Por Gerson Nogueira
Nem bem o Remo se livrou de uma arapuca na gestão passada, quando esteve prestes a perder seu maior patrimônio (o estádio Evandro Almeida), a diretoria anuncia parceria com a empresa Márcio Granada Sports, responsável pelo amistoso com o River Plate do Uruguai na semana passada. No interior paulista, onde o dinheiro circula com a mesma intensidade dos negócios sorrateiros, Granada é acusado de várias irregularidades, sem apresentar defesa consistente.
Matéria publicada pela Agência Futebol Interior há dois anos informava sobre uma transação entre Granada e o Independente de Limeira. Segundo a agência, o empresário se apresentava na ocasião como um dos investidores do clube, sem provar essa condição.
Ex-jogador de pouquíssimo talento, Granada teria enfrentado também problemas com o Santos. Sua empresa, que celebrou convênio com o Remo na última terça-feira, é processada judicialmente pelo Peixe devido ao não pagamento do cachê de R$ 180 mil por um amistoso em Piracicaba.
Em agosto de 2011, ainda segundo a AFI, Granada inventou uma excursão à Alemanha com um time que usava o uniforme do Primavera de Indaiatuba. A acusação contra o empresário partiu do jogador Genilson Pereira Neves, irmão do volante Denilson, do São Paulo. Granada teria ficado com R$ 12 mil do jogador com a promessa de realizar jogos contra tradicionais equipes europeias, mas os adversários eram times amadores do interior alemão, segundo notícia do jornal Tribuna de Indaiá, de Indaiatuba.
A própria relação do empresário com o Primavera foi alvo de suspeitas, em função da falta de prestação de contas do presidente do clube, Mário Matsomoto, parceiro de negócios de Granada. Conselheiros da agremiação desconfiam que as seguidas viagens do Primavera para o exterior poderia estar associada a um esquema de lavagem de dinheiro.
Além da Alemanha, Granada conduziu o modesto Primavera a um giro pelo Oriente Médio. No mesmo período, bancou – na condição de “laranja” – a legalização do jogador Gerson Magrão, atitude que pode gerar punição ao clube pela Fifa.
Até a Escola Zico 10 já se acautela em relação à Márcio Granada Sports, que teria usado indevidamente o nome da empresa de Zico para conseguir jogos pelo Brasil, usando até o uniforme da Z10, relata a reportagem da AFI.
Por tudo isso, a diretoria remista deveria se resguardar e avaliar melhor os termos do negócio firmado com Granada. O próprio amistoso com o River do Uruguai, que foi levado também a outras cidades brasileiras, já é revelador do estilo incomum da empresa.
Contra todas as indicações em contrário – mês de veraneio e baixíssimo interesse do torcedor por partidas amistosas –, o jogo foi realizado e atraiu um dos menores públicos da história recente do Leão. Quem brinca com fogo pode se machucar e o Remo parece estar brincando com artefato ainda mais explosivo. Todo cuidado é pouco.
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Sem atuar bem, o Águia cumpriu o dever de casa e passou pelo Guarani de Sobral, sábado, no estádio Zinho Oliveira. Vale dizer que o sangue-frio do time de João Galvão foi posto à prova com o gol cearense logo aos 3 minutos. O empate veio cinco minutos depois, com Tiago Pereira, e a virada aconteceu no penúltimo minuto, através de Wando.
A atuação pouco convincente foi compensada pelo resultado importantíssimo. O Águia chega aos 7 pontos e só fica atrás do Paissandu pelo saldo de gols. Como ambos se enfrentarão está bem à frente – na próxima segunda-feira –, o acirramento da luta para passar à próxima fase da Série C começa mais cedo para os representantes paraenses.
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Seedorf finalmente estreou pelo Botafogo, jogou bem, distribuiu bons passes, mas não chegou a ser brilhante. Como não foi o próprio Botafogo, atrapalhando-se na coleção de passes errados e falta de inspiração no ataque. A derrota por 1 a 0 para o competitivo Grêmio de Luxemburgo foi normal, embora Oswaldo de Oliveira tenha contribuído magistralmente para isso ao barrar Andrezinho, optando por Felipe Gabriel. Lá, como cá, alguns técnicos colocam suas preferências pessoais sempre em primeiro lugar. O clube que se dane, e assim caminha a humanidade.
Moral da história: Seedorf tem tudo para ser o organizador que o Botafogo precisa, mas o resto do time precisa passar por uma recauchutagem e tanto. Principalmente no ataque, órfão de um jogador de personalidade desde que Loco Abreu foi enviado para o exílio em Santa Catarina.
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O repórter olímpico Giuseppe Tommaso inicia hoje o acompanhamento dos Jogos de Londres na coluna “Diário Olímpico”. Além dos boletins para a Rádio Clube e a RBATV, ele vai relatar aqui no Bola todos os dias aspectos exclusivos da Olimpíada, fatos curiosos e inusitados. Sem dúvida, um grande presente para os leitores do maior jornal do Norte.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 23)
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