Coluna: A regra estraga-prazeres

A arbitragem cumpre regras que existem para ordenar o caos que reina numa partida de futebol. Algumas dessas normas são confusas, de difícil interpretação, mas ainda assim são mantidas até hoje pelos senhores da Fifa. É o caso do conceito de motivação para o pênalti, que gera mil qüiproquós em campo. Há juiz que assinala a falta máxima pela simples intenção de cometer a falta dentro da área. Outros só punem em demonstrações explícitas de violência, atos quase homicidas por parte de zagueiros carniceiros.  
Mas, curiosamente, algumas sentenças são dadas de forma incontinenti, sem qualquer discussão, pelos síndicos do espetáculo. É o caso, por exemplo, da comemoração de gols fora das quatro linhas e sem camisa. Claro que há exagero na festa, mas o que pode ser mais sensacional num jogo de futebol?
Ora, o gol é a razão de tudo e deveria haver a compreensão necessária para abrandar a punição aos artilheiros mais entusiasmados. No entanto, quase sempre o festejo é castigado duramente com cartão amarelo e, em certos casos, com vermelho.
Há também a tal preocupação com os patrocinadores, manifestada nas ocasiões em que o autor do gol levanta a camisa e impede que a logomarca do anunciante seja filmada e fotografada no momento culminante do pagode. Bem, entendo que essa é uma questão a ser definida pelos clubes e não pela Fifa, cujos olhos deveriam estar atentos a outras coisas.
Anteontem, na Vila Belmiro, Neymar fez um gol de Pelé contra o Colo-Colo e foi expulso por uma bobagem. O árbitro agiu estritamente dentro da lei ao puni-lo com o amarelo (como já tinha sido advertido antes, acabou expulso). Afinal, é o que está escrito nas regras.
Não cabe crucificar o mediador. O problema é outro. Quem disse que essas regras estão certas? Faltam critérios lógicos e inteligentes para respaldar a orientação punitiva. Neymar pegou uma máscara de papel e exibiu para as câmeras. Uma brincadeira sem maiores conseqüências, desprovida de caráter discriminatório, ideológico, religioso ou ofensivo. Sua Senhoria, porém, observou apenas o que diz o texto frio da lei e expulsou o craque santista. Faltou bom-senso.
Há um conhecido ex-árbitro, hoje comentarista, que popularizou o bordão “a regra é clara”. Atos como o do árbitro CDF que expulsou Neymar desmentem essa certeza. Na verdade, a regra é obscura, jurássica, senil e estraga-prazeres. Nada mais frustrante para o espetáculo do que a exclusão de um craque por motivo fútil.
 
Definitivamente, o que a diretoria do Paissandu promete não se escreve. Depois do jogo em Salvador, o presidente disse à Rádio Clube que iria dispensar três jogadores na chegada a Belém. A lista (que teria Elton Lira, Alex Oliveira, Nei Baiano ou Martín Cortez) ainda não foi divulgada. Deve sair amanhã, ficar para segunda-feira ou para quando fizer bom tempo.  
 
 (Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 08)

24 comentários em “Coluna: A regra estraga-prazeres

  1. Um exagero certamente. Com relação às marcações de penalidade máxima, há situações em que se pode optar pelo meio-termo como o tiro indireto.
    Em certos lances, marcar um penal é como condenar alguém à morte por ter roubado um pão para matar a fome (exagerando aqui no exemplo dito por João Saldanha, certa vez). A regra pode ser clara, as situações em que se aplica ou não a regra é que não são – futebol não é ciência exata, por isso transcende as regras.

    Quanto à máscara, nem precisava: ele já usa uma o jogo inteiro e nem é punido por isso.

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  2. Mando um grande abraço a nuestro hermano ALONSO PEREZ, lá no Canadá, tentando falar fluentemente mais uma língua estrangeira: francês.
    Um grande amigo, apesar de nossas diferenças de pensamento em algumas áreas. Obrigado pelas fotografias.
    Fiz-lhe uma homenagem em meu blog particular.

    HOJE, 08 de abril, é dia Mundial de Combate ao Câncer. Meus louvores aos profissionais e pessoas abnegadas que trabalham nessa atividade nobre.

    Pensamento de hoje: “A sabedoria vem de escutar; de falar, vem o arrependimento.”. Provérbio italiano

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  3. Depois que Neymar foi expulso, a torcida do Santos devia se retirar do Estádio como forma de protesto.
    Pagamos ingressos para ver espetáculo. Essas regras insanas estão engessando com a beleza do futebol.

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  4. Gerson, a coluna hoje merece um dez, deste humilde arbitro de futebol. Mediar 90 minutos de futebol não é facil, devido as varias interpretações que uma pessoa sã, pode ou nao efetuar em um jogo …A regra é clara, como diz o ACC, porem,um exemplo de que seu texto está perfeito, é sobre a mão na bola ou bola na mão…a regra não toca nesse tipo de lance…o arbitro é que, em segundos, decide se o atleta tocou por que quis a mão na bola, ou se nao houve intenção de cortar a trajetoria da mesma…eu sempre digo por aí, que sao 22 jogadores e mais a torcida contra o arbitro..se acerto, saio sem ser visto e ninguem elogia..se cometo vacilo, chama a ROTAM …rsrsrsrrs….

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  5. Bom dia a todos!

    Se olharmos, para o lado da inreverência, com certeza e bacana desde que não seja demeritório e ofensivo aos adversários! Mais à FIFA e, à nosso CBF, baniram esses tipos de comemorações, que na minha opnião não a nada demais, o problema e que, os jogadores às vezes, demoram muito comemorando e atrazando o reinicio da partida, é muitos ainda, fazem comemorações ofensivas aos torcedores adversários….

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    1. Já tô na área, amigo Berlli. Aliás, essa do amigo Edmundo: Chama a ROTAM, te dizer…rsrsrsrsr, mas é por aí mesmo, amigo, vida de juiz não é fácil, não.rsrs

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      1. Lembro que lá na estrela, (hoje Mariz de Barros) tinha o Campo do São Paulo futebol pelada. Certa ocasião o Juiz já tinha mandado chamar um taxi e apitou o final do jogo próxima a bandeira de corne e pernas para que te qureo. Foi engraçado. Rsrsrs

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      2. Berlli e Edmundo, se cada um começar a contar uma história de pelada e de situações que passam os árbitros de futebol, é melhor deixar o Berlli chegar e a gente se reunir em um bar, de preferência no PEIXE FRITO, lá na Senador Lemos(rsrs). História é que não vai faltar,de técnicos, então…..rsrsrs

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  6. As regras que lá estão (na FIFA) representa exatamente o que os patrocinadores de clubes querem: visibilidade no momento do espetáculo. Os clubes não têm forças diante de seus financiadores. Veja o que aconteceu com o “clube dos 13” enfrentando a Rede Globo. Nunca vi os olhos da FIFA para outras coisas senão para o LUCRO.

    Se as regras estão ou não certas eu não sei, mas o fato é que, o futebol tem suas regras e, portanto, assim como num ambiente fabril (profissional!), o futebol tem sim critérios, o que não há, é o conhecimento das regras por parte do jogador “profissional” de futebol (quem deveria ser o mais interessado em conhecê-la).

    “A regra é clara”? Sem duvida, interpretações é que deixam nodoas, mas, o pior é o descaso dos jogadores concernente às regras do seu ganha-pão, é um comportamento análogo aos dos políticos em relação à Constituição ou Carta Magna brasileira.

    Futebol não é circo, no qual os palhaços conseguem fazer todos sorrirem, o futebol é disputa, é concorrência, têm vitoriosos e derrotados e não é só dentro das 4 linhas, nas arquibancadas é que são elas, e por isso, às regras, doa a quem doer, têm que ser aplicadas.

    Sócrates, Falcão e Zico, nunca precisaram de palhaçadas para alcançar o status de craques no Brasil e no mundo!

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  7. … também Pelé, Garrincha, Tostão, Roberto Dinamite …
    Era o futebol pelo futebol, a arte pela arte. Tendo talento, não se precisa de mais nada. Mesmo raciocínio vale em outros campos.

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    1. Falando em habilidoso e a quem interesar no blog terra da xelita tem uma materia sobre Tiago Potyguar no seu novo clube na China, (Tiago jogando para Chinês ver )

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  8. Mais uma alfinetada no Papão, todo dia é assim, acho que não é assim que vão ressuscitar o “morto”. Depois que o AK saiu parece que tudo é maravilha pro lado dos zubís, tudo encobertado. Te dizer!

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