POR GERSON NOGUEIRA
O técnico Marquinhos Santos considerou normal a derrota para o Goiás, sábado, no Serra Dourada. Chegou mesmo a parabenizar seus jogadores pelo empenho demonstrado e evolução nos minutos finais. Ao invés de dar parabéns ao time, deveria se desculpar com o torcedor pelo futebol raquítico mostrado na maior parte do jogo contra um adversário que não vencia há sete rodadas e que não teve grande atuação.
Aliás, o começo do Goiás foi revelador da má campanha do time na Série B. Atrapalhado, o time não conseguia formular jogadas simples e errava muito nas tentativas de ataque. Apesar disso, o Papão passou o primeiro tempo inteiro sem dar um chute a gol, limitando-se a afastar os cruzamentos e tentar jogadas sem maior perigo para a defesa goiana.
Na verdade, o time paraense demorou mais de uma hora para ameaçar a meta do Goiás. É verdade que os comandados de Hélio dos Anjos também não demonstravam grande capacidade criativa, perdendo-se nas tentativas individuais de Tiago Luiz e na pouca mobilidade do ataque. O único chute foi dado por Aylon, longe do gol de Emerson.
No 2º tempo, a coisa mudou de figura. Ciente da importância do jogo, o Goiás se lançou à frente em busca do gol. Dos Anjos adiantou seus homens de meio e liberou os laterais para o apoio. Deu certo.
O primeiro gol surgiu de uma falta na intermediária. O cruzamento veio no primeiro pau, mas ninguém da zaga paraense se antecipou e o baixinho Tiago Luiz teve tempo para se abaixar e desviar de cabeça, no canto, sem defesa para Emerson.
Com a vantagem no marcador, o Goiás se animou em campo. Já não errava tanto e começou a ameaçar mais. O Papão, ao contrário, ficou ainda mais perdido, sem conseguir conectar meio-campo e ataque, e exibindo furos na marcação e no posicionamento da zaga.
Foi assim que nasceu o segundo gol. Cruzamento alto da direita para a esquerda do ataque goiano, de lateral para lateral. Carlinhos cabeceou com total liberdade, diante de três defensores do Papão, que se limitavam a olhar o lance. A bola tocou no chão e entrou no canto esquerdo.
Só a partir desse momento o time de Marquinhos Santos mostrou alguma disposição em se envolver no jogo, embora timidamente. Ergueu algumas bolas na área do Goiás até que, aos 37 minutos, um toque de Marcão chegou a Rodrigo Andrade dentro da área. O volante bateu de primeira, mandando para as redes e acrescentando tensão na reta final do jogo.
Ficou apenas na vontade. O Papão não tinha força e ânimo suficientes para uma reação. Já o Goiás se limitava a controlar as ações no meio, embora com certa dificuldade e visivelmente apreensivo nos últimos minutos.
Para quem buscava pelo menos o empate, a indigência ofensiva foi fator decisivo para a nova derrota, diante de um adversário direto na briga contra o rebaixamento. Com 30 pontos, a dois da zona fatal, os sinais de alerta se concentram agora nos seis jogos que o Papão fará em casa. (Foto: CRISTIANO BORGES/O Popular)
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Remo tenta agilizar escolha do novo técnico
Depois de confirmada a licença do vice Ricardo Ribeiro, o Remo vive a expectativa da entrada em cena dos novos dirigentes, à frente Milton Campos, Miléo Jr. e Abelardo Sampaio. Como Campos está em viagem à China, integrando a comitiva do governador, a posse do trio foi adiada. Antes, porém, ainda haverá nova rodada de negociação para definir os limites de ação do grupo dentro da gestão.
De qualquer maneira, o primeiro item da agenda azulina de final de ano é a escolha do técnico. Léo Goiano continua cotado, embora enfrente resistências na diretoria e entre os dirigentes que irão assumir. Entre os que defendem sua permanência, há a convicção de que foi o melhor treinador da temporada, mesmo pegando o bonde andando.
Pesam contra ele alguns erros cometidos na reta final da campanha, com escolhas erradas na escalação e o exagerado defensivismo mostrado em alguns jogos. Há o temor de que não tenha a envergadura necessária para enfrentar momentos de pressão, tão corriqueiros num clube de massa.
Na lista de técnicos lembrados no Evandro Almeida pontificam Paulo Bonamigo e PC Gusmão. Pelas ligações com o clube, Bonamigo leva mais chances. Está sem clube desde que saiu do Fortaleza e no começo deste ano chegou a ser lembrado como parte de um projeto que envolvia investidores de fora, mas que nunca chegou a ser oficialmente apresentado.
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Galo despenca e Micale sai de cena
Rogério Micale, campeão olímpico de 2016, não conseguiu ficar nem um mês à frente do Atlético Mineiro. Teve pouco tempo para trabalhar, não contou com reforços, mas passou imagem de um técnico frágil para o momento vivido pelo Galo.
A presença de atletas desmotivados e em má fase técnica em nada contribuiu para que ele pudesse se estabilizar. Com a derrota para o Vitória, ontem, no Horto, a crise se instalou de vez e é cada vez mais presente o medo do rebaixamento.
(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 25)