Com um time misto, a Argentina conseguiu passar pela Grécia na última rodada do grupo B. Sete titulares foram poupados, entre eles o artilheiro Higuaín. E a equipe sofreu para vencer por 2 a 0. Com o resultado, a equipe trminou a fase em primeiro lugar, com 100% de aproveitamento, e se classificou para enfrentar o México nas oitavas de final. Messi, um dos poucos titulares que atuaram no jogo, mais uma vez passou em branco. Já o veterano Palermo estreou em Copas e marcou um gol – o outro foi do zagueiro Demichelis. No final da partida, Messi reclamou da arbitragem, que, em sua opinião, permitiu que fosse caçado em campo pelos jogadores gregos. Uma das grandes figuras em campo foi o armador Juan Sebastián Verón, que voltou à equipe e comandou o meio-campo, recebendo 118 bolas e fazendo 110 passes certos.
Dia: 22 de junho, 2010
Dunga vence 1º round contra a Globo
A briga entre Dunga e a Rede Globo, escancarada pela emissora na noite de anteontem no programa “Fantástico”, é mais um capítulo de uma disputa inédita por mais acesso à seleção brasileira. Ao longo dos últimos dois anos, o treinador encerrou décadas de privilégios da TV e partiu para o confronto. Nesse caminho, acumulou palavrões contra profissionais da emissora, pediu a cabeça de desafetos no canal e se colocou no papel de censor e crítico de reportagens.
Os primeiros pedidos da emissora negados por Dunga datam de maio de 2008, quando o Brasil fez um amistoso com a Venezuela em Boston. Na ocasião, o técnico vetou a participação de Diego e Robinho em programa. O choque ganhou força na Olimpíada de Pequim, quando o treinador passou a acreditar que jornalistas que faziam a cobertura da sua equipe, especialmente alguns da Globo, torciam contra o Brasil e queriam sua demissão.
Ao ganhar a medalha de bronze do torneio, virou-se para a tribuna onde estavam repórteres de vários veículos e fez xingamentos parecidos com os do último domingo – contra o jornalista da Globo Alex Escobar, no Soccer City, durante a entrevista da Fifa, após a vitória de 3 a 1 sobre a Costa do Marfim. Dunga resistiu ao fracasso olímpico, passou a acumular bons resultados e ganhou força para perseguir seus desafetos, inclusive na Globo. O ápice da disputa aconteceu quando pediu a demissão de Mário Jorge Guimarães, um dos principais profissionais da emissora até então na cobertura da seleção. Guimarães acabou deixando suas funções na Globo e assumiu um cargo executivo no Sportv, canal esportivo por assinatura da empresa.
No ano passado, no próprio Sportv, Dunga atacou sem rodeios a cobertura que a emissora fazia sobre o time. Criticou reportagem do jornalista Mauro Naves, outro que esteve em Pequim, em que o profissional descrevia um treino da equipe como “leve” – Dunga detesta quando alguém fala que seu time não treinou pesado. Falcão, um dos principais comentaristas da emissora, é outro profissional da Globo na lista negra do técnico.
Em maio, no dia em que anunciou os 23 jogadores que iriam ao Mundial, Dunga fez rara deferência à emissora e concedeu entrevista ao vivo no “Jornal Nacional”, dando sinais de uma trégua. Na Copa, porém, a relação se deteriorou rapidamente depois que Robinho, em dia de folga, falou com a TV em um shopping – foi obrigado a pedir desculpa ao elenco. O ataque de anteontem foi a gota d’água, motivando a resposta da Globo, que deve azedar ainda mais uma relação que já foi umbilical. (Da Folha de S. Paulo)
Dunga francês faz grosseria com Parreira
O técnico francês Raymond Domenech terminou uma Copa do Mundo que já havia sido desastrosa para sua equipe, abalada por escândalos de relacionamento e eliminada logo na primeira fase, com um gesto grosseiro com o brasileiro Carlos Alberto Parreira, comandante da adversária desta terça-feira, a África do Sul. Depois de perder por 2 a 1 para os donos da casa, Domenech se negou a cumprimentar Parreira, causando constrangimento e surpresa no técnico brasileiro. “Praticamente não houve diálogo. Ele se recusou a falar comigo. Lamento muito o que ocorreu. Por educação e gentileza fui cumprimentá-lo depois do jogo, sei que ele não será mais o treinador da França.” O sujeito podia sair menos mal desta Copa.
Definidos dois primeiros jogos das oitavas
Com o fechamento dos jogos dos grupos A e B da Copa, já estão definidos os dois primeiros confrontos das oitavas-de-final: Uruguai x Coréia do Sul, em Porto Elizabeth, no sábado à tarde. E Argentina x México, no estádio Soccer City, em Johanesburgo, às 15h30 de domingo. Considero que o cruzamento mais complicado é o dos argentinos, pela forma como o México joga, na base da correria e da forte marcação. Já o Uruguai, cuja defesa ainda não sofreu gols, deve passar pela Coréia do Sul.
Kaká, fiel seguidor do mestre Dunga
O clima de confrontação com a imprensa esportiva que cobre a Seleção, levado a cabo pelo técnico Dunga, começa a contaminar os jogadores, como já havia previsto na coluna Conexão África. A exemplo de Felipe Melo, que usa as entrevistas para reproduzir o estilo bate-estaca que adota nos gramados, o meia Kaká aproveitou a entrevista do dia para mandar recados ao jornalista Juca Kfouri. Ao ser perguntado sobre treinamentos pelo filho de Juca, André, repórter da ESPN, Kaká comentou que o colunista o persegue em função de suas crenças religiosas. Kaká, como se sabe, é evangélico e membro da Igreja Renascer em Cristo, seita que é comandada pelos bispos Estevam e Sonia Hernandes, julgados e condenados nos Estados Unidos por crimes fiscais. A esposa do jogador é pastora e Kaká divulga as doações em dinheiro que faz à igreja. Dizendo que, ao criticá-lo, Juca ofende milhões de evangélicos no Brasil, o camisa 10 atribuiu a postura do jornalista ao fato de, segundo ele, ser ateu.
Kaká, que surpreendeu todo mundo ao se envolver em tumultos no jogo com a Costa do Marfim, acabando por ser expulso, vinha sendo criticado até esta partida pela falta de sequencia nas jogadas e falta de poder de decisão. Sua atuação na estreia da Seleção recebeu reparos de toda a imprensa esportiva brasileira. Contra os marfinenses, jogava bem, mas aceitou as provocações e terminou prejudicando o time. Para contestar os comentários e artigos de Juca, resolveu deixar de lado a seara futebolística e apelar para a questão religiosa, usando do expediente condenável de usar o filho do jornalista como porta-voz do recado. Sem dúvida, Dunga está formando bons alunos.
Celeste segue em frente, Bafanas saem de cena
O entusiasmo que tomou conta da Celeste depois de superar a África do Sul por 3 a 0 na segunda rodada do Grupo A se manteve intacta nesta terça-feira, no estádio Royal Bafokeng, em Rustemburgo. Com um gol de cabeça de Luis Suárez no final do primeiro tempo, o Uruguai bateu o México por 1 a 0 e assegurou sua vaga às oitavas de final da Copa como líder da chave, com sete pontos. Apesar da derrota, os mexicanos também estão classificados como segundos colocados: terminaram com os mesmos quatro pontos dos sul-africanos – que bateram a França por 2 a 1 -, mas com saldo de gols superior (+1, contra -2 dos Bafanas). Com isso, os uruguaios – que passaram toda a primeira fase sem sofrer um só gol, a 11ª equipe até hoje a conseguir o feito – voltam às oitavas de final da Copa do Mundo depois de 20 anos de ausência, desde a Itália 1990. Os bicampeões mundiais, assim como os mexicanos, esperam agora a definição do Grupo B para conhecerem seus adversários.
E durou exatamente 45 minutos a esperança por um milagre que poderia levar a África do Sul às oitavas de final pareceu ser possível. Com dois gols de vantagem, um jogador a mais em campo e a vitória parcial do Uruguai no outro jogo da chave, os Bafanas foram para o intervalo em Bloemfontein precisando de mais dois gols para concretizar o sonho. Mas o ímpeto inicial diminuiu quando a França marcou o seu na metade do segundo tempo. Com o placar final em 2 a 1, os donos da casa deixaram o estádio com um misto de sentimentos: apesar da felicidade pela primeira vitória na Copa, havia a tristeza pela eliminação na fase de grupos, a primeira de um anfitrião na história dos Mundiais. Já França confirmou o péssimo momento vivido em 2010, que culminou com uma crise interna durante a competição e a exclusão de Nicolas Anelka do grupo após o jogo contra o México. Sem vitórias, restou aos vice-campeões de 2006 comemorar o gol marcado por Florent Malouda no segundo tempo, que ao menos impediu outra campanha zerada como a de 2002.
Quase eliminados, Bafanas brilham na propaganda
A campanha é decepcionante e o time pode ser eliminado da Copa ainda nesta terça-feira, mas nas ruas, praças e supermercados o rosto do meia Steven Pienaar segue sendo explorado comercialmente, na condição de principal astro dos Bafanas-Bafanas. Na foto acima, o jogador aparece como garoto-propaganda num dos muitos cartazes espalhados pelo shopping South Gate.
Espanha não se reconhece
França corre atrás de um milagre
A França está praticamente eliminada da Copa, mas ainda tem uma chance remota de se classificar às oitavas de final, em caso de vitória sobre a seleção anfitriã e de qualquer resultado diferente de empate na partida entre Uruguai e México. Tudo isso, no entanto, só vale se os Bleus fizerem cair uma chuva de gols no estádio Free State. Antigos e atuais jogadores da França opinaram nos últimos dias sobre a situação do selecionado. Para alguns entrevistados, a seleção da França já pode ser considerada fora do páreo. Para outros, no entanto, os Bleus devem ter em mente que é hora de fazer as apostas e arriscar tudo, pois a sorte está lançada.
“Os jogadores precisam ter consciência de que essa partida é crucial para eles. Eles devem demonstrar que merecem fazer parte dessa seleção”, avalia Christian Karembeu, campeão do mundo de 1998. “Muitas coisas foram ditas nos últimos dias e não faz sentido continuar falando sobre isso”, afirma Zinedine Zidane. “Ainda resta uma chance, mesmo que mínima, de passar dessa primeira fase. Os Bleus devem apostar todas as suas fichas”.
Para Jérémy Toulalan, um dos jogadores da seleção atual, a equação é simples. “Precisamos de uma vitória contundente sobre a África do Sul, mas ainda não conseguimos marcar nenhum gol na competição. Enquanto houver uma pequena chance, porém, é preciso acreditar”. “Espero que essa partida marque um novo começo, que ele nos leve até o fim da competição, se os Bleus conseguirem se qualificar, ou nos leve ao futuro, se eles forem eliminados”, acrescenta Karembeu.
Livro homenageia heróis botafoguenses de 89
Por Thiago Fernandes
O que era para ser um simples lançamento de um livro se transformou em uma grande homenagem. Nesta segunda-feira, Rafael Casé e Paulo Sampaio lançaram a obra “21 depois de 21”, que, 21 anos depois, conta a história do título do Carioca de 89, que deu fim a um jejum de mais de duas décadas sem conquistas do Botafogo. No evento, realizado na sede do clube em General Severiano, compareceu grande parte do elenco campeão. A ausência mais sentida foi a do autor do gol do título, Maurício.Vitor, que fez o gol de empate em uma partida contra o Flamengo na Taça Rio, teve a honra de, ao lado do presidente Maurício Assumpção, inaugurar a placa em homenagem ao time de 89.
Paulinho Criciúma, artilheiro do Botafogo no Cariocão daquele ano com dez gols, foi o mais assediado pelos fãs que lutavam por um autógrafo no livro. Mas nem o calor que fazia dentro do salão incomodava o ex-jogador, que estava muito feliz. “Estamos relembrando as mesmas emoções de uma conquista tão bonita e tão importante. Sempre achei que a história valia um livro, mas nunca pensei que alguém o fosse escrever. Essa obra e esse evento aqui só ajudam a reafirmar a história do Botafogo”. O comandante da equipe campeã, Valdir Espinosa foi dos últimos a chegar. Preso no engarrafamento, o técnico mandou avisar que chegaria a tempo de estar com seus ex-atletas. “Isso aqui mostra o que é a torcida do Botafogo. É uma das que mais reconhece o trabalho que é feito pelas pessoas. Estou muito feliz com a lembrança”, disse.
89 mais importante que 95? Autor do livro, Rafael Casé levantou uma polêmica ao declarar que, para a geração dele, o título carioca de 89 era ainda mais importante que o Brasileiro de 95, por ter dado fim a um longo jejum e por ter resgatado a confiança do time.
Um dos famosos presentes ao evento, o ator Stepan Nercessian fez coro com o escritor. Para ele, aquele título foi mais que uma simples conquista. “Acho que eu nunca mais parei de comemorar. É difícil entender o que é uma pessoa passar 21 anos indo para os estádios achando que a hora vai chegar. Quando ela chega, você fica louco. Passei dez dias saindo com a camisa do Botafogo e gritando na rua. As pessoas me achavam maluco”, conta.
Pode ser que a geração mais nova de botafoguenses realmente não consiga entender esse sentimento. Mas uma torcedora em especial consegue. Com 12 anos, Sonja (na foto ao lado, com os autores do livro) foi filmada chorando atrás do gol do Botafogo após derrota para o Vasco no Brasileiro de 88 (Sonja era gandula). Depois dessa cena, o Glorioso nunca mais foi derrotado até chegar ao título carioca. “Engraçado como ainda hoje as pessoas me conhecem por causa daquele choro. Já até dei autógrafos. Fico sem graça com isso. Mas posso dizer que aquele choro deu muita sorte. Foi o último jogo do time no Brasileiro e, depois disso, não perdeu mais até ser campeão”, relembra a agora secretária do Sindicato dos Professores.
O livro tem algumas características interessantes. Conta com 89 depoimentos de torcedores que estiveram no Maracanã naquele 21 de junho. Entre os ilustres, estão Armando Nogueira, João Saldanha, Sandro Moreyra, Arthur Dapieve, Helio de la Peña e Gustavo Poli. Além disso, os nomes de 2.121 (21 depois de 21) pessoas cadastradas no site estarão em um anexo. Custa R$ 50,00 e o torcedor tem duas opções de capa. A preta, com letras brancas, e a branca, com letras pretas.
Capa do DIÁRIO, edição de terça-feira, 22
Conexão África (15)
Sim, é possível golear times retrancados
Uma Copa que apresenta resultados bizarros e deixa apreensivas algumas torcidas tradicionais teve finalmente seu dia de bonança. Portugal disparou a maior goleada da competição, aproveitando-se da categoria, velocidade e da boa pontaria de seus atacantes. Até aí nenhuma novidade porque goleadas dependem basicamente disso: superioridade técnica e finalizações certeiras. O problema é que neste mundial raramente se consegue ver essas virtudes postas lado a lado. Quando há amplo domínio, daqueles avassaladores, faltam chutes corretos. E vice-versa. Pode-se dizer que os times chegaram ao torneio precisando treinar mais fundamentos.
O mais interessante do massacre lusitano de ontem foi a maneira inteligente como dobrou um adversário cuja principal característica é o forte bloqueio defensivo. A Coreia do Norte se fecha em campo mais ou menos como seu ditador fecha o regime vigente no país. Pois os portugueses, com velocidade no passe e deslocamentos permanentes, arranjaram um jeito de furar esse duríssimo bloqueio. Já no primeiro tempo, quando marcou apenas um gol, a seleção de Carlos Queiroz mostrou-se engenhosa na estratégia de ataque. Cristiano Ronaldo, muito visado, afastou-se da grande área, abrindo espaços para nomes menos conhecidos, como Hugo Almeida, Simão, Tiago e Raul.
O craque recuou para a intermediária, mas sempre acompanhava as triangulações em torno da área norte-coreana. Deram chance e ele apareceu como um raio para disparar um arremate que beijou o travessão. Depois, como um verdadeiro líder em campo, participou ativamente das articulações que conduziram aos gols que conduziram ao acachapante placar. No final, ganhou de presente um gol, após uma sucessão de falhas da defesa da Coreia. Consciente da importância de suas atitudes para a seleção, abriu mão da honraria de melhor em campo, atribuída pela Fifa, e dedicou-a a Tiago, autor de dois gols e incansável nas ações ofensivas.
Para quem acompanha futebol com os olhos distraídos a inspirada atuação portuguesa pode parecer irrelevante porque o adversário não tem credenciais. Menos, menos. Este mesmo time norte-coreano, há uma semana, enfrentou o Brasil com a mesma postura tática conservadora e criou imensas dificuldades ao time de Dunga, que não encontrava meios de furar a retranca. Mais que isso: teve a pachorra de se lançar à frente nos instantes derradeiros, fazer um gol e ainda criar um punhado de lances preocupantes. Na justificativa para o apertado escore, o treinador brasileiro repetiu Zagallo e disse que é muito difícil superar adversários muito fechados (um discurso que se repete, conforme as conveniências, desde que Bellini levantou a taça pela primeira vez, naquele estádio sueco). Pois Portugal mostrou, com disciplina e rapidez, que a tarefa é mais do que possível.
Falsa história de Davi contra Golias
Ouvi ontem, de uma pessoa acima de qualquer suspeita, que medíocres são sempre perigosos. Por vaidade cega, buscam enfiar goela abaixo dos
outros suas crenças, quase sempre vendendo uma imagem positiva de si mesmos. Ai de quem atravessar seus caminhos. Lembro disso quando o
comportamento do técnico da Seleção Brasileira é motivo de tantas discussões. Nas últimas horas, falou-se mais sobre os xingamentos e destemperos verbais do treinador do que da preparação para o importante jogo de sexta-feira contra Portugal. Não acompanhei o incidente porque, no momento da entrevista coletiva, estava na tribuna de imprensa analisando a partida para a Rádio Clube do Pará. Sei dizer, porém, das outras entrevistas de Dunga aqui em Johanesburgo. Garanto que não é um trabalho recomendável para almas sensíveis. O técnico adota uma postura claramente hostil desde que pisa na sala de entrevistas. Reage a qualquer pergunta com sarcasmo, quando não tenta intimidar jornalistas. Beneficia-se da subserviência
de um determinado grupo, que por receio de ficar “marcado” junto à cúpula da Seleção, direciona perguntas simpáticas, sob encomenda para levantar a bola do irascível Capitão do Mato. Quando surgiu a história de que parte da imprensa torce contra o escrete – tema de uma das primeiras colunas enviadas aqui da África -, fiz questão de marcar posição sobre o meu trabalho. Jornalistas não torcem, pelo menos não estão aqui com essa finalidade. Como têm sentimentos, podem também torcer, mas seu papel não é esse. Estão aqui imbuídos de uma missão: informar sobre a Seleção Brasileira da maneira mais verdadeira e fiel aos fatos. O impasse surge quando, pela primeira vez em 18 Copas, o técnico da equipe declara um boicote à imprensa. Há quem saia em defesa de Dunga, comparando-o a Davi em luta contra um hipotético Golias (simbolizado pela Globo). Lamento desapontar, mas não é bem assim. Ao usar essa suposta desavença com a rede de TV, o técnico espertamente desvia o foco da discussão. O problema é que aqui em Johanesburgo as hostilidades se dirigem a todos os profissionais, não apenas aos de uma emissora. A grosseria, os maus modos e a truculência verbal são usados contra jornalistas, indistintamente.
Desconfio de uma tática (a exemplo de Enzo Bearzot com a Itália, em 1982) pensada para unificar os jogadores em torno das ideias do comandante. Se for isso, o fim pode ser justificável, mas os meios são deploráveis. Respeito é fundamental, em qualquer nível de relacionamento.
Fúria vence, mas não parece um time
Fernando Torres, goleador consagrado na Europa, teve três chances de ouro para estufar as redes hondurenhas ontem, no estádio Ellis Park. Para surpresa geral, se atrapalhou e desperdiçou todos os lances. Saiu de campo no começo do segundo tempo, depois que Vicente Del Bosque cansou de vê-lo perder oportunidades. David Villa marcou os dois gols espanhóis, mas perdeu outros três (incluindo o pênalti sofrido por Jesus Navas). Do festival de desperdícios proporcionado pela Fúria ficou a impressão de um time desnorteado, sem um líder em campo e que facilmente esquece sua condição técnica superior. Diante da fraquíssima Honduras, a defesa chegou a fraquejar em vários momentos, denunciando insegurança e falha de posicionamento. Com a vitória, a equipe fica a depender de uma outra vitória sobre o Chile na última rodada. Normalmente, não seria tarefa complicada, mas a Espanha de hoje tem a incrível capacidade de complicar situações fáceis. Daí que a batalha contra o time de Bielsa se prenuncia das mais tensas e imprevisíveis.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 22)







