Por Gerson Nogueira
Com oito mil sócios já cadastrados, o Papão caminha para fechar o ano com pelo menos 10 mil sócios torcedores. Nenhum outro clube do Norte chega pelo menos perto dessa marca. É um feito ainda mais significativo quando se leva em conta a evolução administrativa dos clubes regionais. Caso o time venha a conquistar o título brasileiro da Série C, essa quantidade será facilmente superada.
Os números foram revelados ontem à noite, no programa Argumento (RBATV), pelo candidato à presidência do Papão, Alberto Maia. Acompanhado do diretor de Futebol Roger Aguilera, Maia fez uma explanação detalhada da realidade do clube e projetou um horizonte dos mais positivos.
A atual situação do Papão só encontra paralelo na fase vivida entre 2001 a 2004, período áureo no qual foram conquistadas as maiores glórias da história alviceleste. Sob a presidência de Artur Tourinho, o clube ganhou tudo o que disputou. Ganhou o bicampeonato brasileiro da Série B, vencedor da Copa dos Campeões, disputou a Taça Libertadores da América e fez boa figura na Série A do Campeonato Brasileiro.
É claro que, pelas condições atuais do futebol brasileiro, dificilmente o Papão poderá repetir as façanhas acima citadas. Em gestão conduzida à moda antiga, Tourinho teve a clarividência de saber aproveitar os atalhos surgidos e não titubeou em guiar o clube a limites que dirigentes comuns não ousariam desafiar.
Mas, ao contrário daqueles tempos, quando Tourinho teve que enfrentar adversidades internas, combatendo fogo amigo do tipo mais rasteiro e desleal, o trabalho desenvolvido pelo atual grupo gestor do Papão conseguiu praticamente silenciar as vozes opositoras.
Apoiado pelos grandes beneméritos e conselheiros bicolores, que integram a chamada velha guarda, o presidente Vandick Lima (e seu virtual sucessor, Alberto Maia) conta com outro formidável trunfo político: a novíssima geração de dirigentes e executivos bicolores.
Gente do perfil de Ulisses Sereni, Sérgio Serra, Roger Aguilera, Ricardo Gluck Paul, Alberto Maia e muitos outros. Gente que trabalha com afinco, praticamente em silêncio, contribuindo para a modernização das diversas instâncias administrativas do clube.
Ao torcedor comum pode parecer pouco, mas o envolvimento de pessoas jovens e competentes faz prever um futuro ainda mais glorioso para o Papão. A conquista do acesso à Série B, em consequência de acertos da diretoria no futebol profissional (notadamente, a volta do técnico Mazola Junior e a presença do gerente Sérgio Papelin), permitirá otimização de receitas extremamente benéfica ao clube.
Com os 38 jogos da Segunda Divisão incluídos na grade de programação da TV, o Papão poderá amealhar patrocínios mais robustos, além de fidelizar o sócio-torcedor. Isso tudo, é claro, sem perder de vista a bilheteria dos jogos em Belém.
A estimativa não declarada é de um superávit de R$ 3,5 milhões em 2015, já abatidas as despesas com elenco e setores administrativos. São números até conservadores perto do que o clube pode faturar se a campanha se mostrar auspiciosa desde o começo.
Vale observar, ainda, que a próxima temporada terá ainda competições também rentáveis, como Copa do Brasil, Copa Verde e – com alguma sorte – a Copa Sul-Americana, caso o recurso do clube pela Copa Verde 2014 obtenha ganho de causa no STJD.
O Parazão, deficitário por natureza, pode ser o limão transformado em limonada, caso a torcida resolva abraçar a equipe desde o começo, prestigiando os jogos para buscar a retomada do título estadual. No aspecto técnico, será de fundamental importância para a preparação do elenco para as disputas mais importantes do ano – Copa Verde e Série B.
Quando Alberto Maia falou a Mauro Bonna com entusiasmo sobre o futuro do clube, ontem, não estava pecando por exagero ou fanfarronice. O Papão está de novo pronto para alçar voos maiores, dentro e fora de campo.
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Oposição briga para participar da eleição
Na contramão do otimismo da situação, setores da oposição ainda batalham para reconquistar o poder no clube. À noite, depois de ver impugnado pela Assembleia Geral o registro de sua chapa e ter ensaiado retirar sua candidatura, o ex-presidente Omar Pinheiro emitiu nota oficial informando que vai recorrer da decisão, a fim de garantir o direito de disputar a eleição.
Revela que o recurso se baseará no artigo 58 do estatuto do clube, visando preservar o direito de participação democrática no pleito. E, caso a apelação não seja acatada, a chapa “Pra Cima Papão” (sic) está disposta a estender a briga às barras da Justiça.
Aponta, ainda, supostas irregularidades no processo eleitoral e na publicação de um “edital com erros” e denuncia que a chapa situacionista não estaria apta a concorrer, por incluir “dois dirigentes irregulares, em desacordo com o artigo 89 do estatuto do clube, que veda a candidatura de sócios nessa situação”.
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Direto do blog
“Ao crescer na reta final da competição, enquanto outros estão na descendente, o time do Paissandu acaba reforçando que a última impressão é a que fica. Por exemplo, esse Lenine, que há cerca de um mês era totalmente desconhecido da galera, hoje impõe respeito pelo modo simples e eficiente com que desarma e tranquiliza torcida e time; e o Pablo, pelo que jogou sábado durante o tempo que foi terceiro zagueiro, terminarão o ano entre os destaques da equipe, depois de serem alvos da indiferença e da desconfiança.”
De Jorge Paz Amorim, analisando as ironias e falsetas do nobre esporte bretão.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 04)