Rock na madrugada – Cuarteto de Nos, Lo Malo de Ser Bueno

A hora de avaliar elencos

POR GERSON NOGUEIRA

Depois das primeiras dispensas nos elencos, logo depois que encerram participação nas competições oficiais, Remo e PSC entram na fase estratégica de avaliações mais rigorosas sobre o nível dos elencos para a próxima temporada.

Na Curuzu, o técnico Hélio dos Anjos tem decisões a tomar principalmente quanto aos jogadores de meio-campo. Perdeu várias peças desde o fim da Série C e agora dispõe de três volantes – Uchoa, Caíque Oliveira e Yure – e três meias, Tomaz Bastos, Tiago Luís e Primão, para o setor. O goleiro Giovanni ainda não renovou e Elielton deve deixar o clube.

O problema é que, a rigor, ele só pode contar com Primão, que vem atuando regularmente, embora não seja o titular dos sonhos do comandante. Tomaz Bastos não tem renovação confirmada. Teve alto rendimento na Série C, mas caiu vertiginosamente nos últimos três meses.

Tiago Luís, que tem contrato até o fim do próximo ano, nem está nos planos de Hélio dos Anjos. Quando o time precisa de um meia de criação, ele é sempre a última das opções e raramente entra em campo. A ironia é que foi contratado para ser titular absoluto.

Entre os volantes, os problemas são parecidos. Uchoa e Caíque deveriam ser os titulares para o começo da temporada, mas o segundo terá que superar a irritação do torcedor, que não esqueceu a desastrosa cobrança de pênalti contra o Cuiabá. Yure, formado no clube, pode ganhar uma chance, caso o clube não contrate outro jogador para o setor.

Se fosse jogar nos próximos dias, o PSC poderia ter a seguinte formação: Paulo Ricardo; Wylliam, Micael, Perema e Bruno Collaço; Uchoa, Caíque (Yure), Primão e Tiago Luís; Nicolas e Vinícius Leite.

No Remo, que a partir de dezembro terá Rafael Jacques como técnico, a situação atual revela o cuidado extremo que a diretoria tem com as contratações, ponto mais criticado da gestão nesta temporada. Como já dispõe de 17 jogadores no elenco, ficam faltando 11 para completar o número considerado ideal (28)

Além de reforços que ainda estão sendo negociados, quatro jogadores das divisões de base pedem passagem, com destaque para o atacante Wallace e o zagueiro-volante Anderson. Além do volante Xaves e do lateral Dudu Mandai, já confirmados, o clube deve anunciar mais cinco nomes até a apresentação marcada para 9 de dezembro.

Para iniciar os trabalhos, o Remo poderia escalar o seguinte time: Vinícius; Jansen, Fredson, Mimica e Ronaell; Djalma, Laílson, Lukinha e Eduardo Ramos; Wesley e Hélio Borges.  

Liverpool tropeça e infla otimismo rubro-negro

Quem viu o Liverpool, campeão europeu, se atrapalhar ontem contra o Nápoli, sofrendo terrivelmente para arrancar um empate, pode ter ficado  com a sensação de que o bicho não é tão feio para o Flamengo. Ambos devem fazer a final da Copa do Mundo de Clubes, marcada para dezembro, caso não ocorra nenhum atropelo pelo caminho.

Não é bem assim. O empate em 1 a 1 contra o Nápoli de fato não estava nos planos de Jurgen Klopp, que esperava vencer para ficar mais tranquilo durante a dura trajetória que espera pelos Reds em dezembro. O tropeço obriga o Liverpool a vencer ou empatar com o Salzburgo na Áustria, pela Champions, uma semana antes de sua estreia no torneio da Fifa.

É precipitado, porém, avaliar o Liverpool pelo jogo diante da equipe napolitana dirigida por Ancelotti. Os times da Itália mantêm como maior característica o apego à marcação e ao jogo mais retrancado. O trio ofensivo Mané, Firmino e Salah sofreu bastante com a firme postura do zagueiros do Nápoli. Nenhum deles teve chances claras de finalização.

Antes de considerar que o Flamengo pode atropelar o Liverpool, é prudente observar que o esquema usado por Klopp se sustenta na força do meio-campo e nos deslocamentos do trio ofensivo. Considera o melhor dos cenário enfrentar times que cedem espaços para movimentação, como o rubro-negro carioca.  

Racismo volta a envergonhar futebol europeu

Torcedores do Slavia Praga confirmaram a fama de racistas e neonazistas, ontem, insultando demorada e repetidamente o centroavante belga Lukaku, da Inter de Milão. Não é a primeira, nem a última vez, certamente, que os extremistas de direita empastelam uma partida de futebol com atos de insulto racial.

Como vingança, Lukaku respondeu às agressões marcando um gol (com dois anulados) para a Internazionale e calando os intolerantes, além de afundar ainda mais o Slavia na tabela de seu grupo na Champions. A Inter venceu por 4 a 1.

Impressiona como a Uefa e a Fifa se mantêm excessivamente complacentes e covardes em relação às manifestações racistas no Leste Europeu e em cidades italianas.

As punições são risíveis e, longe de enfrentar o problema, acabam por estimular novos ataques a jogadores negros, inclusive brasileiros, como Taison e Dentinho na Ucrânia.

Para compensar, no campo exclusivamente esportivo, como deveria ser sempre, a torcida do Barcelona teve o privilégio de acompanhar um novo show de Lionel Messi no Camp Nou.

Em seu 700º jogo com a camisa azul-grená, o supercraque marcou um golaço e deu duas assistências preciosas, para gols de Luiz Suarez e Griezmann, na vitória de 3 a 1 sobre o Borussia Dortmund, pela rodada da Champions. 

(Coluna publicada no Bola desta quinta-feira, 28)

Em todo o país, jornalistas traçam ações para barrar a MP 905/19

Jornalistas de pelo menos 17 estados reuniram-se na última semana, de 19 a 23 de novembro, em assembleias convocadas pelos sindicatos, para discutir formas de mobilização e ação para combater a Medida Provisória 905/19, que extingue a exigência do registro profissional de 14 categorias, entre elas jornalistas, radialistas e publicitários. Em muitos estados, as plenárias foram realizadas conjuntamente entre as três categorias e com a participação de estudantes de Jornalismo.

A Assembleia Nacional dos Jornalistas foi convocada pela Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ), em parceria com os sindicatos, para debater a MP e preparar o Dia Nacional de Luta em Defesa do Jornalismo, que será realizado em 4 de dezembro. Nessa data, a Federação enviará uma comitiva a Brasília para agenda com os presidentes da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Reunidos em assembleias nos seus estados, os jornalistas decidiram se organizar e lutar contra a MP, mais um dos inúmeros ataques do Governo Bolsonaro aos trabalhadores brasileiros, e em especial aos jornalistas, e um golpe mortal no jornalismo comprometido com a informação correta. A MP também fragiliza a jornada de cinco horas, ao acabar com a comunicação obrigatória de extrapolação de jornada às Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego (SRTEs).

Nas plenárias, foram formadas comissões de trabalho para atuar em diversas frentes, entre elas a interlocução com os parlamentares federais e estaduais para impedir o avanço da MP que extingue o registro. A intenção é realizar uma intensa e ampla mobilização dos jornalistas, em conjunto com demais categorias, em âmbito nacional, para denunciar o caráter anti-trabalhadores da MP 905, conquistar apoio da sociedade e pressionar politicamente o Congresso a derrubar a medida.

Segundo WWF, brigadistas denunciaram grileiros e loteadores

Por Cida Oliveira, na Rede Brasil Atual

Em nota divulgada hoje (27), a organização ambientalista WWF-Brasil afirma que o Projeto Saúde e Alegria, juntamente com várias organizações da sociedade civil, denunciaram grileiros e loteamentos que ameaçavam as áreas de proteção ambiental (APA) de Alter do Chão, no Pará. “Os integrantes da Brigada fizeram denúncias, levando informações para os investigadores, incluindo imagens de queimadas”.

Operação da Polícia Civil do Pará realizada ontem (26) em Santarém (PA) prendeu quatro voluntários da Brigada de Incêndios de Alter do Chão, “por suspeita de incêndio criminoso em setembro passado”, e apreendeu documentos e computadores na sede da ONG Saúde e Alegria. Os brigadistas Daniel Gutierrez Govino, João Victor Pereira Romano, Gustavo de Jesus Almeida e Marcelo Aron Cwerner estão mantidos presos após audiência de conciliação.

O juiz Alexandre Rizzi, da 1ª Vara Criminal de Santarém, decidiu mantê-los presos, segundo o G1 Santarém e Região, porque “as acusações são muito graves de uma possível prática reiterada de incêndios criminosos. O que não significa que eles sejam culpados. Vou aguardar o final do inquérito para avaliar as provas que a polícia vai trazer e então irei reavaliar se as prisões serão mantidas ou não”.

Quanto às prisões, disse que foram decretadas com base em informações levadas a ele pela polícia, “de que havia um plano dos suspeitos de atear fogo em outras reservas. E que as prisões foram mantidas para não atrapalhar as investigações e para segurança dos suspeitos”.

A audiência foi acompanhada pelo promotor criminal Ramon Furtado e pelos advogados de defesa Paulo Renato Alho e Michel Durães. Em entrevista à TV Tapajós, o advogado Wlandre Leal, que também atua na defesa, disse que já que os brigadistas estavam colaborando com as investigações da polícia e apresentando documentos solicitados durante as investigações não deveriam ser presos.

E negou que haja desvio de recursos recebidos em doações.  “Isso não procede de forma alguma. Tanto que eles têm em mãos a contabilidade probatória dos valores recebidos e repassados, que foram valores de despesas com transporte, alimentação, equipamentos. Tudo isso estará provado ao longo da instrução processual”, contou Wlandre, que já ingressou com pedido de habeas corpus.

Indignação

A WWF-BRasil voltou a expressar sua indignação com a operação da Polícia Civil do Pará. “Não há clareza sobre as investigações e tampouco em relação ao fundamento das alegações, trazendo dúvidas sobre o real embasamento jurídico dos procedimentos adotados pelas autoridades contra os acusados, incluindo a entrada e coleta de documentação nas sedes das organizações Projeto Saúde e Alegria e do Instituto Aquífero Alter do Chão – onde funcionava a Brigada de Alter do Chão. São extremamente preocupantes do ponto de vista da democracia e configuram claramente medidas abusivas.”

“A corrupção é e sempre foi uma das principais causas da destruição da Amazônia, das queimadas – grilagem para tomar terras, violência contra comunidades locais e povos indígenas, muitas atividades ilegais, roubo de madeira. O que se espera das diversas instâncias do governo é coragem de resolver o problema das queimadas e da especulação imobiliária na região de Alter do Chão”, ressalta a organização, que repudia os ataques a seus parceiros e “as mentiras envolvendo o seu nome, como a série de ataques em redes digitais com base em mentiras, como a compra de fotos vinculada a uma doação do ator Leonardo DiCaprio”.

Segundo esclarece, não houve compra de imagens da Brigada Alter do Chão. O fornecimento de fotos por qualquer parceiro da organização é inerente à comprovação das ações realizadas, essencial à prestação de contas dos recursos recebidos e sua destinação no âmbito dos Contratos de Parceria Técnico-Financeira.

Lembra que “é papel de organizações da sociedade civil, como o WWF-Brasil, dar transparência a conflitos e soluções que apoiem o desenvolvimento sustentável do país, por meio de conteúdos como relatórios, registros fotográficos, pesquisas, estudos, infográficos e mapas”. “Também para este fim, em setembro deste ano, o WWF-Brasil realizou sobrevoo na Amazônia para captar imagens, posteriormente usadas para fins de comunicação e divulgadas à imprensa para mostrar a dimensão das queimadas.”

E ressalta que “nos momentos críticos de dramático avanço das chamas por toda a Amazônia, Cerrado e Pantanal, concentrou seus esforços no apoio a entidades locais envolvidas no combate às chamas e defesa dos territórios indígenas e outras áreas protegidas. Todos os recursos recebidos numa rede de solidariedade global foram integralmente repassados a organizações locais”.

Para ações de apoio, a WWF-BRasil repassou R$ 70.654,36 por meio de contrato de parceria técnico-financeira ao Instituto Aquífero Alter do Chão para a compra imediata de equipamentos para a brigada, selecionado por estar atuando no apoio ao combate a incêndios florestais junto ao Corpo de Bombeiros desde 2018.

“O referido contrato foi assinado em outubro de 2019 e possui vigência até março de 2020. A primeira prestação de contas com a apresentação de relatórios técnico e financeiro pelo Instituto Aquífero Alter do Chão está prevista para o próximo mês”, ressalta a organização.

MPF requisita inquérito que acusa brigadistas por incêndio em Alter do Chão

A assessoria de comunicação do Ministério Público Federal informa que o MPF em Santarém enviou ofício à Polícia Civil do Pará requisitando acesso integral ao inquérito que acusa brigadistas por incêndios florestais em área de proteção ambiental em Alter do Chão. Desde setembro, já estava em andamento na Polícia Federal um inquérito com o mesmo tema. 

“Na investigação federal, nenhum elemento apontava para a participação de brigadistas ou organizações da sociedade civil. Ao contrário, a linha das investigações federais, que vem sendo seguida desde 2015, aponta para o assédio de grileiros, ocupação desordenada e para a especulação imobiliária como causas da degradação ambiental em Alter”, diz a nota. 

Por se tratar de um dos balneários mais famosos do país, a região é objeto de cobiça das indústrias turística e imobiliária e sofre pressão de invasores de terras públicas. 

A frase (tosca) do dia

“Não é de fundamental importância a propriedade formal do ex-presidente Lula e material do Fernando Bittar, ou material de Lula e formal de Bittar. O que me parece relevante é que o presidente Lula usou o imóvel”.

João Pedro Gebran Neto, desembargador e relator da Lava Jato no TRF-4, no voto para condenar Lula pelo sítio de Atibaia

O AI-5 já se instala na Amazônia (e nas periferias urbanas)

Por Eliane Brum, no El País

O bolsonarismo é competente ao usar a estratégia de controlar o noticiário e manter a sociedade e a imprensa só na reprodução e na reação. Quando o ministro da Economia, Paulo Guedes, evoca o AI-5, e antes dele o zerotrês Eduardo Bolsonaro (PSL), estão latindo num lugar enquanto a matilha já está mordendo em outro. É na Amazônia e nas periferias urbanas que o autoritarismo já se instalou. Como denominar um país em que a polícia do estado do Rio de Janeiro já matou até outubro de 2019 mais do que em qualquer ano das últimas duas décadas? Se fosse enfileirar as 1.546 vítimas da polícia haveria mais de 2 quilômetros de cadáveres. Esta violência que mata os negros e pobres e faz com que as crianças, também elas pobres e negras, temam o som dos helicópteros porque seis delas já tombaram por bala “perdida” somente neste ano no Rio está conectada com a violência que faz vítimas na floresta amazônica. Os amazônicos e os periféricos não se conhecem, mas têm o mesmo rosto de quem morre no Brasil: negros e indígenas. É contra estes povos, estes rostos, que a violência está recrudescendo. As Organizações Não Governamentais (ONGs), foco da ofensiva do bolsonarismo, estão sendo atacadas porque defendem estes povos, estes rostos.

Desde o início de novembro há sinais de que o projeto autoritário está aumentando de velocidade e de intensidade. O mês abriu com a morte de um dos guardiões da floresta, Paulo Paulino Guajajara. E está terminando com criminalização de uma das organizações mais respeitadas, premiadas e amadas da Amazônia, o Saúde e Alegria, que atua na bacia do Tapajós há décadas. Na terça-feira, 26 de novembro, a ONG teve seus documentos e computadores apreendidos pela polícia civil, em Santarém. No mesmo dia, quatro brigadistas voluntários da Brigada de Alter do Chão, criada para combater os focos de incêndio na floresta em parceria com o Corpo de Bombeiros, foram presos pela suspeita de que teriam ateado o fogo que queimou uma área equivalente a 1.600 campos de futebol em setembro, na região de Santarém. Ser preso, mesmo que a prisão se mostre abusiva, já cumpre o objetivo de quem quer desmoralizar os agentes que combatem a destruição da floresta. O estrago já está feito, especialmente sobre uma população assustada e desinformada.

Em Washington, Guedes evoca o AI-5, autoridades e sociedade reagem, redes sociais se enfogueiram. É preciso avisar que, na linha de frente, o AI-5 já está e os mais frágeis estão resistindo quase sozinhos. E perdendo. O principal projeto do bolsonarismo é a abertura da Amazônia. A disputa desigual está sendo travada na floresta e nas cidades que beiram a floresta. Quem vive e atua na Amazônia já entendeu que pode ser preso sem motivo porque o Estado é arbitrário e as provas são forjadas. É isso o que os acontecimentos em Santarém estão mostrando. AS ONGs são alvo porque, em um país precário como o Brasil, onde o Governo decidiu não cumprir a lei e as instituições fraquejam, são elas que estão fazendo uma barreira contra a destruição da floresta e dos corpos dos povos da floresta. Ambientalistas brancos começaram a ser presos. Os mortos continuam tendo o mesmo rosto: negros e indígenas.

Enquanto tenta mudar a Constituição para abrir as áreas protegidas da floresta amazônica, o bolsonarismo executa o projeto na prática ao desproteger as áreas protegidas, enfraquecendo os órgãos de fiscalização e fortalecendo os destruidores da floresta. Na Amazônia basta deixar de fazer o pouco que se fazia e avisar aos amigos que podem ficar à vontade porque não responderão pelo seus atos. É o que faz o bolsonarismo enquanto a PM de alguns estados está sendo preparada para virar uma milícia que toma suas próprias decisões.

O resultado é tanto a explosão do desmatamento, que aumentou 30% entre agosto de 2018 e julho de 2019, quanto a ameaça e/ou assassinato dos pequenos agricultores familiares e defensores da floresta: indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Quem vive na Amazônia percebe claramente que a ofensiva aumentou desde novembro. As ONGs estão entre os principais alvos a serem eliminados. Em várias regiões do Pará, quem está clamando pela “CPI das ONGs” são justamente notórios grileiros e madeireiros e seus representantes. Enrolam-se em bandeiras do Brasil e evocam o nacionalismo, mas o que querem é fincar um papel com o seu nome ― ou no nome de um de seus laranjas ― num pedaço da floresta amazônica roubada da União ou dos estados.

No Pará, estado que lidera o desmatamento no Brasil, vale a pena observar uma sequência de acontecimentos ocorridos no espaço de uma semana. De 17 a 19 de novembro, os movimentos sociais da região do Médio Xingu organizaram em Altamira um encontro chamado Amazônia Centro do Mundo. A cena da mesa de abertura do encontro, na Universidade Federal do Pará, é uma alegoria do que acontece no cotidiano da floresta. Um grupo de grileiros e fazendeiros se posicionou propositalmente no lado direito da plateia ― “sentamos à direita, como nos convém”. Há dias eles vinham sendo incitados por um homem que se apresenta como antropólogo e trabalha para a banda podre do agronegócio. Desde o início, o grupo gritava a cada vez que um dos convidados a compor a mesa falava, na tentativa de impedir que o evento se realizasse. Era uma provocação. Se alguém reagisse, o articulador manipularia os acontecimentos e diria que ele tinha sigo o agredido. Ele já usou esse truque em outros momentos na região amazônica. O maior alvo deste grupo era Raoni, o Kayapó que se tornou a principal liderança indígena do Brasil, com grande repercussão no exterior, indicado para o Nobel da Paz.

Os guerreiros Kayapó que acompanhavam Raoni entraram em sua bela formação ritual, como costumam fazer. Os Kayapó são orgulhosos e impressionantes em suas aparições públicas. Criaram uma barreira humana para permitir que os organizadores do encontro pudessem falar. E então foi possível ouvir as vozes dos intelectuais da floresta, dos intelectuais da academia, das lideranças dos movimentos sociais. Durante a maior parte da manhã, o pequeno grupo de fazendeiros e grileiros (há que se diferenciar uns dos outros) tentou impedir a voz dos povos da floresta e dos movimentos sociais. Sempre provocando, tentando abafar a voz dos convidados da mesa de abertura. Um pequeno mas revelador sinal de que limites estão sendo superados se revelou justamente no fato de que nem o bispo do Xingu, Dom João Muniz, conseguiu falar sem ser interrompido por provocações. Os organizadores já tinham registrado as tentativas de intimidação ao longo dos dias anteriores, feitas por redes sociais e por email. Presenças internacionais importantes, como a princesa da Bélgica Maria Esmeralda, ativista e embaixadora da WWF, deixaram de comparecer ao evento por temer a violência.

Submerso no noticiário produzido por Brasília, este que gravita em torno das declarações de Bolsonaro e de Lula, parte do Brasil não percebeu a grandeza do que ocorreu em Altamira neste encontro. “Amazônia Centro do Mundo” reuniu lideranças da floresta, pensadores e cientistas da academia, representantes de movimentos sociais e jovens ativistas climáticos do Brasil e da Europa, dos movimentos Engajamundo, Extinction Rebellion e Fridays For Future, este último inspirado pela adolescente sueca Greta Thunberg.

Uma parcela dos participantes vinha de outra jornada, com o mesmo nome, ocorrida uma semana antes na Terra do Meio, do qual fui uma das organizadoras. Do encontro no coração da floresta haviam participado o grande xamã yanomami, Davi Kopenawa, que hoje testemunha o território do seu povo ser mais uma vez tomado por garimpeiros, e a ativista russa Nadya Tolokonnikova, do movimento Pussy Riot, que ficou presa na Sibéria por quase dois anos depois de enfrentar o déspota Vladimir Putin. Estavam ali para se conhecerem e criarem uma aliança pela floresta. Era uma reunião de gente que não quer roubar terra pública para especular ou tirar minério. Só quer que a floresta fique em pé para que ela siga transpirando e salvando o planeta.

Em Altamira, o encontro foi organizado por dezenas de movimentos da cidade e da floresta. Depois de rachar na construção de Belo Monte, as organizações sociais se uniram novamente para lutar contra a destruição da Amazônia. Desta vez, mais preparados para identificar os truques daqueles que buscam desuni-los para poder consolidar seus projetos de destruição. Belo Monte e seu conjunto de violações foram uma pós-graduação completa sobre como agem os “gerenciadores de crise” para neutralizar a resistência, manipular as informações e infiltrar a discórdia. Este ainda é um aprendizado em curso, já que há sempre os que demoram mais a aprender. E há também os que nunca aprendem.

O encontro mostrou algo que parecia muito difícil, senão impossível, no Brasil atual: a organização de uma resistência ao autoritarismo em curso. Não apenas como uma reação aos ataques, mas como criação de futuro, como proposta de uma relação diferente com a floresta e com o próprio modo de viver para muito além da floresta. Movimentos sociais urbanos, agricultores familiares e cientistas ficaram lado a lado com indígenas, ribeirinhos e quilombolas, uma aliança que seria difícil no passado recente pela própria história de cada um destes povos. O espaço não poderia ser mais adequado, já que a universidade pública tem sido um dos principais alvos do bolsonarismo. A aliança entre os saberes da academia e da floresta foi consumada também na concretude do local escolhido.

Um dos momentos mais emocionantes aconteceu quando um agricultor da Volta Grande do Xingu, ecossistema que está sendo secado e destruído pela usina de Belo Monte e ameaçado também pela instalação da mineradora canadense Belo Sun, pediu, aos prantos, perdão aos indígenas por um dia ter ocupado terras que lhes pertenciam. Ao terminar seu discurso, um Kayapó colocou sua mão sobre a dele e, imediatamente, várias pessoas foram somando mãos. A cena tornou-se uma performance artística, não planejada, da aliança que ali estava sendo consumada.

Antes de os fazendeiros e grileiros se retirarem, vencidos em sua tentativa de criar tumulto e silenciar as vozes, ocorreu o momento mais tenso do encontro. Surgiu também ali uma liderança que a sociedade brasileira ― a que defende a vida, a democracia e a justiça ― precisa se organizar para amparar. Seu nome, para recordar e proteger: Juma Xipaya.

Estudante de medicina da Universidade Federal do Pará, em Altamira, Juma (foto acima) pertence a um povo que chegou a ser considerado extinto e precisou provar que tinha sobrevivido à tentativa de extermínio. Ela fez um discurso contundente contra os que tentavam impedir a realização do evento. Um dos notórios grileiros presentes se descontrolou e colocou o dedo no seu peito. Perto dele, duas missionárias que foram companheiras de Dorothy Stang, assassinada em 2005 por um grupo que ficou conhecido como “consórcio da morte”, rezavam. A jovem indígena não se intimidou:

“Meu nome é Juma Xipaya. Eu fico pensando o que vocês pensam quando muitas vezes se contrapõem aos nossos discursos, às nossas lutas. Parece que somos inimigos de vocês. Só quero lembrar vocês que, em momento algum, nós falamos que vocês são nossos inimigos ou que nós somos inimigos de vocês. Nós defendemos a vida, nós defendemos a floresta. E se vocês dizem que a Amazônia é do Brasil, por que vocês não estão lutando para defender a Amazônia?

Toda essa produção e esse desenvolvimento que vocês pensam são para os brasileiros ou é para o estrangeiro? Então que discurso é este que vocês pregam que a Amazônia é do Brasil, sendo que vocês não sabem a importância do que a Amazônia significa pra nós, vocês não sabem o valor da Amazônia? Vocês não são dignos para dizer isso. Sabem por quê? Vocês não sabem o que é perder um filho, vocês não sabem o que é ter as casas invadidas, vocês não sabem o que é ser expulso de terras. Respeite, respeite, respeite. Respeite a minha fala.

Vocês devem nos ouvir. Vocês invadem as nossas terras, vocês entregam o nosso minério, vocês acabam com a nossa vida, e não querem ouvir a nossa voz. Respeitem. Respeitem a Amazônia, respeitem os nosso povos que morrem todos os dias, que têm mulheres todos os dias violentadas, que têm indígenas com mãos decepadas por defenderem as suas terras. Nós defendemos o Brasil. Nós defendemos a Amazônia com nossa própria vida há séculos!

O dever de defender a Amazônia não é só porque nós, indígenas, moramos nas nossas terras. O mundo tem o dever, tem a obrigação de defender a Amazônia, porque é daqui que tiram todas as nossas riquezas e deixam somente as mazelas, as doenças, as tristezas, os conflitos.

Desrespeito é vocês virem aqui gritar, interromper a nossa fala. Se estão aqui para dialogar, então respeitem cada um. Não agridam, não cometam violência, porque eu não estou aqui agredindo vocês. Eu estou defendendo nossos direitos, o direito de existência, o direito de indígenas. Nós também somos donos, até muito mais do que vocês. O Xingu, a Amazônia, todos os seres que vocês não conseguem ver nem respeitar, sabem por quê? Porque vocês não são ligados à terra, vocês não sabem como é a conexão com a mãe natureza. Porque qual é o filho que luta para desmatar e para matar a sua mãe?

Que filhos são vocês? Que brasileiros são vocês? Eu tenho dó. Não de vocês. Eu tenho dó das futuras gerações. Dos filhos e netos de vocês. Vocês não têm o direito de acabar com a nossa futura geração. A Amazônia e o Brasil não são só de vocês. São também nossos. No mínimo, vocês têm que ter respeito e aprender a conviver”.

Raoni pediria mais tarde a todos aqueles que defendem a Amazônia que ajudassem a proteger Juma Xipaya. O pedido precisa ser ouvido para muito além da floresta. Com um AI-5 não oficial já se instalando na região, a sociedade civil precisa se organizar para criar uma rede de proteção aos defensores da floresta e impedir o processo de criminalização das ONGs que protegem estes defensores ― seja cuidando do seu bem-estar, como faz o Saúde e Alegria há mais de 30 anos, seja ajudando a implementar a economia da floresta, aquela que produz renda sem desmatar, como faz o Instituto Socioambiental nas reservas extrativistas da Terra do Meio, seja combatendo diretamente o desmatamento, como fazem outras organizações. A disputa do futuro está sendo travada exatamente agora.

Apesar das ilusões que todo povo alimenta sobre as grandezas do seu país, o Brasil tem hoje importância no cenário global principalmente por causa da Amazônia. É a maior floresta tropical do mundo que empresta relevância estratégica ao Brasil. É abrigar 60% de um bioma estratégico para o controle do superaquecimento global que faz o Brasil um país necessário. O problema é que o bolsonarismo, assim como uma parcela da elite econômica e uma parcela dos militares, continua acreditando que a riqueza da Amazônia é o minério embaixo da terra e a quantidade de terra para especulação. Parte acredita nisso porque é burra e desinformada, parte porque só se interessa por lucros privados e imediatos, colocando seus interesses acima inclusive do futuro dos próprios filhos.

A riqueza da Amazônia é a sua imensa biodiversidade e a capacidade da floresta de, como um gigantesco coração, bombear água para a atmosfera. Sem essas duas riquezas articuladas, a espécie humana, além de muitas outras, estará condenada nos próximos anos e décadas a uma existência hostil num planeta superaquecido. Como lembra o cientista da Terra Antonio Nobre, a floresta inteira lança 20 trilhões de litros de água na atmosfera a cada 24 horas. É o que se chama de rios voadores. Neste caso, um volume maior do que o Amazonas ao desaguar no Atlântico é lançado sobre nossas cabeças todos os dias. Cada árvore grande da floresta lança mil litros de água por dia na atmosfera, pela transpiração. É essa sinapse que cada um precisa completar na sua cabeça.

A qualquer hora que qualquer pessoa pegar o carro e entrar na Transamazônica, especialmente à noite, mas também de dia, vai encontrar caminhões cheios de toras na carroceria. Na região de Altamira, a maioria delas foi arrancada da terra indígena Cachoeira Seca, uma das mais invadidas e desmatadas do país desde a construção de Belo Monte. Foi isso o que os ativistas do Fridays For Future e do Extinction Rebellion viram ao viajar à Terra do Meio. Os caminhões de toras passavam ao lado do microônibus dos participantes em pleno dia. Para os habitantes locais, é uma cena corriqueira. Para os ativistas europeus, foi um choque.

O cálculo que precisa ser feito é que cada uma daquelas toras deixou de colocar mil litros diários de água na atmosfera quando era uma árvore viva, em pé na floresta. Com cada árvore que tomba morrem milhares de outros seres vivos que se conectavam à sua vida e produziam outras vidas no seu entorno. Sem compreender a dimensão do assassinato, é difícil compreender a destruição da floresta. O planeta é orgânico. Cada morte gera uma cadeia de acontecimentos. Alguns visíveis, a maioria invisíveis. Ao final do encontro em Altamira, um estudante comentaria, visivelmente abalado: “Quando falam na floresta os indígenas doem, né? Eles não estão falando de outra coisa, fora deles, mas da mesma coisa. Eles são floresta. Só entendi isso agora”.

Indígenas, quilombolas e ribeirinhos protegem a Amazônia com o próprio corpo, fazendo dele uma barreira entre a floresta e os que querem destruí-la. Diferentemente do que aconteceu no evento, onde depois de provocar confusão, fazendeiros e grileiros foram se retirando porque derrotados no seu objetivo de silenciar as vozes, lideranças da floresta morrem no massacre cotidiano no interior da floresta, lá onde não há câmeras para registrar os crimes. Também são ameaçados e/ou morrem agricultores familiares, como acontece hoje em Anapu, num número muito mais elevado do que no ano do assassinato de Dorothy Stang. A sociedade brasileira precisa decidir de que lado está e proteger quem a protege.

Apenas alguns dias depois do encontro Amazônia Centro do Mundo, em 25 de novembro, a Subcomissão Temporária da Usina de Belo Monte do Senado foi a Altamira para “fiscalizar” a hidrelétrica e realizar uma “reunião técnica”. A imprensa, porém, não pôde acompanhar a “vistoria” pela manhã. À tarde, na reunião aberta ao público, as ONGs viraram alvo. O senador Lucas Barreto (PSD) afirmou explicitamente que recomendaria a inclusão do Instituto Socioambiental, uma das organizações mais atuantes da região na defesa da floresta e de seus povos, na “CPI das ONGs”. O antropólogo da banda podre perguntou então se a CPI estava garantida para o próximo ano. E o senador confirmou. Comemorações.

A ofensiva para eliminar os “entraves” para converter a floresta de todos em fazenda de poucos está desenhada e já foi colocada em curso. A ONG Saúde e Alegria pode ser só a primeira vítima. Parte da imprensa tem colaborado com o método, ao divulgar prisões sem verificar o contexto nem fazer investigação própria. Quando alguém é preso no Brasil, o estigma gruda na pele, a condenação pública precede todo o ritual legal. Os agentes de segurança e da justiça abusam do poder para promover linchamentos. E é exatamente este o objetivo. A suspeição lançada sobre pessoas e organizações pode durar para sempre, como a história já mostrou.

É absolutamente necessário que a sociedade, autoridades e instituições repudiem as evocações do AI-5, como feitas por Paulo Guedes. Mas, junto com isso, é preciso também entender que o autoritarismo está se infiltrando sem papéis e sem documentos com uma velocidade inédita na Amazônia e nas periferias urbanas. Esta é a estratégia deste Governo barulhento que, desde que assumiu, controla o noticiário e leva a comoção pública para onde quer.

No dia 25, atingidos por Belo Monte compareceram ao Centro de Convenções de Altamira. Estas famílias moravam no Bairro Independente I e ainda não foram reassentadas. A maioria é ligada ao Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que tem importante atuação na região. Antes de os senadores entrarem para a reunião pública, acompanhados de ruralistas e da direção da Norte Energia, dois policiais militares ostensivamente armados atravessaram o salão para também fazer uma vistoria.

A cena que ali se desenrolou é incompatível com a democracia. Eles e suas armas paravam diante de cada pessoa e as obrigavam a mostrar seus cartazes de protesto. É assim que se institui o AI-5 sem nenhum documento, assinatura ou anúncio oficial.

Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista.

Brasil tem governo de mentalidade autoritária

Por Caíque Lima, no DCM

Nesta terça (26), em ameaça velada, o ministro da Economia Paulo Guedes pediu que “não se assustem se alguém pedir o AI-5”. Ele justificou a suposta necessidade da medida autoritária acusando Lula de chamar as pessoas às ruas “para fazer quebradeira”, o que é mentira.

Lula é sindicalista desde 1975, já participou de inúmeras manifestações e em nenhuma delas incentivou ações violentas. “Esse governo tem que entender que protestar é um direito”, disse Lula.

O que Guedes pretende? Diante de um fantasma, um medo que só existe na cabeça dele, a solução seria cassar direitos políticos e fechar o Congresso? É isso que o AI-5, em resumo, permite.

Apesar de o superministro apelar para a presunção de que existe uma vontade popular de apoio ao AI-5, não é o que dizem pesquisas.

Nesse sentido, ele faz o mesmo que o controvertido chefe da pasta do Meio Ambiente: nega dados disponíveis.

A maioria dos eleitores acredita que a ditadura militar deixou um legado negativo para o Brasil, segundo pesquisa Datafolha, e também que o Golpe de 64 deveria ser desprezado.

Mas o temor de um novo regime de exceção persegue os brasileiros há algum tempo. Em 2018, 50% dos eleitores acreditavam haver possibilidade de uma nova ditadura no Brasil.

Mas, diferente do que Guedes diz, o cientista político José Álvaro Moisés, mestre em Política e Governo pela University of Essex e doutor em Ciência Política pela USP, discorda de que haja respaldo social para a medida.

“Eu não acredito que a sociedade brasileira apoiaria um novo AI-5”, afirmou. José Álvaro Moisés foi ministro da Cultura do governo de Fernando Henrique Cardoso, num tempo em que a cultura não tinha sido rebaixado a um sub-ministério.

Mesmo sem acreditar em apoio popular a medidas extremistas, ele teme ações deste governo, pela “mentalidade autoritária” demonstrada por seus integrantes, “e não só pelo presidente Bolsonaro”.

A vocação autoritária está espalhada pela cúpula do governo, como demonstra a declaração de Guedes.

A expectativa é que o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional contenham os arreganhos ditatoriais que partem de Brasília.

E iniciativa nesse sentido não faltam.

A última delas é o projeto de lei que amplia o conceito de excludente de ilicitude — na prática, uma autorização para que militares, policiais civil e até bombeiros matem no caso de operação de Garantia e da Ordem. O Congresso indica que não será aprovado.

Moisés acredita que não há cálculo político nas falas de Eduardo ou de Paulo Guedes sobre o AI-5. Eles falam o que já ouviram no governo e o que passa pela cabeça deles.

“Eu não acredito que seja cortina de fumaça ou medo de protestos. É fruto de um governo com mentalidade autoritária”, disse.

Tornou-se banal investir contra democracia.

Fiquemos atentos.

Inquérito contra brigadistas de Alter do Chão gera desconfianças

Da Folha de S. Paulo

“Quando vocês chegarem vai ter bastante fogo”. “O que a gente quer é a imagem de vocês”. Tiradas de contexto, frases como essas são destacadas para basear a interpretação da Polícia Civil no inquérito que investiga a Brigada de Alter do Chão, projeto do Instituto Aquífero Alter do Chão.

Quando lidos na íntegra, os diálogos revelam apenas dúvidas dos integrantes do projeto sobre as contrapartidas ao patrocínio da WWF. As discussões ficam em torno do tempo – três meses ou cinco anos – em que a WWF poderá se vincular a imagens de divulgação da Brigada, já que a doação de equipamentos será usada nos próximos anos.

O blog teve acesso a documentos que compõem o inquérito, com registro dos grampos (interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça) e medidas cautelares que pedem a prisão preventiva, realizada na terça (26), dos quatro brigadistas responsáveis pelo projeto.

“É, cara, o Caetano falou que a gente tá se preocupando com coisa pequena, mas como a gente tá querendo fazer tudo certinho”, diz Gustavo de Almeida Fernandes a Marcelo Aron Cwerner. “Eu só acho desproporcional que eles queiram usar nosso logo para sempre”, responde Marcelo. Os dois estão entre os quatro brigadistas presos.

Direto do Twitter

“É crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra o Estado democrático de Direito e a ordem constitucional”.

Ricardo Lewandowski, ministro do STF