Por Gerson Nogueira
Zeca Pirão e Pedro Minowa, candidatos à presidência do Remo na eleição do próximo sábado, deveriam dedicar atenção à repercussão junto a torcedores e associados do desabafo do grande benemérito Ronaldo Passarinho, publicado em forma de artigo na edição do Bola do último domingo (02). No texto, Ronaldo lamenta os percalços recentes do clube e anuncia oficialmente seu recolhimento, depois de décadas de dedicação ao Leão de Antonio Baena.
Aliás, a coluna hoje é dedicada quase integralmente a manifestações de azulinos. “Tomo a liberdade de enviar minha posição com relação ao justo desabafo do comprovado remista Ronaldo Passarinho. O desejo de ser ouvido não vem da arrogância, mas do desejo de continuar a contribuir para o bem do clube. Eu creio assim”, afirma o Haroldo Maués, referindo-se ao artigo de Ronaldo.
Haroldo dirige-se inicialmente ao próprio Ronaldo: “Embora contundente tua sábia análise a respeito do nosso Clube do Remo, e o desabafo pela ausência de uma merecida atenção por quem tanto fez pelo nosso Clube, não é possível esconder o teu necessário entusiasmo em ainda desejar contribuir, como sempre, com uma inteligência brilhante, dedicação atuante e credibilidade comprovada, também, no ambiente desportivo, como sempre testemunharam nossos adversários”.
Em seguida, falando a dirigentes, beneméritos, grandes beneméritos, conselheiros, sócios, torcedores, pede que não permitam o desligamento de Ronaldo Passarinho da vida do clube e das decisões que forem tomadas, “para o bem do nosso Glorioso Clube do Remo”.
“Prescindir da inteligência do Ronaldo, da experiência em encontrar soluções, muitas vezes consideradas impossíveis, da dedicação, muito mais agora que o tempo lhe permite, e o comprovado amor pelo Clube do Remo, não é uma solução inteligente e nem prova de modernidade e de amor pelo clube, ao contrário, penso que é falta de humildade ir ao Ronaldo e dizer: ‘O Clube do Remo ainda precisa de ti, vem somar conosco, é injusto com o nosso amado Clube, prescindir do muito que ainda podes contribuir’. E não pensem que o Ronaldo é apenas um executivo e conselheiro do futebol, nós, do esporte amador, somos testemunha do quanto ele ajudou nas memoráveis conquistas nas piscinas e nas quadras”.
Figura historicamente ligada ao basquetebol, Haroldo lembra que a modalidade deve demais a ele, “tanto que recebeu de nós uma medalha, que dizia assim: ‘Ronaldo, obrigado, só faltou fazeres cesta’. Não me julgo suspeito em materializar minha opinião e gratidão a ti, diante da reconhecida amizade que nos une. Por ter tido a oportunidade de conviver contigo bem de perto e por tanto tempo, me capacitou em atestar o teu amor inegociável pelo Clube do Remo”.
Já o Camilo Ferreira, também se referindo ao artigo de Ronaldo, “digno de aplausos”, dedica-se a questionar as seguidas e desastrosas gestões administrativas do clube.
“Gerson, espero que ainda neste ano o Remo pare com o ‘estágio’ de diretores de futebol e contrate ou efetive um diretor que realmente conheça e entenda de futebol, que vise o progresso do clube e não o progresso pessoal. Foram tantos atos falhos, tantos contratos absurdos com jogadores esquecidos e sem espaço no mercado que vieram apenas ganhar dinheiro do clube e endivida-lo cada vez mais, sem contar o treinador falastrão que muito falava e pouco ou nada fazia. Lembro com muito pesar daquele jogo que o Remo perdeu pro Guarany-CE em Bragança. Colocaram a culpa no gramado (um absurdo!), pobre gramado que só prejudicou o Remo e beneficiou o excelentíssimo time de estrelas do Guarany de Sobral”.
Ressalta que é hora de acabar com as invenções no clube e destaca o trabalho que é feito hoje no maior rival. “A prova de que colocar as peças certas nos lugares certos e trabalhar com seriedade e comprometimento rende os frutos almejados tá do outro lado da Almirante Barroso”.
Historia, ainda, episódios recentes que atestam as mazelas gerenciais azulinas. “Sem contar a desvalorização dos jogadores formados pelo clube, é com muito pesar e lamentação que lembro da saída do jovem Rodrigo, do afastamento de Igor João, da saída de Tsunami, entre outros que só não dão certo no Remo mas que viram estrelas e titulares absolutos em times de Série A (o Remo deve estar certo todo esse tempo, afinal é ele que está na Série A, né?!)”.
Camilo finaliza, considerando como “a piada da semana” a vinda de um consultor para orientar os dirigentes do clube. “Foi preciso trazer um cara lá do Paraná pra falar o que era mais do que evidente e que há anos a imprensa paraense fala a respeito do que o Remo tem que fazer: profissionalizar-se e investir na captação de renda junto à torcida. Parece até que os próprios paraenses não têm conhecimento ou capacidade pra diagnosticar os problemas e encontrar as soluções.”
———————————————————-
Honrar promessas é o primeiro passo
Sobre questões envolvendo a nova gestão do Papão, sob a responsabilidade de Vandick Lima há dois anos, o Hélio Clésio observa o seguinte:
“Leio sua coluna quase que diariamente. Então hoje resolvi manifestar minha opinião sobre o assunto abordado. O Paysandu só chegou a esse número de sócios torcedores porque a atual diretoria honrou os compromissos para entrada do sócio nos jogos do Paysandu. Enquanto nas demais administrações só havia enganação. Obrigado pela atenção”.
Simples assim.
———————————————————
Noite de desafio para Dewson
Apesar de algumas arestas aqui e ali junto à imprensa de São Paulo, preconceituosa como sempre em relação a nortistas, o paraense Dewson Freitas vai dirigir hoje à noite a segunda partida entre Santos e Cruzeiro, válida pela semifinal da Copa do Brasil.
Chega a essa partida por méritos próprios, a partir da excelente temporada que faz, justificando sua ascensão a árbitro Fifa. Torpedeado pelas críticas sem noção de Vanderlei Luxemburgo após apitar o Fla-Flu, Dewson seguiu, inabalável, colecionando boas atuações na Série A.
Enquanto o futebol do Pará ainda rasteja por divisões menores do futebol brasileiro, o nosso principal árbitro se credencia cada vez mais entre os melhores em atividade no país. E, em função das cobranças a que um árbitro nortista sempre está sujeito, a partida de hoje é talvez o maior desafio de sua carreira.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 05)