
POR GERSON NOGUEIRA
Apesar do nível técnico apenas razoável e da tremenda fuga de ideia na escolha do nome fantasia do campeonato – Banparazão –, pode-se dizer que a fórmula de disputa, simples e de tiro curto, foi plenamente aprovada, constituindo-se no ponto alto do torneio encerrado anteontem com o triunfo do Papão. Destaque para alguns valores individuais, valiosos para suas equipes, ainda que em quantidade mais modesta do que em edições passadas.
Como de praxe, a coluna escala a sua seleção, adotando como critério a ênfase nos valores da terra e nas figuras mais promissoras reveladas no torneio.
No gol, André Luiz (CR) foi o mais regular, tirando o Remo de várias enrascadas ao longo das 3 fases principais do Parazão.
Léo Rosa (CR), mesmo caindo de rendimento na reta final da disputa, manteve-se acima dos demais concorrentes na ala direita. Mocajuba (Independente) é o titular da faixa esquerda da defesa. Forte na marcação e eficiente no apoio, foi um dos bons valores do Galo Elétrico.
O miolo da defesa fica com Henrique (CR) e Perema (PSC). O santareno, que saiu da suplência para brilhar na fase crucial do campeonato, já merecia a chance de mostrar qualidades num clube de massa. Henrique, que enfrentou problemas de contusão nos últimos jogos, foi sempre o ponto de referência da defensiva azulina.
Rodrigo Andrade (PSC), Tsunami (CR) e Flamel (CR) integram a meia-cancha. Rodrigo foi sempre o melhor volante à disposição de Marcelo Chamusca, que levou todo o inverno para perceber isso. Tsunami, apesar das improvisações constantes na lateral e na zaga, teve como característica mais acentuada a marcação firme à frente da zaga. Flamel, afastado por lesão da semifinal e da decisão, exibiu ao longo do campeonato a velha categoria no comando da meiúca azulina.
O tridente ofensivo fica assim composto: Leandro Carvalho (PSC), Magno (Independente) e Bergson (PSC). Um hipotético ataque com esses jogadores teria como principais características a rapidez, a habilidade e a capacidade de finalização. Todos foram importantes, mas Bergson se sobressaiu pelo papel decisivo na hora da definição do campeonato, garantindo o título no minuto final.
Tiago Mandí (Águia) e Gabriel Lima (CR) são as revelações. O técnico é Josué Teixeira, pelo mérito inegável de montar um time competitivo nas condições em que o Remo se encontrava e pelo talento para debelar focos de incêndio no Baenão.
O campeonato não teve craque, nem no sentido mais rastaquera da palavra.
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Despesas leoninas exigem esclarecimentos
Ainda está por ser suficientemente esclarecido o descompasso entre as despesas do Remo e as do Papão no clássico que decidiu o campeonato estadual. Enquanto os bicolores arrecadaram R$ 464.365,00 e tiveram um saldo de R$ 410.234,56, os azulinos obtiveram renda de R$ 589.365 e saldo de R$ 382.948,56.
A diferença está no valor das despesas. Enquanto os gastos do Remo com a partida ficaram em R$ 206.416,44, os do PSC foram de R$ 154.130,44, ainda salgados, mas R$ 52.286,00 a menos que o do rival.
Em tempo de aperreios, com o clube às voltas com tantos encargos e dívidas, é no mínimo esquisito que a direção do Leão seja tão pouco cuidadosa com os detalhes que ajudam a explicar o fosso administrativo que separa os velhos titãs do Norte.
Por exemplo, enquanto o Leão desembolsa cerca de R$ 10 mil com a segurança, o Papão gasta somente R$ 3 mil. O lanche revela outro absurdo: preço unitário em torno de R$ 20,00, castigando ainda mais os já combalidos cofres remistas.
Que as lições dos clássicos decisivos do Campeonato Estadual sejam assimiladas e que o Remo ajuste sua contabilidade interna, abraçando os manuais sagrados da economia, que recomendam a cotação de preços como forma básica de emagrecer as faturas.
(Coluna publicada no Bola desta terça-feira, 09)