Família Zveiter volta a comandar o STJD

Mudança no comando do Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva: desde a quinta-feira, o novo presidente é Flávio Zveiter, 31 anos, filho do ex-presidente Luiz Zveiter, que presidiu o STJD por vários anos. A principal mudança deve ocorrer em relação à batalha de liminares que garantiu, por enquanto, o Treze da Paraíba entre os 20 disputantes da Série C.

Heranças da era AK atormentam o Remo

Ex-jogadores Didão e Gilsinho, que defenderam o Remo sob o comando do técnico Giba, entraram na Justiça do Trabalho reivindicando do clube respectivamente R$ 50 mil e R$ 110 mil. Além deles, o coronel PM Wilson, que era chefe de segurança no Baenão, também entrou na Justiça cobrando mais de R$ 100 mil em salários atrasados. Todos trabalharam na gestão Amaro Klautau. Em relação ao passivo trabalhista, o departamento jurídico do Remo, chefiado pelo advogado Ronaldo Passarinho, houve uma redução expressiva na atual gestão, que usa a negociação como principal trunfo para diminuir os débitos.

Ausência e desinformação

Por Gerson Nogueira

Para quem amarga longa pindaíba, Paissandu e Remo abusam do direito de errar nas contratações e pouco se preocupam com o crescimento de suas dívidas. A situação não é nova, apenas assusta pela repetição. O caderno Bola de anteontem trouxe matéria analítica a respeito das últimas aquisições da dupla, a partir da recomendação de seus técnicos.

Chama atenção nesta temporada a repetição de equívocos na avaliação de supostos reforços, problema que encarece a folha salarial sem se refletir em bons resultados dentro de campo. Os técnicos – só os forasteiros, diga-se – desfrutam de absoluta autonomia para recomendar e trazer jogadores acima do peso, tecnicamente sofríveis e alguns até lesionados.

Tome-se o exemplo do Paissandu. Empenhado em formar um elenco competitivo para enfrentar a dureza da Série C, o clube apressou-se em dar carta branca ao técnico Roberval Davino para indicação de atletas e o resultado até o momento é frustrante.

Alex William, o tão aguardado camisa 10, necessário para arrumar a meia-cancha, perambula pelo departamento médico há mais de 40 dias, penalizando um setor estratégico do time. Um zagueiro lesionado passou três semanas na Curuzu até que se constatou a insensatez de sua contratação.

Até os jogadores que ganharam vez no time titular não conseguiram agradar o torcedor. No ataque, o centroavante Kiros virou titular, mas está longe de se constituir em unanimidade. O lateral-esquerdo Régis, que ameaçou sair dois dias depois da chegada, não se firmou até agora, mostrando-se inferior a valores regionais, como Rayro e Mocajuba.

Fabinho, outro homem de confiança de Davino, até hoje não revelou competência que o torne merecedor da titularidade. Não é superior a Neto, Billy, Leandrinho, Capanema ou Vanderson, os demais volantes do elenco.

No Remo, o quadro é ainda mais preocupante. Jogadores recém-saídos da base, pertencentes ao clube, perdem espaço para importados sem talento. Igor João, zagueiro que foi usado no Parazão, não consegue espaço sequer em jogo-treino. Enquanto isso, veteranos como Santiago – já dispensado – Ávalos e Edinho têm a primazia na hora de jogar.

Situação parecida pune o lateral-direito Tiago Cametá, de estilo parecido ao de Pikachu, mas sem o mesmo cartaz no Baenão. Perdeu vaga para o veterano Dida e não é lembrado nem quando o titular se contunde. Márcio Tinga, volante de recursos limitados, cuja principal referência é o futebol amapaense, ganhou a titularidade no último amistoso. Só saiu do time porque, após várias trombadas e rasteiras, levou o cartão vermelho.

Ainda no meio-de-campo há a incrível história de Edu Chiquita, que passou todo o segundo turno do campeonato estadual esperando para entrar no time, mas foi preterido pelo técnico Flávio Lopes porque havia sido indicado por um desafeto seu. Só foi escalado após a chegada de Edson Gaúcho.

Não satisfeito, o clube ainda trouxe Léo Medeiros, que não emplacou e levou o treinador a pedir outra contratação. Óbvio que foi imediatamente atendido, como se Medeiros não tivesse sido ideia sua, e o Remo prontifica-se a torrar mais uma boa grana trazendo (do exterior) o desconhecido Laionel.

São casos recorrentes, que repetem barbeiragens de outras temporadas. E não adianta culpar Flávio Lopes, Davino ou Gaúcho. A liberdade, que às vezes se confunde com irresponsabilidade, é concedida pelos próprios dirigentes, quase todos ausentes da vida do clube e desinformados sobre futebol.

Em cima da ignorância e da omissão, perpetua-se uma realidade cruel para a sobrevivência dos grandes clubes paraenses, submetidos à vontade soberana de treinadores. Talvez só a providência divina dê jeito nesse crônico descalabro.

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A quarta rodada da Série C reserva ao Paissandu um compromisso dificílimo fora de casa. Contra o Santa Cruz, um dos candidatos ao acesso, o representante paraense entra com o peso do mau resultado em casa contra o Fortaleza e, principalmente, com três desfalques importantes – Pikachu, Capanema e Leandrinho.

No meio-campo, uma aposta de risco: Davino resgata Robinho e barra Harisson. O esquema é o 3-5-2, que, na versão alviceleste, nada mais é que um 5-3-2, pois os dois volantes, Vânderson e Fabinho, jogam como se fossem zagueiros. Nas circunstâncias, um empate será muito bem-vindo.

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A coluna alia-se às homenagens ao aniversariante do dia, o desportista Ronaldo Passarinho, azulino e botafoguense fanático, que responde pelo departamento jurídico do Remo. Cabem a Ronaldo e equipe os méritos pela redução drástica do passivo trabalhista do clube.

Há dois anos, a dívida total chegou a ser calculada em R$ 20 milhões e foi usada como argumento para justificar o projeto de venda do estádio Evandro Almeida.

Desde o ano passado, porém, a partir de um trabalho meticuloso e baseado na negociação, Ronaldo conseguiu reduzir o débito ao valor de R$ 5 milhões. Cerca de 30 acordos foram celebrados na Justiça do Trabalho. É, seguramente, a maior obra da atual gestão remista.

 (Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 20)

Vote no mico da semana

Escolha o seu mico preferido e opine a respeito:

1) Remo é derrotado por 2 a 0 em amistoso pelo Paragominas, um time semi-amador. Para completar o pacote, o segundo gol foi assinalado pelo centroavante Xibiu. 

2) Documentos internos da Fifa, recém-liberados, confirmam que a dupla João Havelange-Ricardo Teixeira recebeu suborno da firma ISL, no valor de R$ 40 milhões.

3) Sinal da decadência do futebol paraense: Marcelinho Carioca, aos 41 anos e aposentado desde 2009, foi o grande destaque do jogo Remo x River Plate jogando com a camisa remista.