
Remo e Paissandu venceram seus jogos, as torcidas estão felizes e os técnicos aliviados, mas a verdade precisa ser dita: o futebol esteve muito abaixo das expectativas. Em Belém, o time de Sérgio Cosme teve alguns lampejos de bom futebol. Com mais capricho nas finalizações, podia até ter goleado a Tuna nos primeiros 45 minutos do clássico jogado no Souza, embora sem fazer por onde.
Até surpreso com o espaço deixado pelos cruzmaltinos, o Paissandu fez o gol logo aos 12 minutos com Rafael Oliveira e, depois disso, cansou de desperdiçar bons contra-ataques. Rafael perdeu mais duas chances, Sidny mandou bola na trave e Mendes quase marcou. Tudo isso, é bom dizer, muito mais pelas facilidades permitidas pelos cruzmaltinos do que por mérito e criatividade dos bicolores.
No segundo tempo, depois de sofrer o gol de empate e tomar uma pressão nos primeiros 20 minutos, Cosme finalmente acertou a mão ao cometer uma imprudência. Trocou Andrei e Alisson por Claudio Allax e Héliton, deslocando Sidny para a armação. O mais habilidoso jogador do time cumpriu seu papel, aproximou-se dos atacantes e garantiu a vitória.
Aos 39 minutos, conduziu a bola com habilidade e bateu da entrada da área no canto esquerdo de Adriano, desempatando a partida quando o ritmo estava mais lento em função do desgaste físico dos dois times. Sidny ainda teve gás para ir à linha de fundo e cruzar para Ari marcar o terceiro, aproveitando o desajuste que tomou conta da defesa tunante.
Quem olha apenas o placar pode ter a impressão de que foi uma vitória fácil. Ledo engano. Apesar das deficiências da Tuna na marcação, o Paissandu não produziu jogadas para alcançar um resultado cômodo. O triunfo veio nos instantes finais, graças às virtudes individuais de Sidny.
No sábado, em Marabá, o Remo também conquistou uma vitória enganosa. O marcador de 3 a 1 não retrata nem de longe o que foi o jogo, que no primeiro tempo teve quase total controle do Águia. O time marabaense trocou passes à vontade, encurralou o Remo em seu próprio campo e só pecou pela incapacidade de definição das jogadas de área.
Paulo Comelli tirou o lateral Gleison, improvisou Tiaguinho em seu lugar e povoou o meio-campo de volantes. Ratinho era a andorinha solitária na armação de jogadas, naturalmente perdido em meio à marcação e isolado dos esquecidos atacantes Rodrigo Dantas e Tiago Marabá.
Um golaço de Marlon na cobrança de falta abriu o caminho para o triunfo remista. O diabo é que o Águia empatou quatro minutos depois, também em lance de falta. Veio, então, a única grande jogada coletiva da noite: passe de Marlon para Tiago Marabá e deste a Jailton Paraíba, que chutou rasteiro na saída de Inácio. Não satisfeito, o velocista Jailton empreendeu uma arrancada de quase 60 metros, superou marcadores e fez o terceiro gol. Não se viu esquema tático definido, nem jogadas trabalhadas. O Remo, como o maior rival, foi salvo pela iniciativa de um homem só. (Foto 1: NEY MARCONDES; foto 2: CEZAR MAGALHÃES/Bola)
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 18)