POR GERSON NOGUEIRA
Com lotação esgotada, o estádio Mangueirão deve ter uma noite gloriosa nesta quarta-feira. O Papão tem a grande chance de levantar o tricampeonato da Copa Verde, torneio regional criado em 2014 como espécie de um auxílio aos dois grandes clubes do Pará – à época, o Remo vinha de um período fora de competições nacionais.
Não por acaso o PSC ostenta a condição de maior vencedor da competição – dois títulos e dois vice-campeonatos. É o time que mais leva a sério a Copa Verde. Mesmo com todos os muitos problemas, a começar pela baixa premiação, o torneio nunca foi negligenciado pelo clube.

Desde o primeiro ano, quando chegou à final contra o Brasília e perdeu nos penais, o Papão entra na competição sempre com favoritismo. No ano passado, tendo o Atlético-ES como oponente na decisão, os bicolores também desfrutaram de situação confortável para o confronto final em Belém. Venceram o jogo de ida por 2 a 0 e garantiram a taça com um empate (1 a 1) mais difícil do que o esperado.
A lição serve para a partida desta noite. Mesmo com um time aparentemente inferior, como o Atlético-ES, o PSC teve que superar as dificuldades naturais de uma final. Não deve ser muito diferente contra o Cuiabá, dirigido por Marcelo Chamusca.
Com força máxima, o Papão depende de escolhas pontuais para definir a escalação. Tomaz Bastos, que atuou mal em Cuiabá, é o preferido de Hélio dos Anjos para comandar o meio-campo, mas Leandro Lima – que entrou muito bem no primeiro jogo – é uma alternativa.
Ponto alto na temporada, responsável maior pela invencibilidade de 24 partidas (8 vitórias e 16 empates), a defesa alviceleste pode ser um diferencial importante, a começar pela segurança adquirida com a efetivação de Giovanni no gol.
Na comparação direta, o PSC leva a melhor – o Cuiabá perdeu dois de seus três jogos mais recentes, sofrendo três gols. O ataque também tem sido mais efetivo. Nos três últimos confrontos, o visitante não marcou gols e o PSC fez seis, mesmo levando em conta os amistosos contra Tuna e Sport. A força dos números respalda o favoritismo bicolor. (Foto: Jorge Luiz/Ascom PSC)
Vitória da Seleção só empolga a narração global
Quando a Seleção Brasileira comemora o fato de marcar um gol de falta após cinco anos é porque realmente algo vai muito mal. Contra a modesta Coreia do Sul, que se posiciona ali na quarta prateleira do cenário mundial (e olhe lá…), a vitória finalmente aconteceu e Tite conseguiu afrouxar a corda que circunda seu pescoço.
Na entrevista, em tom contido, tentando disfarçar ao máximo o alívio pelo fim da sequência de tropeços, o técnico economizou vocábulos de seu dialeto particular, mas saudou o que considera providências inovadoras.
A não ser pelo lateral Renan Lodi, com atuação bem interessante, e a boa movimentação de Fabinho no meio-campo, a Seleção não mostrou rigorosamente nada que apoiasse o entusiasmo delirante de narradores e comentaristas globais. Um deles avaliou que a “bela atuação permite prospectar um futuro melhor para a Seleção”. Deus do céu.
Richarlison é ponteiro no Everton. Gabriel Jesus é centroavante no Manchester City. Tite, talvez para mostrar sapiência, inverte tudo na Seleção Brasileira. Contra a Coreia do Sul, ontem, Richarlison foi escalado no centro do ataque e Gabriel virou ponta-direita.
Ambos, que já são limitados, tornam-se piores com as invenções de Tite. Outra presepada é insistir em dar a camisa 10 a Paquetá, que não tem o estofo que a função de meia-armador exige. De toda sorte, o triunfo permitirá a Tite voltar à luta pelo título mundial de amistosos inúteis.
Pochettino cai, vítima de expectativas não realizadas
E quem falou que o futebol europeu não demite técnico durante competições importantes¿ Mauricio Pochettino teve sua dispensa anunciada ontem à tarde pelo presidente do Tottenham, Daniel Levy.
“Infelizmente, os resultados domésticos no final da temporada passada e no começo desta foram extremamente decepcionantes”, justificou o dirigente, informando também sobre a demissão dos auxiliares do treinador.
A decepção com os resultados do Tottenham no campeonato inglês (é o 14º colocado, com apenas cinco vitórias) deixaram em segundo plano o excelente trabalho dele na Champions League, quando levou o clube à final do maior torneio de clubes do planeta.
Apesar de nunca ter ganho um título, Pochettino é apontado como responsável por mudar o patamar do Tottenham ao fazer uma campanha continental inacreditável para o elenco limitado que tinha nas mãos.
É provável, como especula a imprensa esportiva britânica, que o êxito com a chegada à decisão da Champions tenha até prejudicado Pochettino, pois os cartolas ficaram entorpecidos pela façanha do time.
Pochettino sai com alguns milhões de libras na conta bancária e o substituto deve ser anunciado até o final desta semana. José Mourinho, Gerrard e Carlo Ancelotti são os nomes mais especulados.
Dia de luta e resistência contra o obscurantismo
Hoje é o Dia da Consciência Negra, mas não há rigorosamente o que aplaudir. A luta contra o racismo e a desigualdade é diária e inglória. Em meio a pequenos avanços surgem baques terríveis.
É o caso da primitiva reação de deputados extremistas, ontem, nos corredores da Câmara dos Deputados. Investiu contra um cartaz que saudava a data e a mobilização em defesa do povo negro e pobre.
A cada novo mergulho nas trevas, ficamos menores como povo dito civilizado.
(Coluna publicada no Bola desta quarta-feira, 20)