Aos trancos e barrancos

Por Gerson Nogueira

O Remo segue arrastando a massa para seus jogos, mas oferece muito pouco em troca. Passou apertado pelo São Raimundo, ontem à noite, mas a torcida ficou grande parte do tempo angustiada, temendo um tropeço. E olha que a equipe santarena apresentou-se de forma quase trôpega, sem qualquer esquematização e ainda cansou no segundo tempo.
Com os mesmos defeitos mostrados na estréia, o Remo se atrapalhou durante os primeiros 45 minutos. Parecia esperar que Juliano construísse as jogadas e Rodrigo Aires cumprisse o papel de artilheiro lá na frente. Perda de tempo. Depois que Joãozinho saiu, embora não estivesse pior que Aires, o ataque ganhou qualidade de passe com Marciano, mas perdeu em velocidade.  
O São Raimundo ofereceu bem menos resistência na marcação que o Águia. Na verdade, o Pantera se limitava a correr e cercar, às vezes apelando para o jogo bruto, mas o Remo ainda assim teve dificuldades para tomar iniciativa e se organizar. É justo dizer, inclusive, que o visitante chegou a ser melhor na troca de passes e tentativas individuais, pelo menos enquanto teve fôlego.

Para o segundo tempo, Sinomar Naves resolveu se espertar e botou Betinho em lugar de Juliano. Foi o que bastou para o meio-campo ganhar dinamismo e passar a fazer pelo menos o básico do básico, que é trocar passes em velocidade. E o próprio Betinho marcou logo aos 6 minutos um gol que deu tranqüilidade e enorme vantagem contra um time esgotado fisicamente.
Acontece que, depois de abrir o placar, o Remo fez aquilo que quase todos os nossos clubes têm como regra obrigatória. Passou a tocar a bola para os lados e até Betinho se bandeou para a lateral-esquerda, confundindo-se às vezes com o lateral Panda.
Mesmo desorganizado, o Remo partia para o ataque e criava oportunidades, que eram desperdiçadas na mesma proporção. Marciano errou o cabeceio diante do goleiro Labilá, Rodrigo Aires chutou em cima de um zagueiro quando a trave estava escancarada.
Por volta dos 25 minutos, Sinomar finalmente tirou o improdutivo Aires e lançou Jaime, que deu rapidez ao ataque, mas repetiu os vacilos de finalização. Perdeu belas oportunidades por exagerar nos dribles. Aos 45 minutos, Panda cruzou e o atacante errou o tiro da entrada da área. E ainda houve tempo para Geison falhar no arremate que daria o empate ao S. Raimundo.
Quando o juiz apitou o final, a torcida festejou a vitória, mas sem aquele entusiasmo confiante que caracteriza os triunfos indiscutíveis e categóricos. Sinomar ainda tem muito trabalho pela frente para dar confiabilidade ao Remo. A estréia de Magnum passa a ser cada vez mais aguardada. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
 
 
Em Cametá, a dupla Cacaio e Rafael Paty mostrou-se novamente afinada. Pelos relatos, a segunda vitória foi mais convincente que a primeira, contra o Paissandu. O time exibe musculatura para crescer ainda mais e deve brigar pelo título do turno. Embora seja cedo ainda, Paty se credencia como principal destaque do torneio até aqui.
Já o campeão Independente repete a trajetória errante do vice Paissandu, com quem se equipara até nos gols sofridos. Precisa se cuidar, pois a competição é de tiro curto e não há muito tempo para recuperação.
 
 
No fim da noite, circulou pela internet a informação – não confirmada – de que o Paissandu estaria acertando os veteranos Júnior Ferrim (ex-Salgueiro e Remo) e Paulão, zagueiro que defendeu o Mogi Mirim. Se verdade, os sinais de desespero começam a se confirmar. 
 
 
Direto do blog
 
“Continuo espantado com esse time do Remo, tão mal treinado pelo Sinomar. Vamos dando tempo ao tempo. Tenho minhas dúvidas. Pela primeira vez, vejo o Águia com amplas chances de levar esse campeonato, a continuarem, Remo e Paissandu, com os técnicos que têm”.
 
De Cláudio Santos, empedernido crítico dos técnicos regionais.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 19)

30 comentários em “Aos trancos e barrancos

  1. Claudio, o problema do Paysandu não só o técnico, pois o plantel também é fraco e junta é lisa e frouxa, como disse o Tourinho. Então, o futuro a Deus pertence.

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  2. O problema é que os times são fracos e tudo se nivela por baixo, infelizmente.
    Aos clubes, em estágios diferentes, resta fazerem um bom papel, cada um no seu devido quadrado.

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  3. O Clube do Remo ainda está longe do ideal é verdade, mas está vencendo e é o que importa. Ainda peca por ter feito a pre temporada com um time e estreiou com outro. Felizmente o time tem bons valores prata da casa como é o caso do Betinho que foi decisivo hoje, além do Jaime e do Cametazinho mas estão faltando ser mais aproveitados. Com a entrada do Magnum e efetuando a titularidade do Marciano e do Adriano este time tem tudo para ganhar o parazão. Detalhe, era para ser no minimo 2×0 se o juizão marca aquele penalti claro no Betinho, enfim Vamos lá Leão!!

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  4. Amigo Otávio, diabo é quem duvida(diria o anaisse), ainda mais, como falei ao amigo Edson, ontem, que Cacaio é um ídolo bicolor. Agora, é como sempre falo, Paysandu e Remo, são de Givanildo pra cima.
    – Amigos, essa notícia de Júnior Ferrim e Paulão, surgiu ontem em uma rádio e, depois foi dito que passaram um trote para essa mesma rádio, se fazendo passar pelo dirigente Olívio Câmara, anunciando essas contratações. A que ponto chegamos, amigos.

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  5. Amigo Otávio, diabo é quem duvida(diria o anaisse), ainda mais, como falei ao amigo Edson, ontem, que Cacaio é um ídolo bicolor. Agora, é como sempre falo, Paysandu e Remo, são de Givanildo pra cima.
    – Amigos, essa notícia de Júnior Ferrim e Paulão, surgiu ontem em uma rádio e, depois foi dito que passaram um trote para essa mesma rádio, se fazendo passar pelo dirigente Olívio Câmara, anunciando essas contratações. A que ponto chegamos, amigos. Te dizer…

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  6. Bom dia Senhores,

    Será que ainda é cedo para falar em favoritos para esse 1º turno? Ou pode-se afirmar que o Cametá é um dos mais bem montados/organizados? Será que a situação do campeonato é essa por que se nivela por baixo? Que dizer dos lanternas, finalistas de 2011, Galo e Papão, coincidência ou incompetêcia?

    Vou esperar mais um pouco para ver se essa vai ser a linha do 1º turno…

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  7. Gerson, será que vimos dois jogos diferentes?!

    No que eu vi o Remo repetiu vários dos mesmos defeitos apresentados pelo paysandu na 3ª à noite, como por exemplo, chutões, os encontrões desencontrados dos próprios jogadores (o mais incrível foi o do Betinho com o Panda, no segundo tempo), a falta de inspiração e categoria individual etc. A ligeira diferença foi que o Remo não foi um bando (é o mínimo que se esperaria de um time que passou quase seis meses se preparando para a competição). Todavia, mesmo assim, apesar de algumas poucas jogadas perigosas da equipe mundica, o Remo jamais esteve sob perigo de derrota, e a imensa galera (mais uma vez sonegada numericamente no borderô) tampouco se mostrou apreensiva, preocupada, enfim, angustiada, com possível derrota. Se muito, esteve ansiosa pela demora na marcação do gol que traduzisse o inteiro domínio, sobretudo físico, exercido pelo Remo desde o primeiro minuto do jogo.

    É possível que tenhamos visto o mesmo jogo de maneiras diferentes. Entretanto, milita contra esta possibilidade o fato de você ter escrito que o Sinomar colocou o Betinho no segundo tempo, quando, na verdade, este entrou ainda do primeiro tempo, ali por volta dos vinte, vinte e cinco minutos, quando o Juliano se machucou numa jogada pelo lado esquerdo do ataque do Remo.

    1 a 0 foi um placar irrisório, sem dúvida. Todavia, não houve sufoco ou “trancos e barrancos”. O que não quer dizer que esteja tudo azul; antes, o ainda cinzento horizonte do Leão infelizmente ainda está longe, muito longe disso.

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    1. Viva a diversidade de opinião, meu caro Antonio. Não me agradam a maneira de jogar, os passes errados e a falta de criatividade no meio-de-campo, que se esmera em tocar pro lado. Se você considera absolutamente aceitável que o Remo, inteiro fisicamente, levasse um baita susto (lance do Geison) no minuto final e quase cedesse o empate, tudo bem.

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  8. Gerson e amigos, assisti apenas 20 minutos do jogo do Remo. Talvez tenha sido pouco, confesso, mas nesse pouco que vi, meu Deus, como são ruins esses times. A diferença entre a dupla está mesmo na sorte que o Leão está tendo em “achar” um gol e o Papão desperdiçar – ou não ter mesmo competência – para transformar em gol as trezentas oportunidades que tem criado. Estava muito receoso com uma goleada do meu bicolor para o arqui-rival, mas vejo isso bem difícil. A qualidade dos dois está entre as mais baixas de sua história. Outra: discordo da imprensa. Esse Betinho não é nada disso que dizem. Nos 20 minutos que vi, ele errou milhares de passes, entregou a bola para o adversário (que também é muito ruim e devolveu)… Esse jogador nem entrava numa peneirada do Flamengo, Santos… Como diz o amigo Cláudio: é a minha opinião.

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  9. Agenor Filho, você está correto. O São Raimundo teve uma única chance e o Remo, pelo menos umas cinco. Mais 1 ou 2 gols e a repercussão seria outra, mesmo tendo sido o mesmo jogo.

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  10. Sempre ouvi dizer que técnico não ganha jogo, mas sempre ouvi dizer também que técnico perde jogo. Ma minha opinião quem ganha ou perde jogo é o time. Quando é bom, mal escalado ou mal treinado, o time resolve a parada em campo. Sou defensor do futebol prático por isso não sonho com o traslado de imagens que vejo nos jogos espanhois , ingleses, e etc.

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  11. Amigo, Tavernard, também gosto do futebol simples. Até por isso sou fã do Barcelona. De maneira simples, eles tocam a bola, passam, se movimentam, olham o jogo… simples e genial.

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  12. Os nossos jovens jogadores de Remo e Paysandu não conseguem fazer o simples que é tocar a bola pro companheiro. Ontem em 10 minutos o Betinho erro diversos passes e entregou a bola pro adversário.

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  13. Quanto ao erro da coluna na entrada do betinho ainda no primeiro já foi exposto pelo Antonio Oliveira. E com a entrada dele, o REMO NÃO, NÃO E NÃO, NÃO GANHOU EM DINAMISMO. Muito pelo contrário, até a saída do juliano, que não é lá essas coisas, o remo ainda tinha uma jogada pela direita, com a movimentação dele, do balu, adenisio e joaozinho. Dinamismo de jogo é o jogador se movimentar para dar opção de passe ao companheiro, quando a bola chegar dar continuidade a jogada o mais rápido possível, de preferência de primeira, e quando perder a bola recompor com velocidade. O betinho não fez nada disso, muito pelo contrário. Fica parado, esperando a bola chegar nos seus pés para tentar levar na velocidade. Como disse, nossos atletas da base são mal treinados, ele tem talento, ninguem faz um gol de falta daqueles se não tivesse, mas na base deveria ser tratado como joia e ficava parado esperando o contra-ataque. Se não resolvermos o problema na formação sempre vai ser dificil aproveitar os garotos no profissional.
    PS: Ontem o barcelona mais uma vez deu provas de como subir um garoto para o profissional. Aos 40 do segundo tempo, ganhando o jogo e o real madrid tentando impor uma pressão, lança o garoto cuenca, de 20 anos, para sentir como é se jogar este clássico. Ele pegou na bola 2 vezes e foi facilmente batido, mas isso pouco importa, esses minutos serão bastante úteis quando ele for titular no time.

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  14. Gerson e amigos

    Ainda cedo para dizer que o Cacaio é o melhor treinador do parazão,ainda é cedo para dizer que esse Paty é craque(Jogador tem 29 anos e nunca teve destaque no futebol carioca),ainda é cedo para dizer que o paisandu vai ser um fiasco em todo campeonato.

    Enfim acho que mesmo com o nivel tecnico sofrivel do campeonato,todos nos estamos comentando no blog,torcedores indo ao campo,o que prova a paixão do torcedor paraense,mesmo que ele não seja correspondido como deveria.No remo o lateral Balu,Rodrigo Aires e Juliano são os mais fracos,ainda falta muito para melhorar.

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  15. Como o comandante da Itália não pode vir para o papinha, sugiro que o novo treinador seja o caro amigo Claudio santos.
    Só precisamos saber se o columbia vai liberar o seu treinador.

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  16. Meu caro Gerson, tens toda a razão: viva a diversidade de opinião! Ela é uma das poucas garantias de qualificação nos debates e em tudo o mais na vida.

    Mas, com todo o respeito, não foi sobre opinião que divergimos. Afinal, são fatos: (a) o Betinho não entrou no segundo tempo; (b) e a torcida do Remo durante o jogo, jamais viveu qualquer momento de angústia “temendo um tropeço”.

    Ademais, meu post está aí mesmo, logo acima, para mostrar que em nenhum momento o considerei sequer aceitável o desempenho do Remo, seja no final do jogo, quando do chute perigoso do JOÃO PEDRO, seja no restante do jogo. Tanto é verdade que iniciei criticando os chutões, a falta de inspiração, de categoria e as batidas de cabeça dos jogadores; e terminei reclamando do placar irrisório e dizendo que o horizonte do Remo não é azul como a vitória e o domínio do jogo poderiam fazer supor.

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  17. A realidade atual do futebol paraense precisa ser encarada. O baixo nivel técnico pode ser compensado com a força de vontade dos atletas impulsionados pela torcida. Assim, O Remo tem que aproveitar o momento de desentrosamento dos times e vencer o primeiro turno. Não temos tempo, nem paciencia para perder.

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