Classe média ignara ou cínica

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“O país preocupado com os recibos de aluguel de um apezinho. Não se fala mais em 51 milhões dentro de um outro apartamento, não se fala mais de vários flagrantes de malas abarrotadas de dinheiro, não se fala mais sobre os crimes do Aécio, ninguém mais fala sobre a entrega das riquezas do país. Mas escândalo mesmo é o barco de alumínio de Lula, os pedalinhos e os recibos de aluguel. O país todo só fala nisso. Daí a ‘grandeza’ dessa classe média. Ou são muito burros ou têm sérios problemas de caráter”.

George Junquillo, no Facebook

Cunha era o “banco da corrupção”

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Em depoimento prestado no dia 23 de agosto à Procuradoria Geral da República, o operador Lúcio Funaro definiu o papel de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Câmara dos Deputados. “Eduardo funcionava como se fosse um banco de corrupção de políticos, ou seja, todo mundo que precisava de recursos pedia para ele, e ele cedia. Em troca mandava no mandato do cara”, relatou, sobre o ex-presidente da Casa, hoje cassado.

“Não precisava nem ir atrás de ninguém, fazia fila de gente atrás dele”, completou. O acordo de delação premiada de Funaro foi homologado pelo ministro do STF Luiz Fachin.

Funaro também descreveu com detalhes como funcionava o esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal, onde operava a propina para Cunha, obtida por empresários para que obtivessem liberação de empréstimos.

Funaro relatou que entre 60% e 65% do valor de cada operação ficava com Geddel Vieira Lima – ex-braço-direito e ex-ministro de Temer -, depois que assumiu a vice-presidência de Pessoa Jurídica do banco, em 2011. Segundo Funaro, ele deixou o cargo em 2013, mas manteve ascendência na Caixa.

“O resto [40% a 35%] eu e o Cunha meiávamos no meio [sic] ou eu dava 5% a mais para o Cunha e o resto para mim, dependia da operação e da necessidade de caixa que ele tinha”, disse ainda Funaro.

Confira aqui o vídeo do depoimento, obtido pela Folha. Na mesma audiência, ele diz que o advogado José Yunes, amigo e ex-assessor da presidência de Michel Temer, “tinha certeza” quer era dinheiro o pacote que ele, Funaro, lhe entregou em seu escritório em São Paulo. Tratava-se de R$ 1 milhão em propina, mas Yunes assegura que não sabia do conteúdo da caixa. (Do Brasil247) 

Sururu de direita: Frota denuncia MBL por estelionato e lavagem de dinheiro

O MBL de Kim Kataguiri, Renan Santos e Fernando Holiday foi alvo de uma denúncia apresentada ao Ministério Público Federal em Brasília que acusa o grupo dos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, associação criminosa, evasão de divisas e estelionato.

As acusações partiram da associação de mesmo nome, Movimento Brasil Livre, que tem sede em Brasília e é presidida pelo advogado Vinícius Carvalho Aquino. Seu vice-presidente é o ator Alexandre Frota.

A denúncia foi apresentada ao MPF em Brasília com cópia para o órgão em São Paulo, já que a sede do MBL fica na capital paulista. Foi protocolada no dia 10, sob o número 20170079842. Ainda não há informação se será instaurado inquérito para apurar o caso.

O principal argumento da denúncia é que o MBL é uma espécie de nome fantasia para o Movimento Renovação Liberal (MRL), uma sociedade de direito privado, liderada por integrantes da família de Renan Santos. Segundo a entidade presidida por Vinícius Aquino, nunca houve prestação de contas das doações pedidas a filiados. Em seu site, o MBL pede mensalidades de R$ 30 a R$ 10 mil a seus apoiadores.

A morte do reitor e o “Dossiê Auler”

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POR FERNANDO BRITO, no Tijolaço

Neste país de “justiceiros”, até agora, só se tem notícia de uma investigação séria e aprofundada sobre os episódios que levaram á trágica morte do reitor da Universidade de Santa Catarina.

Note-se que estamos tratando de uma vida humana e não de um pedalinho ou um aluguel de apartamento, estes objetos de insistentes, teimosas e obsessivas apurações, às quais se dá prazos curtos, curtíssimose rigor implacável.

Tudo o que se viu, até agora, foi uma abjeta nota das associações de delegados federais, procuradores e juízes garantindo, sem examinar os fatos, que tudo foi normal, legal e que criticar o que aconteceu seria “manipular a opinião pública”.

Vê-se, portanto que – embora alguns de seus integrantes posam ter posição diferentes – as corporações acham que tudo está muito bem e não precisa ser analisado, mesmo tendo um corpo desfigurado, estatelado no chão frio de um shopping movimentado.

Disse, porém, que só há uma investigação séria e aprofundada sobre o caso porque o incansável Marcelo Auler  publica hoje um longo e detalhado relato nos fatos e circunstâncias que envolveram a Operação Ouvidos Moucos, as “prisões urgentes” que dormiram mais de 70 dias na gaveta, as mobilização de tropas em larga escala – 105 policiais –  para prender meia-dúzia de pacatos professores universitários e as ordens de de “pende, dá uma arrochada e se não render, solta”.

Vejam que espetáculo: quase dezoito policiais fortemente armados, muitos mandados vir de outros estados para prender para cada um dos professores de meia idade, armados, no máximo, de uma caneta ou um bastão de giz.

Se ainda houvesse jornais neste país, dispostos a dar a Marcelo Auler as condições e um equipe para trabalhar no caso, não tenho dúvidas que que teríamos uma das mais importantes reportagens do ano em confecção.

Leia o texto no Blog do Auler, que faz, sozinho, o que grandes jornais não são capazes de fazer. Ou melhor, capazes, são. Só não tem tanto amor ao jornalismo e à verdade quanto ele.

Afinal, temos goleiro?

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POR GERSON NOGUEIRA

Aprende-se, desde as inocentes peladas de rua, que todo time deve começar por um bom goleiro. Mesmo que existam excepcionais jogadores de linha, sempre será fundamental contar com um guardião qualificado lá atrás. Todos os grandes esquadrões da história do futebol foram montados a partir da presença de um arqueiro de respeito.

A Seleção Brasileira contraria essa lógica. No gol, Tite aposta num goleiro sem experiência em competições internacionais de primeira linha, que não transmite firmeza para encarar as batalhas de um mundial e que jamais foi unanimidade no país.

O mentor de Alisson é Taffarel, cujos argumentos técnicos respaldam o número 1 do escrete. Campeão mundial em 1994 e preparador de goleiros da Seleção atual, Taffarel acumula conhecimento suficiente para influir na escolha, mas o desempenho de seu preferido não empolga ninguém.

De estilo discreto, Alisson é jovem (25 anos) para os padrões da Seleção e mostrou insegurança em várias ocasiões, chegando a sofrer gols bisonhos. Ainda assim, nunca perdeu a titularidade, mesmo quando Tite experimentou outros goleiros. A sete meses da Copa, com o grupo cada vez mais definido, é improvável que o técnico mude de opinião sobre o goleiro.

Nem mesmo Cássio, titular do Corinthians campeão do mundo em 2014 com Tite no comando, conseguiu fazer sombra ao goleiro oriundo da escola gaúcha, ponto importante de identificação com Taffarel.

O que chama atenção em relação à preferência é o fato de que o guardião nunca se destacou em competições nacionais. Depois que saiu do Internacional e foi jogar na Itália, passou longe do protagonismo, chegando mesmo a ficar no banco em grande parte dos jogos da Roma.

Muito mais respeitados que ele, Fábio (Cruzeiro) e Vanderlei (Santos) sequer foram testados por Tite. Ambos cumprem temporadas brilhantes, principalmente o santista. Nada disso parece ter comovido o técnico, que já admitiu que Alisson lidera a disputa pela vaga.

É como se o lugar estivesse preservado de antemão, mais ou menos como ocorreu em 2014, quando Felipão anunciou Júlio César como o titular absoluto meses antes da Copa.

A escolha do goleiro tem um quê de toque pessoal dos treinadores, que valorizam aspectos nem sempre óbvios a olhos leigos. Félix ganhou a posição em 1970 quase por exclusão, superando a Emerson Leão e Ado.

Leão tomaria conta da camisa em 1974 e 1978. Valdir Peres assumiu em 1982, Carlos em 1986 e Taffarel reinou entre 1990 e 1998. Marcos, com estupendo cartel de defesas milagrosas no Palmeiras, foi ungido em 2002. Dida jogou o mundial de 2006 e Júlio César disputou os de 2010 e 2014.

A escalação constante de Alisson nas Eliminatórias faz crer que Ederson será o segundo goleiro e Cássio deve ser o terceiro, embora Diego Alves ainda esteja na briga por uma das três vagas.

O lado preocupante é que, pela primeira vez em muitos mundiais, o goleiro não encanta a torcida. Parece incapaz de ir além da burocracia do cargo. Falta-lhe o arrojo para defesas difíceis e talento para pegar pênaltis.

A boa produção ofensiva da Seleção nas Eliminatórias não permitiu que a defesa fosse posta à prova e Alisson passou quase despercebido. Na Rússia, a história será bem diferente – e é aí que mora o perigo.

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Novo tropeço frustra a Avalanche Bicolor

O Papão voltou a travar dentro de casa e não conseguiu romper a marcação armada pelo CRB no meio-campo. Diante de público expressivo na Curuzu, o time parecia inicialmente disposto a confirmar o bom momento, mas acabou refém de suas limitações, sofrendo com as hesitações criativas e a falta de agressividade do ataque.

Nos primeiros minutos, o Papão tentou impor pressão, chegando a ameaçar seguidamente em lances que envolviam Fábio e Lucas Taylor na direita em manobras com Bergson. Aos poucos, porém, o time foi reduzindo o ritmo,  permitindo que o visitante se tranquilizasse.

Dentre os equívocos mais óbvios do sistema usado por Marquinhos Santos está a utilização de Marcão como um volante disfarçado. Se a intenção era reforçar a marcação na meia-cancha, seria preferível usar um volante de ofício ao invés de sacrificar uma peça importante do tabuleiro ofensivo.

Vale dizer que, até a véspera da partida, o time havia treinado com Welinton Jr., Caion e Bergson, formação mais leve e rápida. A opção pela volta de Marcão mostrou-se conservadora e sem efeito prático, pois a postura do CRB era apenas a de se resguardar, sem oferecer perigo.

No segundo tempo, mais confiante, o Papão passou a investir pelos lados e quase chegou lá. Bergson esteve perto de marcar, mas a melhor oportunidade viria aos 29 minutos, quando Caion recebeu cruzamento de Lucas e emendou de virada, quase surpreendendo o goleiro Edson.

O time alagoano limitava-se a controlar a marcação, pouco se arriscando.  A única chance ocorreu por um cochilo de Perema, que quase resulta em gol, embora o lance tivesse sido invalidado pela arbitragem.

No geral, o Papão teve amplo domínio e buscou o gol, mas pecou demais nas finalizações, criando poucas situações de real perigo para o CRB. Depois de uma partida tecnicamente fraca, marcada por raros acertos e muitos erros, o empate acabou sendo o resultado mais justo.

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Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda a atração, a partir das 21h, na RBATV. Gols da rodada de fim de semana, sorteios e participação dos internautas. Na bancada de debatedores, Giuseppe Tommaso e este escriba de Baião.

(Coluna publicada no Bola deste domingo, 15)