POR GERSON NOGUEIRA
No Bola na Torre do último domingo, foi exibida reportagem sobre o tratamento grosseiro dado ao empresário e pai do jogador Eduardo Ramos na sede social do Remo. Chamado para uma reunião com a diretoria, foi solenemente ignorado à entrada do prédio pelo próprio Manoel Ribeiro, que lhe virou as costas de maneira ostensiva. O constrangimento a que foi submetido o representante do atleta só não foi maior que o vexame perpetrado pela principal autoridade do clube.
De certo forma, o gesto simboliza a triste realidade azulina. Em nenhuma circunstância, o presidente poderia agir dessa forma, menosprezando um visitante, fosse quem fosse. O mais grave é que o incidente foi todo filmado, sendo que o dirigente percebeu isso e mesmo assim não se mostrou abalado, como se fosse habitual agir de maneira tão desrespeitosa.
Faz algum tempo que o Remo não tem dirigentes à altura de sua gloriosa história. Faz tempo também que o clube é dominado por figuras que estão ali para usufruto pessoal – seja de cunho político ou simplesmente de imagem – e não para se devotar verdadeiramente à causa da instituição, com as exceções conhecidas.
Tudo fica mais sério quando o próprio dirigente máximo procede de maneira tão deseducada, como se não representasse o clube. No caso específico do jogador Eduardo Ramos, o cenário é ainda mais surreal. O Remo deve – e muito – dinheiro ao atleta, em face de salários não pagos e acordos não honrados na Justiça do Trabalho.
É compreensível que não haja muita simpatia pelo próprio Ramos e seu preposto. Afinal, nesses três anos de parceria foram raros os bons momentos. Na verdade, prevalecem situações de desconforto e frustração, de parte a parte. A questão é que, como devedor, o Remo deve ao atleta um mínimo de respeito e atenção. Aliás, deve isso a qualquer interlocutor.
O despreparo flagrante dos que comandam a agremiação tem resultado em episódios bizarros, dignos de gozação pública, como no patético caso da reunião na CBF que a presidência do Remo ignorava e teve a pachorra de reclamar, chorosamente, por não ter sido convidada.
Há, ainda, a gravíssima falha da contratação massiva de jogadores no começo da temporada, depois que o técnico de plantão recebeu plenos poderes para trazer quem bem entendesse. A tosca decisão gerou prejuízos irrecuperáveis no campo técnico e perdas robustas no âmbito pecuniário. Pior foi a desculpa do presidente, alegando ignorar a própria lambança.
São tantos gestos denunciadores de negligência e maus tratos com o clube que as instâncias internas já deveriam ter assumido posição mais firme para estancar o caos estabelecido. No entanto, a apuração das denúncias de gestão temerária continua empacada, sujeita a adiamentos sucessivos.
A posse de Milton Campos e Miléo Jr. na diretoria de Futebol representa um sopro de renovação, abrindo boa perspectiva de avanços na gestão. Pena que a iniciativa corre o risco de ser sabotada a qualquer momento pelo destempero e a vaidade do mandatário.
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Escolhas começam pela sala de comando
O Papão parece caminhar para a manutenção de seus quadros executivos na próxima temporada, à frente Vandick Lima e André Mazzuco. Uma entrevista do executivo ao repórter Dinho Menezes, da Rádio Clube, sinaliza para a continuidade do atual grupo que coordena a política do futebol profissional no clube.
A antecipação de alguns planos para 2018 deixou claro que o executivo deverá permanecer na Curuzu, o que leva ao raciocínio óbvio de que o técnico Marquinhos Santos também será prestigiado, mesmo sob o duro questionamento da torcida.
Quanto ao executivo, chamou atenção a ideia manifesta de contratar 16 bons jogadores para formar o elenco do início de temporada, com a ressalva de que não é tão simples trazer atletas de qualidade para o futebol nortista. Nenhuma novidade quanto a isso, mas a premissa de que os melhores estão no Sul e Sudeste deveria ser revista.
Depois das muitas escolhas infelizes deste ano, seria sensato alargar o radar na hora de prospectar reforços. Ficar restrito às opções do interior gaúcho e paulista constitui, no mínimo, falta de originalidade. Nesse aspecto, espera-se que o baiano Vandick possa ser a voz decisiva e dissonante.
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Belém na rota da pancadaria e dos insultos?
Não há notícia de cancelamento da programação de UFC marcada para fevereiro próximo em Belém, mesmo depois da duríssima surra imposta a Lyoto Machida por Derek Brunson no último sábado e das agressivas falas de um presepeiro Colby Covington. Que Tio Sam deita e rola por aqui, ninguém tem dúvida, mas não precisava tripudiar.
Sob a passividade de organizadores e narradores da transmissão, o sujeito vociferou que o Brasil “é um chiqueiro; esses animais imundos (brasileiros) não prestam” – por ironia, o lugar onde o show de pancadaria mais ganhou espaço nos últimos anos, na contramão da decadência em sua pátria-mãe.
Por outro lado, fica a dúvida quanto ao verdadeiro motivo da escolha da capital paraense, visto que os lutadores regionais têm sido malsucedidos nos embates recentes. A crescente queda nos índices de audiência (e faturamento) talvez tenha levado os chefões do negócio a buscarem novos nichos.
Que desta vez poupem o público paraense da insolência de seus “ases” do octógono. Focinheiras podem ter boa serventia.
(Coluna publicada no Bola desta terça-feira, 31)





O senador e ex-jogador Romário pode ter de se explicar à Justiça nos próximos dias. Motivo: o ex-assessor do governador do Rio de Janeiro, Hudson Braga, disse em delação premiada que o Baixinho teria recebido R$ 5 milhões para apoiar a eleição de Pezão em 2014. A informação é da coluna Radar, da revista Veja. Na sexta-feira (27), Romário foi notícia ao deixar no ar uma
Já o juiz Bretas é a personificação da definição de Chico, que já nasce clássica.