Sobre escolhas e apostas

POR GERSON NOGUEIRA

Marlon

O futebol profissional é uma área de atividade sempre propícia para ideias inovadoras, experimentais e revolucionárias, tanto nas questões de campo quanto no plano administrativo. Exemplos não faltam, no Brasil e no mundo, de clubes que conseguiram destaque justamente pela ousadia gerencial e na adoção de práticas que resultam em sucesso, o que no futebol quase sempre vem a reboque de vitórias e títulos.

Agremiações populares, como os dois grandes do Pará, exigem uma dose extra de arrojo por parte dos dirigentes. Não é fácil lidar com a paixão do torcedor, que se materializa em grandes arrecadações e pressões gigantescas sobre jogadores, técnicos e gestores.

Para efeito de observação, a política de contratações e formação de elenco é a mais vulnerável aos olhos da torcida. Tanto Remo quanto PSC têm se mantido rigorosos quanto à redução de despesas durante a inatividade forçada pela quarentena.

A essa altura, com tantas incertezas a rondar a vida de todos, a cautela é a melhor conselheira e os clubes irão sair melhor da quarentena caso contenham gastos, adotando critérios certeiros na hora de fazer qualquer tipo de despesa.  

Nos últimos anos, o maior desembolso no futebol paraense envolve contratações de atletas. O lado nefasto é que a maioria das aquisições resultou em prejuízos financeiros e técnicos para os clubes. Agora mesmo, enquanto o futebol está paralisado, começa a busca por reforços.

O PSC mantém sigilo sobre os jogadores que lhe interessam. No Remo, quatro jogadores estariam em perspectiva, mas o que chama atenção é o interesse pelo veterano Marlon (34 anos), apontado como “reforço de peso” e com aval do técnico Mazola Jr.

Jogador experiente, mas em fase declinante, Marlon rodou por vários clubes da Série B nos últimos anos. Revelado no Pinheirense, defendeu o próprio Remo (de 2008 a 2011) e viveu momento mais destacado no Vasco, em 2014. Depois disso, passou rapidamente e sem brilho pelo PSC e esteve no Águia (um jogo apenas) no ano passado.

São as tais escolhas que podem ter consequências lá na frente e, por isso mesmo, precisam ser pesadas e ponderadas com cuidado.

Ajuda aos clubes pode abrir caminho para o acesso

Os clubes que representarão o Pará no Campeonato Brasileiro de 2020 ganharam ontem uma substancial ajuda extra em plena quarentena de combate à covid-19. Por iniciativa do governo do Estado, ganharam uma verba de R$ 2,4 milhões para que se organizem, ajustem as contas e reforcem seus elencos para a disputa das Séries C e D.

A dupla Re-Pa fica com a parte mais expressiva, pela maior importância da divisão que integra e pelos custos com a campanha. Cada um receberá R$ 1 milhão. Bragantino e Independente, da Série D, ficam com R$ 200,00 cada.

Em tempos de retração financeira, fuga de patrocinadores e falta de receita com bilheteria, o incentivo é providencial. Na assinatura do contrato, o governador Helder Barbalho reafirmou o compromisso com o esporte paraense: “A iniciativa de patrocinar é uma ferramenta de visibilidade da marca do banco, mas também do governo do Estado para divulgação de pontos turísticos do Pará e de tantas outras potencialidades”, afirmou.

Como contrapartida, o convênio prevê a exposição da marca do Banpará nas camisas oficiais e em placas de publicidade nos estádios, além da disponibilização de camarotes. O dinheiro cai amanhã (15) nas contas dos clubes. A Federação Paraense de Futebol, em surpreendente gesto de boa vontade, abriu mão de sua porcentagem habitual, permitindo o repasse integral aos quatro clubes.

Profut flexibiliza prazos para atenuar sufoco dos clubes

Clubes que aderiram ao Programa de Refinanciamento Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut) ganharam mais tempo para quitar débitos. Portaria do Ministério da Economia prorroga as prestações dos parcelamentos de maio, junho e julho, em face da emergência criada pela pandemia.

A partir de agora, as prestações, pagas sempre no último dia útil do mês, foram prorrogadas para pagamento a partir de agosto. Existem ainda propostas de flexibilização da Lei Pelé, do Estatuto do Torcedor e do próprio Profut, atendendo apelos do Conselho Nacional de Clubes.

Estudos de consultorias especializadas indicam que o negócio futebol representa 0,78% do PIB nacional, o que explica o esforço governamental para socorrer os clubes. Em troca, a Secretaria Especial do Esporte cobra administrações mais profissionais e focadas em resultados.

Nos 70 anos da F1, aclamação de uma lenda das pistas   

Que Michael Schumacher tenha sido eleito a pessoa mais influente da história da F1, em votação livre na internet, não surpreende a quase ninguém. Afinal, ganhou sete títulos mundiais e conquistou 91 vitórias, pulverizando recordes ao longo de uma carreira incrivelmente vitoriosa.

Espantoso é ver que o 2º colocado foi o cartolão Bernie Ecclestone, que nunca entrou num carro de F1. Muita gente teria mais direito ao posto. Stewart, Senna, Piquet, Villeneuve, Emerson, Lauda, Prost, Hamilton, Enzo Ferrari ou Juan Manuel Fangio.  

É como se numa eleição para escolher o futebolista brasileiro mais importante da história a vitória coubesse ao Rei Pelé e a segunda posição ficasse com Ricardo Teixeira.

Só mesmo a máfia de robôs que infesta a web em votações do gênero explica tamanho absurdo. De certa forma, a festa do 70º aniversário do primeiro GP da categoria acabou manchada pelo bizarro resultado. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 14)

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