
POR GERSON NOGUEIRA
O caminho da recuperação do Papão na Série C passa necessariamente pelo bom desempenho de Mota. Logo ele, que há até alguns dias era contestado nas arquibancadas da Curuzu sempre que o time passava aperreios, e até mesmo quando vencia. Cheguei a escrever um artigo no começo de maio tentando achar explicações para a rejeição sofrida pelo goleiro.
Avaliei, na ocasião, que Mota era vítima dos efeitos injustos da comparação com o goleiro Vinícius, ídolo do rival. A má vontade de grande parte da torcida em relação a ele decorria dos êxitos do arqueiro remista, turbinada pela chama da rivalidade.
Nas argumentações em defesa do goleiro, observei que não se podia deixar de reconhecer a atuação correta de Mota nos jogos do Campeonato Estadual e na Série C. O texto repercutiu e recebi mensagens de torcedores questionando a qualidade do goleiro e enfatizando a insatisfação com sua presença no gol alviceleste.
Aí, de repente, a torcida passou a ver arrojo e colocação onde antes enxergava apenas insegurança e falta de intensidade (explosão). Essa mudança de avaliação aconteceu a partir do jogo com o Volta Redonda, quando Mota foi peça exponencial na atuação do PSC.
Além de defender uma penalidade máxima, ele apareceu muito bem em quatro outros lances de perigo. Cabe lembrar que o goleiro havia saído de Belém em recuperação de uma lesão e sob questionamentos, após o tropeço do PSC frente ao Juventude, na Curuzu.
No confronto seguinte, pela Copa do Brasil, em Porto Alegre, impediu que a vitória do Internacional fosse mais ampla. É verdade que saiu em falso no lance do 3º gol (Guerrero), junto com toda a zaga, mas já havia acumulado crédito suficiente para não ser alvejado com a ferocidade de antes.
A ascensão continuou na partida contra o Luverdense, na qual Mota teve atuação novamente elogiada, apesar da derrota por 2 a 0.
Veio o jogo contra o Inter, nesta semana, em Belém, e a atuação do arqueiro dirimiu as últimas dúvidas. Até o mais recalcitrante torcedor teve que se render às defesas arrojadas de Mota, que impediu que Nico Lopez, Ednilson e Guerrero fizessem gols praticamente certos.
Muitos dos aplausos que a torcida dedicou ao time à saída do gramado na noite de quarta-feira eram certamente direcionados à Mota, um grande exemplo de superação silenciosa frente à desconfiança de uma torcida apaixonada e exigente. Respaldado pelas últimas atuações, volta a campo hoje contra o S. José na condição de uma das unanimidades do time.
Com a chegada de Hélio dos Anjos, o PSC busca engrenar na Série C. A presença de um goleiro em grande fase é garantia de estabilidade defensiva, o que deve contribuir para o começo do trabalho do novo comandante.
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Papão muda rota e aposta na velha guarda
O anúncio da contratação de Hélio dos Anjos não entusiasmou a torcida bicolor. Havia a expectativa de que a diretoria manteria o critério de buscar técnicos mais jovens, sem os vícios do passado. Hélio pertence à velha guarda, embora tenha apenas 61 anos.
Experiente, rodou o Brasil e esteve no futebol do Pará em duas ocasições. Em 1995, foi campeão pelo Remo, mesmo participando de apenas quatro jogos da campanha. Em 2002, comandou o Papão, por cinco partidas.
Talvez cansada de insucessos com treinadores da novíssima geração, a diretoria decidiu fazer uma aposta nos velhos métodos.
A conferir.
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Enfim, um projeto para reinventar o Mangueirão
A melhor notícia da semana para a torcida paraense diz respeito ao estádio Jornalista Edgar Proença. Em três meses, o Governo do Estado vai apresentar um amplo projeto de reforma e modernização do velho Mangueirão. A principal praça de esportes do Pará vai finalmente receber obras planejadas, depois de 41 anos de existência. Até hoje, o estádio sempre foi alvo de remendos parciais e às pressas.
O próprio governador Helder Barbalho comandou a reunião, na quarta-feira (29), com representantes da CBF, FPF e da dupla Re-Pa, para discutir pontos que possam contribuir para o projeto de reconstrução do estádio.
Depois de seguidos reparos na estrutura, a capacidade do estádio caiu de 42 mil para 35 mil espectadores. Com adaptações e soluções arquitetônicas que permitam a ampliação, pode voltar a ter 40 mil lugares.
Partiu do arquiteto representante da CBF, Danilo Carvalho, a observação mais interessante: a criação de novas possibilidades de uso pode adequar o Mangueirão para receber jogos da Seleção Brasileira e grandes eventos.
A revitalização deve vir acompanhada de uma campanha que ensine, principalmente a imprensa esportiva local, a chamá-lo pelo nome verdadeiro: Estádio Jornalista Edgar Proença, conforme estabelece lei aprovada pela Assembleia Legislativa.
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Bola na Torre
Guilherme Guerreiro apresenta o programa, a partir das 22h, na RBATV. Participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba baionense. Em pauta, gols e análise da rodada dos clubes paraenses nas séries C e D.
(Coluna publicada no Bola deste domingo, 02)