Queda nas pesquisas agonia tucano

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), convocou às pressas especialistas em pesquisa, do próprio Ibope, para entender sua queda na sondagem divulgada anteontem pelo instituto, em parceria com a CNI (Confederação Nacional da Indústria), informa a coluna de Mônica Bergamo, publicada nesta quinta-feira pela Folha. Segundo a coluna, o tucano foi surpreendido pelos números. A comparação entre a pesquisa de agora e os números divulgados pela mesma CNI em junho mostra que Serra caiu de 38% para 34%.

A coluna informa que os técnicos e o governador, no entanto, trabalham com um número maior, já que comparam os dados com o de outra sondagem do Ibope, mais recente, feita entre 29 de agosto e 1º de setembro por encomenda do PMDB. Nela, Serra aparecia com 41%, Dilma Rousseff (PT) com 13%, Ciro Gomes (PSB) com 14%, Heloísa Helena (PSOL) com 9% e Marina Silva (PV) com 3%. Em relação aos números divulgados ontem, portanto, Serra caiu sete pontos, Dilma, Ciro e Heloísa Helena se mantiveram no mesmo patamar e Marina Silva dobrou de tamanho, para 6%.

É bom ir se preocupando mesmo. O efeito Marina vai causar estragos para todo lado – e não apenas a Dilma.

Ajuda justa aos heróis do Tri

craques

A ideia saiu do papel e virou realidade. Réplicas perfeitas das camisas dos campeões mundiais pela seleção brasileira em 1958, 1962 e 1970 já estão à venda ao valor de R$ 1.050,00 cada, com participação de 33 atletas que aceitaram participar do projeto e terão toda a renda da comercialização revertida para eles mesmos. No total, são 200 camisas. “Vai ser uma relíquia para guardar para filho, para neto, para a geração toda”, afirmou Pepe, bicampeão do mundo com a seleção nas Copas de 58, na Suécia, e 62, no Chile. “É verdade, se puder vender bastante camisa, nós temos bastante jogadores que ainda precisam”, avaliou Zito, outro ex-campeão com o Brasil nos mesmos anos de Pepe.

Outra boa notícia para os ex-jogadores é a possibilidade de eles passarem a receber uma aposentadoria especial, explicada por Marcelo Izar Neves, filho do ex-goleiro Gilmar dos Santos Neves e presidente da Associação dos Campeões Mundiais: “Hoje [quarta] está havendo uma reunião na Casa Civil, e além da aposentadoria especial, que é o teto máximo da aposentadoria no Brasil, da Previdência, que é de R$ 3.800,00, além disso, pelo valor ser muito pequeno e o pessoal de 58 já estar beirando os 80 anos, quer dizer, o que eles iriam usufruir disso é um prazo muito pequeno, estão criando uma indenização especial por não ter sido feito antes.”

Sou favorável a todo tipo de gratificação possível (e legal) para os campeões mundiais, principalmente a turma de 1958 e 1962, que abriu caminho para que o Brasil se estabelecesse como potência futebolística. São heróis do povo, merecem respeito e algum tipo de conforto financeiro na velhice.

Cruzeirense esperneia contra arbitragem

Revolta nos arraiais cruzeirenses. Enquanto o discurso dos jogadores contra o árbitro após a derrota de 2 a 1 para o Palmeiras foi mais comedido, o diretor de futebol do Cruzeiro, Eduardo Maluf, rasgou o verbo contra o paranaense Evandro Rogério Roman e a comissão de arbitragem da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Revoltado, o dirigente falou sobre um possível favorecimento aos clubes paulistas no campeonato. “Esse mesmo árbitro apita jogos de Palmeiras e do São Paulo seguidamente. Inclusive, deixou de marcar um pênalti para o Avaí na partida contra o Palmeiras. Só determinados times são beneficiados. Eles não erram contra os times que não podem errar. Tenho que acreditar que é coincidência”, ironizou Maluf, denunciando o “apito amigo”.

A blindagem de alguns clubes contra arbitragens é acintosa e fácil de comprovar. Pela ordem, Flamengo, Corinthians, S. Paulo e Palmeiras nunca têm nada a reclamar dos sopradores de apito. Quando são prejudicados, por descuido, a compensação é imediata – no próprio jogo e com sobras, claro.

Pensata: Modelo F de fracasso

Por Lucas Mendes (BBC Brasil)

Henry Ford era o homem mais rico do mundo, mas não era feliz. Isto foi na década de vinte do século passado, quando metade dos carros em circulação no mundo eram fabricados por ele. Controlava todas partes da produção do modelo T menos a borracha dos pneus, que vinha de plantações na Ásia e pertenciam aos ingleses, franceses e holandeses.

O Estado do Amazonas estava na miséria depois que outro Henry, em 1876, numa monumental bio-pirataria, roubou 70 mil sementes das nossas seringueiras e mandou para o Jardim Botânico de Londres. Henry Wickham, um aventureiro expulso de outras praças, acabou com o monopólio brasileiro e com a belle époque amazonense. Pelo roubo recebeu da rainha Vitoria o título de Cavaleiro. Sir Henry.

Os interesses de criador do modelo T e do Amazonas se cruzaram no fim da década de 1920. O Estado empobrecido deu a ele 10 mil quilômetros quadrados para plantar seringueiras na esperança de recuperar a glória perdida. O pedação de terra ficava na margem do Tapajós, 18 horas de barco de Santarém, rio acima.

Quem nos conta a história é o professor Greg Grandin, da New York University, autor do recém-publicado Fordlandia – The Rise and Fall of Henry Ford’s Forgotten Jungle City.

O livro traz novas revelações e detalhes preciosos sobre o faraônico projeto de Ford na selva brasileira. Em resumo, Ford estava muito mais interessado na criação de uma nova sociedade do que na borracha para os pneus.

Antes de chegar lá vale a pena voltar à infância de Ford, que nasceu uma fazenda em Michigan, recebeu uma educação austera, mas, logo que pode, caiu fora do campo. Sua antipatia por vacas, leite e e bichos de fazenda duraria a vida inteira .

Detestava igualmente as grandes cidades. Seu sonho era uma cidade pequena, auto suficiente, agroindustrial. Parte do ano produziria alimentos, noutros meses, fabricaria. Fazia experiências semelhantes em cidades do norte de Michigan, mas a selva era como um laboratório isolado.

Na sua Fordlandia, só dançariam quadrilhas, polcas e valsas, só entraria leite de soja, arroz integral, uma cidade sem álcool, fumo, prostitutas, igrejas nem carnes (era vegetariano).

Ford também não gostava de judeus, bandeiras, países – acreditava numa super Nações Unidas -, nem de sindicatos. Os salários dos empregados dele eram o dobro da média para que pudessem comprar o que fabricavam, mas foi implacável contra os sindicatos. Suas fábricas tinham um Departamento de Sociologia, que controlava toda vida dos empregados, do comportamento social a higiene da casa.

Detestava especialistas. Criou seu carro sem eles , empiricamente: errava, corrigia, errava, corrigia, e quando decidiu criar seu mundo na selva não mandou botânicos nem cientistas examinar as terras e as seringueiras.

Deu tudo errado. A cidade virou uma zona sem lei nem ordem, e 3 anos depois de criada foi quase toda queimada pelos empregados numa rebelião que começou quando um engenheiro decidiu substituir o serviço de mesa do restaurante da fábrica pelo bandejão. No protesto contra a fila da comida não sobrou um relógio de ponto. Os carros e caminhões foram jogados no rio.

Ford era teimoso. Despejou mais dinheiro na Fordlandia. A cidade chegou a ter 25 mil habitantes, cinco mil deles empregados. As ruas eram asfaltadas, as casas tinham banheiros, água corrente, máquinas de lavar, vitrolas, geladeiras. O hospital era um dos mais avançados do país. Os problemas sociais diminuíram, mas as seringueiras não produziram borracha. Na Amazônia elas são nativas, com árvores distantes umas das outras .

Na plantação da Forlandia as árvores eram alinhadas e próximas umas das outras. Foram todas destruídas por diferentes insetos e pragas que não existiam na Malásia, Indonésia e Indochina.

Henry Ford não só perseverou como criou uma outra cidade, Belterra, mais perto de Santarém. Pelas contas de Gradin, ele despejou US$ 250 milhões de dólares na selva.

Quando aprenderam a combater as pragas e as seringueiras iam dar o látex para os pneus, o preço da borracha brasileira deixou de ser competitivo com outras borrachas, inclusive a sintética.

Logo depois do fim da Segunda Guerra, com o pai batendo pino, o filho Henry Ford II assumiu o comando da empresa e uma de suas primeiras decisões foi cortar a verba da Fordlandia e da Belterra. Nunca saiu um quilo de borracha do Brasil para Detroit. O novo mundo de Ford se tornou um modelo F, de Fracasso.

Renault retira processo contra os Piquet

A equipe Renault de F-1 confirmou que retirou o processo criminal contra Nelsinho Piquet e seu pai, o tricampeão mundial Nelson Piquet, após a conclusão do Conselho Mundial da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) sobre o acidente proposital no GP de Cingapura do ano passado, que beneficiou o espanhol Fernando Alonso. A escuderia foi advertida com a possibilidade de suspensão por dois anos caso se envolva em novo incidente. O ex-chefe da equipe, Flavio Briatore, foi banido, enquanto Pat Symonds, ex-engenheiro chefe, foi suspenso por cinco anos da categoria –Nelsinho e Alonso foram poupados. O advogado da Renault, Ali Malek, disse que equipe quer esquecer o caso e vai tentar convencer o ex-chefe da equipe, Flavio Briatore, a retirar o processo que abriu contra Nelsinho e seu pai. (Da Folha de S. Paulo)

Júri condena carrasco da motosserra

O ex-deputado Hildebrando Pascoal (ex-PFL, hoje DEM) foi condenado, nesta quarta-feira, a 18 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato do mecânico Agilson Firmino dos Santos, o Baiano, morto com golpes de motosserra em 1996, no Acre. Hildebrando chefiava um grupo de extermínio no Estado.

Foi pouco. O patife merecia perpétua.

Cruzeiro 1, Palmeiras 2

A noite em que “operaram” a Raposa. Vou te contar…

Botafogo 2, Emelec 0

Além dos dois gols marcados, mais dois pênaltis (em Tiaguinho e André Lima) que o soprador de apito ignorou.

Um brado contra a hipocrisia

Por Antonio Ponte Souza

Mairata das Catacumbas Romanas,
 
sou um cara bem diferente do paraense padrão, pois tenho educação.
 
Nunca fumei perto de ninguém que fosse se incomodar com o meu “fumacê”. Trabalhas comigo há vinte anos e nunca joguei fumaça na tua cara. E mesmo quando vieste em casa, ao fumar, estávamos no quintal, ao ar livre, e soprava uma generosa brisa de fim de tarde.
 
Se até na minha casa respeito os outros, imagine na rua.
 
Já o paraense padrão, que defendes, tosse em cima das mesas de comida self service e espirra sem piedade dentro de elevador.
 
Então sabes que minha natureza é outra.
 
Ademais, nos lugares que frequento, vão me arranjar lugar pra fumar porque não vou em bodegas me esfregar com cervejeiros cuja presença, mesmo sem cigarro, é mais poluente que a nicotina.
 
Portanto reafirmo. Poluição é a indigência, a ignorância, o cheiro de cocô e essa politicalha oportunista que come sardinha e arrota caviar, dentro do elevador.
 
In time: Esses sórdidos defendem a saúde, é? E essa moçada que tá morrendo na porta dos hospitais?
 
Essa medida só tem um nome: PATIFARIA, e da grossa. DEMAGOGIA das mais ridículas. PALHAÇADA pura.
 
Mas, pra paraense, tá bacana. Tem um monte de velhota morrendo de prisão de ventre, sem atendimento, e feliz com a novidade.
 
Êta, porra, diria o Rui Baldez. Êta povinho burro.
 
Agora vou parar porque vou fumar um cigarro.
 
Até!

Coluna: Aos torcedores, tudo

Faz algum tempo que defendo uma tese que a alguns pode parecer utópica, irrealizável. Por entender que o torcedor comum é quem carrega o futebol nas costas, em todos os níveis, sempre considerei tremendamente injusto que seja impedido de escolher o presidente de seu clube. Atualmente só ganha o direito de participar do processo se comprar um título de sócio.
É, sob todos os pontos de vista, uma restrição anacrônica e antidemocrática. Por tudo que faz para alimentar (e sustentar) sua paixão, o torcedor merece mais. Merece, por exemplo, sair da condição passiva de testemunha ocular dos fatos para agente efetivo de mudanças.
Deve participar verdadeiramente da vida do clube, não apenas comprando ingressos nos estádios, esgoelando-se no incentivo ao time e adquirindo produtos relacionados ao seu time de coração. Verdade que grande parte da massa torcedora não tem (nem poderia) discernimento para fazer as melhores escolhas, mas, enfim, assim é a vida – e a democracia.
Mas, instintivamente esperto e apaixonado pelo seu clube, logo o torcedor saberá avaliar corretamente quem é melhor para exercer o poder de escolher diretores, contratar técnicos e jogadores ou, vá lá, negociar a venda de estádios. É uma questão evolutiva, que a prática de votar vai aperfeiçoando com o passar dos anos.
Antes, porém, será preciso nascer uma geração de dirigentes politicamente evoluídos, a ponto de lutar pela instituição desse tipo de escolha nos clubes. Ou será que, pelo resto da vida, os clubes serão dominados por um processo de escolha indireta numa eleição que, sob certo ponto de vista, é tão relevante quanto a do presidente da República?
Diante do acalorado debate em torno da proposta de venda do Evandro Almeida, fica ainda mais evidente a necessidade de maior representatividade das instâncias executivas dos clubes. Pipocam insatisfações dos dois lados (defensores e opositores da negociação) em relação ao conselho que detém o poder de bater o martelo.
Não que os conselheiros careçam de legitimidade. A questão é que assunto tão importante mereceria avaliação mais ampla e irrestrita. Daí a necessidade de um quórum maior, que conceda ao torcedor o direito de influir concretamente nos destinos do clube.
 
 
Aos que questionam a maneira de aferir o voto dos torcedores, uma opção natural seria o cadastramento puro e simples, mediante contribuição simbólica. De início, o peso da torcida poderia ser relativo (elegendo representantes no Condel), para depois avançar gradativamente até se instituir a plena consulta, sem intermediários.
 
 
O triunfo palmeirense sobre o Cruzeiro, ontem, é daqueles resultados típicos de times dirigidos por Muricy Ramalho. Conquista de três pontos em terreno inimigo, em momento decisivo da competição. Pode ter sido o jogo do título.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 24)