Coluna: Um capitão sob suspeita

Sandro tornou-se ídolo do Paissandu pela inegável garra com que sempre defendeu as cores alvicelestes, assumindo o papel de um verdadeiro herói no imaginário do torcedor. Esse conceito se consolidou ainda mais pelas seguidas demonstrações de afeto pelo clube. Além da disposição e fúria nos confrontos com o Remo, sempre cultivou o hábito de não pronunciar o nome do tradicional rival, atitude que o coloca no mesmo nível de qualquer torcedor apaixonado.
Identificado com a fase mais vitoriosa do Paissandu, principalmente na disputa da Taça Libertadores de 2003, Sandro atraiu interesses de grandes clubes, transferiu-se para o Grêmio e passou 5 anos longe do Pará. Quando retornou, já na descendente, o velho capitão não escondeu de ninguém o propósito de pendurar as chuteiras na Curuzu.
Mesmo sem o vigor de outros tempos, Sandro justificou a aposta dos dirigentes. Manteve a lua-de-mel com a galera, empenhando-se no limite máximo e exercendo com gosto o papel de xerife, tanto na ascendência sobre os companheiros quanto na firmeza para encarar (e até peitar) árbitros.
Com a bola nos pés sempre rendeu bem, valendo-se do bom passe e da conhecida categoria para se aventurar em manobras ofensivas. Foi peça fundamental na campanha do bicampeonato estadual, mas, na Série C, contundido, desfalcou o time em várias partidas e não foi o jogador regular de outras jornadas.
Nada disso teria tido maior importância se, no cruzamento decisivo com o Salgueiro, Sandro não tivesse pressionado o presidente do clube em busca de maior gratificação para o elenco. Por mais bem-intencionada que tenha sido a iniciativa, soou como agitação. Para piorar, aproveitou a situação para exigir a renovação antecipada de contrato.    
Como previsível, o carinho que a torcida sempre lhe devotou se transformou em decepção. Sandro, talvez até injustamente, passou a arcar com o ônus da responsabilidade maior pela eliminação do Paissandu.
Para espanto geral, a diretoria admite agora a idéia de promovê-lo a técnico. A justificativa, não oficial, é fazer um ajuste de dívida. Estranho é que, em nome dessa suposta economia, a diretoria coloque em risco todo o projeto de montagem da equipe para 2011. A conferir.
 
Enquanto a gestão atual despede-se sem títulos no futebol e envolvida com o calote de salários dos funcionários e ex-jogadores do clube, o burburinho político domina os bastidores do Remo. A boa notícia vem da Chapa 1 – Reconstrução e Seriedade, que tem o apoio de grandes beneméritos e ex-presidentes: a indicação de Manuel Ribeiro para a presidência do Conselho Deliberativo na eleição do próximo dia 20 de novembro. Nome unânime no clube, o “Marechal da Vitória” reuniu ontem com dois representantes da chapa, Antonio (Tonhão) Carlos Teixeira e Ubirajara Salgado, e aceitou concorrer ao segundo cargo mais importante do clube. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 4)

14 comentários em “Coluna: Um capitão sob suspeita

  1. Trata-se de uma grotesca manobra de LOP para constranger o jogador a sair. Já que não tem como pagar a multa rescisória, o clube não pode dispensar o atleta. Tenta então forçá-lo a pedir seu desligamento, o que livraria o Paysandu da multa, e para tal cria embaraços como este. A proposta de LOP deixa claro que Sandro não interessa mais como jogador, e não me consta que algum dia ele tivesse manifestado o desejo de ser técnico. Logo, o clube está claramente intimidando, constrangendo o atleta. Uma informação: ao renovar contrato, o salário dele passou para módicos 50 mil reais, algo totalmente fora de nossa realidade.

    Se Sandro aceitar ser técnico, outra casca de banana está preparada: vão lhe dar um time fraco de propósito para que a equipe perca e o novo treinador fique sem ambiente… Sandro já é macaco velho para saber as estratégias usadas pelos dirigentes e duvido que aceite uma proposta tão furada.

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    1. Pelo que sabemos quando técnico não corresponde é demitido e com direito a indenização, logo acho que não é essa a idéia de LOP. Pelo ambiente criado creio que Sandro não aceitará essa condição já que a torcida não está mais paciente depois da pressão por prêmio maior na vaga a série B. Só as loucuras de LOP justifica essa medida, mas tudo pode ser badalação de fim de ano.

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  2. Tudo pelo nome na mídia, de um lado e do outro. O político aposentado que está querendo voltar e outro que quer ser político mas não tem coragem de externar a sua vontade.

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  3. Caro Gérson, após a eliminação do meu Papão para o Salgueiro resolvir não acompanhar por uns tempos os noticiarios esportivos do estado, afinal estou cansado de ouvir que vai ter reformulação e outras coisas mais, pois todos nós sabemos que nada disso vai acontecer. Agora ao acompanhar de novo noticiário fico surpreso de saber que querem transformar o Sandro em técnico, algo muito aquém para as pretenções do Paysandu, afinal o jogador não tem o perfil necessário para ser técnico, o presidente tem que parar de fazer experiências e trazer um treinador bom para toda a temporada, pois se o time for bem em campo a torcida paga ate 10 treinadores.

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  4. Bruno, respeito sua opinião, mas permita-me discordar que “…a torcida paga …” Como voce mesmo diz, só se o time for bem. O que precisamos é de gestão profissional, porém, não nos iludamos. Os nossos dirigentes são “sabidos” e não o fazem por interesses inconfessáveis, que todos sabem. Eles querem manter-se como donos do clube, todos poderosos, os verdadeiros salvadores da pátria e ainda posando de mecenas. Esses caras, não querem resolver nada,planejar nada,profissionalizar nada… Pra eles, do jeito que está, tá bom demais! Em vários estudos,artigos e reportagens sobre os aspectos econômicos do futebol atual, as rendas dos jogos, não são principal fonte de receita dos clubes, vindo antes dela, a venda de jogadores,contratos de publicidade, contratos com a televisão para transmissão dos jogos e Programa de sócio torcedor.Essa forma de contratar jogadores utilizada pelo Paysandu nos últimos 2 anos( para não ir mais longe) está provada que não dá certo e o que é pior, é nociva, antieconômica e burra. Falo das contratações casadas, impostas pelos empresários: Te coloco no clube o jogador X, mas você leva de contra-peso a, b, c e d, que geralmente ganham bem, porém só participam de treinos coletivos. Somente se faz grandes times quando se estrutura o clube, isso leva tempo e não é garantia de títulos, porém é o melhor caminho…Isso eu te garanto.

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    1. Com certeza Ricardo você tocou em um ponto crucial que vive o futebol brasileiro em que os clubes são refens de empresários que nada mais e nada menos querem colocar suas mercadorias (jogadores) no mercado para ganhar sua comisão, eu acredito que o LOP foi infeliz em atender as exigências de Sandro na renovação de contrato, pois não acredito que ele com a idade que tem não jogaria em nenhum time do mundo muito menos no Brasil com um salario de 50.000.00 R$ e o LOP era para ter feito o inverso e colocar ele contra a parede e caso ele se recusa-se a jogar contra o Salgueiro aplicava uma multa, já que o problema era dinheiro quando ele senti-se no bolso com certeza pensaria duas vezes.

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  5. Gerson, quando voce afirma que no REMO a boa notícia vem da chapa 1, não sei se dou risada ou choro. Grande parte dos componentes desta chapa, foram ferrenhos opositores a que o clube tivesse uma nova perspectiva. Muitos deles tiveram participação direta ( por ação ou omissão) na atual situação do clube. Nossa torcida anda mofina porque, tudo o que ela queria era um novo horizonte. Causa estranheza voce, jornalista que deveria primar pela imparcialidade, no episódio da negociação (frustrada em muito por causa deles) pareceu mais um dos reacionários da dita chapa.

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    1. São opiniões diferentes, Sérgio. Respeito a visão que você expressa, mas quando lamenta que a aloprada negociação do Baenão tenha se frustrado fica claro que pensamos de forma muito diferente. É claro que os dirigentes e conselheiros têm responsabilidade na situação atual – a bem da verdade, todos têm, inclusive a omissa torcida -, mas nenhum lutou tanto pela destruição do patrimônio do clube como o “estadista” que ainda ocupa a presidência.

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  6. Com todo respeito ao Gerson,mas já deu pra perceber em que tecla ele vai bater daqui pra frente, depois do Amaro. Agora,dizer que a chapa 1 é uma boa notícia para o Remo, recai naquilo que sempre falo, que as vezes as pessoas querem o bem do Remo, segundo elas, mas não sabem o que seria bom para o mesmo, senão vejamos:
    1- Essa chapa sendo eleita, o Presidente do Condel, será nada menos(e, já está definido), o Manoel Ribeiro, que vendeu o Posto Azulino, quando foi Diretor de Futebol, travestido de Presidente;
    2- Essa chapa sendo eleita, segundo ouvi em uma Rádio, ontem, os candidatos a Diretores de Futebol, travestidos de Presidentes, serão:
    – Ronaldo Passarinho – Que montou um time ridículo em 2004 e, rebaixou o Remo para á série C. Em sua Administração, o Remo não conseguiu crescer, também, Administrativamente;
    – Ubirajara Salgado – Ídem, Ídem
    – Benedito Sá – Ao que me parece, a mando desses “Cardeais”, lhe propuseram o seguinte: Se junte ao Dr. Hamilton e, tentem “melar” essa venda e, traremos vcs dois, que já estavam esquecidos, para dentro do Remo, novamente, por isso os dois, hoje fazem parte dessa chapa. Não é muita coincidência? Pra mim, não tem capacidade de soerguer o Remo, muito pelo contrário, só mostra que, através de tanto pedido de Tombamento que a cada dia desvaloriza ainda mais o Patrimônio Azulino;
    – Tonhão, que estava “talhado” como diziam para ser Presidente do Remo, passou uma manhã e parte da tarde em um programa de rádio falando dos seus projetos(todos vazios) como Presidente, mas pensava que a venda do Baenão ía ser concretizada, logo iria assumir um time saneado e com dinheiro para ele gastar. Não dando certo a venda, caiu fora, alegando tempo. Pode?
    – Então torcedor, são esses, os mesmos de sempre que em 106 anos, nunca conseguiram fazer nada pelo Remo e, por isso não crescemos administrativamente e, nem no futebol, que hoje, o nosso amigo Gerson diz que seria uma boa notícia para nós torcedores. Penso até que seja, mas para aqueles que tem memória curta e, não acompanham os passos do seu clube. Desculpe, mas na minha opinião, foi uma Péssima notícia.

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