
POR GERSON NOGUEIRA
A falta de gols traduziu bem o que foi o jogo Tapajós x Remo, ontem à noite, em Santarém. Sem dúvida, foi uma das piores partidas do campeonato. Com pouqussímas testemunhas nas arquibancadas do estádio Barbalhão (561 espectadores), os times exageraram na falta de criatividade, nos erros de passes e na ausência de jogadas mais trabalhadas.
O lance mais agudo aconteceu só aos 48 minutos do 2º tempo, quando uma bola cabeceada por Daivison bateu no travessão de Vinícius no último lance da noite. Apesar do fraco nível técnico, se um time merecia vencer era o Boto santareno, que teve mais iniciativa e disposição, embora pecando muito nas finalizações.
Walter Lima e Márcio Fernandes estrearam como técnicos de Tapajós e Remo, respectivamente, e devem ter constatado que há muito trabalho a ser feito para que os times venham a ter um desempenho razoável na competição.
O caso de Fernandes é mais complexo, pois os problemas se acumulam desde o período em que João Neto era o comandante e não há tempo para arrumar a casa em pleno campeonato. Para complicar as coisas, os jogadores estão longe de satisfazer as expectativas da exigente torcida.
Ontem, algumas das velhas fragilidades do Remo ficaram expostas no embate com o Tapajós. A defesa continua sobrecarregada pela fragilidade do setor de meio-campo, área crítica da equipe.
Vacaria é o único a combater de fato, embora exagerando em muitos momentos. Diogo Sodré, seu parceiro de missão, está muito aquém das necessidades da equipe. Erra passes em demasia, não consegue conectar meio com ataque e chuta muito mal.
Etcheverría ainda se movimentou razoavelmente no 1º tempo, mandou duas bolas perigosas em direção ao gol do Tapajós, mas na etapa final foi deslocado para a lateral esquerda, onde sumiu porque não tem fôlego para correr pelos lados e executar marcação forte.
Mesmo após uma semana de treinos, o Remo se mostrou travado e com jogadores manifestando cansaço ao longo do 2º tempo, depois da correria imposta pelo Tapajós na primeira etapa.
O ex-azulino Sílvio foi a principal alternativa ofensiva do Boto, forçando passagem pela esquerda, em cima de Djalma.Foi dele o primeiro arremate mais perigoso ao gol remista, obrigando Vinícius a uma boa defesa, aos 26’. Após a contusão grave de Amaral, o jogo parou por dez minutos e esfriou um pouco o ímpeto dos donos da casa.
Depois do intervalo, Fernandes manteve o sistema de três atacantes, trocando apenas Alex Sandro pelo velocista Henrique. Com mais rapidez nos avanços, o Remo criou sua melhor situação logo aos 2’ com Etcheverría cobrando falta e quase abrindo o placar. O goleiro Jader desviou com a ponta dos dedos.
Mas os bons momentos azulinos ficaram por aí. O Tapajós voltou a pressionar e Sílvio teve nova participação aguda, batendo forte de fora da área, aos 8’. Sem criação no meio, Fernandes fez o que Netão costumava fazer: substituiu peças que nada rendiam por jogadores que pouco acrescentaram.
Saíram Emerson Carioca e Tiago Félix e entraram David Batista e Dedeco. Com isso, Echeverría foi ocupar a lateral-esquerda, enfraquecendo ainda mais as ações no meio. O Tapajós foi mais feliz nas mexidas. Waltinho trocou Mariano por Daivison, acrescentando força às manobras do ataque.
Aos 21’, veio o lance que podia ter mudado a história da partida. Sílvio foi puxado dentro da área por Djalma, mas a arbitragem considerou o lance normal. O jogo se arrastou sem grandes mudanças, embora o Tapajós fosse mais agressivo até os acréscimos, quase marcando o gol no cabeceio de Daivison.
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Leão insiste em improvisos que não funcionam
Caso não busque reforços para dar suporte ao esquema de jogo desenhado por Márcio Fernandes, o Remo continuará com o pífio desempenho que já era marca da equipe nos tempos de Netão. Na apresentação de ontem, o novo treinador repetiu até os equívocos mais repetidos pelo antecessor.
Djalma pode ser mais útil atuando no meio, onde Diogo Sodré parece absoluto e imexível. Etcheverría precisa de ritmo e continuidade no setor de criação. É o mais habilidoso jogador que o Remo tem na meia-cancha, não pode ser improvisado na faixa lateral esquerda.
No ataque, outra insistência que Fernandes deveria repensar. Sem transição qualificada, não adianta escalar um trio de ataque. É uma escalação enganosamente ofensiva, pois os três atacantes ficam desassistidos e isolados na maior parte do tempo.
Emerson Carioca e Mário Sérgio têm dificuldades sérias de movimentação, pouco agredindo as defesas adversárias. Alex Sandro volta mais e rende melhor, mas é o menos acionado. Pelo visto ontem, ficou claro que Netão, Fernandes ou qualquer outro técnico terá imensas dificuldades em fazer o time produzir mais com os atuais jogadores.
Como se suspeitava, desde o princípio, o problema maior está nas escolhas.
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Presentes de cametaense para baionense
Grato pela lembrança, registro aqui os presentes carinhosos do amigo escritor Salomão Larêdo pela passagem de meu aniversário. Quase meu conterrâneo de Baixo Tocantins, Salomão me presenteou com suas mais recentes obras: a novela “Cabaré dos Bandidos (Guamares)” e o romance “Olho de Boto”, da Editora Empíreo.
(Coluna publicada no Bola desta sexta-feira, 08)