
Aproveitei a passagem pelo Rio para realizar antigos sonhos. Um deles era o de conhecer a confeitaria Colombo, tradicional casa que remonta ao Rio dos anos dourados, capital federal e locomotiva cultural do país. Além da excepcional oferta de doces e petiscos, a Colombo oferece uma arquitetura diferenciada, com seus vitrais deslumbrantes e decoração interna que lembra o começo do século. Entrar nos salões da confeitaria é como abrir um portal para os anos 50/60. Para um botafoguense, há uma razão ainda mais forte: Carmen Assis, a proprietária da Colombo, era alvinegra, assim como seu filho Maurício, que recebe a todos os visitantes com fidalguia e bom humor.

Levado até ele pelo maitre Marcelo, também botafoguense, conversamos por quase meia hora. Fã de cupuaçu e açaí, Maurício lembrou do nosso Quarentinha, maior artilheiro da história do Botafogo, falou de sua amizade com Jairzinho e Bebeto de Freitas, ex-presidente. Depois disso, fui convidado a escrever uma mensagem no Livro do Botafogo, organizado por Marcelo há mais de cinco anos e que contém autógrafos de gente muito importante, como Maurício (herói do título de 1989), Giba do vôlei, Sandra Moreyra (repórter e filha do saudoso Sandro Moreyra), Stepan Nercessian, Zeca Pagodinho e Beth Carvalho.


Para coroar a visita, aproveitei para almoçar no andar de cima da Colombo, lotado ao meio-dia, como se a vida estivesse absolutamente normal no Rio de Janeiro. O impressionante é que, desde que foi inaugurada, em setembro de 1894, por Lebrão e o sócio Joaquim Meirelles, a confeitaria mantém as linhas originais da belle époque carioca e as receitas que a consagraram. Como se o tempo não tivesse passado e seus corredores continuassem a receber Olavo Bilac, Rui Barbosa, Chiquinha Gonzaga, Villa Lobos, Getúlio Vargas e outros vultos importantes.
