Chacina de jovens foi convocada pelo Facebook

Por Sulamita Esteliam, em seu blog, A Tal Mineira

Às 6:20 da manhã alguém no Twitter anunciava “40 mortos” em chacina que teria sido levada a cabo pela PM em bairros periféricos em Belém do Pará. Retaliação à morte de um cabo da corporação. Assustada, nem retuitei. Degluti meu “bom-dia!” junto com o desjejum. E esperei clarear as informações – se é possível em casos assim.

Mais tarde, mas ainda pela manhã, as notícias davam conta de que o governo de Simão Jatene (PSDB), reeleito, admite oito mortes, além do defunto causador. No fim da tarde, as informações oficiais mantinham em nove o número de mortos, todos homens, a maioria jovens entre 16 e 27 anos.

Seis corpos identificados até meados da tarde, todos com características de execução. Dos nove na contagem oficial, “pelo menos seis”, admitidos pelo secretário de Segurança Pública com sinais de execução. Nessa conta se inclui o policial.

Consta que Antônio Marcos da Silva Figueiredo, 43 anos, o CB Pety, integrava milícia no bairro de Guamá. E seria responsável pelo luto de algumas famílias, lá e em outros bairros pobres da capital paraense. Destarte, seu passamento forçado teria sido devidamente comemorado pelas populações do cinturão desassistido da exuberante Belém do Pará.

O massacre, qualquer que seja o número real, foi convocado pelo Facebook. E anunciado na página da própria Rotam paraense na rede social. Para se ter ideia a que ponto chega a nossa Polícia Militar, ou esquadrões que vicejam dentro da corporação; e não são coibidos, do contrário não proliferariam.

A imagem teve 938 compartilhamentos e 9.967 curtidas até as 18:51 horas [ 5 de novembro], em que escrevo. A revelar que parte da população concorda com a máxima que orienta a revanche policial: a de que “bandido bom é bandido morto”.

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Talvez por isso, a título de “informação”, a Rotam não se avexa de usar os comentários da própria postagem da homenagem-veredito para contabilizar a faxina, por volta de 1:30h da madrugada: 35 assassinatos até então – em Guamá, onde o policial foi morto, Terra Firme, Canudos e Cremação.

Contagem dos mortos à 1:30 da madrugada deste 05.11.2014, em Belém, segundo a Rotam. A Corregedoria de Polícia não confirma nem descarta a participação de policiais na chacina. E as autoridades da segurança pública recomendam cautela na interpretação do que circula nas redes sociais.

rotam-ocabo-defuntoDe fato, a rede aceita tudo – e a mídia pratica a seletividade de pauta, e também não apura nada que não lhe convenha, quando dá como fato o que lhe interessa mesmo sem provas.

Ainda viva está na memória a barbárie de Pinheirinho, em São José dos Campos, em São Paulo. Não se pode esquecer a violência gratuita da PM pernambucana contra os manifestantes do #OccupeEstelita, em maio deste ano, e da PM mineira contra os professores em Belo Horizonte a cada greve.

O furor repressivo contra os manifestantes de junho do ano passado, e não apenas black blocs  – em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, sobretudo – ainda está para ser explicado. A truculência do Choque  fluminense e das forças de pacificação” na Maré, desde há poucos meses, e nas favelas cariocas desde sempre, não se explica.

Isso no passado recente e na cidade. A onda de violência no campo também é alimentada pela cultura do olho por olho e pela impunidade, ainda hoje.

Há 18 anos, o mesmo Pará era palco do que ficou na História como o massacre de Eldorado de Carajás. O trucidamento de 19 trabalhadores sem terra, também por policiais militares – e também num governo tucano, de Almir Gabriel. Pelo menos 10 dos mortos foram executados com tiros a queima-roupa.

A chacina aconteceu em 17 de abril de 1996. Os 155 soldados que participaram do massacre não foram julgados. Os mandantes, o coronel Mário Pantoja, comandante da PM e o major José Maria Pereira da Silva, que comandou a operação só foram presos e condenados em 2012. Pegaram, respectivamente, 258 e 158 anos de condenação.

Nas cidades brasileiras, e não apenas nas capitais, o cotidiano das periferias é feito de suor e sangue, pouco estado e nenhuma justiça. Apesar dos avanços nas políticas públicas federais. Nossos jovens estão sendo exterminados, e a cor da pele que, normalmente, anda junto com a escala social é a sentença de culpa, independentemente do feito. Estão aí, ano após anos, o Mapa da Violência,que não me deixa mentir.

A polícia, as milícias e os soldados do tráfico matam mais – não que atropelamento de automóvel, como cantava Adoniran Barbosa – do que as guerras planeta afora.

O que torna mais grave, se possível gravidade maior do que apagar uma vida, que dirá várias, dezenas – e com subsídio do Estado – é o desplante.  E este deriva da certeza da impunidade.  A gente sempre se pergunta: até quando? Taí mais uma tarefa hercúlea para a próxima gestão Dilma Roussef: assumir a condução da política de segurança pública, até agora a cargo da esfera estadual, conforme prometeu em campanha.

Aqui o áudio que circulou pelas redes sociais com o aviso da chacina.  Recomenda aos “senhores”  do Guamá, Canudos e Terra Firme – não se sabe se moradores ou milicianos –, que fiquem em casa, “para sua própria segurança”, porque “mataram um policial nosso e vai ter limpeza na área. Ninguém segura ninguém, nem o coronel das galáxias.”

Justiça rejeita denúncia contra Adriano

622_02e113cc-09e2-35e9-8593-baaa672bb519A denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro contra Adriano por envolvimento no tráfico de drogas foi rejeitado nesta quinta-feira. A juíza Maria Tereza Donatti, da 29ª Vara Criminal, foi a responsável por tomar a decisão.

Para a denúncia, que aconteceu na terça, a promotoria se baseou em investigação da polícia que mostrou que Adriano comprou uma moto potente para um traficante da Vila Cruzeiro, comunidade onde o jogador cresceu e continuou indo mesmo depois da fama. De acordo com a denúncia, Adriano, junto com um amigo (Marcos José de Oliveira), “consentiu que outrem utilizassem de bem de que tinham propriedade e posse, para o tráfico ilícito de drogas.”

A moto comprada por Adriano, de 600 cilindradas, em 2007, foi colocada em nome da mãe do traficante Paulo Rogério de Souza Paz, o “Mica”, que seria amigo do atacante.

Segundo o promotor do caso, na época da compra da moto a comunidade da Vila Cruzeiro era dominada pela facção Comando Vermelho, na qual Mica fazia parte. E era ele a “pessoa que autorizava ou não a entrada e saída de pessoas e a realização de eventos na região.”

Para isso, “os traficantes necessitavam de veículos velozes, em especial motocicletas, pela agilidade no tráfego, que fossem legalizados e não levantassem suspeitas quando transitassem fora das comunidades dominadas pela organização criminosa.” Uma outra moto, do mesmo modelo e no nome de Adriano, também teria realizado essa missão.

Pelo raciocínio da promotoria, o ex-atacante do Flamengo e da seleção e seu amigo “livre e conscientemente, ao colaborarem para a atividade do tráfico de entorpecentes, se associaram aos traficantes em atividade na Vila Cruzeiro, com a finalidade de facilitar o tráfico ilícito de drogas e as atividades afins,”

Na decisão desta quinta, a juíza apontou que “a denúncia, nos termos em que foi formulada, deve ser rejeitada, pois contém vícios insanáveis… Quanto ao crime de tráfico de drogas (na forma equiparada), feita aos dois primeiros denunciados, inexistem sequer indícios da efetiva utilização das referidas motocicletas visando o tráfico de entorpecentes.”

Copa do Catar será entre novembro e fevereiro

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As polêmicas sobre o período em que será realizada a Copa do Mundo de 2022 parecem não ter fim. Em entrevista à “BBC”, o presidente da Uefa, Michel Platini, afirmou veementemente que não se arrepende de ter votado no Catar como sede para o Mundial e garante que a competição será disputada no inverno.

Os meses para o maior torneio do futebol mundial ainda não foram definidos pela Fifa. A Associação de Clubes Europeus (ECA, na sigla em inglês) quer que a Copa do Mundo daqui a oito anos seja entre 28 de abril e 29 de maio. No entanto, o Fifpro, Sindicato Internacional de Jogadores, declarou ser contra a data, já que as temperaturas podem atingir os 40ºC no país durante essa época.

“Eu não me arrependo de ter votado no Catar. É inviável jogar em um verão de 40 graus. Não tenho preferência sobre o par de meses… se será novembro/dezembro ou janeiro/fevereiro. Mas a Copa do Mundo será no inverno do Catar. Isso eu garanto. Podem esquecer outra possibilidade”, declarou Platini.

O mandatário disse, também, que a decisão oficial deve ser anunciada em breve. “Sempre defendi esse ponto de vista. Perder alguma coisa, todos vão perder. Mas precisamos chegar a um consenso para um calendário ideal. Estamos em conversa com a Fifa. Tudo está caminhando bem e vamos encontrar a solução.”

Platini explicou o porquê de sua escolha pelo Catar como sede do Mundial de 2022. “Quantos candidatos tivemos? Estados Unidos, que já foram sede em 1994; Coreia do Sul e Japão, que repetiria a edição de 2002; Austrália e Catar. Penso que chegou a hora de darmos uma Copa do Mundo aos países árabes e levarmos a competição para uma parte do mundo que nunca a recebeu.” (Da ESPN)

Desnudando a radicalização à direita

Por Renato Rovai, do Portal Fórum

As manifestações ocorridas no sábado passado e já marcadas para acontecer de novo no dia 15 de novembro, pedindo intervenção militar e impeachment de Dilma, fazem parte de uma narrativa maior. Do enredo desta novela constam ainda o pedido de recontagem de votos do PSDB, a transformação pelo discurso midiático do PT num partido de bandidos, a construção de uma Dilma e de um Lula que não respeitam a democracia, a tentativa de aprovar a PEC da Bengala que permitiria esticar o mandato dos ministros do STF, a fala de Gilmar Mendes sustentando que há uma bolivarianização do Supremo e a criação de uma frente para eleger um presidente do Congresso anti-Dilma. Tudo isso embalado numa recepção a Aécio no Congresso regada a manifestantes cantando o hino nacional e num discurso onde o candidato derrotado, certamente não de forma inocente, falou em “exército de oposição”. Essa novela tem um objetivo claro: criar um clima no país que justifique um golpe institucional se houver condições políticas.

Os golpes na América Latina nos últimos tempos têm tido uma característica comum. As Forças Armadas podem até participar deles, mas não assumem o poder de forma direta. Elas garantem que pelas vias congressuais ou jurídicas se processe a substituição do governante por outro que tenha relação com oestabilisment e, em geral, com os interesses americanos. Foi assim que tentaram apear Chávez do poder em 2001. E foi assim que Fernando Lugo, no Paraguai, e Manuel Zelaya, em Honduras, foram derrotados.

Há uma narrativa sendo construída que passa a ter essa saída como plano A depois da derrota de Aécio nas urnas. E ela vem sendo construída a partir de pontes  lançadas pelos setores midiáticos nacionais a grupos internacionais. Hoje não é incomum ver veículos, principalmente dos EUA, tratando o governo brasileiro de forma caricata. E o PT como um partido de bandidos.

O discurso do país dividido regado a uma suspeita de fraude eleitoral é excelente para dar mais amplitude a essa narrativa. Porque ele permite dizer que no Brasil não há respeito as regras democráticas. E a partir dai qualquer solução e intervenção é permitida.

É cedo para dizer que estamos no limiar deste cenário. Mas não é cedo para dizer que há claros contornos de que há uma construção neste sentido.

Mas para que haja uma solução de golpe institucional, que obviamente será chamado de outro nome, é preciso alimentar a radicalização. E por isso que há no PSDB gente dando pérolas aos porcos da turma do Banana’s Party.

O discurso radical permite criar uma alternativa de centro. Em breve haverá gente dizendo que Dilma não tem legitimidade para continuar à frente da presidência e que o Brasil corre o risco de um golpe se o PT insistir em se manter no poder.

É essa gente que ao mesmo tempo planta o golpe que vai aparecer como solução para que o golpe militar não aconteça. Mas para que se realize uma operação congressual que permita “afastar o partido mais corrupto da história do Brasil continue subjugando os homens de bem do país”.

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Segundo o Diap, entre outras aberrações, o próximo Congresso terá 55 deputados policiais ou próximos desse segmento. Será o Congresso mais conservador desde a redemocratização. Ou seja, se já era difícil garantir apoio parlamentar para teses populares no quadriênio que se encerra no final deste ano, será muito pior a partir do ano quem.

Mas o governo vai ter que operar com essa realidade. E terá que construir uma base de apoio que lhe permita não viver de sobressaltos. Para isso, o primeiro grande desafio é derrotar a candidatura de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara.

Na política há espaço para tudo, menos para a ingenuidade. Cunha eleito vai lutar todos os dias do seu mandato à frente do Congresso para derrubar Dilma. Será parte do seu acordo com a oposição.

A eleição do presidente da Câmara dos Deputados passa a ter importância tão grande quanto a de 26 de outubro. Ao que parece, muita gente já se deu conta disso, mas nunca é demais revelar quais as verdadeiras intenções do lado de lá. É preciso tratá-los de vez em quando com humor, porque senão a gente fica tão doente quanto alguns deles, mas o fato é que essa gente não está de brincadeira.

Imprensa espanhola entre Messi x CR7

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Não tem jeito: a rivalidade entre Catalunha e Madri sempre estampará as capas dos principais jornais esportivos da Espanha. Um dia depois de Lionel Messi igualar Raúl e se tornar o maior artilheiro da história da Champions League, os periódicos catalães, claro, se empolgaram nos elogios ao argentino. Os madrilenhos, porém, não deram o braço a torcer e diminuíram um pouco o feito do jogador do Barcelona.

“Rei da Europa”, estampou em letras garrafais o Sport. “Messi de ouro. Léo caça Raúl e supera Cristiano”, publicou o Mundo Deportivo, sem nunca esquecer a rivalidade entre os dois maiores jogadores da atualidade.

Em Madri, Marca e As não deram o mesmo destaque para Messi. O recorde do argentino até entrou nas capas dos dois jornais, mas ambos preferiram estampar Cristiano Ronaldo e sua frase: “Quero ser o melhor da história”. (Da ESPN)

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O peso simbólico do 7 a 1

Por Luiz Guilherme Piva

Sempre se usou a expressão “dar de dez a zero” pra dizer que alguma coisa é muito melhor do que outra.

Não melhor. Muuuuuiiito melhor.

A comida lá de casa dá de dez a zero na de qualquer restaurante. A fulana dá de dez a zero na sicrana. Paris? que que isso! Londres dá de dez a zero. Empatou, mas o Palmeiras deu de dez a zero no Corinthians.

Havia já até certa intimidade: “isso dá de dez naquilo”, etc.

Mas, desde a Copa do Mundo, o léxico mudou. Só um eremita segue usando “dez a zero”.

Agora a expressão é “sete a um”.

A comida do restaurante dá de sete a um na lá de casa. Sicrana dá de sete a um na fulana. Paris dá de sete a um em Londres. Empatou, mas o Palmeiras deu de sete a um no Corinthians (a verdade é imutável).

Nas peladinhas, nos bares, nos artigos, nas piadas, nas mentiras, nos casos, em tudo, a expressão que se usa quando se quer comparar duas coisas de qualidade muito diferente é “sete a um”. Não demora e virá a intimidade: “dá de sete” – pronto, já se entenderá que é “a um”.

E mais. O “dez a zero” não existia em tradução literal em nenhuma língua. Com o “sete a um”, é diferente. Talvez pela internacionalização, pelas redes sociais ou pela ampla transmissão ao vivo do jogo que a originou, a expressão ganhou o mundo em todas as línguas: “seven-one”, “siete a uno”, “sept à un”, “sette a uno”. Todas se referem a uma comparação humilhantemente desigual.

Quer dizer, em quase todas as línguas. Na Alemanha se usa uma forma onomatopeica: “quá-quá-quá!”. Sempre seguida de um coro igual: “quá-quá-quá!”. Se houver alguma camisa amarela por perto, eles a apontam para reforçar a expressão, embora todos entendam imediatamente do que se trata.

Não é o caso de acharmos ruim. De certa forma, estamos ajudando a aprimorar idiomas no mundo todo. Dá até certo orgulho.

Eu mesmo já adotei e estou usando.

Embora, para mim, em termos sonoros, o “dez a zero” dê de dez a zero no “sete a um”.

Quer dizer, de sete a um.

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Luiz Guilherme Piva publicou “Eram todos camisa dez” (Editora Iluminuras)

De virada em virada, Galo vira time do “impossível”

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Por Diego Garcia, da ESPN

Parecia que aquele time de 2013 já tinha exorcizado todos os demônios da história do Atlético-MG desde 1971. A epopéia da Libertadores lavou a alma dos 42 anos de fila do atleticano acostumado a sempre chegar, nunca levar. A surra no São Paulo, vingando 77, 91, 96 e 2000. A canelada de Victor contra o Tijuana. As viradas épicas diante de Newells e Olimpia. Parecia até coisa de cinema. Mas um ano e meio depois, o maior Galo de todos os tempos segue enterrando fantasma atrás de fantasma e se eterniza como o time do impossível. Do imponderável.

O filme que começou com a perda do Campeonato Brasileiro de 2012, depois de vencer o primeiro turno e morrer – de novo – na praia no fim, chegou ao auge nas mãos de Réver com a taça da Libertadores, ganhou ares dramáticos com o vexame no Mundial, deu uma pausa e voltou com tudo no fim de 2014. O Atlético-MG, agora de Levir Culpi, chegou à final da Copa do Brasil e está a dois jogos de quebrar um tabu de 43 anos sem títulos nacionais. Mais uma vez, de forma poética. Forte e vingadora. Despachando freguesias, medos e traumas.

Primeiro, o Corinthians. A maior pedra no sapato atleticano desde 1990, quando Neto matou os mineiros nas quartas de final do Campeonato Brasileiro. Quatro anos depois, o filme se repetiu, agora na etapa semifinal. Mais três temporadas à frente, outra vez, só que nas oitavas da Copa do Brasil. Em 1999, a dolorosa perda na decisão do Brasileiro. No ano seguinte, derrota nas quartas da Libertadores. O grand finale foi em 2002, com a humilhante derrota por 6 a 2, em pleno Mineirão, novamente pelas quartas do Nacional.

300_17486a5d-706b-3529-aa51-92c7835da0f8Que ironia: o então diretor de futebol era Alexandre Kalil, atualmente presidente do clube, que não perdoou os jogadores, quando disse que “todos se borraram nas calças” diante do rival. Um histórico de seis eliminações em 12 anos nos mata-matas contra o Corinthians. Foram mais 12 anos de espera para o troco, com juros e correção monetária. Os 3 a 0 contra no placar agregado diante do maior algoz dos últimos 25 anos era tarefa quase impossível de reverter. Não para esse Atlético, que a cada dia chuta para longe – bem longe – fragmentos das lágrimas passadas e reescreve a própria história.

O próximo foi o Flamengo. O maior rival fora de Minas Gerais, grande algoz no cenário nacional e protagonista de algumas das maiores frustrações – que não são poucas – da história atleticana. A final do Brasileiro de 1980, a eliminação Libertadores de 81 e a semi da Copa União de 87 jamais foram esquecidas, ou digeridas, pelos mineiros. Passaram-se 34 anos, e o Gol de Nunes, aos 37 minutos do segundo tempo no Maracanã, ainda atormenta a mente dos mais antigos torcedores alvinegros. Mas esse não é mais aqueeeele Atlético…

“Como contra o Corinthians, disseram que a gente era freguês, e nada melhor que provar que o Galo mudou e não veio para ser freguês de ninguém”. O desabafo de Luan veio menos de 10 minutos depois de marcar o gol da virada, aos 40 da etapa complementar, o quarto do heróico 4 a 1 contra o (ex) carrasco rubro-negro. De novo com 3 a 0 desfavorável no placar agregado diante de uma camisa que tanto fez o Galo sofrer ao longo dos anos. Outro fantasma enterrado, outro feito de filme, mais uma virada inexplicável. Mas quem explica o impossível? Ou melhor, quem explica esse Atlético?

A mais famosa frase sobre o mineiro alvinegro é de Roberto Drummond, que diz que “se houver uma camisa branca e preta pendurada em um varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o vento”. Pois se essa descrição é o retrato ideal do apoio e fé infinitos dos atleticanos, alheios até a tantas décadas de desenganos e mágoas, esse Galo versão 2014 é um desafiante real dos temporais para quem o triunfo realmente beira o impossível – como “vencer o vento”. Ainda restam dois jogos. E, agora, o vendaval é azul… Justo o Cruzeiro! Pois a gigantesca epopeia atleticana pode ter seu maior (ou pior) desfecho.

Minas Gerais manda no futebol brasileiro

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Os dois grandes times brasileiro em 2013 voltam a fazer história neste ano. O clássico entre Atlético-MG x Cruzeiro decidirá a Copa do Brasil de 2014. A Raposa se classificou com o um empate. Depois de vencer o jogo de ida contra o Santos, por 1 x 0, a equipe celeste arrancou um 3 x 3, na Vila Belmiro, depois de estar perdendo por 3 a 1.

Já o Galo conseguiu mais uma de suas viradas históricas. Após reverter o placar nas quartas de final, contra o Corinthians, o Atlético perdeu o jogo de ida para o Flamengo, por 2 x 0, mas jogando ontem no Mineirão obteve uma virada espetacular e venceu por 4 a 1, garantindo passaporte para a grande final. Será a primeira vez que eles se enfrentam na competição. Além disso, será a primeira decisão entre as equipes em um torneio nacional.