Conspiração Lava Jato

Por Luis Felipe Miguel

Para quem tem acompanhado com um pouco de atenção a política brasileira dos últimos anos, os documentos divulgados ontem por The Intercept Brasil têm mais sabor de confirmação do que de revelação. Restavam poucas dúvidas sobre a motivação política da Lava Jato ou sobre o comportamento anti-ético do juiz Sérgio Moro. Vendida pela mídia e pela direita em geral como a maior operação de combate à corrupção da história, a Lava Jato é, ela própria, profundamente corrupta. Seu objetivo nunca foi combater desvios, mas sim retirar o Partido dos Trabalhadores do poder pelos meios que fossem necessários, interrompendo suas tímidas políticas sociais compensatórias. Agora, essa conclusão não é mais uma mera especulação, ainda que sustentada em evidências. Está comprovada.

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A Lava Jato não foi capaz de garantir a eleição de Aécio Neves em 2014, mas permitiu a deflagração do golpe de 2016, abriu as portas para a criminalização do PT e da esquerda, colocou Lula na prisão e fez do miliciano ou amigo de milicianos Jair Bolsonaro o novo presidente da República. Seu saldo líquido é o recuo das instituições democráticas e do império da lei, a obsolescência da Constituição de 1988, a degradação dos três poderes, a maior vulnerabilidade da república a grupos criminosos, a retirada de direitos, a perda da soberania nacional e o aumento da vulnerabilidade social.

O nome com que a operação passará à história, não resta mais dúvida, é “Conspiração Lava Jato”. Os documentos publicados até agora indicam com clareza que Moro e os procuradores conspiraram – no sentido preciso da palavra – para prender Lula e para influenciar resultados eleitorais. Não tardará a ficar evidente a participação de outros agentes, como a mídia corporativa ou os Estados Unidos.

Para o campo democrático, as novas informações redimensionam a campanha pela libertação de Lula. A rigor, todas as sentenças oriundas da Lava Jato precisariam ser anuladas. A vinculação da corrupção do Judiciário com os demais retrocessos que ocorreram no país tornou-se ainda mais gritante. E a ilegitimidade da eleição de 2018 também não tem mais como ser escondida. Entendido como bandeira que sintetiza a denúncia do ataque às instituições democráticas, o “Lula livre” deve representar não só a defesa da liberdade do ex-presidente e de todos os outros presos políticos, como também a oposição ao golpe e às políticas que ele implementou – e mesmo, na medida em que as condições permitirem, a exigência de anulação do pleito do ano passado.

Para a extrema-direita, pouco muda. O cinismo, que ela se habituou a praticar no debate público, já está a pleno vapor. Nas mídias sociais, robôs e robotizados reagiram às reportagens do The Intercept Brasil com frases como “Lula tá preso, babaca”. No contexto, a frase é uma confissão de culpa e revela o universo mental deste grupo: a política é um vale-tudo e, se Moro e Dallagnol desrespeitaram as regras básicas da ética e da lei para prejudicar seus adversários, ainda mais “heróis” eles são.

Quem fica em maus lençóis mesmo é o amplo setor do lavajatismo que se quer “civilizado” – aqueles que não desejavam se confundir com Bolsonaro, que não queriam se comprometer com o desmonte da democracia brasileira, mas ficavam satisfeitos com a criminalização do petismo e incorporaram a versão do “combate sem tréguas à corrupção” como justificativa. É um amplo grupo, que inclui parte da cúpula do Judiciário e parte da grande imprensa; políticos conservadores que se projetam como respeitáveis, como Fernando Henrique Cardoso e Marina Silva, e também o udenismo de ultraesquerda. Para estes, chegou a hora da verdade. Ou mandam publicamente os escrúpulos às favas ou terão que romper sua conivência com a conspiração.

Polícia indicia ex-presidente do Flamengo pela tragédia no Ninho do Urubu

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A Polícia Civil do Rio de Janeiro indiciou por homicídio doloso Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo, e outras sete pessoas pelas mortes de 10 atletas no incêndio no Centro de Treinamento do clube em fevereiro deste ano.

O inquérito, assinado pelo delegado Márcio Petra, também pede o indiciamento por dolo eventual de engenheiros do Flamengo e da empresa NHJ, responsável pelos contêineres, além de um técnico de refrigeração. Outros três atletas ficaram feridos na ocasião.

Na investigação, a polícia observou as seguintes questões:

  • Conhecimento de que diversos atletas da base residiam no contêiner;
  • Estrutura incompatível com a destinação (dormitório);
  • Contêiner com diversas irregularidades estruturais e elétricas;
  • Ausência de reparos dos aparelhos de ar condicionado instalados no contêiner;
  • Ausência de monitor no interior do contêiner;
  • Recusa de assinatura do TAC proposto pelo Ministério Público do Rio de Janeiro para que fosse regularizada a situação precária dos atletas da base do Flamengo;
  • Piora das condições do alojamento dos jogadores da base, inclusive, no que se refere a segurança contra incêndio, assinalada nos autos da Ação Civil movida pelo MPRJ;
  • Descumprimento da Ordem de Interdição do CT editada pelo Poder Público Municipal por falta do alvará de funcionamento e do certificado de aprovação do Corpo de Bombeiros;
  • Múltiplas multas impostas pelo Poder Público Municipal diante do descumprimento da Ordem de Interdição;
  • Causa entre o cenário exposto e o incêndio.

No dia do incêndio, os jovens dormiam em um alojamento improvisado com contêineres quando o fogo destruiu a estrutura.

O laudo da Polícia Civil sobre a tragédia aponta que as chamas foram causadas por um curto-circuito em um dos aparelhos de ar-condicionado. O material do revestimento dos módulos permitiu que as labaredas se alastrassem.

No alojamento dormiam garotos de 14 a 17 anos dos times juniores do Flamengo.

Wesley é o novo reforço do Papão

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O Paissandu anunciou na manhã desta terça-feira a contratação do atacante Wesley Pacheco, de 29 anos, que estava no América-MG. O novo reforço bicolor vai vestir a camisa do Papão até o fim da Série C 2019. Centroavante de força e presença na área, Wesley foi revelado pelo Grêmio-RS, onde atuou como profissional em 2011. Foi destaque no Campeonato Gaúcho de 2015 pelo Cruzeiro-RS.

No mesmo ano, trabalhou com o técnico Hélio dos Anjos no Goiás, na Série A do Brasileirão. Ainda na elite, defendeu o América-MG, na temporada passada. Foi artilheiro do Caxias-RS com seis gols em 12 jogos pela Série D 2018. O atleta desembarcou em Belém na manhã de hoje e, à tarde, será integrado ao elenco, no estádio da Curuzu.

A frase do dia

“O conluio Moro/Dallagnol vai matar a Lava Jato. E Lula terá toda razão em processar o Estado por tê-lo mantido encarcerado por mais de 13 meses ao cabo de um processo que, ao que tudo indica, foi um verdadeiro aleijão judicial”.

Fabio Pannunzio, jornalista

Copa América registra venda de ingressos muito abaixo do esperado

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A três dias da abertura da Copa América-2019 pouco mais de 60% dos ingressos disponibilizados para o público foram vendidos. Há partidas, principalmente em Belo Horizonte – Mineirão -, com venda muito pequena. Os jogos do Brasil estarão cheios, mas ainda há bilhetes, inclusive para a estreia, sexta-feira (14), contra a Bolívia, no Morumbi. O Comitê Organizador Local (COL) da competição confirmou que pouco mais de 600 mil do 1 milhão de ingressos colocados à venda para o público em geral foram vendidos até o dia 7 deste mês, última atualização disponível.

O UOL Esporte apurou que a Conmebol, que organiza a competição, gostaria de chegar na semana da competição com ao menos 70% vendidos — há esperança de que o início do torneio aumente o interesse e os torcedores se animem em adquirir bilhetes para partidas menos concorridas.

O jogo entre Japão (seleção convidada) e Equador, pelo Grupo C no dia 24 de junho no Mineirão, tem vendidos apenas 1.400 ingressos para torcedores em geral, apurou a reportagem — o número não conta bilhetes da família Conmebol, que engloba patrocinadores, cartolas e convidados, de hospitalidade, com camarotes e áreas VIPs e gratuidades. Também no Mineirão, Bolívia e Venezuela, pelo grupo do Brasil, o A, teve 3.600 ingressos vendidos para o público em geral — há preocupação interna com estádios muito vazios na primeira fase da competição.

O COL informou que não divulgaria números oficiais de parciais de cada partida e que pessoas de 115 países diferentes já adquiriram entradas para a Copa América. Desde o dia 31 de maio está disponível no site oficial da competição, o copaamerica.com, o quarto e último lote de ingressos. Os preços variam de R$ 30 (meia-entrada) da categoria 5 para um jogo da primeira fase até R$ 890, da categoria 1, para a final da competição, dia 7 de julho no Maracanã. A decisão, por sinal, é o único jogo que está com as entradas esgotadas. A abertura entre Brasil e Bolívia ainda tem bilhetes para a categoria 1, o mais caro, com valor cheio de R$ 590.

A seleção brasileira já conviveu com público baixo na preparação para a Copa América, no amistoso contra Honduras (7 a 0 Brasil), domingo passado (9) em Porto Alegre, com pouco mais de 16 mil pessoas no Beira-Rio. Foi o jogo com menos torcedores em casa desde a Copa do Mundo de 2014. Até o técnico Tite estranhou e disse que esperava mais pessoas no estádio.

Como “Billions” virou, sem prometer, uma das melhores séries no ar

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Por Caio Coletti

“Billions” tinha tudo para dar errado. Com um tema que muitos consideram entediante (o mundo das finanças), a série criada pelo trio Brian Koppelman, David Levien e Andrew Ross Sorkin desafiou um cenário televisivo em que histórias sobre “anti-heróis complicados” não eram mais a regra e chegou a sua quarta temporada como um dos títulos mais bem-sucedidos da emissora Showtime.

A trama de “Billions” acompanha a disputa entre dois homens de lados opostos da lei. Chuck Rhoades (Paul Giamatti) é o promotor-chefe de um dos distritos mais importantes de Nova York, e aspira a posições mais altas no governo. Seu caminho para o sucesso é Bobby Axelrod (Damian Lewis), dono de uma firma de investimentos que pode estar envolvida em ilegalidades.

Complicando ainda mais a situação, Chuck é casado com Wendy Rhoades (Maggie Siff), que por sua vez trabalha para a firma de Bobby, como psicóloga de plantão para ele e seus empregados. O complexo campo minado moral desta premissa é navegado de forma engenhosa pela série.

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É verdade que Chuck e Bobby são personagens estimulantes, sempre transitando em áreas cinzentas de moralidade e ética, com vidas interiores que são destrinchadas aos poucos pelos ótimos roteiristas de “Billions”. A série não seria a mesma, no entanto, sem Wendy.

O grande blefe de “Billions” é apresentar a sua principal personagem feminina como uma mera ponte ou suporte para os protagonistas masculinos, e então virar o jogo ao transformá-la em uma força da natureza que, em muitos momentos, manipula os dois com facilidade.

Wendy é uma criação rica e complexa, e a atriz Maggie Siff faz jus a ela com uma performance calculada, contida e inteligente. Ela empresta um senso de autoridade, mas também dinamismo e flexibilidade, à personagem.

É impressionante que ela se torne o destaque em tantos episódios de “Billions” quando seus companheiros de cena são atores do calibre de Paul Giamatti e Damian Lewis. Especialmente em suas (raras) cenas juntos, os dois exploram as profundezas da ambição e da agressão masculina de forma bombástica.

Além dos personagens e atores afiados, “Billions” aposta em retratar o mundo das finanças de forma acessível, mas sem insultar a nossa inteligência. Isso significa que a complexidade das transações comerciais e das leis que as governam não é escondida, mas que a linguagem usada pela série faz com que elas pareçam mais próximas de quem não vive no universo das finanças.

Esta abordagem se transfere para a forma como a série lida com outras questões. Por exemplo: o personagem Taylor, interpretado por Asia Kate Dillon, é uma pessoa não-binária, que não se identifica com nenhum dos dois gêneros e prefere usar pronomes neutros (o que é mais fácil em inglês do que em português, onde não temos uma alternativa para a dualidade “ele”/”ela”).

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Pioneira na representação de pessoas não-binárias, “Billions” criou uma personagem instigante, que se tornou aos poucos um dos grandes destaques da série. A identidade de gênero de Taylor não é parte central da história, e a maioria dos personagens (esteja Taylor presente na cena ou não) respeita a sua escolha de pronomes integralmente.

Inteligente, mas sem ares esnobes, “Billions” encontrou a forma certa de apelar ao público adulto na TV contemporânea. Aos poucos, sem prometer, se tornou um dos mais sofisticados e interessantes dramas no ar.

O Papão e seus demônios

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POR GERSON NOGUEIRA

Desde o empate com o Atlético-AC, sábado, em Rio Branco, o Papão mergulhou em debates internos acalorados que levaram à decisão de afastar quatro jogadores, por insuficiência técnica e problemas disciplinares. Marcos Antonio, volante expulso aos 10 minutos da última partida após entrada violenta sobre o jogador Everton, é o nome mais óbvio na lista.

Os demais punidos são Alex Gallo, que jogou alguns minutos contra o Remo, o centroavante Paulo Henrique e o goleiro Douglas Silva, que não chegou a ter chances. A medida, ainda dependendo de oficialização, reforça a impressão de que o clube repetiu erros na política de contratações.

A má vontade crescente em relação ao trabalho de executivos de futebol, cujo ápice ocorreu na contestada passagem de Alexandre Mazzuco pela Curuzu, volta a se manifestar em relação a Felipe Albuquerque, profissional que o PSC trouxe do futebol goiano.

Em meio a isso, o presidente Ricardo Gluck Paul encara o bombardeio da torcida, cada vez mais virulento nas redes sociais e no dia a dia do clube.

Depois da chuva de ovos após a derrota fora de casa contra o Boa Esporte, um novo incidente sacudiu o clube. Um dia antes do jogo com o Atlético-AC, um grupo de torcedores levou cartazes à sede social cobrando o afastamento do meia Tiago Primão e criticando a diretoria de futebol.

Da novíssima safra de dirigentes do clube, filho do grande benemérito Ambire Gluck Paul, Ricardo esteve presente nas duas gestões anteriores, de Sérgio Serra e Tony Couceiro.

Ao assumir, impôs mudanças interessantes na rotina do clube, investindo em transparência e contato direto com os torcedores. Acima de tudo, teve a coragem de romper com a fantasia de que o Papão era uma pujança econômica. Corajosamente, abriu os números que elucidavam a realidade financeira do clube. A ousadia pode ter lhe custado caro.

Por desfazer a imagem de “Barcelona do Norte”, que muitos torcedores adoravam cultivar, Ricardo abraçou-se de forma calculada aos riscos da impopularidade. Como os resultados em campo não corresponderam às expectativas no Campeonato Estadual, as cobranças começaram a surgir de forma ruidosa.

A caminhada trôpega na Série C completou o quadro de insatisfação da galera. A contratação de Léo Condé, que substituiu João Brigatti na reta final do Parazão, não trouxe o encaixe esperado e o desgaste se acentuou.

Mesmo com a chegada de Hélio dos Anjos, a torcida continua reticente, preocupada com os desdobramentos da campanha e naturalmente distante dos jogos do clube.

Cria-se, então, um quadro contraditório. Ricardo é hoje fustigado mais por suas virtudes do que pelos erros de sua administração – todos vinculados exclusivamente ao time de futebol. Quando expõe as dificuldades financeiras acaba por irritar o torcedor que lá atrás acreditou em bonança sem fim.

Para complicar ainda mais a situação, o rival faz uma temporada perfeita até agora. Bicampeão estadual e na liderança de seu grupo na Série C, o Remo é forçosamente alvo de comparações com o atual momento do clube alviceleste.

A questão é que o Leão nunca escondeu suas mazelas. Até por desorganização interna em gestões passadas, os azulinos ficavam o tempo todo expostos a vexames públicos, diante de dívidas e calotes.

Na Curuzu, porém, a realidade dos números era mantida sob sete chaves e até certo ponto era vendida de maneira incorreta. Seus defensores, dentro e fora do clube, argumentam que Ricardo está apanhando agora por mostrar as vísceras contábeis do clube.

Seus críticos mais ferozes – entre os quais alguns desafetos dentro da política do PSC – entendem que o maior de seus equívocos é a blindagem ao executivo Felipe Albuquerque, que é visto como principal responsável pelas falhas nas contratações para a temporada.

Os próximos irão definir se, além dos quatro afastados ontem, mais gente entrará na relação de dispensados pelo clube. De concreto, há a preocupação imediata em reabilitar o time – sem vencer há sete jogos – e reforçar o ataque, acatando solicitação expressa do técnico Hélio dos Anjos. Pode ser o remédio cabível para afastar o inferno astral e os demônios internos. A conferir.

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Seleção de Tite e o mundo da fantasia

Quem vê Gabriel Jesus dando entrevista à Globo todo feliz com os gols marcados contra a fraquíssima Honduras (com um a menos em grande parte do jogo) chega facilmente à conclusão de que Tite e seus comandados continuam fora da realidade.

O treinador também não teve pudor em saudar como altamente positiva a surra (7 a 0) sobre um dos times mais furrecas do planeta. Turbinado pelos termos superlativos adotados com fervor na narrativa pachequista da mídia amiga, Tite segue a encantar serpentes, na imagem feliz criada pelo uruguaio Lugano.

O fato é que não há mais como iludir nem mesmo o torcedor “de Copa”, o típico endinheirado que compra ingressos caros para ver qualquer joguinho agendado pela CBF. O público de 16 mil pagantes em Porto Alegre, no domingo, prova que até as lorotas midiáticas já não comovem a massa.

A poucos dias da abertura da Copa América, torneio que tem um peso importante nas expectativas de audiência da Globo, a ideia é transformar a expectativa negativa da torcida em cenário de patriotada e “pra frente Brasil” a qualquer custo.

Improvável que isso venha a se consumar, mesmo com a saída de cena do atrapalhado Neymar, mas a estratégia segue inalterada e isso foi visível no noticiário inflamado que repercutiu ontem a surra de 7 a 0 sobre Honduras. Mereceu tratamento tão especial e empolgado que, por alguns instantes, passou a ideia de algo realmente sério.

(Coluna publicada no Bola desta terça-feira, 11)

Algumas considerações sobre o dossiê do The Intercept

  1. É bastante provável que a denúncia de Sérgio Moro, de invasão recente de seu celular por hackers, tenha sido uma armação dele próprio.

Há cerca de duas semanas, o repórter Marcelo Auler já tinha ouvido boatos sobre um mega vazamento dos celulares dos membros da Lava Jato. Os boatos falavam de pânico nas hostes da operaçao. A denúncia de Moro, dias antes da publicação do Intercept, inclusive levantando argumentos de “segurança nacional”, pareceu muito mais uma jogada desesperada para ligar o caso a hackers e impedir sua publicação. Evidentemente que o autor de um vazamento ilegal da conversa de uma presidente da República não teria como invocar argumentos contra o vazamento atual. Por isso a lógica da “segurança nacional” não colou.

O material expõe apenas o conteúdo das conversas em grupo.  Chama atenção, no entanto, um diálogo informal entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, sugerindo que o dossiê traz também conversas entre duas pessoas.

Então há possibilidade de se chegar a instâncias superiores que participavam do jogo – dos desembargadores do TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), o Ministro Felix Fischer, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e algum Ministro do Supremo Tribunal Federal, em articulações individuais.

Aí se chegaria às armações para impedir o habeas corpus que tiraria Lula da cadeia, as jogadas processuais do TRF4, garantindo a unanimidade nos julgamentos, e até os acertos entre o ainda juiz Sérgio Moro e o grupo de Bolsonaro.

  1. As delações premiadas – Outro capítulo cabeludo foram os acertos em torno do milionário mercado das delações premiadas. Uma bomba seria a reconstituição das conversas sobre as tratativas dos procuradores de buscar acordo com Tacla Duran, intermediadas pelo primeiro amigo de Sérgio Moro, Carlos Zucolotto. Ou as conversas envolvendo o advogado Marlus Arns, de estreitas relações com Rosângela Moro, que herdou as ações de Beatriz Cattapreta.
    1. As jogadas políticas

    Há uma série de episódio óbvios: a manobra para impedir que Lula fosse solto por um HC; o vazamento do vídeo de Antonio Palocci na véspera das eleições; os acertos entre Moro e Bolsonaro para assumir o Ministério. E há a capa da Veja, publicada na véspera das eleições de 2014, que quase inverte o resultado.

    1. O contra-ataque

    Nos próximos dias, a estratégia dos aliados de Sérgio Moro – incluindo Globo e Estadão – será insistir na apuração do autor dos vazamentos. É quase certo que tentem incluir as investigações do Supremo Tribunal Federal (STF) nas suspeitas. É por aí que tentarão construir a contra-narrativa, para reduzir os impactos das revelações do The Intercept.

    De qualquer modo, sobram duas dúvidas. A primeira, sobre como o sistema de Justiça irá tratar de um caso exposto tão amplamente, de manipulação de investigações. A segunda, se Moro ainda é considerado servível pelo sistema.

    Provavelmente, o que restará dele serão as lembranças de um personagem provinciano, alçado ao topo do mundo, mas que jamais passou de um mero instrumento de manipulação política, que se usa, se joga fora.

(Por Luis Nassif)

Trivial variado do mundo de Alice criado pelos falsos heróis de Curitiba

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“Para cúmulo da raiva dos bolsominions, o autor da reportagem que está destruindo o ídolo justiceiro deles é gay e bem casado com um político de esquerda. resultado: toda a homofobia deles está vindo à tona, acrescida da comunistofobia aloprada de sempre. que gentinha”. Cynara Menezes

“Glenn Greenwald deveria cuidar de sua segurança pessoa, pois se trata de um governo de milicianos, há matadores de aluguel por ‘qualquer cinco mil réis'”. Alberto Almeida

“O comparsa do Dallagnol era juiz mas não tinha vergonha de posar para foto ao lado de políticos, desde que de um mesmo lado ideológico. Foi assim com o amigo Aécio, com Doria, com Temer…”. Rogério Correia

“Se grampear e divulgar conversas íntimas de dona Marisa e os filhos foi tão importante, mesmo sem qualquer relação com o processo, por quê reclamam de vazamentos que têm diretamente relação com a Lavajato?”. Toni Bulhões

“Nenhum jornalista brasileiro tem o prestígio internacional de , vencedor do Pulitzer e outros prêmios. sua fonte sabia disso, obviamente que não são hackers…”. José de Abreu

“O processo judicial é o meio legal de investigação e condenação ou absolvição. A mácula dele tira a legitimidade para qualquer resultado, o que significa que, quando houver prova do ativismo do Juiz, o processo respectivo deve ser anulado. Ponto!”. Pedro Ruas