Por Gerson Nogueira
A centésima edição do Campeonato Estadual pode representar um sopro de renovação no alquebrado futebol paraense, apesar de alguns aspectos que desestimulam grandes expectativas. Para começar, o maior apelo da competição – a histórica rivalidade entre Remo e Paissandu – é também a maior vítima da decadência técnica, do esvaziamento das arquibancadas e da ausência de ídolos.
Ao longo dos últimos dez anos, o fervor que atiça as torcidas não encontra eco nos gramados. Apesar de seguirem trilhas parecidas, Remo e Paissandu andam cada vez separados, distanciados pelas dificuldades que os times emergentes oferecem. Decisão de campeonato em Re-Pa virou raridade.
No ano passado, a progressiva queda de qualidade chegou ao desfecho esperado com o triunfo de uma equipe interiorana. Um novo feito desse nível pode esfriar de vez o caldeirão de emoções que antigamente dividia o Estado e incendiava os estádios.
Não cabe aqui repetir todo aquele rosário de problemas que assolam o nosso futebol, mas não se pode falar em novos tempos sem mencionar a realidade vivida pela dupla Re-Pa. Até porque o êxito ou fracasso do campeonato ainda depende diretamente dos velhos rivais.
O aperreio financeiro dos mais tradicionais disputantes torna o Parazão deste ano um dos mais modestos em termos de atrações. Até mesmo os técnicos são caseiros. Os reforços mais reluzentes (Magnum e Ronaldo) são paraenses repatriados. Os dirigentes parecem mais preocupados com o equilíbrio de contas, o que é sempre um bom sinal.
Santo de casa não faz milagre, ensina o dito popular. No Pará, o renascimento do futebol está nos pés dos valores regionais, quase todos novatos. Cametazinho, Bartola, Reis, Tobias, Jaime, Johne, Héliton, Pablo, Luan, Igor João, Billy, Alex Juan, Sato, Jairinho. Para dar certo, o torcedor precisa abraçar a causa e incentivar essa mudança de atitude.
Na contramão da expectativa geral, o Remo aposta num time cheio de figuras desconhecidas, quase todas oriundas do futebol goiano. Joãozinho é o único paraense na escalação para o jogo com o Águia. Surpreendente para quem passou o período de preparação utilizando sempre os garotos da base nos amistosos pelo interior. Jaime, Reis, Cametazinho, Alex Juan, Betinho e Alan Peterson são, no mínimo, do mesmo nível dos forasteiros.
Alguns clubes não toleram jogador que se mete em barcas. Em São Paulo. O goleiro Anderson e o lateral-esquerdo Ceará foram dispensados do XV de Jaú, time da Terceirona paulista, depois de chegarem embriagados ao treino. Detalhe: ambos tinham menos de 48 horas como contratados do clube. Como são conservadores esses clubes paulistas…
Por aqui, onde a tolerância é plena, reforços vindos de outras praças já desembarcam cientes das vantagens de jogar em Belém, a terra sem lei. Josiel (o das paquitas) & cia. que o digam.
O MMA tinha mais uma de suas programações de pancadaria agendada para o sábado à noite. Com narração (e emoção) de Galvão Bueno. Diante de tantos atrativos, não pude deixar de não ver, obviamente.
E o Rio de Janeiro, sempre libertário, começa a mostrar enfado com o vale-tudo. Os ingressos encalharam, apesar da maciça exposição na mídia. O evento de abertura foi um fiasco, nenhum fã presente. Um ano atrás, havia multidão assediando os lutadores. Sinais de esgotamento?
(Coluna publicada no Bola/DIÁRIO deste domingo, 15)
Você como jornalista se mostra, por esse recalque e ignorância tremenda, o quanto você é desprovido de inteligência. Ontem, uma imensa multidão ficou até altas horas da noite assistindo o evento. Você é tão desinformado, que não sabe nada em relação aos ingressos (na verdade, leu alguma notinha de rodapé na internet pelo visto), dizer que ficou encalhada a venda é um absurdo, pois faltaram tão somente 200 ingressos de um total de 15 mil para serem vendidos. Encalhado são os jogos desse Campeonato paraense horrível que nada tem à acrescentar pra nenhum torcedor do Pará. A propósito meu amigo, é bom você aceitar, pois o mma vai ser um dos esportes mais populares do mundo, e sua sede de raiva (recalque mesmo) em relação ao esporte não vai adiantar nada, pois você é 1 entre milhões que não gostam e, sinceramente, não precisamos ouvir nada de alguém que nem informado é! Pelo contrário, se mostra um completo ignorante do assunto, pois o leigo pelo menos procura entender, mas você nem isso. Mas, não perdeu a oportunidade de ver o evento, que irônico isso! Abraços!
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Logo se vê, pelo tom sempre ressentido e furibundo, que o amigo é um legítimo tiete de vale-tudo. Quanto à informação da queda de interesse do público carioca, ela está em todas as agências noticiosas. Repito: respeito as preferências, seja de que natureza for. Só não me peça para gostar de uma luta cujo princípio básico é a agarração entre machos besuntados em óleo. Não curto isso, meus princípios baionenses entram em choque com essa dengosa troca de amabilidades. Como também não aprecio pancadaria, dedo no olho e braços quebrados. Há quem goste – inclusive de apanhar. Eu, não. Gosto de esportes de verdade, que privilegiam talento e habilidades. Mas, pelo visto, são aspectos que você não aprecia, nem compreende. Paciência, vida que segue.
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De fato, violência pura e exposição máxima de testosteronas. Mais grotesco é a figura do Galvão Bueno narrando com comentários do intelectual Anderson Silva, coitado, tentando explicar o que era um octógono. Aliás, duvido que os lutadores e fás saibam o que geometricamente significa o termo. Gérson, não sei se o Thiago Lafer anda lendo o Blog, mas que baixou um espírito do blog lá pelo Esporte Espetacular de sábado, não há dúvidas. A ênfase da reportagem nas gostosas “garotas do octógono”, foi duca. Ponto para o Thiaguinho. Aliás, esse menino anda aprontando por lá. Sábado passado foi sobre o site do Brasiliense. O menino parece ser um apreciador das nossas causas, camarada. Espero que continue assim. Rs.
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Cuidado quando fala que eles não sabem o que significa o que é um octógono, afinal, Machida tem até curso superior…
Quanto ao que Gerson falou, creio que ele se equivocou na interpretação, afinal o MMA é um dos esportes que mais crescem no mundo (em todos os sentidos), talvez, o que as mídias quiseram dizer é que este UFC (menos recheado de estrelas – não tinha Anderson Silva, por exemplo), tenha chamado menos a atenção do público.
Apesar disso, não mudo a minha opinião quanto a este Esporte (considero um esporte Gerson, apesar do excesso de violência tem suas regras) que é: este é um esporte de violência e que discursa sobre violência, produzindo, consequentemente, violência.
Abraço!
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Atualmente, ter curso superior não significa muita coisa. É só lembrar que a atual safra de sucessos musicais do país, tem seu público inicialmente formado nas universidades, principalmente as particulares: Michel Teló, Luan Santana, Rodolfo e Cecília, Fernando e Sorocaba, Tadeu e Tadando, e por aí vai.Alias, nesse exato momento em que estou teclando, uns vizinhos universitários (umas universitárias bem gostosas) estão tocando Michel Teló desde a manhã. Músculo nçao combina com cérebro. A conciliação entre os dois é caso raro na Biologia.
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Éguaaa, camarada, essa dupla Tadeu & Tadando deve ser bem popular mesmo em certos segmentos. Hahaha…
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Cássio, por um acaso estavas no Taperebar no sábado à noite? Ambiente e música boa pelas bandas de lá viu?!
Quanto ao curso superior, tens toda a razão. Ter duploma não é sunônimo de muita coisa hoje em dia, dada a banalização (que muitos confundem com universalização, o que é totalmente deiferente) de cursos e “facus” (como dizem por aí) pelas esquinas do país. MMA, UFC, Michel Teló e Breganejo “universitário”? Prefiro os bons e velhos Boxe e Rock and Roll…
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A pindaíba está presente em todos os clubes -inclusive de além-mar, mas no caso do Pará é estrutural.
Tendo em mente o jogo Barcelona x Santos, e o que nos tem mostrado a Copa São Paulo de Futebol Junior (2012), podemos incluir na discussão da pindaíba, a impressionante decadência técnica do futebol nacional.
Já nesses últimos casos (MMA, UFA, Michel Telós e Tecnobregas) a pindaíba só faz piorar ainda mais as coisas.
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Amigo Gerson eu gostaria muito de crer que o Paissandu vai continuar com a prata da casa até o fim do campeoanto, independente do resultado.Queria abraçar essa causa, mas eu sei que assim que terminar um turno o NAD é demitido e os meninos serão substituidos.Se houvesse um centro de treinamento , uma comissão técnica capacitada daria certo.Por isso prefiro que NAD perca logo mais duas em seguida para pelo menos aparecer outro técnico.
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Vicente, quanto à decadência técnica do futebol nacional, fiz um comparativo ontem à tarde. Pouco antes do jogo Flamengo x Corinthians, assisti a Swansea 3×2 Arsenal pela Premier League. Embora o jogo não tenha sido ótimo, foi muito bom, com alternâncias no placar e jogadas sempre em busca do gol. E mesmo sendo um amistoso, e no calor causticante de Londrina, não pude deixar de comparar a malemolência das equipes no Estádio do Café com o dinamismo do jogo praticado pelo britânicos. A distância entre os jogadores das equipes rubro-negra e mosqueteira era de um latifúndio, a “velocidade” na troca de passes era de fazer corar de vergonha uma tartaruga… e pensar, ainda, que teremos que aturar os “super” campeonatos paulista, carioca, gaúcho, mineiro… Deus, salve o futebol brasileiro!
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