanto a isso. Todos sabem como a Espanha joga, mas ninguém
consegue um meio eficiente de conter seus avanços em triângulos imaginários desde a zona de defesa até a área de chute. Iniesta e Xavi, que não tinham ainda desabrochado inteiramente na competição, tiveram atuações impecáveis. Tão intensa é a Espanha que até coadjuvantes brilharam a partir da excelência do conjunto. Poucas seleções no mundo ousariam confiar tanto numa filosofia de jogo hoje. Del Bosque escala seu time com apenas um volante, Busquets, e deixa que a rotatividade dos demais jogadores compense o que seria uma fragilidade defensiva. Acontece que a Espanha não dá a bola para ninguém e aí reside tanto sua força ofensiva quanto a pujança na marcação. Mais que isso: cansa e desorienta seu adversário, como ficou
escancarado na angústia dos italianos desde o primeiro tempo. Pirlo, o mais lúcido deles, até tentava organizar as coisas, mas padecia com os
erros dos companheiros. No final, sucumbiu junto os demais.
Já há quem festeje a Espanha antecipadamente como favorita ao título mundial de 2014, não sem alguma razão. A esperança dos demais candidatos está no tempo. Em dois anos é perfeitamente possível apresentar um antídoto para essa fulgurante combinação de rapidez com talento. É difícil, mas não improvável.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 02)

8 comentários em “O triunfo da determinação

  1. Como a maioria dos torcedores azulinos, não dei grande importância a este embate, até porque a TV estava surtida de boas opções. Pelo descritos nos jornais e me inteirando dos comentários on line do jogo, ficou claro que este Penarol é fraquíssimo e mesmo assim deu um susto no Remo quando quase igualando o marcador. O Penarol perdeu a primeira jogando em casa, se caso esse jogo fosse lá tenho quase certeza que ganharia. O Remo deve ter melhorando mais para fica ruim ainda tem que melhorar 100%.

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  2. Gerson e amigos, penso que o Remo vai precisar melhorar e muito. Tem um bom técnico que poderá fazer com que isso aconteça. Acredito que o Remo esteja precisando, até com urgência, de um goleiro. Acredito, também, que o Gaúcho deverá ir colocando “seus” jogadores aos poucos pra fazer com que o time cresça de produção.
    – O grande problema para os 2 gols que o Remo tomou, foi pela desorganização do seu meio campo, o que sobrecarregou sua defesa.
    Cassiano, André, Dida, Reis e Edu Chiquita, foram bem, ontem, mas alguns jogadores como Reis e Cassiano, só foram bem no 1º tempo, Chiquita alternou bons e maus momentos durante o jogo, diferente do Dida e do André que jogaram bem os 90 minutos. Destaquei o André, por ter recuperado seu bom futebol, que todos sabemos que ele joga.
    – Melhor que ter lampejos de bom jogador, é manter uma sequência de bom futebol e, isso, ainda vou esperar do Edu Chiquita. Penso que o Jhonatan, se não se cuidar, vai perder a vaga de titular, mostrando que o Flávio Lopes tinha razão.
    É a minha opinião.

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  3. Diogo Silva, já escrevi por várias vezes aqui no blog que tanto as séries C e D deveriam mudar os horários dos seus jogos, pois competir com os jogos da TV aberta é contar demais com o fanatismo de seus torcedores.
    Quanto ao jogo do remo, não concordo nem um pouco em colocar o desentrosamento do time como algo a ser avaliado. Este time jogou junto todo o estadual com exceções de algumas peças, e isso só prova que o FL tirou mais do que alguns jogadores tem a oferecer. Já no jogo, é incrível a queda do reis e do jonathan, e isto não tem nada haver com o FL, e eles que abram o olho senão vão parar no banco de reservas. No 1º gol, o jonathan era quem tava marcando o jogador que fez o gol, o cara saiu do 2º pau e veio pro meio da área e o jonathan ficou contando que os zagueiros iriam tirar a bola, já no 2º gol, houve um erro de passe do reis pro andré e deixou a zaga no 3 contra 2 e o edinho fez certo em fazer a falta, só não contava que dela sairia o gol. O Edu chiquita fez um jogo exemplar e o André foi extraordinário na movimentação e retomada das bolas. Quanto ao Dida, ele foi muito bem sim, mas somente no apoio, era notório que ele estava dando muitos espaços nas suas costas e deixando o André sobrecarregado na sua cobertura, mas como o penarol é muito ruim então isso foi pouco explorado. Precisamos melhorar muito se quisermos ir longe na 4ª divisão.

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  4. Se o adversário fosse um pouco mais forte, o CR poderia ter-se complicado nesse jogo. E vacilou que não fez saldo de gols. Isso poderá vir a fazer falta.

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  5. O Edson Gaúcho parece que entrou no clima mesmo. Ontem dedicou tempo precioso durante o jogo para ir discutir com os torcedores mais exaltados no alamabrado ao lado do banco de reservas azulino. Estava defendendo o Reis, que após mais uma das várias vezes que carregou demais a bola e perdeu, acabou dando origem à falta de cuja cobrança o Fininho marcou o segundo gol do Penarol. Talvez o EG devesse deixar os torcedores (não os exaltados, mas só aqueles que abusem da inconveniência e os violentos) com o policiamento e dedicar sua energia para investir no Reis de modo a ver se este volta a jogar o futrebol que jogava no início do ano e passe a tocar a bola mais fácil e rapidamente. Ah, também deve trabalhar um pouco mais o posicionamento dos zagueiros (o ideal era que pudesse contar com outros) pois continuam batendo cabeça e permitindo que os atacantes surjam não tão rápido e não tão de surpresa para fuzilar na cara do vacilante Adriano.

    Quanto ao Chiquita só ontem (ainda visivelmente sem rítmo) jogou melhor do que todos aqueles que o FL botou para jogar naquele setor durante todo o estadual, principalmente o ex jogador Magno. Quanto desperdício do dinheiro do Remo este treinador provocou com este comportamento antiprofissional. Tomara que o EG também não desenvolva nenhuma idéia fixa desta natureza.

    A propósito, cumpre ao EG dar um olho na preparação física do elenco. Não fosse o Penarol um time muito ruim e as providenciais substituições feitas proporcionando vigor novo para o time, trocando as peças mais desgastadas (e todas estavam desgastadas) teríamos visto mais uma daquelas incríveis reações do adversário.

    Por último, tomara que aquele pacífico mas, veemente protesto ocorrido em frente da tribuna de honra do Baenão, durante todo o intervalo do jogo contra a diretoria e o CONDEL possa despertar os “indirigentes” azulinos.

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  6. Gerson até a copa aqui no Brasil muitas coisas mudarão, e a Espanha pelo incrivel que pareça pode até ficar fora da mesma.
    Seria ridiculo, mas pode acontecer.Coisas da FIFA.

    Claro que o futebol espanhol precisa estar nesta copa.

    Já na copa das confederações além do Haití, já estão seguros o Brasil é claro e as bem vindas Espanha e Itália.

    Ontem evidentemente preferí ver o jogo da Itália, e sofrí com a grande vitória espanhola, jogo do Remo nem escutei.

    Depois ví o Atlético do R49 acabar com o bafo do Luxemburgo.

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