Sem pinta de decisão

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POR GERSON NOGUEIRA

Foi o pior dos três clássicos da temporada. Amarrado e sem criatividade, o primeiro confronto pela decisão do campeonato não empolgou o torcedor. Ao longo dos 90 minutos, Papão e Leão se esmeraram em dar chutões, carrinhos e passes errados. Pouquíssimos lances dignos de aplausos. Os gols comprovam o panorama sofrível: surgiram muito mais pelas falhas das defesas do que pelos méritos dos atacantes.

O primeiro tempo mostrou um Remo mais desenvolto nos minutos iniciais, jogando em velocidade para explorar Gabriel Lima e Jaime. O problema é que, na falta de um organizador, via-se obrigado a ficar esticando bolas da defesa ao ataque. Ainda assim, era mais objetivo que o adversário. Aos 26 minutos, Jaime desperdiçou rebote de Emerson na pequena área.

Dois minutos depois, como se fosse um castigo pela má pontaria de Jaime, a defesa azulina vacilou em cobrança de falta executada por Diogo Oliveira e Bergson cabeceou livre para as redes de André Luiz. Foi o primeiro ataque produzido pelo Papão no jogo, o que revela o fraco rendimento do setor ofensivo do time de Marcelo Chamusca.

Com a vantagem, o Papão ficou mais tranquilo, embora não menos errático. Tocava bola para os lados e gastava o tempo. Diogo Oliveira, o armador, não armava. O Remo só ameaçava quando Edgar era lançado. No finzinho da primeira etapa, Leandro Carvalho entrou na área e ficou na cara do gol, mas o goleiro André Luiz conseguiu desviar o arremate.

No segundo tempo, Josué trocou Lucas por João Vítor, criando uma referência na área e abrindo caminho para Edgar manobrar pela esquerda em vantagem sobre o lateral Aírton. Aos 5 minutos, veio o empate. O lance nasceu justamente de uma arrancada de Edgar, que fintou o marcador e cruzou no segundo pau para Igor João desviar e marcar.

A partir daí, o clássico se tornou ainda mais travado e enfadonho. O Remo até esboçava a intenção de pressionar, mas faltava sempre o toque de qualidade na transição. Para piorar, Renan substituiu Jefferson (lesionado) e logo em seguida teve que sair também por força de contusão. Não sem antes receber um cartão amarelo por entrada dura.

Com o Papão repetindo a falta de inspiração para ações ofensivas, Chamusca tirou Alfredo e lançou Will, depois Diogo Oliveira e colocou Rodrigo Andrade, fechando ainda mais o meio. Por fim, substituiu Carvalho (apagado na partida) por Cearense, que só tocou na bola duas vezes. Não adiantou. Papão continuou inofensivo na frente.

Do lado remista, Josué preferiu não arriscar com Flamel e optou por Fininho, sem qualquer resultado prático. O momento mais agudo da etapa final foi um contra-ataque azulino puxado por João Vítor na direita. Ele ganhou disputa com Recife, cruzou para Edgar, que passou para Jaime. Este disparou por cima da trave com o gol escancarado e a alternativa de servir a João Vítor, livre no bico da pequena área.

Nos instantes finais, sem qualquer inspiração e com visível preocupação em garantir o placar, os bicolores não ameaçavam. Os azulinos ainda terminaram impondo pressão em chutes de média distância.

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Edgar e Perema, os melhores do clássico

Edgar, Zé Antonio, Igor João e Tsunami foram os melhores do lado remista, sendo que o novato Jefferson mostrou desprendimento na vigilância a Bergson. Igor apareceu muito bem na área para aproveitar o cruzamento de Edgar. Pelos erros de passes, Lucas foi o mais fraco. Jaime, apesar do esforço e da correria, desperdiçou duas ótimas chances de gol.

Nas hostes alvicelestes, Perema e Bergson se sobressaíram, com rendimento satisfatório. Recife foi produtivo enquanto teve fôlego. Alfredo, Aírton e Leandro Carvalho foram peças decorativas em campo.

Quanto aos técnicos, Josué continua com ampla vantagem sobre Chamusca nos clássicos. Tem mostrado melhor leitura de jogo e usa com mais sabedoria as opções (limitadas) que tem no elenco.

(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 01)

16 comentários em “Sem pinta de decisão

  1. Amigos,

    Se vocês pegarem minhas postagens no início, logo após a derrota no primeiro ReXPa, quando muitos questionaram Chamusca, verão que eu defendi a manutenção do treinador, com a justificativa do trabalho que está se iniciando. Passado quatro meses e nenhum padrão de jogo, a defesa para manutenção de Chamusca torna-se impossível. Como Osvaldo, não vejo futuro no PSC de Chamusca. A série B está as portas e Sérgio Serra parece não perceber que futebol é algo para além dos números e estatísticas.

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  2. Joguinho fraquíssimo, prá lá de fosco, a merecer a decrescente presença de público.
    O futebol que os dois times têm mostrado, neste findo 1º quadrimestre de 2017, não vale a metade do preço do ingresso cobrado, ontem. O justo seria a FPF cancelar o jogo de volta, e proclamar os dois times como vice-campeões !!!.
    No Remo, a destacar a garra de jovens valores, em crescimento, mas que logo, logo, serão preteridos pela sucataria sub-40 que está chegando para a Série C.
    No Paysandú, a certeza que mesmo faturando o Parazão e Copa Verde, o céu cinza escuro ronda a Curuzú para a Série B.

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  3. O diretoria do Remo fez certo em acertar com o Josué para a Série C, mesmo com o elenco limitado ele está conseguindo fazer o time jogar. A decisão está em aberto, qualquer um dos 2 tem chances de ser campeão, mas o trabalho do Josué merece ser reconhecido independente do resultado de domingo.

    Resta saber se ele vai conseguir montar um bom time com os novos contratados. O setor mais fraco do Remo continua sendo as laterais e o meio de campo que pouco produzem, Josué tem que trabalhar principalmente essa transição de bola do meio para o ataque.

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  4. Será que só eu sou destoa dos comentarios. É visível a superioridade do time do Pysandu. Mas o teme do Chamusca é inteligente, sabendo que a decisao é decidida em 180 minutos, tirou o pé do freio na primeira partida contra o Remo. Mais, tem que se resguardar e se preservar porque tem uma quinzena de decisoes. CV, CP e CB. Ou seja, fez mais que certo o time do Chamusca em jogar com freio de mao puxado. Parabens ao time do Chamusca. O Remo, infelizmente, é muito limitado, mas não se deve tirar o mérito de alguns jogadores e do JT.

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  5. Não vejo como especial, apenas diferente. A atuação medíocre de ontem não apaga a eficiente de quarta-feira passada. Ora, se um time consegue produzir naquele nível, óbvio que aquilo visto ontem não é o único produto.
    Além disso, se tivéssemos meios de comparar o que correram atletas como Bergson, Leandro Carvalho, Wesley e principalmente o veterano Augusto Recife chegaremos à conclusão que a dosagem, ou puxada do freio de mão, acaba sendo uma exigência da situação.

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  6. O time do Chamusca é bom quando precisa se defender, mas quando precisa fazer o resultado aparece os erros de sempre e leva sérios riscos no contra-ataque. Time que sabe jogar, joga em qualquer situação e sem essa de se poupar.

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  7. O padrão de jogo inexistente do time de Chamusca é algo tão perceptível que até quem não entende de futebol consegue ver uma superioridade do limitado time azulino contra o apático time do Paysandú.
    A falta de confiança da torcida bicolor não é latente ela está escancarada na face e nos comentários dos torcedores mais sensatos que almejam um final de parazão e Copa Verde com títulos além de um campeonato brasileiro da série B sem correr riscos de rebaixamento como ocorrido em 2016.
    O Paysandú chegou em duas decisões usando a mesma falta de esquema e superando adversários mais fracos em torneios de qualidade duvidosa.
    Como citado por alguém até agora não conseguiu vencer o rival, terá a última chance ou será uma vergonha para o rico plantel diante daquele cuja folha não passa dos R$200.000,00!
    Percebi que a “puxada de freio de mão” não foi proposital, ela é consequência de um desgaste que mais hora, menos hora, iria cobrar principalmente dos atletas mais exigidos pelo grupo.
    Atletas como Leandro Carvalho que não consegue acertar uma finalização a gol, mas também pudera, quem acerta o alvo atirando de cabeça baixa?, falha na base, ou melhor base inexistente
    Habilidades ele tem, falta lapidar e aprumar os seus chutes. Técnico para isso?, não existe!
    Entrar com Diogo Oliveira e Alfredo é ter menos dois em campo e pior, Leandro Cearense está completamente sem ritmo de jogo, idem ao esforçado Jhonatan.
    O treinador azulino é bastante perspicaz e viu que o lento Airton é presa facilmente a ser abatida pelo rápido Edgar que fez o que quis com o lateral bicolor durante a partida.
    Até o Emerson falhou no lance do gol do rival, saiu de forma estabanada e não viu a cor da bola.
    Um fato que tenho observado e tem se repetido no Paysandú é a forma Chamusca de administrar suas equipes, ou seja, quando faz um gol e recua. Graças a esta atitude Chamusca fez o Fortaleza perder a classificação dentro de casa para os seus adversários.
    No Guarani não foi diferente, exceto o estranhíssimo jogo dos 6 x 0 contra o ABC, mas isto fica para lá.
    Espero que no último jogo do ano, o time resolva jogar e mostrar em campo que eu e a maioria da torcida do Paysandú estamos enganados.
    Até o momento, não pelo futebol, mas pela vontade e garra, o título estará melhor nas mãos do jovem e cabano time azulino!
    Sem crise!

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  8. Sob o meu ponto de vista o time listrado estava meio que travado fisicamente desde o primeiro tempo.

    Até o Leandro Carvalho que parece que tem um plus físico se ressentiu.

    Agora, não sei se tal é resultado só da jornada anterior contra o Santos. E digo isso porque não é de hoje que o time trava e apaga no segundo tempo. Isso já aconteceu muita vez ao longo do campeonato.

    Todavia, é preciso ver que o resultado não é fruto de apagão físico apenas. Também havia um adversário. Demais disso o jogo ainda não era o finalíssimo.

    Num certo sentido, independentemente da ansiedade da torcida, aqueles que fazem o rival dentro das quatro linhas, revelando um mal contido sentimento de superioridade, alimentam o credo de que no momento certo vão conseguir vencer o Mais Querido.

    Pois bem, num jogo onde não tem jeito, e um campeão vai ter de sair, é lógico e natural que o listrado, domingo, pode colocar a faixa e erguer a taça. Porém, é preciso ter em conta, como os três jogos anteriores já demonstraram, que só o credo na superioridade não ganha jogo e tampouco faz um campeão.

    Domingo, quando, inevitavelmente, o jogo terá cara de decisão, espero que o Time de duzentos mil se agigante e faça mais uma partida digna da tradição do clube que representa. Afinal, entre o favoritismo e a vitória, há 90 minutos, nos quais é preciso que tudo se confirme.

    Avante Leão!

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