Classificação (parcial) da Série C 2012

Clube PG JG VI EM DE GP GC SG %A
1  Icasa-CE 7 3 2 1 0 5 1 4 77.8
2  Paissandu 7 4 2 1 1 7 5 2 58.3
3  Águia 7 4 2 1 1 5 4 1 58.3
4  Luverdense-MT 6 3 2 0 1 4 2 2 66.7
5  Santa Cruz-PE 6 4 1 3 0 8 7 1 50.0
6  Guarany-CE 4 4 1 1 2 5 5 0 33.3
7  Salgueiro-PE 4 3 1 1 1 4 4 0 44.4
8  Fortaleza-CE 4 3 1 1 1 1 2 -1 44.4
9  Cuiabá-MT 1 3 0 1 2 1 4 -3 11.1
10  Treze-PB 0 3 0 0 3 1 7 -6 0.0

Águia, de virada, bate Guarani em Marabá

Em partida realizada na tarde deste sábado em Marabá, o Águia se reabilitou na Série C derrotando o Guarani de Sobral (CE) por 2 a 1, de virada. O gol de abertura da partida foi de Alex Paraíba para o time cearense, logo aos 3 minutos. O gol desnorteou um pouco a onzena de João Galvão, mas, apoiada pela pequena torcida no estádio Zinho Oliveira, o Águia conseguiu o empate cinco minutos depois, em cabeceio certeiro de Tiago Pereira. Depois de perder várias oportunidades, o Azulão marabaense finalmente chegou ao gol da vitória aos 44 minutos do segundo tempo, através do atacante Wando.

Apagão estraga bom jogo

Por Gerson Nogueira

Foi um empate com o indisfarçável sabor de derrota. Na ponta do lápis, o resultado foi até interessante, mas as circunstâncias inesperadas do final da partida frustraram o torcedor. Quando o Paissandu chegou aos 3 a 1, depois arrancada de Régis, aos 32 minutos do segundo tempo, havia quase certeza de vitória. Como não acreditar? Afinal, o time tocava bem a bola e, fechadinho em seu campo, dava botes certeiros. Mais que isso: a defesa do Santa Cruz pedia, quase implorava, para tomar mais gols.

O problema é que a jogada de contra-ataque não se repetiu com a mesma eficiência. Havia um especialista no banco, Héliton, à espera da chance. Seria praticamente impossível a defesa pernambucana resistir à velocidade do jovem atacante, ainda mais jogando em linha e com apenas dois zagueiros lentos guarnecendo posição.

Roberval Davino optou por tirar Kiros, cansado, e lançar Rafael Oliveira – aliás, quando o atacante vai finalmente viajar para a Ucrânia? Sem mobilidade, Rafael não acrescentou força ou fôlego ao ataque do Paissandu. E ainda recuou para ajudar na marcação.

Davino, que depois da partida, apontou a desatenção como principal causa do prejuízo, custou a substituir Vanderson por Neto e ainda perdeu uma substituição de linha com a contusão de Paulo Rafael. Nada, porém, justifica o apagão que se abateu sobre o setor defensivo do Papão entre o 39º e o 45º minuto. Dois escanteios, dois gols. E é justo dizer que no segundo tempo a defesa vinha se comportando bem, com três zagueiros atentos e mais dois cães de guarda à frente.

O súbito empate, que não constava mais dos planos de nenhum bicolor, deixou a certeza de que o time desperdiçou uma excepcional oportunidade de derrotar o Santa Cruz em seus domínios. A torcida coral já estava deixando o estádio e o próprio time tricolor parecia abatido. Por isso, com 3 a 1 no placar, só falhas pontuais e algum descontrole emocional justificam a reação adversária.

É preciso reconhecer que o Paissandu fez um bom jogo, se comparado com o de segunda-feira no Mangueirão, quando se mostrou incapaz de se impor à marcação do Fortaleza. Caso mantenha a troca de passes como principal estratégia de organização no meio-de-campo, tem imensas chances de sucesso na competição. É preciso, porém, ajustar a cobertura defensiva e tirar o ataque do isolamento, fator que torna o centroavante Kiros (ou qualquer outro) improdutivo.

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Nem só de chateação viveu o Paissandu no Recife. O dado mais positivo do empate de sexta-feira foi o renascimento de Robinho, meia que há tempos não dava o ar da graça na equipe. Depois de barrar Harisson, Davino fez a aposta certa. Robinho jogou com o desembaraço dos tempos de Cametá. A segunda grande notícia foi a reaparição de Tiago Potiguar, rápido e habilidoso como ainda não havia sido sob o comando do novo técnico.

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O futebol é (ou devia ser), acima de tudo, diversão. Apesar da consciência crítica sobre tudo o que rola no mercado da bola, gosto do exercício escapista de pensar que um jogo vale apenas pelo que se vê ali em campo. Jogadores, técnicos, preparadores, árbitros e a torcida. De vez em quando, faz bem se agarrar na utopia de que tudo pode começar e acabar no espaço daqueles 90 minutos.

Penso nisso ao observar toda a expectativa criada em torno da seleção olímpica de futebol. O filme se repete de quatro em quatro anos. O tabu em torno da medalha de ouro volta com toda força e junto vem a ideia de que o futebol pode ser um esporte ainda puro, livre das mazelas e sujeiras.

As esperanças depositadas em Neymar, Ganso, Oscar, Lucas & cia. revelam o anseio não revelado de que os garotos conduzam o país da bola à redenção e resgatem o encanto perdido. Não é um bicho de sete cabeças. O torneio olímpico nunca esteve tão favorável às pretensões brasileiras.

A rigor, somente a Espanha representa perigo real na luta pelo ouro. A sempre ameaçadora Argentina não se classificou para o torneio. A anfitriã Inglaterra, derrotada em amistoso na sexta-feira, tem um time olímpico à imagem e semelhança da seleção principal: confuso e inseguro.

Com um mínimo de entrosamento e alguma dose de inspiração, Neymar e seus companheiros têm condições de quebrar a velha escrita. A conquista do ouro pode vir a ser a alavanca para resolver a outra obsessão nacional: a conquista da Copa do Mundo em casa, exorcizando fantasmas que habitam nossos armários desde 1950.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 22)

Um retrocesso disfarçado de solução

Por José Augusto Padilha

O uso da retranca pelo último vencedor da Libertadores abre uma pensata sobre o atual estado do futebol brasileiro, que amarga o pior ranqueamento de sua história e assiste a Espanha roubar sua prerrogativa – o toque de bola.

Depois de ficar rouco ao comemorar finalmente a remoção da espinha de peixe futebolística da goela do meu Timão, comecei a pensar no significado da conquista da Libertadores para o meu time e como extensão, do momento que o nosso futebol atravessa. Depois dos deslumbrados de plantão e a mídia (que cobriu um evento como uma Copa de Mundo) apontarem o Corinthians como um monstro sagrado imbatível, é hora de pesar as coisas como elas são.

Amo meu time, sou corinthiano, maloqueiro e sofredor até o fim, mas não sou cego. Vale dizer que o Corinthians não é unanimidade entre sua torcida, pelo menos a que enxerga além das goleadas de 1×0. Sim, é um time excessivamente defensivo, que aposta no contragolpe e nos erros do adversário. Sim, ele carece de atacantes de peso (sem trocadilhos com Ronaldo e Adriano, por favor), pois não tem força ofensiva. Em contrapartida, faz uma marcação sob pressão implacável por vezes e tem um aspecto que considero importante: a frieza e a qualidade de saber cadenciar o jogo até dar o bote. Que, no caso, pode ser uma brecha do adversário, por conta da falta de atacantes muito incisivos.

Mas ora veja que, nos últimos tempos, o que era um problema se torna, por conta do discurso jornalístico bem esperto,  qualidade. “Um time bem montado”, “Defesa impenetrável”, “Volume consistente de jogo”, entre outros adjetivos, sem mencionar a já imortal “Jogabilidade”.  É importante frisar que dá para contar mentiras apenas citando verdades e vender o Corinthians como o suprassumo do futebol atual dá uma mostra da pobreza tática que vivemos. Meu amado time joga feio, por opção de técnico, abraçada por jogadores e endossada pela diretoria e reverenciada pela torcida, encantada pelas magras mas constantes vitórias do time titular.

Um pequeno parêntesis: talvez o que encante a massa corinthiana também seja o fato de ser um time vencedor sem craques, onde a solidariedade supre a carência de grande habilidade. Pode ser que um time esforçado gere identificação com parte da torcida, habituada desde muitos anos a acreditar que raça e garra são sinônimos de bom futebol. Não o são necessariamente; basta olhar momentos em que zagueiros alvinegros, ao porem a bola para fora, praticamente a enviam para a tribuna da imprensa, para delírio de parte da torcida. “Futebol é pra macho”, vão dizer alguns.

Esse time corre o risco de disputar, se tiver competência, a final do Mundial Interclubes em dezembro com outro campeão da retranca ou, em tempos de eufemismos, do “sólido jogo defensivo”. O problema é que o treinador do Chelsea é um ex-zagueiro italiano, ou seja, um especialista em ferrolhos, cadeados, fossos e muros. Ou seja, uma autoridade em não atacar, apenas se defender e esperar a oportunidade para dar o bote. Parece o Corinthians? Parece, mas tem diferenças chamadas Ramires, Fernando Torres e Drogba (tinha), gente que desequilibra de verdade. O que fará um time mediano numa final desta? Sinceramente, espero que não um papelão.

Vale lembrar que a final passada não foi um vexame fundamental do Santos: foi a confrontação do futebol ofensivo total do Barcelona, que aliou o estilo holandês com a posse de bola, com a leveza do Santos, que teve a ingenuidade de apenas jogar ofensivamente sem marcas. Assistiu a uma aula de um Barcelona inspirado e sem posições fixas: quase sete jogadores atuando como meias e um meia chamado Messi, que está a um passo de se tornar um dos verdadeiramente grandes. Falta-lhe a conquista de uma Copa.

E aí chegamos ao terreno temido, o status quo de nosso futebol. A vitória do Corinthians na Libertadores, o reinado de Mano Menezes na Seleção Brasileira (por um fio, a se julgar pelos Jogos Olímpicos) e o imenso prestígio de que goza Muricy Ramalho são emblemáticos da crise de identidade que nos assola. Estamos optando por um estilo pragmático e vencedor, que a longo prazo, está dilapidando uma pedra angular de nossa escola futebolística – a ofensividade, calcada no toque de bola.

Muricy transformou o São Paulo num time de classe mundial – jogando compactamente e feio. Quase levou o Santos pelo mesmo caminho, mas um time que possui Neymar e Ganso, quando em momentos felizes e sincrônicos, não se dá ao luxo de recolher-se, apenas atacar e atacar. Mano Menezes semeou no Corinthians a ideia de uma defesa sólida, no que foi sucedido por Tite, que a radicalizou e transformou o time em uma máquina de pouco levar gols – e pouco fazê-los, em contrapartida.

Há antecessores? Sim, Dunga, que tem altos e baixos em seu futebol inegavelmente vitorioso  – e indubitavelmente defensivo – até o fiasco na África do Sul, que tornou a Seleção principal um bloco compacto que sabia contra-atacar. Talvez o último momento verdadeiro de futebol de nossa canarinha sejam os 4×1 aplicados na Argentina, na Copa das Confederações de 2005, onde, sem abrir mão de marcação e ataque, fizemos um jogo de futebol de verdade. Desde então, lampejos.

O problema também reside nisso: a falta de planejamento, uma política de continuidade e um grupo que atue junto. Barcelona hoje e a seleção são o que são porque jogam juntos há anos, o que aumenta a cumplicidade e o entendimento entre seus jogadores sobre como e onde a pelota deve rolar. As categorias de bases do Barcelona, onde o estilo de jogo ensinado é o mesmo do time principal, dão a receita para o sucesso. O problema deste bolo é que leva anos para crescer e ser servido a contento, mas os consumidores brasileiros preferem comê-lo cru.

Parêntesis para o Corinthians: um aspecto positivo de sua vitória e um ensinamento básico para outros elencos é o alto entrosamento e solidariedade entre jogadores que treinam conjuntamente há pelo menos dois anos (e há mais de um ano e meio sob a mesma direção).

O que esperar, em outro nível, de uma Seleção Brasileira que não tem uma base definida que não tem um estilo, muito menos um grupo que se conhece há mais tempo? Sem tarimba, derrotas e ajustes, estaremos sujeitos novamente a ver uma equipe desorganizada, quando muito dependente de um ou outro craque – caso este se mostrar inspirado.

Dessa forma, o que deve se apresentar num horizonte de dois anos, salvo enorme engano, é a decepção. Dolorosa, mas extremamente didática se bem aproveitada. Fato no mundo dos esportes coletivos: uma grande derrocada significa uma lição a ser aprendida e, se consolidada, é a base de conquistas futuras. A tragédia de 1950 ajudou a forjar uma geração extraordinária em 1958; o fiasco de 1966, quando todos esperavam que o Brasil comesse a bola, gerou desconfiança numa seleção onde atletas viajaram desacreditados, gente do quilate de Tostão, Jairzinho, Pelé, Carlos Alberto Torres, Clodoaldo e Gerson. O resto é história.

Para fazer um contraponto, o Corinthians de hoje deve parte de seu crédito a dois fiascos pavorosos: a queda para a série B, em 2008, e a infame eliminação perante o Tolima, vergonhosamente barrado às portas da Libertadores de 2011. Mas lições aprendidas forjaram um novo time, que venceu um Paulista, uma Copa do Brasil, um Brasileirão e uma Copa Libertadores. Infelizmente, há que se reconhecer, jogando futebol feio e defensivo nos últimos dois anos.

Aqui o ponto é a provável necessidade de um fracasso monumental do futebol brasileiro por uma simples ausência de projeto de longo prazo. Para simplesmente acordarmos. Porque nosso problema, na minha simples concepção de mundo, está em lidar com um dilema: manter a linha pragmático-defensiva– e ampliar a impressão perante o mundo de que estamos perdendo o bonde da história do futebol; tentar ressuscitar o futebol-arte, esquecendo que vivemos uma seca permanente de craques (hoje consideramos um craque quem dá mais que 20 passes corretos e precisos numa partida); ou considerar a possibilidade de buscar na herança das gerações 70 e 82, aliada à escola holandesa, uma chance de reinventar a história do ludopédio.

Mas, a curto, prazo, quero que meu Coringão seja campeão. É pedir muito, eu sei, mas sou torcedor corinthiano e brasileiro. Pobre de mim. Ou de nós?

(José Augusto Padilha é um jornalista profissional de São Paulo e corintiano desde sempre)

O passado é uma parada…

Pórtico do estádio Evandro Almeida, ano de 1982, quando o escudo do Clube do Remo ainda pontificava lá no alto. Há três anos, o escudo foi retirado, a golpes de picareta, na calada da noite, a mando do então presidente Amaro Klautau. Como diz o João Moscoso (JR Azulino), “por interesses de alguns, para a decepção de uma nação, a destruição de um bem. Como era linda a fachada do Baenão com o escudo do Leão”.