Até o começo da terceira rodada, considerava que o S. Raimundo era o time a ser observado no returno. Baseava essa avaliação nas últimas partidas do primeiro turno, quando o time de Flávio Barros demonstrou força, entrosamento e categoria, além do trunfo respeitável de dispor do melhor naipe de atacantes da competição (Branco, Ítalo, Max Jari, Hallace, Deo Curuçá e Élcio).
Pois veio o clássico interiorano deste domingo e o dono da casa fraquejou, derrubando todas as previsões, inclusive as minhas. O jogo foi equilibrado, como se imaginava, mas prevaleceu o melhor aproveitamento ofensivo do Águia, através de um jogador (Wando) oportunista e de bons recursos, que ainda tem chance de se destacar neste campeonato.
Com a vitória e a campanha invicta, o Águia se consolida na liderança, ficando a apenas três pontos de garantir presença nas semifinais – o S. Raimundo se classificou com 10 pontos no turno. Para quem frustrou expectativas na fase inicial, ficando em último lugar, esse começo empolgante tem um indisfarçável gosto de redenção.
João Galvão, o comandante carismático que levou o Águia a grandes jornadas nos últimos três anos, talvez seja o mais beneficiado por este bom momento. Nas internas, nunca seu papel foi tão seriamente questionado depois das atuações confusas do começo do torneio.
Sua permanência no cargo motivou até um ensaio de escaramuças e protestos em Marabá, sob inspiração de dirigentes e conselheiros insatisfeitos com seu trabalho. A boa performance do Águia, além de desagravar Galvão, confirma o acerto das contratações feitas pelo clube.
Jogadores como Wando, Samuel Lopes, Rodrigo e Tiago Marabá, tecnicamente diferenciados, colocam o elenco do Águia entre os melhores da competição, talvez no mesmo nível de S. Raimundo e Remo.
E, apesar da decepção, o revés em casa não tira as chances do S. Raimundo, que segue com amplas possibilidades de chegar ao G-4. Caso isso se confirme, os dois interioranos precisarão de força extra para quebrar a sina estatística de não passar pelos grandes da capital, fato registrado nas semifinais do primeiro turno.
Outro visitante bem sucedido foi o Independente, que surpreendeu o Cametá dentro do Parque do Bacurau. Estranhamente apático, como definiu o próprio técnico Vítor Jaime, o dono da casa não reeditou a excelente atuação do jogo com o Remo e foi superado pela objetividade da equipe de Tucuruí. O gol da vitória, marcado por Albertinho, surgiu de uma sucessão de erros da defensiva cametaense, que desperdiçou três oportunidades de afastar a bola.
Volta o Cametá à gangorra do período de Artur Oliveira, quando se apresentava bem fora de casa, mas entregava o ouro como mandante.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 5)